terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Aprendendo com a Ira de Deus

É interessante como pouco ou quase nada tem sido dito em nossos dias sobre a ira de Deus. Essa é, sem dúvida, uma das razões pelas quais a qualidade da vida espiritual de boa parte dos cristãos em nossos dias é baixa.
Perceba: eu disse “uma das razões”, e não “a razão”. Isso porque, como já escrevi em Como vencer a frustração espiritual, o problema do evangelicalismo hodierno é muito mais amplo. O que precisamos não é de uma onda de pregações especificamente sobre a ira de Deus ou de uma onda de mensagens sobre um outro atributo divino olvidado para que, finalmente, muitos cristãos sejam despertados e comece um avivamento. Precisamos de toda a Palavra, de “todo o conselho de Deus” (At 20.27), e não apenas de uma faceta da verdade. Agora, pregar todo o conselho de Deus inclui, obviamente, pregar integralmente sobre Deus (lembre-se que o mesmo Jonathan Edwards que pregou o célebre sermão Pecadores nas mãos de um Deus irado também ministrou várias vezes sobre a graça divina e muitos outros temas durante o Grande Despertamento norte-americano no século 18).
“Mas já não há muita prédica sobre Deus em nossos dias?” Sim, há, mas o problema é que a maioria esmagadora desses sermões gravita em torno do que Ele faz e pode fazer, e não em torno do que Ele é. Por isso, não é à toa que vemos tantos crentes reivindicando a ação divina a todo instante, porque tudo o que sabem sobre o Senhor diz respeito exclusivamente às Suas ações. Sua relação com Ele baseia-se mais no Seu poder, no que é capaz de fazer, do que na Sua pessoa e no Seu caráter. Quando perguntamos a esses crentes “Quem é Deus?”, a situação se complica. A maioria das definições tem um conteúdo vago e contraditório, e isso é extremamente preocupante.
É preocupante porque é impossível o crente ter um relacionamento perfeito com o Criador, e conseqüentemente ter uma vida espiritual sadia, sem conhecer a natureza e o caráter divinos. Já dizia A. W. Tozer: “Se pudéssemos extrair de qualquer pessoa uma resposta completa à pergunta ‘O que lhe vem à mente quando você pensa em Deus?’, poderíamos predizer com certeza o futuro espiritual dessa pessoa”. Sem um conhecimento básico sobre o que a Bíblia ensina sobre Deus, qualquer crente pode se encontrar, de repente, adorando uma caricatura de Deus pensando que está adorando o verdadeiro Deus.
Quem não conhece plenamente quem é Deus está mais suscetível para embarcar em alguma falsa representação teológica dEle e, assim, se machucar espiritualmente. Por outro lado, quem conhece a Deus pode relacionar-se com Ele de forma correta e crescer espiritualmente. A Palavra de Deus afirma: “...mas o povo que conhece o seu Deus se tornará forte e ativo” (Dn 11.32).
O tipo de vida espiritual que muitos cristãos vivem hoje é, na maioria dos casos, justamente fruto de sua visão equivocada sobre quem é Deus. Há muitas caricaturas de Deus sendo propaladas por aí, todas bastante populares, e que têm levado inúmeros cristãos à frustração espiritual e/ou a bizarrias.
Por tudo isso, senti-me impelido a escrever este artigo sobre um dos atributos de Deus pouco abordados: a ira. E por que justamente a ira? Por dois motivos.
Primeiro, porque é extremamente impopular em nossos dias falar sobre esse atributo divino. Há até quem ache que não há valor nenhum em aprender sobe a ira de Deus. “Como aprender sobre a ira divina poderá afetar positivamente a minha vida espiritual?”
Para muitos cristãos, o amor divino é mais didático do que a ira divina, quando, na verdade, tanto um como o outro devem ser considerados, se queremos crescer espiritualmente. Não é à toa que o apóstolo Paulo assevera que devemos considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus, e nunca uma mais do que a outra (Rm 11.22).
E em segundo lugar, resolvi escrever sobre a ira divina porque a Bíblia a enfatiza. Se você analisar nas concordâncias bíblicas qual é o atributo de Deus mais mencionado nas Sagradas Escrituras, descobrirá que há mais referências à ira divina na Bíblia do que ao Seu amor e à Sua bondade. Isso significa que a ira de Deus é um tema importante para as Escrituras e, conclui-se, deve ser também para nós, cristãos.
Dito isso, quais são, então, as lições que aprendemos quando meditamos sobre a ira divina?
1) Concientizamo-nos mais ainda sobre a aversão que devemos ter em relação ao pecado – Estamos vivendo em uma época onde o pecado chega a ser celebrado como algo que “em certa dose é bom e saudável” (vide novelas, filmes e livros que falam sobre “a alegria” e “o prazer saudável” do pecado) ou onde, na melhor das hipóteses, ele é apresentado (às vezes sutilmente) como um detalhe de nossas vidas facilmente desculpável e com o qual não devemos nos preocupar tanto. Porém, quando meditamos na ira de Deus conforme apresentada na Bíblia, logo ficamos impressionados com o ódio que Deus tem do pecado. Portanto, meditar sobre a ira de Deus nos leva a reconsiderar o pecado, passando a enxergá-lo conforme a ótica divina.
O pecado não é algo que Deus eufemiza, minimiza ou considera de pouca importância. Deus odeia o pecado, Ele ojeriza-o. Como disse certa vez o teólogo A. W. Pink, “temos a tendência de dar pouca atenção ao pecado, encobrir sua hediondez, desculpá-lo; mas, quanto mais estudamos e pensamos no horror que Deus tem pelo pecado e Sua terrível vingança sobre ele, estaremos mais aptos a compreender a infâmia do pecado” (Os atributos de Deus, A. W. Pink).
2) A ira divina nos estimula à reverência, ao temor santo – Leia Hebreus 12.28 e 29 (muitos lêem apenas o versículo 28, esquecidos de que o versículo 29 é a continuação do raciocínio do 28). É importante dizer aqui que a reverência que devemos ter em relação a Deus não deve estar baseada em mero medo. A Bíblia mostra-nos que a reverência sadia a Deus é fruto (a) do nosso amor a Ele e (b) do reconhecimento que temos de Seus sentimentos sérios em relação ao que é certo (amor e apreço) e ao que é errado (ira e ojeriza). São esses dois elementos os ingredientes da reverência ao Senhor. Volto a lembrar o que disse Paulo: devemos considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus, ou seja, tanto Seu amor quanto a Sua ira. Só a bondade sem a severidade nos leva a adorar um deus bonachão. Só a severidade sem a bondade nos leva a servirmos a um deus carrasco. Já a bondade com a severidade nos aponta para o Deus da Bíblia.
3) A ira divina nos leva ao grato e fervente louvor pelo sacrifício de Cristo na cruz – O peso dos nossos pecados sobre Cristo é melhor compreendido quando meditamos sobre a ira divina. Jesus levou sobre si os nossos pecados, sofreu o castigo divino por eles, foi esmagado pelo peso da ira divina por todas as nossas faltas (Is 53); e em 1 Tessalonicenses 1.10, o apóstolo Paulo ainda ressalta que Jesus nos livra da “ira vindoura”.
Em várias passagens do Novo Testamento e do livro de Salmos, Deus é louvado pela Sua misericórdia que nos livra do peso da Sua ira, da destruição, do castigo, etc. Ou seja, meditar sobre a ira divina nos leva a considerar e reconhecer mais ainda a importância da graça e do favor do Senhor. Sem Sua misericórdia, seríamos destruídos (Lm 3.22,23).
Concluindo, volto a enfatizar que há outras facetas do caráter e da natureza de Deus que igualmente não devem ser relegadas. A ira de Deus é só um dos muitos aspectos que não devem ser esquecidos - e que, quando evocado, salienta ainda mais a importância do amor de Deus. Quem entende isso pode, c
omo o apóstolo João em Apocalipse, olhar para o poderoso e temível Leão da Tribo de Judá e ver o humilde Cordeiro assentado sobre o trono (Ap 5.5,6). Sim, porque o Cordeiro é o Leão, e o Leão é o Cordeiro.

