segunda-feira, 29 de junho de 2009

Drops 2: Entendendo a crise no Irã, a publicação das clássicas obras do filósofo Eric Voegelin no Brasil e informações sobre a Bíblia Dake

Já estava cansado de ler e assistir a algumas abordagens distorcidas sobre o candidato iraniano Hussein Mousavi nos jornais aqui do Brasil, onde é apresentado quase como um alternativa extraordinária diante de seu igual Ahmadinejad, como se, caso eleito, pudesse representar mesmo o começo de uma mudança na política iraniana, até que, finalmente, me deparei na semana passada com dois textos lúcidos: um do excelente colunista lusitano da Folha de São Paulo, João Pereira Coutinho, e o outro de Heitor de Paula, colunista do site Mídia Sem Máscara. Quem quiser entender melhor a situação do Irã, aconselho lerem esses dois textos (aqui e aqui). O que quero dizer? Adianto: Ahmadinejad e Mousavi são farinha do mesmo saco. Infelizmente, Mousavi não é nenhum reformista de verdade. O que, por outro lado, não significa que os protestos por mais abertura por parte de grande parte do povo iraniano não sejam verdadeiros. Apenas é preciso frisar que, em primeiro lugar, os que votaram em Mousavi não são homogênenos em seus interesses, pois se dividem entre adeptos de Rafsanjani (que quer voltar ao poder) e uma parte minoritária do povo que realmente anseia por mudanças significativas (para entender esse pequeno grupo, leia análise aqui), tendo estes votado em Mousavi apenas como uma forma de protesto e não porque o achavam maravilhoso (isto é, votaram nele só como demonstração de que desejam alguma mudança, mesmo que Mousavi não signifique nenhuma mudança significativa); e em segundo lugar, é ingenuidade pensar que todos estes que querem alguma abertura são tão abertos ao Ocidente e/ou a Israel. A maioria esmagadora deles não é - a "abertura" que pregam é limitada à cosmovisão interna deles. Se clamam pelo apoio e a cumplicidade da opinião pública internacional em seus protestos, é apenas para conseguirem fazer mais pressão no Conselho de Guardiães (que é quem manda mesmo no Irã) para que essa "abertura" aconteça. Eis as razões do conflito, que se tornou sangrento devido aos estúpidos ataques da guarda do Conselho de Guardiães para deter os protestos, até então pacíficos.

Uma excelente notícia: a Editora Loyola anunciou há poucos dias que estará lançando no Brasil em 3 de julho o primeiro dos cinco tomos de um clássico sobre a formação do pensamento ocidental: Ordem e História – Volume I – Israel e a Revelação, obra de um dos maiores pensadores do século 20, o filósofo e historiador alemão Eric Voegelin. Order and History, como a obra é conhecida em inglês, trata-se de uma verdadeira obra prima do gênero. Para quem se interessa em estudar a importância da cultura judaico-cristã para a formação do Ocidente, os cinco volumes são simplesmente imperdíveis.

Como muitos de vocês já devem saber, a CPAD lançará no mercado, nos próximos meses, mais uma ferramenta para pastores, evangelistas, professores de Escola Dominical e estudantes da Palavra de Deus em geral. Trata-se da Bíblia de Estudo Dake, fruto do árduo trabalho do pastor e professor pentecostal norte-americano Finis Jennings Dake (1902-1987). Mais sobre o assunto na atual edição do jornal Mensageiro da Paz (edição de junho). A edição de agosto do MP também trará mais informações sobre o lançamento.
A nova edição da revista Times, que está nas bancas dos EUA desde ontem, anunciou que, depois de mais de um ano sem igreja, Obama finalmente teria definido em que igreja congregará: a Capela Evergreen de Camp David. Trata-se de uma igreja não-denominacional, sem membresia e pastor fixos, onde um grupo de 60 a 70 pessoas em média, todas membros e familiares do staff da Casa Branca, se reúne periodicamente para cultuar. Obama rapidamente desmentiu a notícia. “A história é imprecisa. O presidente e a primeira dama continuam a procurar uma igreja. Eles têm gostado de orar em Camp David e em várias outras congregações nos últimos meses, e vão escolher uma igreja quando o momento certo chegar”, anunciou a Casa Branca hoje, em nota oficial. De acordo com a revista Times, desde que assumiu a presidência dos EUA, Obama visitara, além da Capela Evergreen, a Igreja Batista da Rua 19, no noroeste de Washington DC, e a Igreja Episcopal Saint John, próxima à Casa Branca, mas não se sentiu satisfeito em nenhuma delas. Por enquanto, continua a ser um cristão sem igreja e, na maioria das semanas, prefere não cultuar em igreja nenhuma.

