terça-feira, 19 de agosto de 2008

Acerca da eleição de nomes católicos como exemplos de espiritualidade sadia por parte de evangélicos frustrados com o triunfalismo (Primeira Parte)

Como prometido, trato neste artigo de outros casos de eleição acrítica de referenciais. No artigo passado, falei de um caso mais gritante: a "dislexia premeditada" em torno dos escritos de Friedrich Nietzsche. Agora, passo para o caso da “sagração”, no meio evangélico, dos católicos romanos madre Teresa de Calcutá, Francisco de Assis, Leonardo e Clodóvis Boff, Brennan Manning e Henri Nouwen como padrão de espiritualidade sadia. Apesar de serem de épocas distintas e alguns de correntes diferentes do catolicismo romano, achei por bem tratar de todos eles em um texto só, dividido em duas partes, porque todos esses nomes são muito recorrentes na atual busca, por parte de alguns evangélicos, por espiritualidade em escritos de católicos romanos do passado e do presente.
À guisa de introdução, volto a frisar o que registrei em comentários passados neste blog (já que alguns leitores eventuais e/ou desatentos, em seu arroubo, às vezes entendem errado as coisas): o fato de aludir a erros teológicos crassos e a conceitos de espiritualidade bizarros de Francisco de Assis, Nouwen, Manning, os Boff e Teresa de Calcutá não significa que não há absolutamente nada de aproveitável no que escreveram, fizeram ou afirmaram. Há coisas interessantes nos seus escritos, e em alguns casos até realizações louváveis em seus atos. Meu alerta nesta série de artigos é em relação ao “comer os peixes com espinha e tudo”, ao ponto de eleger essa turma e seus escritos como padrão de espiritualidade sadia, quando não são. Repito: o erro está na eleição desses nomes como sendo referenciais de espiritualidade bíblica.
Sim, nenhum desses nomes, e nem o que produziram, pode ser considerado, à luz da Bíblia, referencial de espiritualidade sadia para nós, já que, no geral, o que ensinam e fazem não se coaduna com os ensinos bíblicos. Muito ao contrário: choca-se frontalmente com ele. Ora, o fato de uma pessoa afirmar uma verdade não a escusa de um monte de inverdades que ela também tenha dito. E o que dizer quando essas inverdades são a tônica na vida da pessoa?
A influência pós-moderna, porém, tem levado alguns cristãos a desprezarem esses erros graves. O pluralismo os tem levado a condescenderem com erros doutrinários e comportamentais contanto que estes partam de alguém que, apesar de esposá-los, é gente boa. Entenda-se por gente boa aqui pessoas simpáticas, sensíveis, generosas, dedicadas a ajudar ao próximo etc. Entretanto, assim como o fato de alguém dizer uma verdade não significa que todos os erros que esse alguém defende podem ser tolerados, o fato de alguém fazer algo certo e bom também não significa que tudo que esse alguém faz de errado deve ser ignorado. Reconhecer afirmações corretas ou atitudes bondosas não deve nos levar a eufemizar ou desprezar erros gravíssimos, ainda mais quando são preponderantes, quando são erros que não são exceção, mas a regra. As boas obras não definem o que seja uma espiritualidade sadia. Espiritualidade sadia é bem mais do que praticar boas obras. E também não tem nada a ver com os "mantras cristãos" da "oração contemplativa".
Espiritualidade sadia não consiste em lavar os pratos dos outros, viver entre os pobres, conviver com deficientes físicos ou aidéticos ou andar com mendigos. Tudo isso é bom e bonito, mostra preocupação com as pessoas, desprendimento, desapego às coisas materiais etc, além de se tornar muito atraente para quem se frustrou com essas populares aberrações no meio evangélico chamadas Triunfalismo e Teologia da Prosperidade, mas alguém pode fazer tudo isso e ser, por exemplo, um ateu, um budista, um espírita, ensinar heresias etc. Boas obras, comportamento monástico e franciscanismo não são sinônimos de espiritualidade sadia. Ademais, pregar sincretismo entre cristianismo e práticas zen-budistas e ensinar uma graça que abraça o pecador sem preocupar-se em levá-lo a abandonar suas práticas pecaminosas (como ensinam alguns desses nomes do catolicismo) podem parecer "bonito", no primeiro caso, e "amor cristão", no segundo, mas não são. A tal "oração contemplativa" não tem nada a ver com a oração e a meditação bíblicas, e a graça de Deus, a graça bíblica, envolve arrependimento de nossa parte e nos liberta das práticas pecaminosas, transformando a nossa vida, mentalidade e comportamentos.
Referenciais de espiritualidade sadia não são, necessariamente, pessoas perfeitas, cristãos sem erros. O ponto aqui é claramente outro, mas faço questão de trocar isso em miúdos para ajudar quem eventualmente está acostumado a raciocinar a partir de afirmações genéricas. Consideremos, por exemplo, o apóstolo Paulo, Jonathan Edwards e John Wesley. Estes são, sem dúvida, exemplos de espiritualidade sadia. Porém, quando considero Paulo, John Wesley e Jonathan Edwards exemplos de espiritualidade sadia, não estou dizendo com isso que eles eram perfeitos, impecáveis, mas, sim, que Paulo, Wesley e Edwards, apesar de suas imperfeições, eram homens que não apenas pregavam, mas viviam a Palavra de Deus integralmente. Já naqueles nomes que mencionei acima não vemos isso. Todos esses nomes do catolicismo romano são (ou foram, já que alguns faleceram) boas pessoas, têm virtudes, mas não vivem/viveram integralmente a Palavra de Deus. Praticam/praticaram algumas verdades do Evangelho, mas cometem/cometeram bizarrias em relação a outros pontos importantíssimos do Evangelho. Vamos aos fatos. E comecemos por casos mais recentes: Nouwen e Manning.