22 comentários:

Anônimo disse...

Muito importante tocar neste assunto, Silas. Aliás, refletir mais sobre o amor e a ira de Deus tem sido um dos temas que mais gosto de me aprofundar na Bíblia.

Aproveito a oportunidade para destacar um fato que também tem ficado de lado nas pregações em geral. Falo sobre as terríveis conseqüências do pecado.

Ao observar a história de Davi, por exemplo, podemos perceber que, embora ele tenha recebido o perdão de Deus para a vida eterna, não conseguiu suspender os terríveis tormentos que o Senhor disse que traria sobre a vida dele e de sua família, enguanto vivesse neste mundo. "Agora, pois, não se apartará a espada jamais da tua casa, porquanto me desprezaste"(2Sm 12:10), disse o Senhor.

Se parármos para analisar com cuidado esta realidade do caráter divino e ter plena certeza de que Deus é o Senhor da história de nossas vidas, certamente, vamos pensar mil vezes antes de pecar. E quando pecarmos (porque todos nós pecamos) certamente teremos maior pesar e verdadeiro temor para nos arrependermos genuinamente, chegando com confiança ao trono da graça, com sincera confissão e clamor pelo sangue de Cristo. E, além disso, estaremos mais capacitados a aceitar, humildemente, assim como Davi, a justiça divina sobre nós.

Portanto, lembremos que todos as coisas acontecem em nossas vidas através da permissão de Deus. Tanto o bem, como o mal. "Eu formo a luz e crio as trevas; Eu faço a paz e crio o mal; Eu, o Senhor, faço todas essas coisas". Is 45:7.

Anônimo disse...

Graça e Paz, pastor Silas!

Infelizmente as pessoas que compõem a igreja - no sentido institucional - de Cristo há muito tempo estão infectados por idéias seculares e profanas.

É muito comum a relativização dos atributos de Deus nesta sociedade em que vivemos. Alguns até suprimem um ou outro atributo divino (sem falar nos ateus).

Uma visão míope acerca deste assunto - ira de Deus - certamente é o motivo de tal indiferença para a pregação ou ensino com respeito a este tema.

Para muitos, Deus só é Deus, por ser bom, amoroso, piedoso, como se Ele fosse um velhinho simpatico, devido as suas boas maneiras. O contrário denota ser verdadeiro: Deus é Deus pois reúne em si uma completude de atributos. E aqueles atributos que,humanamente, adjetivamos como mal, para Deus é natural e necessário.

Grudem diz que "a ira de Deus diante do pecado está intimamente associada à santidade e à justiça de Deus". Por que Deus enviou o Dilúvio? Por que destruiu Sodoma? Por que expulsou os cananeus das suas possessões? Teríamos tantos outros exemplos neste sentido.

Contudo, o mesmo Deus que se ira é também um Deus longânimo para com o pecador com o propósito de levá-lo ao arrepedimento adiando por vezes a execução de sua ira.

Em Cristo,

Pb Gilson Barbosa

Silas Daniel disse...

Caro amigo Bruno,

Acerca das terríveis conseqüências do pecado, sua colocação é precisa. Apenas quero aproveitar o “gancho” para tecer um comentário oportuno sobre o assunto.

O juízo de Deus é uma conseqüência dos nossos pecados, mas nem todas as conseqüências dos nossos pecados é necessariamente juízo de Deus. Deus pode ter nos perdoado, e aí sua ira e seu juízo não repousam sobre nós, porém isso não significa que estamos absolutamente imunes às conseqüências de nossos erros. Por exemplo: digamos que um jovem crente cai em fornicação. Em seguida, se arrepende sinceramente de seu pecado, pede perdão a Deus e Ele o perdoa. Submete-se também à disciplina eclesiástica sem questionar e leva a sua vida de forma íntegra diante de Deus e diante dos homens. Nunca mais retorna à prática do pecado. Entretanto, digamos que, posteriormente, ele fica sabendo que, em decorrência daquela relação sexual que teve, contraiu o vírus HIV. Está com Aids. Pergunto: Podemos dizer que o juízo de Deus ainda repousa sobre a vida desse jovem porque ele contraiu essa terrível doença?
Não, porque ele está em Cristo e “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.1). Não há juízo divino sobre essa pessoa. Simplesmente, o jovem está sofrendo a conseqüência do seu erro. Quando fornicou, sabia que estava correndo o risco. Além disso, o que dizer dos outros jovens que eventualmente tenham cometido o mesmo pecado e não contraíram doenças? Se fosse juízo de Deus, onde estaria Ele no caso desses outros jovens?

O juízo divino é conseqüência dos nossos erros? É. Mas nem todas as conseqüências dos nossos erros é juízo divino.

