terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O melhor vinho está garantido!

Há quatro anos, mais precisamente em 22 de dezembro de 2004, uma descoberta em Israel ganhou as principais páginas em jornais de todo o mundo: a arqueóloga israelense Yardena Alexander descobrira as ruínas da aldeia de Caná da Galiléia, em mais um achado que corroborava ainda mais a autenticidade histórica da narrativa bíblica sobre Jesus. Até então, alguns céticos duvidavam da existência de uma aldeia com esse nome naquela região do Oriente Médio.
Caná é uma aldeia bíblica mencionada em relatos marcantes das Sagradas Escrituras.
Foi em Caná que Jesus teve um encontro com um oficial de Herodes que estava com seu servo enfermo em Cafarnaum (Jo 4.46). O oficial, que pode ter sido o procurador Cuza (Lc 8.3) ou o colaço Manaém (At 13.1), ou uma autoridade menos conhecida, demonstrou uma fé marcante que extraiu elogios do Senhor. A fé daquele homem em Jesus fez com que o Mestre curasse seu servo à distância.
Era de Caná um dos principais discípulos de Jesus – Natanael (Jo 21.2), cujo nome significa “dom de Deus”. Ele era um judeu muito correto, tendo sido identificado pelo Mestre como “um verdadeiro israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). Apesar de a região da Galiléia ser conhecida na época como um lugar de libertinagem e profundas trevas espirituais, Caná era um lugar onde ainda havia algumas pessoas íntegras. Natanael era uma delas.
Mas, o principal acontecimento de Caná, que fez com que ficasse conhecida em todo o mundo, foi o fato de ali Jesus ter operado seu primeiro milagre, transformando água em vinho durante uma festa de casamento. Curiosamente, nos escombros de Caná, a equipe da arqueóloga israelense encontrou também jarros de pedra do mesmo tipo dos usadas no milagre. Nessas talhas cabem centenas de litros, como no registro bíblico (Jo 2.6).
O milagre em Caná foi tão importante que o apóstolo João o incluiu em seu Evangelho como um dos “sinais”, forma como ele designou os principais milagres de Jesus, que evidenciam Sua divindade (Jo 2.11; 20.30,31).
E pensar que tudo começou com um convite.
Certo dia, um casal, provavelmente gente próxima a Natanael (já que a aldeia era pequena) e amiga de Maria, mãe de Jesus (pois ela soube em primeira mão quando acabou o vinho da festa), resolveu convidar o Mestre e seus discípulos para suas bodas. João faz questão de frisar isso: “Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento” (Jo 2.2). Este foi o primeiro grande acerto dos noivos: convidar Jesus para sua festa.
Conta-nos a Bíblia que, a certa hora da festa, o vinho havia acabado, preocupando os organizadores das bodas, mas Jesus evitou um vexame para o casal. Jesus salvou a festa! Ele transformou água em vinho. Mas, não em qualquer vinho. Segundo o mestre-sala da festa, Jesus produziu “o melhor vinho”. Eis aqui a primeira grande lição sobre como devemos lidar com as celebraçãos da vida: Jesus nunca deve estar ausente de nossas festas.
O Mestre não deve ser só anelado avidamente em meio às borrascas da vida. Sua presença é indispensável também em nossas celebrações. Ele é - e quer ser de fato em nossas vidas - Deus dos vales e montes; Ele quer ser o nosso Senhor e Amigo tanto no "vale da sombra e da morte" quanto nos vértices e ápices da nossa vida.
Eis aqui um convidado que nunca deve ser esquecido em nossas celebrações: Jesus. Simplesmente, festa sem Jesus não é festa.
Quando Ele é excluído das celebrações de nossa vida, o prazer da vida se torna fugaz, rarefeito. Mas, se Ele está presente, o prazer da vida subsiste a todas as intempéries.
Sua presença é indispensável em qualquer circunstância, tanto em meio à dor mais lancinante quanto em momentos de júbilo e fervor.
Ainda que surjam as dificuldades, e elas vêm; ainda que o “vinho” acabe por um momento, restando apenas “água”, Jesus tem o poder de salvar a festa, transformando a água em vinho muito superior.
Lembremo-nos que o milagre só foi possível porque Jesus estava lá. Sem Jesus, não há milagre. Sem Jesus, a festa da vida perde a graça. É nEle que reside a graça, o sabor, o gosto e o prazer da existência. Ele é a Vida!
Uma das características marcantes do milagre do convidado especial é sem dúvida o fato de aquele vinho produzido milagrosamente ter sido considerado pelo experiente mestre-sala, o dirigente da cerimônia, o melhor que ele havia experimentado. “E lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora” (Jo 2.10). Essa passagem nos traz grandes lições. Aliás, todos os milagres que Deus faz trazem lições.