Henri Nouwen

O padre holandês Henri Nouwen é, sem dúvida, uma personalidade atraente. Sensível, generoso, atencioso e excelente escritor, todos que o conheceram simpatizaram com ele e todos que leram seus escritos o admiram de alguma forma. A sensibilidade talvez seja a sua principal marca. Nouwen, porém, ensinava coisas que chocam-se com os ensinos bíblicos.
Além de suas convicções católicas romanas, das quais discordamos por razões óbvias, ele também sofria de um problema que acabou afetando sua teologia, levando-o a pregar uma graça que não tem nada a ver com a graça bíblica, mas que acabou ganhando repercussão principalmente no meio evangélico devido à conjuntura de nossos dias, recheada de ensinamentos odiosos para os quais os ensinos de Nouwen e Manning podem ser confundidos como contraponto saudável, quando são, na verdade, o outro extremo.
Henri Nouwen era homossexual. Chegou a ter um romance platônico com um de seus amigos, mas o desejo de continuar padre o impediu de revelar-se. Nos anos 70, chegou até a pensar em assumir seu homossexualismo, mas desistiu. O ensaio desse desejo de revelar-se a todos se deu em 1973, quando distribuiu a seus alunos, na Universidade de Yale, cópias de um artigo que escrevera, onde afirma que lésbicas e gays não deveriam se sentir culpados pelas suas práticas, mas “aceitar sua sexualidade”. Porém, algo o fez voltar atrás em sua idéia de assumir sua homossexualidade: o fato de que, nessa época, um conhecido, Robert Lentz, apesar de ser celibatário, foi expulso do monastério ao qual pertencia por confessar ser gay. Diante do acontecido, temendo que o mesmo acontecesse com ele, decidiu esconder a verdade e mudar o discurso. Nos anos 80, já encontramos Nouwen dizendo que homossexualismo é pecado. Porém, nos anos 90, voltou atrás. Estava arrependido por sua hipocrisia e planejou, pouco antes de morrer, escrever um livro abertamente pró-homossexualismo.
Geralmente, aqueles que admiram acriticamente Nouwen descrevem essa sua atitude de optar pelo celibato como algo positivo: “Ele se sacrificou pela sua fé”, “Ele amava sua igreja”, “Ele colocou sua vocação ministerial acima de seus desejos”. Ou seja, a lógica é a seguinte: como Nouwen não chegou a praticar o homossexualismo, mas submeteu-se ao celibato, então tudo bem. E ainda acrescentam: “Além do mais, ser tentado não é pecar. Pecar é ceder à tentação”.
Ora, há várias falhas nesse raciocínio.
Em primeiro lugar, Nouwen não foi celibatário por crer que homossexualismo é pecado. Nouwen escondeu seu homossexualismo e foi celibatário porque não queria deixar de ser padre. Ele nunca foi transformado, nunca teve sua heterossexualidade resgatada, nunca deixou de ser gay, como admitiu. Se um dia deixasse de ser celibatário, não era para se casar, mas para praticar o homossexualismo, concretizar suas fantasias, com as quais viveu toda a vida, porque ele nunca foi transformado. Inclusive, só abandonou o discurso pró-homossexualismo momentaneamente, só decidiu esconder a farsa por um tempo, porque não queria deixar de ser padre.