Jesus pode curar esse jovem? Pode. Vai depender da sua fé e, principalmente, claro, da soberania divina. Às vezes, Ele cura; às vezes, não. A razão? Se estamos vivendo corretamente diante de Deus, está nos seus divinos propósitos, que hoje podem não ser claros para nós, porém são perfeitos, podemos ter certeza pela Sua Palavra (Rm 12.2). Além do mais, se Jesus não curar, esse jovem não pode reclamar de Deus, pois o que está sofrendo é tão somente a conseqüência natural do risco que assumiu ao cometer aquele erro.

Agora, alguém pode dizer: “Mas e no caso de Davi? Deus não o havia perdoado? Então, por que, mesmo perdoado, ele sofreu conseqüências de seu erro que eram, claramente, juízo de Deus também?”

Nesse ponto, é importante frisar antes a misericórdia de Deus para com Davi devido ao seu arrependimento sincero. Os pecados que Davi cometeu (assassinato e adultério) exigiam a condenação à morte, e esta pena era válida para qualquer um em Israel, fosse ele um homem simples do povo ou mesmo o rei (Êx 21.12; Lv 20.10). Porém, como Davi não tentou se desculpar, mas admitiu o erro sinceramente arrependido e se mostrou aberto à decisão que Deus quisesse tomar em relação ao seu caso, o Senhor afirmou por meio de Natã: “Não morrerás” (2Sm 12.13). Isso é a tremenda graça de Deus em ação diante de um coração sinceramente arrependido e quebrantado, como o próprio Davi reconheceria (Sl 51.17). Entretanto, Deus ainda lhe disse que, mesmo tendo perdoado, derramaria juízo sobre sua vida. Mas, por quê? Seria meramente uma forma de compensar a não execução da pena de morte sobre o rei? Deus explica: “...porquanto com este feito deste lugar sobremaneira a que os inimigos do Senhor blasfemem...” (2Sm 12.14).

Há pecados que, quer queiramos ou não, são mais escandalosos, provocando não só o escândalo como a blasfêmia de muitos, a ridicularização da fé em Deus e o desvio de alguns. Jesus disse: “Ai daquele de quem provém o escândalo!” (Mt 18.7). Ainda mais quando ele parte de alguém que exerce uma parcela de liderança na obra de Deus. O juízo de Deus é maior sobre os que exercem grande influência no povo de Deus. Vide os juízos de Jesus sobre os escribas e fariseus em Mateus 23. Diz o apóstolo Tiago que aqueles que são "mestres" receberão "mais duro juízo". Jesus ainda afirmou em Matewus 13.41 e 42 que aqueles que estão no Reino, mas causaram escândalo e cometeram iniqüidades, e não se arreenderam, serão certamente "lançados na fornalha de fogo".

Por isso, Davi não morreu, mas sofreu, como juízo divino, a morte de seu primeiro filho com Bate-Seba, o assassinato de Amnom e a terrível revolta e a morte de Absalão. Foram acontecimentos permitidos por Deus. Ele não os evitou, mas interviu neles permitindo-os. Tanto interviu que disse sobre eles: "...Eu suscitarei... Eu o farei..." (2Sm 12.12,13). E mais: o erro de Davi jamais foi esquecido na História. Davi foi poupado da morte, mas seu pecado e o juízo de Deus sobre ele ficaram para a História como um exemplo.

Deus leva a sério o pecado. Deus abomina o pecado. Tanto é que, mesmo depois do Seu perdão concedido àquele Seu filho que se arrependeu sinceramente, devido aos efeitos públicos e espirituais do pecado deste sobre o povo e a sociedade, Ele não deixa de exercer Seu juízo. A pessoa perdoada, como você frisou bem, recebeu o perdão de Deus para a vida eterna, mas o juízo não pode deixar de ocorrer. Indico, para exemplificar casos nos dias de hoje desse tipo, o livro “Orgulho Fatal” (CPAD), escrito pelo até então influente pastor Richard Dortch. Nele, Dortch cita o seu próprio caso de queda, as conseqüências que sofreu mesmo depois de seu arrependimento e os casos de célebres pastores norte-americanos que caíram, como Jim Bakker, Jimmy Swaggart, etc. Dortch também relata, de forma tocante, como Deus o restaurou. Sim, porque Deus restaura e usa mais uma vez. Davi pecou, se arrependeu, sofreu os juízos divinos (e como sofreu!) e pôde ser usado por Deus. Deus lhe deu o projeto para a construção do Templo, que seria construído por seu filho Salomão, e usou-o em profecia no final de sua vida (2Sm 23.2-7), além dos belos salmos que ainda escreveu, sob a inspiração divina, depois de restaurado. Mas, tudo isso porque Davi se submeteu à disciplina divina sem reclamar.

Um abraço!

Silas Daniel disse...

Caro Gilson,

Perfeita análise. Geralmente, os que vêem Deus como “um velhinho simpático” ou “um pai bonachão” se encontram em apuros ao lerem textos como Naum 1.2-8, que apresenta Deus como “zeloso e vingador”, “vingador e cheio de ira”, que “toma vingança contra os seus adversários e reserva indignação para os seus inimigos”, que “jamais inocenta o culpado”, cuja indignação “ninguém pode suportar” e cuja “cólera se derrama como um fogo e as rochas são por Ele demolidas”. E mais: “...com trevas perseguirá os seus inimigos”. E o que dizer de Habacuque 3.5-15?

Como já afirmei, devemos considerar tanto a bondade quanto a severidade de Deus, porém a maioria só quer ver em Deus o que deseja e, assim, acaba vendo o deus que deseja em vez de o Deus vivo e verdadeiro.

Nós, entretanto, permaneçamos fugindo das caricaturas. Fiquemos com o Deus da Bíblia, que é real e envolve-se verdadeiramente com suas criaturas, mudando completamente suas vidas.

Um abraço!

Anônimo disse...

graça e paz pr Silas

Que bom entrar em seu blog e ler mais um artigo inspirado por Deus
com um assunto como o senhor mesmo disse: pouco pregado em nossos dias.
Atualmente estou lendo o seu livro
"como vencer a frustração espiritual" e tem sido fonte de benção pra minha vida Deus lhe abençoe e continue dando graça para o irmão.

Um abraço!

Anônimo disse...