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Isso é que é vontade de descriminalizar as drogas!

O jornal O Globo de hoje traz, na página 31, uma matéria, com chamada de capa, assinada pelo seu correspondente em Washington DC, Gilberto Scofield Jr., cujos títulos são “ONU já admite descriminalizar as drogas (na chamada de capa para a matéria) e “Drogas: ONU defende descriminalizar consumo” (na cabeça da matéria). Bem, ao deparar-me com o título, estranhei o fato de que todas as notícias que havia lido ontem e hoje cedo a respeito do Relatório do Escritório de Drogas e Crime das Nações Unidas (UNODC, na sigla em inglês), divulgado ontem, diziam exatamente o contrário: a UNODC é contra a legalização das drogas (Uma excelente notícia! Ainda mais em termos de ONU). Como, então, o jornalista de O Globo viu o contrário?
Pus-me a ler a matéria e não encontrei nenhuma fala de nenhum representante do UNODC defendendo a descriminalização das drogas. Nem algum trecho do relatório dizendo isso. A única coisa que há é a afirmação do jornalista de que o diretor-executivo do UNODC, Antonio Maria Costa, “defendeu a descriminalização do consumo de drogas”, mas não apresenta na matéria uma fala sequer de Costa que sustente solidamente isso. As únicas falas de Costa que ele menciona no texto são as de que "moradias, trabalho, educação, serviços públicos e lazer podem tornar comunidades menos vulneráveis ao crime e às drogas", o que é defendido também por quem se opõe à descriminalização do consumo das drogas; e de que "as pessoas que usam drogas precisam de ajuda médica, não de retaliação criminal", o que se aproxima da idéia, mas trata-se apenas da constatação óbvia de que o usuário (comprovadamente apenas usuário) precisa ser encaminhado a tratamento e não preso. Lembremo-nos que as penas não se resumem apenas à prisão. Esta é apenas um tipo de pena. A própria Lei de Entorpecentes de 2006, que não descriminalizou o porte e consumo de drogas no país (leia análise aqui), afirma que o usuário não é para ser preso. Ou seja, no Brasil, conquanto o usuário flagrado não seja mais preso, ainda sofre sanções (inclusive de multa), e normalmente é encaminhado para tratamento. Sim, consumir e portar drogas no Brasil ainda é crime; se não, não haveria sanções penais. Entretanto, concordo que as sanções aos usuários se tornaram muito mais brandas (uma mudança realmente questionável, pois foram do "oito para o oitenta"), mas daí a dizer que não mais existem sanções nessa situação é bem diferente.
Ora, sabendo que vários países do mundo ainda condenam à prisão alguém que é apenas usuário, mui provavelmente a retaliação criminal a qual se opõe Costa, que falava a todos os países do mundo, é a pena de prisão. Parafraseando-o, seria: "Os que são claramente apenas usuários não devem ser presos, mas encaminhados pelas autoridades públicas a tratamento médico".
Ainda que Costa tenha dito no sentido de que fala a matéria, O Globo, desde a chamada de capa à matéria interna, alterna-se entre afirmar que a UNODC defende "a descriminalização das drogas" e afirmar que a UNODC defende "a descriminalização do consumo de drogas". Ora, uma coisa é descriminalizar as drogas, outra é descriminalizar o consumo de drogas. Entretanto, o jornal afirma as duas coisas, quando clara e absolutamente a UNODC não afirma a primeira coisa e ainda não está claro se afirma a outra. Lembrando que, a rigor, tecnicamente, não tem sentido a expressão descriminalizar drogas - ou seja, o termo nem deveria existir -, mas apenas a expressão descriminalizar consumo de drogas seria possível, pois o que se descriminaliza é apenas a conduta; entretanto, o uso da expressão "descriminalizar drogas" no sentido de legalizar ou liberalizar as drogas, já foi incorporado, já se cristalizou. Enfim, no mínimo a matéria de O Globo erra ao falar de "descriminalizar as drogas".