O Nouwen que nos anos 80 declarou a seus alunos que eram homossexuais que estes deveriam abandonar o homossexualismo se quisessem servir a Deus é o mesmo que, nos anos 70, escreveu um texto pró-homossexualismo e, nos anos 90, no final da vida, afirmou que uma pessoa poderia ser gay e um cristão genuíno ao mesmo tempo. Ou seja, ele não afirmou aquilo nos anos 80 porque tratava-se de sua convicção íntima. Ao contrário! Seus biógrafos dizem que ele se entristeceu muito por ter dito aquilo, já que tal afirmação era uma traição a ele mesmo. Nouwen só o dissera porque queria mostrar-se alinhado à sua igreja. Pouco antes de morrer (faleceu em 1996, aos 62 anos), arrependido, magoado consigo mesmo, declarou-se condescendente com o homossexualismo como era antes, chegando a escrever que “os homens e mulheres gays têm uma vocação única na comunidade cristã”. Seus biógrafos contam, inclusive, como já frisei, que morreu quando idealizava escrever mais um livro, desta feita sobre o homossexualismo, e numa perspectiva condescendente.
Dizer que Nouwen se fez celibatário por convicção é uma interpretação própria de fãs, que ignoram a evidência dos fatos. Como Nouwen era uma pessoa sensível, generosa, amável com todos, escrevia bem e de forma tocante, então, diante das revelações sobre seu homossexualismo, seus admiradores resolvem eufemizar a conclusão lógica a que elas nos levam. Chegam até mesmo ao ponto de transformar em nobreza aquilo que tem outro nome. Isso é o que chamei, no artigo anterior, de “dislexia premeditada”, tão própria em nossos dias.
Se, conforme seus próprios biógrafos informam, Nouwen morreu arrependido de ter escondido sua homossexualidade, como, então, foi celibatário por convicção? Se, de acordo com seus biógrafos, nunca deixou de ser homossexual e tinha medo de ser retirado da função de padre por isso, como, então, foi celibatário por convicção? Se Nouwen realmente achasse que homossexualismo é pecado, se tivesse esta convicção, teria procurado ajuda para seu problema, independente se isso resultasse ou não na perda de seu título de padre. Mas não foi isso que aconteceu. Nouwen passou a vida toda escondendo sua preferência, lutando com suas fantasias que o dominavam para não concretizá-las porque não queria perder a condição de padre. Repito: se ele quisesse mesmo seguir o que diz a Bíblia, procuraria cura.
Em segundo lugar, é verdade que ser tentado não é pecar, mas, sim, ceder à tentação. Porém, esse não é o caso de Nouwen. Pelo que seus biógrafos dizem, ele foi, durante toda a sua vida, dominado e consumido internamente por seus desejos homossexuais, só não os materializando em atos por conveniência. Inclusive, teve "um relacionamento platônico com um de seus amigos".
Ora, Jesus disse que a nossa justiça deveria exceder a dos escribas e fariseus (Mt 5.20) e dá como exemplo de justiça farisaica o achar que, porque não consumou em atos o pecado que no coração o domina, porque só o consumou em pensamentos, está tudo muito bem (Mt 5.28). “Mas, pastor Silas, eventualmente o cristão peca por pensamentos e isso não o faz necessariamente fariseu”. Perfeitamente. Mas note que isso é bem diferente de ter sua mente escravizada pelo pecado. Não confundamos as coisas.
O cristão genuíno não é impecável. Ele peca. Porém, como bem destaca a Bíblia, quem é nascido de Deus (isto é, o cristão genuíno, aquele que passou pelo Novo Nascimento, tornou-se nova criatura em Cristo Jesus, foi transformado) não vive na prática do pecado (seja por pensamentos, palavras ou obras), não é dominado pelo pecado (2Co 5.17 e 1Jo 3.9). O cristão nascido de novo peca, mas não é vassalo do pecado, seja em atos, seja em mentalidade. Sua mente não é dominada pelo pecado. A não ser que tenha decaído espiritualmente, esteja “na carne”.
Como dizia Lutero (creio ter sido ele quem afirmou isso), "você não pode impedir que um pássaro pouse na sua cabeça, mas pode impedir que ele faça ninho na sua cabeça".