Olá Silas, gostei muito da sua colocação, porque evita a generalização de que o juizo divino virá sobre todos os que pecaram, mesmo tendo se arrependido sinceramente em Cristo. Além disso, não deixa de mostrar o zelo que o Senhor tem pelo Seu nome, como podemos ver no caso de Davi, que mesmo com o perdão, Deus sucitou tribulações na vida dele por amor ao Seu nome, para que não fosse ridicularizado.

Pedido à Parte

Outro assunto que gostaria muito de ver no blog diz respeito a oração e intercessão. O que podemos entender nos casos bíblicos em que a oração ou a intercessão foi capaz de mudar a ação divina, mesmo depois de o Senhor dizer que o faria? Tomo como exemplo o caso de Ezequias, em que Deus disse a ele que certamente morreria com sua enfirmidade, mas posteriormente, por causa de sua oração, o Senhor mudou a ação e lhe acrescentou 15 anos. O mesmo aconteceu com Moises, quando intercedeu pelo povo, após o Senhor dizer que destruiria a todos por causa da idolatria.

A Bíblia de Estudo Pentecostal diz o seguinte sobre o assunto: "(1)Nem todas as coisas que Deus declara a respeito do futuro são terminantemente irrevogáveis (Jn3:1-10). Quando o crente é atingido por alguma tragédia pode ter a certeza plena de que Deus se importa com o que lhe acontece(...)(2) As orações do crente têm um efeito sobre Deus, sobre seus propósitos, e na realização do seu plano soberano. O que acontece, pois, na nossa vida ou na vida da Igreja é determinado tanto pelo plano de Deus como pelas nossas orações. Devemos sempre manter a convicção de que a oração, realmente, muda as coisas. 1Rs21:29; Ez33.13-16; Tg5.14,15".

No exemplo intercessório de Moises a Bíblia de estudo Pentecostal diz o seguinte: "Deus claramente queria destruir aquele povo rebelde.Moises, porém, pondo-se como mediador, entre o Senhor e o povo, intercedeu com zelo e amor (...)". A explicação termina dizendo que o Senhor modificou uma ação declarada e mostra como algo insondável o fato do Senhor fazer isso diante de um ser falível como nós.

Veja bem, não quero trazer de volta a questão do teísmo aberto, até porque vc sabe que não defendo essa doutrina distorcida. Digo isso mais por causa dos seus leitores.

Como deixei claro, assim como as explicações da Bíblia Pentecostal, Deus não "aprendeu" ou "mudou", mas simplesmente ouviu e, sim, mudou acontecimentos futuros mesmo depois de Ele mesmo ter declarado que aconteceria, em resposta a uma oração e, no outro caso, a uma intercessão. Ou seja, nada estava determinado. Pela fé sincera e humilde, esses homens conseguiram o favor de Deus. E o próprio Deus permitiu que esses exemplos fossem eternizados pelo Bíblia para aprendermos que o futuro, apesar de conhecido, não está determinado. Na minha concepção, isso não fere a presciência divina e, de fato, nos livra do fatalismo que o calvinismo ensina. Muito melhor do que isso, nós coloca numa posição de cooperadores de Cristo na causa do evangelho e nos dá a entender que servimos a um Deus transcendente, porém pessoal, que se importa conosco.

Portanto, para finalizar, há pensamento herético nesta concepção? A Bíblia Pentecostal foi simplista e não soube explicar?

Silas Daniel disse...

Caro Ademir, graça e paz da parte de Cristo!

Que bom saber que está lendo o "Como vencer a frustração espiritual", pois creio ser um dos mais importantes livros que escrevi. Inclusive, nele você vai encontrar dois capítulos que podem ser lidos como desdobramento do tema desta postagem: "O deus Papai Noel" e "O deus carrasco". Tratam-se de dois extremos que devemos evitar, e apresento na obra orientações para que não deslizemos nem para um extremo nem para o outro.

Que Deus continue abençoando sua vida (inclusive por meio do livro)! Boa leitura!

Um abraço!

Silas Daniel disse...

Caro Bruno,

Desculpe a demora em respondê-lo. Só encontrei um tempinho para responder agora, no intervalo de almoço do meu trabalho. Bem, mas vamos lá. A Bíblia afirma que “a oração do justo pode muito em seus efeitos” (Tg 5.16). Jesus orientou seus discípulos a pedirem, buscarem e baterem na porta em oração garantindo-lhes que suas preces insistentes não seriam em vão; pelo contrário, eles receberiam, encontrariam e a porta ser-lhes-ia aberta (Mt 7.7,8). O Mestre ainda proferiu, à guisa de introdução a essa orientação (segundo a pesquisa e o relato de Lucas), a Parábola do Amigo Importuno, que ensina-nos a importância de persistirmos em oração (Lc 11.5-8). Quer dizer: a oração faz toda a diferença. Devemos orar com fé, na expectativa de recebermos (Mc 11.24), certos de que Deus está nos ouvindo e é galardoador dos que o buscam (Hb 11.6).

Porém, a Bíblia também diz que Deus nos concederá apenas “todas as coisas” que podem vir “com Ele [Cristo]” (Rm 8.32). Ela nos diz que o Senhor só nos dará aquilo que estiver dentro de Sua vontade (1Jo 5.14) e Filipenses 4.19 afirma que Deus suprirá “todas as vossas necessidades”, e não os nossos caprichos. Até porque nem sempre aquilo que queremos é o que precisamos e, às vezes, o que não queremos é exatamente o que necessitamos. Não é à toa que há muitos casos de orações não atendidas na Bíblia e a própria vida cristã tem mostrado também que nem sempre Deus responde às nossas orações com um “sim”. E graças a Ele por isso!

Outro detalhe importante sobre a oração é que quando nos humilhamos diante de Deus, quando mudamos nossa atitude, Deus muda nossa sorte (2Cr 7.14). Aliás, Deus é abençoador, Ele deseja abençoar, Sua Palavra afirma que Ele é “galardoador dos que o buscam”, mas é preciso que nos humilhemos debaixo de Suas potentes mãos, nos arrependamos, nos submetamos a Ele, para que, então, nos exalte (1Pe 5.6).

Ora, o caso das orações do rei Esequias (Is 38.1-8) e de Moisés (Êx 32.30-33.17) só confirmam tudo o que a Bíblia nos ensina acerca da oração, como vimos nas referências acima.