Você nunca vai ver Deus fazendo um milagre em sua vida sem, com isso, estar ensinando alguma coisa. Milagres não são caprichos divinos. Não são atos de Deus para impressionar as pessoas. Eles são ingredientes da pedagogia divina. São atos pedagógicos de amor. São "sinais"!
Ora, Deus é todo-poderoso, onisciente, onipresente e auto-suficiente, mas Ele só age conforme o seu caráter, que é santo. Deus só age a partir de princípios. Ele não dirige o Universo irresponsavelmente.
Deus criou leis naturais, como a da gravidade, para que houvesse ordem no Universo. Se uma dessas leis é quebrada, quem a quebrou sofre as conseqüências. Por causa da lei da gravidade, não posso saltar de um avião sem pára-quedas, porque certamente morrerei. Portanto, Deus só pode fazer um milagre, uma intervenção que quebre as próprias leis que Ele criou, por um motivo pedagógico, edificante, nunca por mero capricho.
Deus só faz milagres para trazer lições. Ele move céus e Terra para abençoar seus filhos, edificá-los, amadurecê-los, fazê-los confiarem mais nEle, buscá-lo e crescerem espiritualmente.
Em suma, tudo o que Deus faz tem por objetivo não apenas a Sua glória, mas também nos fazer crescer. O milagre em Caná da Galiléia é um exemplo disso.
Quais as lições desse milagre?
A primeira aponta para o sacrifício de Cristo. O bom vinho representa o Evangelho, as Boas Novas de Salvação (Mt 9.17). Ele também representa o sangue de Cristo, que nos purifica de todo pecado (Mt 26.27-29 e 1Jo 1.7). A transformação de água em vinho fala da transformação que o Espírito Santo opera em nossas vidas através do Evangelho de Cristo (2Co 5.17). Essa é a lição básica desse milagre.
Agora, há outras lições nele. Se observarmos cada passo do milagre, o processo que Jesus utilizou para operá-lo, o ato dos serventes e o resultado do milagre, aprenderemos algo sobre o melhor de Deus para nossas vidas.
Você quer o melhor para a sua vida? Você quer “o melhor vinho”? Só uma pessoa que não é sadia psicologicamente, só um sadista, vai querer o pior para si. Todos, em são juízo, querem o melhor. Porém, como termos certeza de que obteremos o que realmente seria o melhor para nossas vidas?
Em primeiro lugar, com os serventes que obedeceram Jesus para que a festa fosse salva, aprendemos que ser obediente à ordem de Jesus é requisito indispensável para recebermos o melhor de Deus.
Deus tem o melhor para nós, Ele quer nos dar o melhor, e o melhor está disponível. Basta apenas agir corretamente para que experimentemos o melhor do Senhor. Como costumo dizer, fique à vontade na vontade de Deus.
Em segundo lugar, com a expressão do mestre-sala (“Deixaram o melhor vinho para o final!”), aprendemos também que o melhor de Deus para nossa vida está no fim. Ou seja, se você quer o melhor de Deus, você tem que ir até o fim com Ele.
Não pare. Persista. Vá até o fim!
Se Jesus está nas celebrações da nossa vida, se Ele faz parte delas, Ele com certeza trará o melhor ao final de cada experiência. Com Ele, cada capítulo de nossa vida, por mais que às vezes tenha um ou outro “momento de suspense” ou sobressaltos, sempre termina com final feliz. E mesmo que aconteça de, aqui na Terra, todo o roteiro da sua vida ser eventualmente o mais terrível possível devido às circunstâncias da existência, o seu capítulo final será, sem dúvida, extraordinário, o melhor do melhor: a Eternidade com Deus.
O final com Deus sempre é melhor, muito melhor.
Com Ele, cada lágrima e suor valem a pena. Viver nunca é debalde ao Seu lado. É sempre ganho; e o morrer, superávit.
Dizendo de outra forma: Quem não está nEle pode ter tudo, mas não tem nada; quem está nEle pode não ter nada, mas tem tudo.
Portanto, não devemos nos aprisionar no hoje. Devemos prosseguir, porque Deus tem o melhor para nós mais à frente. Sua vida não é um arquivo estanque; é uma obra em aperfeiçoamento, e Aquele que a começou é fiel para aperfeiçoá-la.
“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Ec 7.8) e “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até se tornar dia perfeito” (Pv 4.18).
Persista em fazer o que vale a pena: a vontade de Deus. E, nos momentos difíceis, Deus não vai simplesmente transformar “limão em limonada”. Creia que Ele vai transformar água em vinho! Do pior Ele vai extrair o melhor para você.