Uma coisa é o crente pecar em momentos de fraqueza, outra coisa é ser escravo de qualquer pecado. Uma coisa é a pessoa ser eventualmente tentada em uma determinada área, outra coisa é acontecer o que os biógrafos de Nouwen dizem ter acontecido com ele: durante toda a vida, ser abrasado e consumido por desejos pecaminosos; no caso, homossexuais.
Ora, há uma grande diferença entre uma pessoa que foi liberta em Cristo do vício do homossexualismo, mas eventualmente é assaltada por lembranças pecaminosas do seu passado, e alguém que nunca foi curado desse vício, que continuou com ele e não procurou a cura. E por que não procurou? Porque confessar seu homossexualismo resultaria em perder seu cargo eclesiástico.
Além do fato de Nouwen ser católico romano, que diferença há entre Nouwen e um pastor que é escravo de qualquer outro vício sexual, mas não o confessa para não perder o seu cargo? Há nobreza nessa atitude? Se não há em uma caso, por que haveria no outro? Dois pesos, duas medidas? Não há nobreza nem em um caso nem no outro. Ver em um e não ver no outro é “dislexia premeditada”, tão comum na pós-modernidade.
Já falei sobre o que chamo de “dislexia premeditada” no artigo anterior. Exemplos de “dislexia premeditada” em nossos dias se multiplicam, principalmente, na área política. Um exemplo? Criticar medidas do governo quando oposição e, depois de se tornar governo, praticar as mesmas medidas e chamá-las de boas. Na "dislexia premeditada", as coisas mudam de qualidade e interpretação conforme a conveniência. Ora são boas, ora são más, dependendo de que lado está o coração da pessoa. Outro exemplo? O messianismo em torno de Barack Obama. A mesma mídia que na eleição passada acusou setores evangélicos dos EUA de messianismo em torno de Bush pratica hoje messianismo em torno de Obama e não acha isso nada demais. Articulistas que antes escreviam contra o messianismo em torno de Bush hoje exaltam e romantizam o messianismo em torno de Obama, e ainda dizem que quem não está do lado de Obama está automaticamente “do lado do mal”. Ora, qualquer messianismo, seja em torno de Bush, seja em torno de Obama, seja em torno de quem for, é mal.
Bem, adiante.
Em terceiro lugar, outro equívoco nesse raciocínio em relação ao homossexualismo de Nouwen é o de não achar nada demais em ter uma mentalidade homossexual, contanto que a pessoa não pratique o homossexualismo em atos. Isso é não crer que Deus resgata a heterossexualidade da pessoa. Isso é bem diferente do que ensina a Bíblia (1Co 6.10,11). Aliás, não é à toa que os católicos romanos Henri Nouwen e Brennan Manning, alcoólatra, se caracterizam por ensinar uma graça que abraça, mas não transforma. A tônica de Nouwen e Manning é que Deus nos aceita com os nossos vícios. Por quê? Porque eles mesmos chegaram à conclusão de que Deus poderia aceitá-los apesar de seus vícios. E esse discurso faz tanto sucesso no meio evangélico de nossos dias porque, cansados desse falso evangelho triunfalista, de “super-crentes”, da Teologia da Prosperidade, da confissão positiva, muitos crentes foram seduzidos por essa visão, que nada mais é do que o outro extremo.
Sim, todos somos falhos. Sim, a graça de Deus nos abraça apesar de nossos pecados. Mas não para nos deixar como estamos. Aliás, primeiro, precisamos nos arrepender, e só então somos perdoados e transformados. A graça divina nos transforma, uma nova natureza é gerada em nós. Quando isso acontece, não nos tornamos impecáveis, mas não somos mais escravos do pecado. E se buscamos a Deus, nos permitimos ser moldados pela Sua Palavra, pela oração e no dia-a-dia da vida cristã, então continuamos livres dos grilhões do pecado. Somos aperfeiçoados todos os dias conforme a imagem de Cristo.