Primeiro, as petições de Esequias e de Moisés não foram meros caprichos. No caso de Esequias, que pedira a cura de uma enfermidade que Deus revelou-lhe ser letal (Is 38.1), havia ainda a questão do propósito de Deus de permitir que Esequias sofresse dessa enfermidade para que tivesse a oportunidade de aprender a depender somente do Senhor. Como afirma o teólogo Gordon Chown ao comentar a conclusão lógica de 2 Crônicas 32.24-29 em suas notas da Bíblia Vida Nova (Chown é o autor das notas de 2 Crônicas nessa Bíblia de estudo), “uma terrível doença ensinou-o a depender somente de Deus”. Tanto é que a resposta à oração de Esequias envolvia também a promessa (enfatizada por Deus ao respondê-lo) de que o rei e Jerusalém seriam defendidos (Is 38.6-8). Ou seja, porque Esequias se humilhou diante de Deus, reconhecendo sua dependência diante do Senhor, Deus prometeu que cuidaria dele e de Jerusalém, e concedeu-lhe mais 15 anos de vida.

Segundo, como já falei neste blog, existem a vontade absoluta de Deus e a vontade permissiva de Deus. Ou seja, dentro do plano geral, inamovível e irrevogável de Deus (lembremos que Hebreus 6.17 fala da “imutabilidade de Seu propósito”), há a vontade permissiva de Deus. Os chamados propósitos irreversíveis de Deus dão espaço, dentro do plano geral (e não acima dele), a certas condições temporárias que podem ser alteradas sem que esses propósitos gerais sejam alterados. A vontade permissiva é manifestada dentro do todo do plano geral que tem, sobre si, a vontade absoluta.

Ora, quando Deus muda seu posicionamento é porque as circunstâncias mudaram, não porque Ele se equivocou ou recebeu alguma informação nova de que não sabia. Ele mudou seu posicionamento porque suas criaturas, humildes a Seus pés, pediram perdão, mudaram sua escolha, arrependeram-se, clamaram por Sua ajuda insistente e humildemente. Sua atitude é uma reação à mudança, arrependimento e clamor humilde dos que invocam a Ele. A atitude de Deus para com o pecado é a Sua Ira, mas a sua atitude para com os que o invocam humildes, arrependidos, é a misericórdia. É da vontade de Deus que Seus filhos se arrependam e procedam assim.

Os comentários da Bíblia de Estudo Pentecostal não fogem disso. “Nem todas as coisas que Deus declara a respeito do futuro são terminantemente irrevogáveis”. Claro! Quando se tratam de promessas condicionais, de um anúncio divino do que certamente ocorrerá se Seus filhos não se arrependerem, e não quando se tratam de um anúncio de Seus planos eternos e soberanos. Como afirma o saudoso pastor Donald Stamps na continuidade de seu raciocínio, “as orações do crente têm um efeito sobre Deus, sobre seus propósitos e na realização do seu plano soberano”. Ou seja, abaixo da vontade absoluta, sob aquilo que já foi determinado, há a manifestação da vontade permissiva, há as promessas condicionais, cujas decisões tomadas diante delas não atrapalharão o plano eterno e soberano, mas, muito pelo contrário, cooperarão, de uma forma ou de outra (independente de quais decisões foram tomadas), para a realização do plano eterno e soberano (Rm 8.28). Nossas decisões e posicionamentos pessoais não afetam o Plano Geral, mas, sim, situações e cenários dentro do Plano Geral. Ou, como diz Stamps, “o que acontece, pois, na nossa vida ou na vida da Igreja é determinado tanto pelo plano de Deus [vontade absoluta] como pelas nossas orações [vontade permissiva]”. A vontade permissiva não choca-se com a absoluta. No segundo tópico de sua nota sobre Êxodo 32.11, Stamps enfatiza que “Deus, portanto, estabeleceu que a intercessão sincera de um justo pode levá-lo a alterar sua vontade temporal e trazer restauração e livramento, ao invés de juízo”. A confusão que não deve ser feita é entre a vontade permissiva (que é temporal) e a vontade absoluta (que não é temporal). Geralmente, os teístas abertos tratam muitas passagens que tratam da vontade permissiva de Deus com se fossem provas de que a vontade absoluta de Deus muda.

O fato de podermos ser cooperadores de Deus, pelos espaços e oportunidades que Sua vontade permissiva nos concede dentro do Plano Geral, é algo extraordinário! O Deus do universo, que não precisa de nós para nada, se permite fazer com que eu e você tenhamos a oportunidade e o privilégio de sermos “cooperadores com Ele” no Plano Geral (1Co 3.9)!?! Isso é extraordinário! O Deus justo e perfeito se permitindo ouvir seres humanos falíveis em seu arrependimento e, pela Sua misericórdia, mudando a sentença que repousava sobre eles!?! Isso é estupendo! A exclamação que Stamps faz no final de sua nota é justamente referente a isso. É a graça de Deus, a misericórdia e o favor do Senhor que nos leva a esse “êxtase”.

A oração muda as coisas! Nosso posicionamento determina o cumprimento ou não de muitas das promessas de Deus (as promessas condicionais). Nosso posicionamento só não muda a vontade absoluta de Deus, só não altera o que Ele já determinou por Sua vontade absoluta.

Por fim, quero apenas lembrar que nem todos os calvinistas são fatalistas, como já expliquei a alguns leitores deste blog. Vou repetir mais uma vez: um calvinista fatalista é o que alguns calvinistas também chamam de “calvinista determinista”. Trata-se de um calvinista que fica passivo diante da História e da vida, porque acredita que todos os seres humanos são meros autômatos; que todos os atos dos seres humanos não fazem a menor diferença; que tudo está determinado, por isso não adianta se preocupar com “confirmar a Salvação” ou “evangelizar o mundo”. Um raciocínio básico dele é: “Se Deus já sabe quem vai ser salvo e quem não vai, para que eu me importar com evangelização? Por que me preocupar com santificação?” Os calvinistas genuínos, porém, não são assim. Eles não dizem que 100% está determinado. E sobre a soberania de Deus e a responsabilidade humana na Salvação, afirmam: “Não compreendemos perfeitamente como a responsabilidade humana coexiste com a soberania divina, mas sabemos que as duas existem, constituindo um paradoxo, mas não uma contradição. Sua coexistência é um mistério como a Doutrina da Trindade, que sabemos que existe, mas não conseguimos explicar perfeitamente” (nós, arminianos, não vemos contradição). Por isso, fazem missões, evangelizam; crêem que sua responsabilidade é fazer diferença, que seus atos não são fictícios (de pessoas autômatas), mas reais; e fazem a diferença mesmo e procuram “confirmar a Salvação”, viver uma vida de santidade com o auxílio do Espírito Santo.