Todos os jornais e sites de notícia sobre o assunto mostram trechos do relatório e a fala do diretor Antonio Maria Costa destacando serem estes totalmente contra a legalização das drogas. O Estado de São Paulo, por exemplo, diz sobre Costa e o referido Relatório da UNODC exatamente o que se segue:
No prefácio do estudo, Antonio Costa reafirma a questão da droga como um problema de saúde pública, mas rejeita os clamores por uma descriminalização das drogas, iniciativa que ele qualifica de "erro histórico". "A legalização não é uma varinha mágica que acabaria tanto com o crime organizado quanto com o abuso de drogas", ele afirmou.
Leia a matéria do Estadão aqui.
No Jornal do Brasil, encontramos a mesma informação do Estadão, repetida pelo representante da UNODC no Brasil, Bo Mathiasen:
"Legalização poderia levar a epidemia", diz o UNODC. (...) O representante do UNODC, Bo Mathiasen, diz que os dados vão na contramão da ideia de legalização total ou parcial do uso de drogas. "Haveria uma epidemia no Brasil. Se a ONU estima que 500 milhões de pessoas morrerão pelo uso do cigarro neste século, muito mais morreriam pelo consumo de cocaína, heroína e outras drogas", diz ele. A entidade avalia que o governo deve combinar prevenção e tratamento de usuários com medidas de repressão, focando as grandes quadrilhas envolvidas no tráfico de drogas.
Leia a matéria do JB aqui.
E no Correio Braziliense? Está lá o seguinte:
O Unodc define como erro a percepção da descriminalização das drogas como forma de acabar com a violência e a corrupção inerentes ao mercado ilegal.
Leia a informação do Correio aqui.
Mas, para que não fiquem dúvidas, que tal vermos o que diz o próprio site do UNODC? O endereço é http://www.unodc.org/brazil/pt/ASCOM_20090624.html
Leia o que Costa diz no site da UNODC:
O Relatório chama muita atenção sobre o impacto dos crimes relacionados a drogas - e o que fazer sobre isso. No prefácio do Relatório, Costa explora o debate sobre a descriminalização das drogas. Ele admite que a manutenção das drogas como ilícitas gera um mercado negro de proporções macroeconômicas, que causa violência e corrupção. Entretanto, ele alerta que a proposta de legalização das drogas como uma forma de acabar com essa ameaça - como alguns sugerem - seria um "erro histórico". "As drogas ilícitas representam um grande perigo à saúde. Por essa razão, as drogas são e devem permanecer controladas", disse o diretor do UNODC. "Quem propõe a legalização se equivoca nos dois sentidos", disse Costa. "Um mercado liberado acarretaria em uma epidemia de drogas, enquanto a existência de um mercado controlado acarretaria na criação um mercado paralelo criminoso. A legalização não é uma varinha mágica que acabaria tanto com o crime organizado quanto com o abuso de drogas", disse Costa. "A sociedade não deve ter de escolher entre priorizar a saúde pública ou a segurança pública: ela pode e deve optar por ambas", disse. Nesse sentido ele pede aos países um maior investimento em prevenção e tratamento de drogas, e medidas mais pesadas para enfrentar o crime relacionado às drogas.
Portanto, onde o jornalista de O Globo viu a informação de que Costa e o Relatório do UNODC “defende a descriminalização das drogas”?
A não ser que isso seja bem explicado, a conclusão a que se chega é que o desejo do jornalista e/ou de O Globo pela descriminalização é tão grande que acabaram vendo o que não havia, ouvindo o que não foi dito. Isso é que é desejo de descriminalizar as drogas!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Drops de junho: Conteúdo do jornal "Mensageiro da Paz" de julho, programa “O Cristão e o Mundo” especial e o ataque a "Fox News"