Brennan Manning

Brennan Manning, tão incensado por alguns cristãos hoje em dia, é outro exemplo de pregador de uma graça que não tem nada a ver com a graça bíblica. Ele é americano e foi batizado como Richard Francis Xavier, é ex-frade franciscano, formado em Teologia e Filosofia, e autor de diversos livros. Ele é muito conhecido por defender um estilo de vida simples e abnegado como algo central para a vida cristã. Além de ter vivido em clausura e contemplação, chegou a habitar voluntariamente entre as populações carentes nos Estados Unidos e na Europa, foi ajudante de pedreiro na Espanha, carregou água para populações rurais, lavou pratos na França e deu apoio espiritual a presidiários na Suíça.
Manning declarou recentemente não ver nada demais em alguns cristãos continuarem em determinadas práticas que chocam-se com a Palavra de Deus. Apesar de a Bíblia mostrar que Deus ama o pecador, mas abomina o pecado (Jo 3.16; 1Ts 4.1-8; 1Pe 1.13-16), o Deus de Manning ama o pecador, mas sem se importar com o pecado. O escritor Andy Comiskey, diretor do ministério Desert Stream nos Estados Unidos, que tanto evangeliza homossexuais como discipula e acompanha os que entre eles se convertem a Cristo, em artigo publicado no site Pastoral Care Ministries, intitulado “O perigo da graça sem a verdade” - http://leannepayne.com/articles/displayarticle.php?articleid=5 - conta sua experiência com Manning.
Inicialmente, ele destaca que as mensagens de Manning são sempre sobre o mesmo tema: amor. Por isso, a princípio, sentiu-se atraído pelas suas palestras e livros, mas logo ficou incomodado ao perceber que o amor que pregava Manning tem muito pouco a ver com o amor de Deus como ensina a Bíblia; pois não é o amor que, além de perdoar os nossos pecados, muda nosso comportamento e, nos momentos de fraqueza em nossa caminhada espiritual, não apenas nos abraça, mas também nos restaura. Ao contrário, é um amor que aceita os nossos pecados sem se incomodar, que perdoa-nos sem se preocupar com nossa mudança de vida. Comiskey ficou preocupado com isso e, então, resolveu marcar um encontro com Manning para conversar sobre o assunto. Sobre a curiosa conversa que teve com ele, contada em seu artigo, você pode lê-la, em português, por exemplo, no endereço http://juliosevero.blogspot.com/2007/09/o-perigo-da-graa-sem-verdade.html
Outro problema de Manning, e que também se vê em Nouwen, é seu envolvimento com meditação oriental.
Brennan Manning é universalista e fervoroso promotor de meditações orientais. Inclusive, em seus livros, ensina algumas técnicas do tipo e indica, como referenciais, gente como a mestre espiritualista Beatrice Bruteau, fundadora da Escola de Contemplação nos EUA e promotora da chamada “espiritualidade global”. Ela é endossada por Manning em seu livro Abba’s Child: The Cry of the Heart for Intimate Belonging. Na ocasião, a menciona como “confiável guia para a consciência contemplativa”. Outro indicado por ele como referencial é o célebre católico-budista Thomas Merton. A indicação é feita em seu livro A Assinatura de Jesus. Para saber melhor quem ele é, conheça algumas obras zen-budistas de Merton aqui http://www.worldcat.org/oclc/276806&referer=brief_results e aqui http://www.worldcat.org/oclc/377395&referer=brief_results