É isso.

Um abraço!

Esdras Costa Bentho disse...

Kharis kai eirene.

Prezado Pr. Silas, mais uma vez somos agraciados pela lavra de sua pena. Permita-me afirmar: a teologia ocidental torceu, em sua história, o verdadeiro sentido do amor de Deus. Muitos teólogos, embora soubessem distinguir entre justiça e amor, juízo e misericórdia; ira e benignidade, interpretaram a doutrina do amor de Deus à margem da ira e justiça divinas. A Bíblia ensina ambas doutrinas nos dois Testamentos. Graças a Deus, chega ao Brasil, por meio da CPAD, uma das mais esclarecedoras obras do Dr. A. Carson, "A Difícil doutrina do Amor de Deus", li, mais de duas vezes a referida obra e recomendo aos blogueiros que também leiam. É uma obra para arminianos e calvinistas, onde o tema da severidade, amor, ira e justiça divinas são tratados teologicamente.

Gostaria de avisar que votei no seu post sobre a reforma como o melhor de 2007 na blogsfera evangélica. Os post's indicados estão no blog da UBE.

Permita-me divulgar: em fevereiro estarei ministrando um curso de hermenêutica avançada, bíblica e filosófica em nosso blog.

Um abraço

Silas Daniel disse...

Caros leitores,

Um aviso sobre o meu novo livro e uma pequena errata:

1) Alguns amigos me perguntaram hoje por telefone e e-mails se há alguma informação mais precisa sobre quando meu livro "A Sedução das Novas Teologias" estará finalmente disponível à venda. Pelo que soube hoje, o livro ainda está no final do processo de produção (mais especificamente, já foram impressas todas as capas e ainda estão sendo impressos os miolos). Acredito que os exemplares da primeira tiragem deverão estar prontos e disponíveis dentro de mais uma semana. Quando eu tiver uma informação mais concreta, divulgo aqui.

2) Errata: Caro Bruno e leitores, no meu último comentário, no final do parágrafo onde defino o que é um calvinista fatalista, dentro dos parênteses onde digo "nós, arminianos, não vemos contradição", leia-se, na verdade, "nós, arminianos, não vemos nem contradição nem paradoxo", posto que o calvinista não-fatalista também afirma que não crê que haja contradição entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana, porém diz não saber explicar ao certo como seja possível o fato da coexistência perfeita dessas duas verdades, preferindo, portanto, afirmar que essa coexistência é um paradoxo.

Silas Daniel disse...

Caro amigo Esdras,

Seu apreço nos honra. Como costumo dizer, pela graça de Deus, procuro fazer o melhor por aqui.

Acerca de sua análise sobre a forma como a Ira de Deus tem sido tratada na teologia ocidental nos últimos séculos, concordo plenamente. Graças a Deus, não foram todos os teólogos que se renderam ao espírito dos últimos tempos, mas muitos (tudo indica que a maioria), infelizmente, capitularam, aceitando uma versão do amor de Deus que, praticamente, anula a ira divina.

O "Deus" de boa parte dos teólogos de hoje parece que não se ira. Mas, como sabemos, não é isso que a Bíblia nos mostra. Claro que não devemos imaginar que o assunto "Ira de Deus" tenha sido muito popular em alguma época, mas fato é que, independente de ser popular ou não, os escritores bíblicos se referiam a Ira de Deus constantemente. Até Jesus, Deus encarnado, se irou várias vezes, e Marcos talvez seja o evangelista que mais ressaltou a ira e a indignação de Jesus em sua narrativa biográfica do Mestre.

Não li o livro "A Difícil Doutrina do Amor de Deus", do Dr. A. Carson, mas só o título e o autor já animaram-me a lê-lo. Aliás, a CPAD tem lançado nesses últimos meses livros estrangeiros com títulos bem fortes. Não li ainda estes outros dois, mas só os títulos deles já são bem interessantes também: "Senhor, eu tinha outros planos!" (acredito ser uma obra devocional) e "Dez coisas que eu gostaria que Jesus não tivesse dito" (creio que este último ainda não foi lançado, mas está no prelo).

Vou colocar o livro do professor Carson em minha lista de leituras obrigatórias para este início de ano.

Agradeço pelo voto no meu post sobre a Reforma. É uma grata surpresa ver como aquela série de postagens sobre os 490 anos da RF nos proporcionou debates ricos. Repito: pela graça de Deus (e a interação enriquecedora dos queridos leitores), procuramos fazer o melhor aqui. Breve vou fazer uma visita no blog da UBE para dar os meus votos (Oh, missão difícil! Tantos postagens de qualidade li este ano na blogosfera... mas vou tentar escolher os que mais me marcaram).

E desde já, obrigado por nos brindar com esse curso de hermenêutica avançada, bíblica e filosófica.

Um abraço!

Anônimo disse...

A paz do Senhor

Este assunto chegou em boa hora e tempo oportuno. Quando voltaremos àquele tempo que a severidade de Deus, o pecado, o castigo sobre os pecadores que não se arrependem e até sobre a realidade do inferno eram costumeiramente pregados de forma veemente nos nossos púlpitos?
Se não me engano, foi na revista Veja onde foi relatado que os pregadores de hoje em dia são pregadores da autoajuda, que descreve um deus até benevolente com o pecado. Mensagens do tipo: "Você é um escolhido, um filho de Deus, herdeiro de bençãos maravilhosas. Você é uma pedra viva. Deus te ama, não se culpe por isso ou aquilo, bla bla bla bla bla blabla...." ouvimos toda hora e todo instatnte.
Pelo amor de Deus, tudo isso é verdadeiro mas, E O OUTRO LADO DA MOEDA,onde é que fica?
O relativismo foi introduzido na mente e coração de nossos irmãos, enquanto a verdadeira santidade está sendo esquecida. Fico pensando qual será o futuro dessas pessoas que desconhece o Deus que ama imensuravelmente o pecador mas que aborrece o pecado.

Júnior

Casamento Eduarda e Gutierres disse...