Na festa da vida, o normal, aos olhos humanos, é começarmos com o melhor vinho e terminarmos com o inferior. Por exemplo e principalmente: começamos com saúde, terminamos cansados e alquebrados pelo peso dos anos. O homem exterior se corrompe com o tempo. É inexorável. Porém, para quem tem Jesus nas celebrações da vida, não só na velhice há frutos - bem como se é viçoso e florescente -, mas também, na Eternidade, ao terminarmos nosso combate, constatamos que, o tempo todo, Deus havia reservado para nós o melhor vinho de Sua safra para o desfecho. O vinho das Bodas do Cordeiro!
Venha o que vier sobre sua vida, aconteça o que acontecer, o que importa é que Deus está com você e o melhor vinho está garantido!
Sim, o melhor vinho está garantido! O melhor vinho está garantido!
Creia, vá em frente e celebre!
Boas festas!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Em debate no Brasil: Criacionismo nas aulas de Ciência e a falácia da "nudez artística"

Nas últimas semanas, debates interessantes, que envolvem valores e temas que prezamos, têm acontecido em nosso país na área cultural. Porém, infelizmente, devido às minhas muitas ocupações, ainda não tive tempo de escrever a respeito (Como prometido, as análises sobre os dois temas já se encontram no espaço de comentários desta postagem). Entretanto, como já há muita informação interessante sobre essas discussões disponível na Internet, apresento a seguir, à guisa de introdução e análise sobre o assunto, alguns desses links para, posteriormente, postar no espaço de comentários minha tradicional longa análise sobre os dois casos.
O primeiro debate diz respeito à condescendência da mídia com a chamada “nudez artística”. O debate foi encetado não por um evangélico ou católico conservador, mas, o que era inesperado, por um consagrado ator "global": Pedro Cardoso. Ele combate explícita e contundentemente a indústria da pornografia no meio cultural, que tem suas atividades eufemizadas sob o conceito nebuloso de “nu artístico”. Um link interessante sobre o assunto pode ser encontrado no blog do irmão Valmir Milomem.
A íntegra do manifesto de Pedro Cardoso pode ser encontrada em seu blog. Lá você encontrará também a série de emails que ele trocou com o diretor e a editora da maior revista pornográfica publicada no Brasil quando da tentativa destes de entrevistá-lo para falar sobre seu manifesto. Nesses emails, Cardoso expressa sua crítica a tal revista pela sua proposta editorial e por insistir em não se identificar como pornográfica.
O detalhe é que, semanas antes, Cardoso já havia dado entrevista interessante ao jornalista Roberto Dávila em que, em dado momento, criticou a Editora Abril pela contradição ética de ter uma revista que defende tanto a ética na política (a revista Veja), mas, ao mesmo tempo, publicar a versão brasileira da maior revista pornográfica do mundo. Trechos da entrevista estão acessíveis na Internet aqui. É importante dizer que não concordo com alguns posicionamentos do ator em relação a determinados assuntos, mas seus argumentos contra a indústria da pornografia no meio cultural e sua denúncia quanto à eufemização da pornografia no meio artístico são, sem dúvida alguma, precisos e acertados.
Devido a essa crítica articulada de Cardoso e à repercussão em seu blog dos emails trocados com o pessoal da tal “revista de adultos”, a Editora Abril usou a revista Veja desta semana para tentar responder a Cardoso. E não foi uma pequena resposta. Simplesmente, a peça é o assunto principal da atual edição de Veja – a matéria de capa. O que não ajudou, por dois motivos. Primeiro, os contra-argumentos da revista são pífios (Leia-os aqui, e uma análise interessante sobre alguns desses argumentos neste link. Lembrando que, brevemente, no espaço de comentários desta postagem, pretendo inserir ainda uma análise de minha lavra sobre tais argumentos); e em segundo lugar, a importância que a Editora Abril deu às críticas de Cardoso demonstra que o grupo foi realmente abalado por elas.
Outro debate interessantíssimo tem acontecido desde o final de novembro, quando Marcelo Leite, colunista de Ciências da Folha de São Paulo, criticou abertamente a Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma das mais respeitadas instituições de ensino universitário no país, por ensinar tanto o evolucionismo como o criacionismo nas aulas de ciências. O artigo da Folha de São Paulo está acessível aqui e com mais detalhes aqui.
O jornal Estado de São Paulo também repercutiu o assunto agora há pouco, lembrando que colégios adventistas e batistas fazem o mesmo. A matéria do Estadão está aqui.
A essas instituições, meus parabéns pela decisão, que em nada fere a Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, além de ser extremamente salutar. Escrevo mais sobre o assunto também brevemente no espaço de comentários desta postagem.