Mensageiro da Paz – O jornal Mensageiro da Paz de julho, que deverá estar à venda na semana que vem, traz matérias sobre os prognósticos de analistas seculares acerca de como será o futuro Brasil evangélico em 2020; as relações estremecidas entre EUA e Israel no governo Obama; a agenda e a programação dos eventos relacionados ao Centenário das Assembléias de Deus no Brasil; e a proposta do Clube Bilderberg, apoiada pela China, de que seja criada e implantada uma moeda única no mundo. O Clube Bilderberg, para quem não sabe, é um dos mais influentes grupos do mundo ocidental, sendo formado pelos homens mais ricos do Ocidente, os principais nomes da política ocidental e os nomes mais poderosos da mídia na Europa e nos EUA. O grupo se reúne todos os anos, desde 1954, para discutir propostas para “um mundo melhor”, defendendo que isso só será possível com uma “Nova Ordem Mundial”. No mais, artigos sobre Brasil e Direitos Humanos, unção com óleo, fórmula batismal, a questão de julgar milagres, Escatologia, perfil dos jovens no século 21, dentre outros.
Quem quiser adquirir o jornal, poderá fazê-lo pelos telefones 0800-021-7373 e (21) 2406-7416/7418.

“O Cristão e o Mundo” – O programa O Cristão e o Mundo de quinta-feira passada (18 de junho, data de aniversário das Assembléias de Deus no Brasil) foi dedicado à reflexão sobre a AD no Brasil. O debate foi enriquecedor, contando com a interação dos ouvintes. Quem quiser assistir ao reprise poderá fazê-lo no domingo, a partir das 9h, pelo endereço eletrônico www.cpad.com.br/radioweb

Fox News Como vocês já devem ter sabido, saíram recentemente três pesquisas nos EUA que mostram que a popularidade de Obama caiu (uma queda, em média, de 5 pontos) e que 60% dos americanos não concordam com a política econômica do presidente. Pesquisas Gallup nos EUA realizadas nos últimos meses também revelam que a maioria dos americanos discorda das posições do presidente em relação ao aborto e ao “casamento” homossexual. As conseqüências práticas disso é que, de janeiro a maio, já ocorreram em todos os Estados Unidos 1.200 protestos contra as decisões de Obama nas áreas econômica e social (financiamento de ONGs pró-aborto, liberalização e financiamento de pesquisas com células-tronco embrionárias e a designação de junho como o “mês gay” no calendário nacional oficial norte-americano). Veja imagens dos protestos, por exemplo, aqui
e aqui.
Ora, como não poderia deixar de ser, diante de todos esses elementos, Obama começou a se preocupar. Só que, em vez de fazer uma autocrítica e reconhecer que pode estar errado em muitas de suas decisões e comportamentos, ele resolveu reclamar. E, para isso, escolheu um culpado tanto para esses protestos como para a queda de sua popularidade e a falta de empatia da população em relação a muitos temas que defende. Esse culpado, segundo Obama, é... a Fox News (sic)!
Sim, senhores, Obama culpa a imprensa. Só que, nos EUA, a mídia impressa e televisiva é esmagadoramente democrata. A CNN, a NBC e a ABC, por exemplo, têm gastado horas e horas de sua programação mensal, desde a posse de Obama até hoje, para falar sobre a roupa com que Michele Obama vai sair no próximo final de semana, a saúde do cachorrinho da família Obama etc. Logo, a única mídia que o presidente encontrou que pudesse classificar realmente como oposição foi a Fox News. Isso tudo é extremamente risível, não apenas porque a Fox News é o único canal oposicionista – um canal oposicionista engolfado por canais pró-Obama –, mas também porque ela não é nenhuma “Rede Globo dos EUA”, nem pelo menos uma Record ou SBT de lá. Longe disso. A Fox News é o segundo canal de notícias em audiência da tevê a cabo norte-americana (o primeiro é a democrata CNN). É grande coisa? É, mas ainda que os canais de tevê a cabo nos EUA tenham excelente audiência, esta ainda é inferior à dos canais de tevê aberta. Além do mais, a audiência da Fox News nem se compara à soma da audiência de suas oponentes.
O que acontece é que, devido à histórica briga entre o pessoal do democrata The New York Times (NYT) com o empresário australiano Rupert Murdoch, ligado aos republicanos e dono da Fox News e do Wall Street Journal, o jornal New York Times (venerado mundialmente ao ponto de praticamente pautar a mídia secular em todo o mundo) já bateu tanto em Murdoch que fica até parecendo que o australiano seria uma espécie de “Roberto Marinho dos EUA” que persegue os democratas. Nada disso. Ele é um dos maiores empresários de comunicação nos EUA, mas não domina a mídia norte-americana.
A saber: a briga entre NYT e Murdoch começou quando o empresário, depois de comprar o Wall Street Journal e saber que o NYT estava mal das pernas financeiramente, declarou que um dos seus sonhos era um dia comprar também o NYT, o que causou arrepios nos liberais diretores e articulistas do jornal nova-iorquino, que começaram a atacar Murdoch em suas páginas e a falar do “perigo” de um homem com as idéias dele ser dono do NYT. Enfim, Murdoch pode não ser nenhum santo, mas também não é nenhum “demônio” como pinta e populariza a turma do NYT. Aliás, ele teve a virtude de, em vez de se deixar levar pela onda midiática pró-democratas, ter apostado na idéia de fazer da Fox News uma frente republicana contra o restante da mídia televisiva norte-americana, tomada pelos democratas.
Detalhe: Obama não acusou as críticas da Fox News de falsas. Ele acusou a Fox News de, diferentemente dos outros canais, não viver falando bem de seu governo. Isto é, para Obama, bom mesmo é a mídia toda só falando bem dele - atitude que lembra gente que flerta com o autoritarismo. Não é à toa que o protoditador da Venezuela, Hugo Chávez, tenha se solidarizado com Obama, aplaudindo-o pelo seu posicionamento diante do único canal de oposição em seu país. Chávez não só elogiou Obama como comparou a linha editorial da Fox News à “ofensiva de alguns veículos de comunicação venezuelanos contra a revolução socialista na Venezuela e na América Latina”. Leia essa história aqui.