Pastor Silas Daniel, quero parabenizar pelo seu artigo na Revista Manual do Obreiro, sobre as "novas"teologias liberais. Esse artigo mostra que o livro será uma grande fonte de novas informações sobre esses modismos teológicos. A mensagem em CD, também foi uma bênção.
Volto a enfatizar que seu livro é singular por dois motivos: Primeiro, por que é inédito no meio literário brasileiro. Segundo, por ter sido escrito por um pentecostal, tirando a falsa imagem que pentecostal não tem reflexão teológica.
Em relação ao artigo sobre a Ira de Deus,vemos a importância do equilíbrio na pregação cristã. Estamos constantemente diante dos estremos, que são prejudiciais a fé cristã. Precisamos pautar a proclamação kerigmática pelo equilíbrio bíblico, pregando Graça e Ira.

Gutierres Siqueira
www.teologiapentecostal.blogspot.com

Silas Daniel disse...

Caro Junior, a Paz do Senhor!

É verdade, o chamado "evangelho da auto-ajuda", que tem como um de seus grandes nomes hoje no mundo o pastor Joel Osteen (ler postagem minha do dia 13/09/2007), está influenciando boa parte dos pregadores de nossos dias, infelizmente. Inclusive, por perceber isso, resolvi dedicar um dos capítulos do meu novo livro ("A Sedução das Novas Teologias" - CPAD) à análise desse assunto.

Como você bem frisou, ninguém está dizendo que, de uma hora para outra, só devemos pregar sobre a Ira de Deus, mas, sim, que a maioria das mensagens que são pregadas hoje olvida esse aspecto divino, ou mesmo fogem dele intensa e propositalmente. E isso é muito preocupante. Devemos pregar, como disse Paulo aos crentes em Éfeso, "todo o conselho de Deus"; e considerar, como ele ainda escreveu aos cristãos em Roma, tanto a bondade quanto a severidade de Deus. O que vemos, porém, é uma graça muito elástica e pegajosa sendo pregada hoje. É muito "açúcar" e "fast-food" espiritual. O resultado é um grande número de crentes com uma espiritualidade superficial.

Silas Daniel disse...

Caro Gutierres,

Já recebi e-mails dizendo que o artigo e o CD estão provocando uma grande procura pela revista por parte dos pastores e seminaristas. Em um desses e-mails, um irmão gaúcho contou-me que no Rio Grande do Sul a procura foi grande por parte de líderes evangélicos da região. É uma prova daquilo que já sentíamos por onde passávamos por esse imenso Brasil: há muita gente que está esperando um material sobre o assunto.

E sobre o tema Ira de Deus, é isso aí mesmo: falta equilíbrio. Graça e Santidade, Amor e Ira, Misericórdia e Justiça, e Bondade e Severidade nunca devem deixar de permear nossa proclamação do Evangelho.

Silas Daniel disse...

Caros leitores,

Desculpe a demora em interagir convosco nos últimos dias. É que, desde sexta-feira pela manhã (11/01), estive em uma maratona de viagens devido à minha agenda (Rio-Natal-Guarabira[PB]-João Pessoa-Recife-Rio), só retornando agora há pouco, às 23h da noite de segunda (enquanto digito este comentário, já adentramos a madrugada de terça). Ou seja, fiquei afastado do "Verba Volant Scripta Manent" por quatro dias. Mas, finalmente, estou de volta! E com trabalho pela frente. Mal termino de interagir com o Junior e o Gutierres, e percebo que ainda falta apreciar mais três comentários referentes a três postagens anteriores. Porém, devido à hora, preciso descansar. Afinal, já voltei das férias e, por isso, não posso me dar ao luxo de dormir mais tarde - incusive, amanhã tenho o fechamento da próxima edição do jornal "Mensageiro da Paz". Mas prometo atualizar, ainda durante esta terça (nas brechas que tiver durante o dia), minha interação com os comentários.

Amplexos a todos!

João Paulo Mendes disse...

A Paz do Senhor,

Após ler tais pots fica maior ainda o desejo de tê-lo conosco em nossa cidade (Araguari-MG), agradeço a atenção ao responder o email e deixo aqui também os parabéns pelo livro e pelos posts, conteúdos equilibrados, bíblicos e teológicos, e o melhor, como disse o Gutierrez, é que são de um autour Pentecostal.
Que o Senhor continue te abençoando.

Em Cristo Jesus,

Joao Paulo Mendes
www.joaopaulo-mendes.blogspot.com

Anchieta Campos disse...

Ótimo artigo, que nos leva e meditarmos sobre a justiça de Deus e seu caráter, além de olharmos com mais cuidado para as nossas vidas.
Como sempre, palavras inspiradas e bem tratadas pelo amado Pr. Silas Daniel!
Parabéns e que o Senhor sempre abençoe ao seu ministério, para a honra e para a glória do nome de Jesus!

Anchieta Campos

Silas Daniel disse...

Caro João Paulo, a Paz do Senhor!

Obrigado por suas palavras de apreço e consideração. Saiba que é um prazer poder servir aos servos do Senhor em Araguari, bem como atender a irmãos por e-mail, dentro das nossas possibilidades e limitações.

Sobre meu mais novo livro, uma novidade: recebi a notícia de que os primeiros exemplares de "A Sedução das Novas Teologias" estarão chegando hoje ao estoque da CPAD e, semana que vem, deverão estar sendo já disponibilizados para a venda.

Quanto ao conteúdo do blog, procuro perseguir a qualidade a cada linha, com a ajuda da graça divina. Se consigo, pode ter certeza que é pela Sua graça, que nos faz ser bem-sucedidos em nossa dedicação. Deus tem sido generoso para comigo! E os amados irmãos também!

No mais, que Deus continue abençoando sua vida também, bem como o "Blog do JP".

Abraço!

Silas Daniel disse...

Caro Anchieta,

O tema é realmente importante. Conhecendo melhor o caráter de Deus, O conhecemos melhor e, assim, nos aproximamos dEle com fé abalizada. E nos aproximando dEle com fé abalizada, percebemos mais claramente nossas falhas e necessidades. Ou seja, quanto mais O conhecemos, mais somos abençoados. Louvado seja o Senhor que nos transforma a partir do conhecimento que temos dEle! Por isso, conheçamos e prossigamos em conhecer a Deus.

E sobre os posts do blog, só posso dizer que "até aqui nos ajudou o Senhor!"

Abraço!

Anônimo disse...

