segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Drops de outubro: Confissões de Benny Hinn e William Bonner, "obamices" e Jim Belcher, o novo "inventor da roda"

Charles Grassley, senador republicano por Iowa, lidera uma investigação sobre as finanças de seis grandes ministérios paraeclesiásticos dos EUA, dentre eles o de Benny Hinn. Diante da pressão, Hinn cedeu duas entrevistas sobre o assunto: uma ao canal a cabo Fox News e outra, a mais recente, ao canal ABC. A entrevista à ABC se deu em 20 de outubro. Nela, Hinn revelou que o seu ministério arrecada 100 milhões de dólares por ano e disse que o fato de ter um avião particular “não é extravagância, mas necessidade”. Ele ainda admitiu que muitas pessoas que testemunham em seus cultos e programas que foram curadas por suas ministrações estão hoje com os mesmos problemas de saúde.

Grande parte das faculdades de Jornalismo, sobretudo as públicas, se preocupa mais em fazer uma doutrinação ideológica de esquerda do que em formar profissionais. Não é papel da universidade doutrinar ninguém, mas oferecer um universo de conhecimentos. Além disso, há duas áreas desprezadas pelos cursos de jornalismo: português e história”. Essa declaração, com a qual concordo em gênero, número e grau, é de alguém com quem nem sempre concordo em gênero, número e grau: William Bonner, editor-chefe do Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão. Ela foi proferida na sexta-feira, 16 de outubro, pela manhã, quando Bonner dava uma palestra a 450 alunos no auditório da Universidade Católica de Pernambuco, em Recife, ocasião em que acabou batendo boca com um professor de Sociologia da Comunicação daquela instituição que se incomodou exatamente com a declaração de Bonner de que as faculdades de Jornalismo doutrinam seus alunos para serem de esquerda.

Lembram-se do que escrevi aqui há meses sobre Obama e a perseguição a Fox News? Pois é, este mês a coisa chegou ao seu clímax e acabou sendo notícia até mesmo nas mídias que normalmente bajulam Obama. Veja aqui o artigo que escrevi a respeito em 19 de junho e aqui a matéria da revista Veja sobre o assunto. Detalhe: o autor da matéria de Veja, André Petry, um liberal fã do Partido Democrata, se apresenta agora como um obamista frustrado, depois de ver seu ídolo bater um recorde: Barack Hussein Obama é o presidente dos EUA que mais rapidamente foi do céu ao inferno em termos de popularidade. Em oito meses de mandato, mais da metade dos americanos já era contra o governo Obama. Só para usar um parâmetro: Bush levou sete anos de mandato para chegar aos atuais índices de Obama.

Outra observação: chega a ser risível ver Petry e demais jornalistas liberais referirem-se à CNN, à ABC, ao The New York Times como “independentes”, até mesmo quando não conseguem esconder o fato de que todas essas mídias sempre foram pró-democratas, algumas há mais de 30 anos. Vergonhosamente, eles apostam na ingenuidade dos seus leitores. Não precisa nem conhecer a linha editorial desses jornais e canais de notícias. Basta raciocinar: “Vem cá, quer dizer que os que não são pró-republicanos são independentes? Quer dizer que não tem mídia pró-democratas nos EUA ?”. CNN, ABC, NYT, Washington Post, Los Angeles Times etc não são “independentes”. Eles se declaram convenientemente "independentes", como a própria Fox News também o faz, mas são pró-democratas. Assim como 90% dos programas políticos e de debates das rádios americanas (Talk Shows) são conservadores ou pró-republicanos. Fox News é pró-republicanos, Wall Street Journal é pró-republicanos e CNN, ABC, NYT, Washington Post, Los Angeles Times etc são pró-democratas.
Agora todo mundo quer “inventar a roda”. Jim Belcher, um escritor evangélico americano, lançou recentemente um livro intitulado Deep Church: A Third Way Beyond Emerging and Traditional. O que ele propõe? O que chama de “terceira via evangélica”. Para Belcher, que é um dissidente da Igreja Emergente empenhado em conquistar o seu espaço criando uma nova visão de igreja, tanto as Igrejas Tradicionais como as Igrejas Emergentes estão erradas. Ele usa o termo Igrejas Tradicionais para se referir tanto às denominações históricas quanto às pentecostais clássicas conservadoras, classificando-as todas como “direita evangélica”; e chama as Igrejas Emergentes de “esquerda evangélica”. É a nova versão do "homem-que-tem-a-reposta-que-ninguém-sabia-até-ele-a-conceber". Agora, para Belcher, nem Igreja Tradicional nem Igreja Emergente. A nova onda agora deve ser a da Igreja Profunda, porque o certo mesmo é o “Movimento da Igreja Profunda”. Sabe, eu ainda prefiro a Igreja de Cristo...