Em A Assinatura de Jesus, Manning cita ensinos de Merton como saudáveis e afirma também que a chamada “oração contemplativa” é uma bênção para o crente. Não é. A tal “oração contemplativa” é a inserção de práticas zen-budistas no meio católico romano (e, agora, também no meio evangélico, via escritos de Manning e outros). Tudo começou nos anos 70, quando os monges Basil Pennington e William Meninger, liderados pelo monge abade Thomas Keating, começaram a ensinar a “oração contemplativa” como um “método de oração que nos prepara para recebermos o dom da presença de Deus” e como “uma oração de silêncio, uma experiência da presença de Deus”. Os ensinos de Keating podem ser encontrados em http://www.contemplativeoutreach.org/cntrgpryr.htm#Centering%20Prayer
No site http://www.comtemplativeoutreach.org/, que tem como objetivo divulgar os ensinos do monge Thomas Keating, está escrito o seguinte sobre a “oração contemplativa”: “Esse método de oração é um movimento para além da conversa com Cristo, para a comunhão com Ele. (...) A Oração Contemplativa também é inspirada pelos escritos de grandes colaboradores para a herança contemplativa cristã, incluindo São João Cassiano, o autor anônimo de The Cloud of Unknowing, São Francisco de Sales, Santa Teresa D'Ávila, São João da Cruz, Santa Teresa de Lisieux (também chamada de Santa Teresinha), e Thomas Merton” (o itálico é meu). Leia mais sobre o assunto no artigo Contemplative Prayer da especialista Christine A. Narloch, encontrado no endereço http://www.crossroad.to/articles2/006/contemplative-narloch.htm
O reverendo John Dreher, em interessante artigo sobre a “oração centrada” e a “oração contemplativa” (que faz parte da “oração centrada”), conta que “durante os vinte anos (1961-1981) em que Keating era abade, o Mosteiro de São José manteve diálogos com representantes budistas e hindus; e um mestre Zen deu um retiro de uma semana para os monges. Um ex-monge trapista que tinha se tornado um instrutor de meditação transcendental também deu uma sessão aos monges”. O artigo pode ser lido em http://www.catholic.com/thisrock/1997/9711fea1.asp
No que consiste a “oração contemplativa”? Suas diretrizes são quatro, conforme lembra Narloch no seu artigo que mencionei no penúltimo parágrafo: “1) Escolha uma palavra sagrada como o símbolo da sua intenção de entrar na presença de Deus e de ação interior; 2) sentando-se confortavelmente e com os olhos fechados, acomode-se rapidamente e apresente sileciosamente a palavra sagrada com o símbolo do seu desejo de ir à presença de Deus e ação interior; 3) quando estiver envolvido com seus pensamentos, retorne de forma sempre suave à palavra sagrada; e 4) no fim do período de oração, permaneça em silêncio com os olhos fechados por alguns minutos”.