Continuando a analise sobre Pv 16.4: “O SENHOR fez todas as coisas para os seus próprios fins e até ao ímpio, para o dia do mal.” Já vi em algum lugar, so não me pergunte onde que não me lembro da fonte, que a melhor tradução do texto seria : “O SENHOR fez todas as coisas para os seus próprios fins e até o dia do mal, para o ímpio.” Não sou especialista em Hebraico portanto não confirmar essa tradução. Entretanto já li essa passagem em diferentes versões e são similares ,apenas com algumas variantes mas sem mudar o sentido.
Outra coisa que eu queria saber era sobre um Cd que o senhor falou em alguns comentários acima, é de pregação ? Como fazer para conseguir um ?

Em Cristo,

Joabe

Silas Daniel disse...

Caro Joabe,

Acerca do texto de Provérbios 16.4, já discorremos bastante sobre ele no espaço para comentários da última postagem da série sobre a Reforma. Tudo o que já foi dito ali vejo como suficiente. Não havia entrado no campo exegético, pois percebo, como tantos outros expositores bíblicos, que é absolutamente satisfatória a análise do contexto imediato da passagem, do contexto do pensamento de Salomão sobre o tema e do contexto geral da Bíblia sobre o assunto para podermos compreender o significado dessa passagem em apreço. Entretanto, como foi evocada a análise exegética desse texto (e sempre é bom recorrermos a ela para fortalecer a nossa compreensão do texto), então passemos à análise exegética.

A questão é: “Haveria alguma variação possível na tradução dessa passagem, sem estropiá-la e que pudesse derramar mais luz sobre seu assunto?”

A análise exegética, como não poderia ser diferente, corrobora aquilo que já afirmamos na análise hermenêutica ao invocarmos o princípio “A Bíblia explica a Bíblia”. O vocábulo traduzido por “fez” em Provérbios 16.4 é exatamente “asah”, que tem múltiplos significados no hebraico. Ele pode significar “determinar”, “instituir” ou até mesmo “administrar”, como frisa o professor Norman Geisler (deão do Seminário Evangélico do Sul, em Charlotte, Carolina do Norte, EUA; doutor em Teologia e mestre em Filosofia). Escreve Geisler: “Deus tem o soberano controle de todo o universo. Mesmo quando os homens pretendem que alguma coisa seja para o mal, Deus pode torná-la para o bem (Gn 50.20). Neste sentido, ‘até a ira humana há de louvar-te (Sl 76.10), pois sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam (Rm 8.28). (...) Com certeza, é da vontade explícita de Deus que ninguém entre em juízo, mas na sua soberania Ele determinou (‘fez’) que até mesmo o juízo sobre o pecado o magnifique. Não obstante, Deus ‘deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade’ (1Tm 2.4). (...) Em resumo, a vontade explícita de Deus é que todos sejam salvos. Sua vontade permissiva é que alguns se percam (aqueles que se recusam a arrepender-se). E a vontade providencial de Deus é que Ele por fim fará com que tudo seja bom, até mesmo os males. Neste sentido, todas as coisas são feitas (isto é, determinadas) para o Senhor” (“Enciclopédia Manual Popular de Dúvidas, Enigmas e ‘Contradições’ da Bíblia”, Norman Geisler & Thomas Howe, 6a edição, 2001, Editora Mundo Cristão).

Como vê, a explicação de Geisler é exatamente o mesmo raciocínio que faço depois de comparar o texto de Provérbios 16.4 com seu contexto imediato, o pensamento geral de Salomão sobre o assunto em seus escritos e o contexto geral da Bíblia sobre o tema. A diferença é que Geisler fez também uma abordagem exegética para reforçar a interpretação do texto.

O que acrescentaria ainda, ampliando nossa análise exegética, é destacar outros vários significados de “asah”, como explicita o “Dicionário Vine”, e ressaltar que, em Provérbios 16.4, com certeza sua melhor tradução não é “criar”. O “Dicionário Vine” afirma que o vocábulo “asah” ocorre mais de 2,6 mil vezes no Antigo Testamento, mas é usado com o significado de criar apenas cerca de 60 vezes. Por quê? Porque “não há nada inerente na palavra que indique a natureza da criação; é só quando ‘asah’ é paralelo a ‘bara’ [como acontece em Gênesis] que podemos estar certos de que implica criação”.

De acordo com o Vine, “asah”, em sua atividade multiuso (assim como acontece com o nosso verbo “fazer”), pode significar ainda “adquirir”, como em Gênesis 12.5; “celebrar”, como em Êxodo 12.47; “gastar” ou “passar”, como em Eclesiastes 6.12; “escrever”, como em Eclesiastes 12.12; e uma ação qualquer, como em Gênesis 14,2 e Josué 9.15 (no primeiro caso, ação de guerra; no segundo, seu oposto: ação de paz), e Gênesis 50.10 (ação de enlutar-se). Pode significar também “ganhar proeminência e fama”, como em Gênesis 11.4: “...façamo-nos um nome”; e “trabalhar” ou “burilar”, com em Êxodo 31.3,4. Enfim, “asah” pode significar ainda “fazer algo a favor ou contra alguém”, “entrar em ação”, “ser ativo”, “produzir”, “responder à ação de”, etc. O que vai determinar o significado que “asah” terá no texto é o contexto lógico da frase ou o sentido do outro possível vocábulo que possa estar sendo usado com ele na frase.

Agora, encerrando esse assunto, Joabe, lembrei-me de uma coisa que poderia ter sido dita também no início de nossa abordagem do assunto. Como ressaltam vários expositores bíblicos, “o dia mal” de Provérbios 16.4 não seria necessariamente o dia do juízo, mas um dia de juízo, “o dia da calamidade”, um castigo ainda em vida na Terra, uma adversidade ou aflição que sobrevém como resposta à impiedade. Essa conclusão é fruto da constatação de que em boa parte do uso dessa expressão no Antigo Testamento, o significado é esse. Ou seja, nem mesmo sobre destino eterno da pessoa o texto estaria falando, mas sobre castigo ainda em vida, na Terra.

Sobre o CD, trata-se da gravação de uma pregação minha intitulada "8 Princípios para uma reflexão teológica sadia". O CD vem com a atual edição da revista "Manual do Obreiro" (CPAD). Ele não é vendido separadamente. Ao adquirir a revista, a pessoa leva junto o CD. Se quiser adquirir a revista com o CD, poderá fazê-lo ligando para o telefone 0800-21-7373 ou pelo site www.cpad.com.br

Abraço!