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Alma e o Tempo

Quando a alma percebe o seu Amado no pano de fundo do tempo, por trás do tempo, ela aceita tudo que o tempo lhe pode proporcionar como bênção e expressões de amor. O que víamos com a lente do desânimo e da crítica como equívocos agora são vistos nitidamente como são na realidade – coisas imprescindíveis.
Ela vê tudo como necessidades, não erros. Ela aspira ao amor em cada momento. Ela vê uma mão amiga em cada porta aberta ou lacrada pelo tempo. Ela descobre Deus no tempo e isto lhe concede sensações agradáveis, estimulantes e refrigério.
Kairós guia cronos. Kairós usa cronos como método para tocar a alma. Kairós é a ação de Deus no tempo, é Deus fazendo os horários e a agenda da nossa vida.
Em síntese, a alma e o tempo são dois assuntos que podem ser contemplados por dois prismas diferentes: a alma em relação ao tempo ou o tempo em relação à alma, ou melhor, o tempo da alma ou a alma do tempo.
Alma e tempo, tempo e alma; a alma do tempo, o tempo da alma. Isto é mais do que um trocadilho de palavras.
A alma do tempo é a essência do tempo, o que podemos extrair dele; são lições que tentam nos passar. São elas que dão significado à existência do tempo. O tempo existe para nós sermos burilados e amadurecidos para Ele.
E o tempo da alma? A alma é imortal, e sua existência é tecida basicamente pela agonia e pelo amor. E o que vai determinar o sabor e os consequentes adjetivos da sua existência é o ambiente onde a alma se nutre. Quais os ambientes possíveis para ela?
O primeiro é o clima do inferno. Quando alguém não se rende a Jesus e se entrega aos vícios, ao mal, está implementando uma extensão do inferno na sua alma. O tempo do existir, para ele, se torna angustiante, a despeito de eventuais prazeres terrenos. Se eu cultivo o inferno na alma, a alma irá para o inferno.
O segundo é o clima do céu, as “regiões celestiais”. Quando me lanço nos pés de Deus, o céu desce à minha alma e o prazer se estabelece. Se eu cultivo o céu na alma, a alma irá para o céu.
Sempre o ambiente da minha alma será uma pequena maquete, uma pequena amostra, do meu destino pós-morte e o definidor das minhas angústias ou prazeres que sinto.
O Tempo regra a alma enquanto a alma se encontra no tempo [Uso o termo "Tempo" para referir-se ao ambiente onde estamos, o cosmos onde vivemos; e o termo "tempo" para se referir à nossa vida individualmente no Tempo. Quem conhece o livro Refelexõs sobre a Alma e o Tempo já está habituado ao uso diferenciado que faço desses termos a partir das iniciais maiúscula e minúscula]. Entretanto, quando a alma romper a esfera do tempo pelo toque da morte (às vezes doloroso, às vezes suave), o Tempo deixará de ser, mas para algumas outras almas (que ainda esperam o toque liberador da morte) continuará sendo, até que venha o instante em que o Deus da alma e do Tempo acabará com este último, pois este não se fará mais necessário. O Tempo existe por causa da alma e não a alma por causa do Tempo.
A partir desse período, quando o Tempo dará seu último suspiro e não se falará mais dele, não existirá mais hora, segundo ou milésimo, nem o dia terá mais seus fins e começos interligados por noites. A definição e limitação que acompanharam nossa vida no Tempo darão lugar a uma doce 'prolixidade', a maravilhosa ininterruptabilidade da eternidade.
O horário, que muitas vezes nos dizia quando sermos e quando não sermos, quando termos e quando não termos (pois já dizia Salomão que há tempo para tudo debaixo do sol), dará lugar ao ser para sempre e ao ter para sempre. As separações não mais ocorrerão.
Cumprir-se-á, então, os dizeres gravados no Relógio de Sol do Seminário de Princeton, nos EUA: “Unidos pelo Tempo. Separados pelo Tempo. Unidos, novamente, quando não houver mais Tempo!” E eu acrescentaria: “E para sempre!”
Os “atés” darão espaço para as reticências, o finito dará lugar ao infinito, a transitoriedade ao sem fim, a trivialidade no ambiente do Tempo será substituida pelas novidades sem término da liberdade que existe na eternidade.
As estações desvanecerão, nunca mais outono ou inverno, mas só primavera e verão; sempre haverá dia, nunca noite.
Os nossos passos não serão mais cronometrados, nossa vida não será mais regida pelo som incessante de tique-taques do relógio a nos provocarem ansiedade; não haverá mais pressa, demora, disputa, corrida, correria, adiantamento, atraso, agitação ou espera.
Não entenda essas minhas palavras como se eu estivesse a contradizer-me, afirmando que, naquele dia, acharemos que o Tempo foi péssimo. Pelo contrário, estaremos certos de que, de alguma maneira, ele foi bom para nós, mas agora nos espera o melhor – o céu com Deus.
O céu é um lugar preparado para um povo preparado, e esse preparo é feito no chão deste planeta. Por isso, quando saírmos daqui, não nos sentiremos como pessoas que passaram décadas dentro de uma cela escura e agora são postos em liberdade. Nos sentiremos como pessoas que passaram anos numa faculdade até receberem seus diplomas.
Quem é salvo sabe que a felicidade existe, começa na terra e existe apesar dos problemas. Lá no céu, ela existirá em maior grau e sem a presença do sofrimento e da espera. O Tempo terá cumprido o seu papel de universidade da alma.
Diante desta possibilidade, a alma exclamará: “Vitória!” – O alvo terá sido finalmente alcançado.
Mas, para alguns, em algum lugar no universo, a saída do Tempo não representará vitória, porém a concretização de uma terrível, sem precedentes e inesperada tragédia. Tudo será o oposto: noite sem fim, gemidos sem resposta, dores lancinantes, ranger de dentes, desespero, horror, angústia. Eles perceberão como o tempo, que foi desprezado, era importante, e desejarão que volte, mas será impossível.
Enquanto para uns o infinito será o começo, para outros será o fim. Enquanto para alguns a eternidade será um belo começo sem fim que abrirá portas para outros começos extraordinários, para outros será o terrível fim sem fim, o começo da impossibilidade de começos. Destinos, percepções e situações distintas para aqueles que viveram no tempo antagonicamente.
Estejamos certos: o que fazemos e o que deixamos de fazer no tempo, as nossas principais decisões aqui, afetarão a nossa estada na eternidade.
Mais do que nunca, sob a ótica desta verdade, consideremos a nossa alma e o nosso tempo e, acima de tudo, o nosso Deus, que nos assiste fora do Tempo, mas ao mesmo tempo (porém sem estar como nós, preso ou sujeito ao Tempo) na nossa alma, trazendo um pedaço da eternidade ao nosso pequeno e frágil coração.
Que sua alma, neste tempo, tenha e mantenha esta oração:

Deus, ajude-me a não odiar o meu tempo e amar a eternidade contigo mais do que qualquer coisa. Ajude-me a viver para Ti nesse mundo com toda intensidade do que eu sou. Ajude-me a conhecer o meu tempo, a me refazer quando preciso, a me esquivar quando for necessário, a saber quando dizer ‘sim’ e quando dizer ‘não’. Quero acertar o relógio da minha alma com o Teu. Não quero nunca me adiantar ou me atrasar em relação à Tua Vontade, Senhor. Fecha todas as portas para mim, a não ser a certa. Quero sempre perceber e aproveitar o tempo oportuno e ideal. Que haja sempre sincronia entre cronos e kairós.
Amante e Amado da minha alma, ajude-me a suportar o que esta dimensão pode me reservar e aproveitar cada situação abstraindo-a e, assim, obter inferências, novos conteúdos para meu caráter. Auxilia-me a reconstruir cenários neste chão passageiro que sirvam de marcos que ajudem muitos e estimulem o louvor ao Teu Nome. Concede-me em tudo que eu sempre veja que somos do Eterno, mas estamos emprestados ao Tempo, para que o Tempo, que foi feito pelo Eterno, nos molde, até o momento tonicamente anelado em que sairmos do Tempo ao Eterno para no Eterno permanecermos. É o que te peço, sinceramente, em nome de Jesus”. Amém!


Se essa for a sua oração, o Deus do tempo terá com certeza se tornado o Deus da alma. Você sempre encontrará Deus no seu tempo e pode estar seguro de que viverá eternamente com Ele no além-Tempo. Ele o ajudará! Você conseguirá, em nome de Jesus!
'O Senhor te guardará de todo o mal; Ele guardará a tua alma' (Salmos 121:7a).

(Este texto foi extraído da minha obra Reflexões sobre a alma e o tempo, lançada pela CPAD em 2001. Dedico esta mensagem à memória do irmão Josias, meu sogro, que partiu para a eternidade em 29 de setembro)