Ora, a meditação mística, praticada no hinduísmo, no islamismo sufista e no budismo, consiste justamente em orações repetitivas e repetição contínua de uma palavra ou frase (mantras), além de contemplações de ícones ou imagens reais ou imaginárias, e métodos de esvaziar a mente. Não é à toa que Manning, em seus livros, nos ensina a escolhermos uma palavra ou um texto bíblico para ficarmos repetindo-o (como um mantra) a fim de podermos praticar a presença de Deus. Ele diz, em seu A Assinatura de Jesus, para escolhermos uma “palavra sagrada” e a repetirmos sempre, invariavelmente, vagarosamente etc. No seu Evangelho Maltrapilho, ensina-nos a repetir por dez minutos, como um mantra de oito palavras, o texto de Salmos 23.1: “O Senhor é meu pastor; nada me faltará”. E diz para, durante essa atividade, não tentarmos sentir nada, não pensarmos em nada e não fazermos nada. E acrescenta: “Relaxe”.
Outro fato curioso sobre Manning é que, por ocasião da tragédia provocada pelo Furação Katrina, ele deu uma entrevista à revista Christianity Today dizendo que havia ajudado pessoas naquela tragédia em New Orleans, mas depois confessou que mentiu. A entrevista foi publicada em 6 de outubro de 2005 no site da revista. Quatro dias depois, foi publicado no site, na mesma página da entrevista, um editorial, um pequeno acréscimo dos editores com a confissão de Manning de que mentira ao jornalista. O link para a entrevista, com a nota dos editores acima do texto, está aqui: http://www.christianitytoday.com/ct/2005/octoberweb-only/42.0.html
Como Manning, Henri Nouwen também era universalista e amante e propugnador de meditações orientais. Ele disse certa vez que não se sentia confortável com aqueles que dizem que “Jesus é o único caminho” e também que cria que qualquer pessoa poderia chegar a Deus independente de Jesus, porque, para Nouwen, se alguém pratica boas obras, é bom e generoso com todos, então já tem a Deus. Não precisa conhecer a Jesus, se arrepender de seus pecados e confiar no sacrifício de Cristo para sua Salvação. A pessoa pode ser budista, muçulmana, hindu etc, contanto que seja um bom budista, um bom muçulmano, um bom hindu. O mesmo é dito por Brian McLaren, guru dos chamados “cristãos emergentes”, em seu livro Uma ortodoxia generosa. Aliás, Mclaren também diz nessa obra que nós, cristãos, para nosso melhor desenvolvimento espiritual, precisamos aprender meditação com os zen-budistas.
Não é à toa que Nouwen endossou, por exemplo, o livro Meditation: Simple 8-Point Program for Translating Spiritual Ideals Into Daily Life, do professor hindu Eknath Easwaran, que ensina mantras e meditação. Sobre a tal obra, escreveu ele: “Este livro tem me ajudado muito”. Não acredite simplesmente no que eu digo. Leia você mesmo em http://catalog.ebay.com/Meditation_0915132672_9780915132676_W0QQ_fclsZ1QQ_pidZ683149QQ_tabZ1 e em http://www.lighthousetrailsresearch.com/nouwenbuddhism.htm
E ainda tem gente que diz que Henri Nouwen e Brennan Manning são referenciais de espiritualidade sadia...

22 comentários:

Victor Leonardo Barbosa disse...

Importante artigo pastor Silas, e como já afirmei aqui, o pior é existirem editoras ditas cristãs publicarem obras desse calibre.

Todavia, cabe ressaltar também uma figura católica um tanto quanto admirada no meio evangélico ortodoxo: O teólogo Peter Kreeft. Ele, além de ser bastante ortodoxo em seus escritos(ou devo dizer, sua orotodxia concorda em muitos pontos com o protestantismo) que ele é visto como uma referência no meio evangelical.

Anônimo disse...

Pastor Silas,

Se possível leia os dois últimos artigos do blog http://teologiadagraca.blogspot.com. É interessante, principalmente para quem apóia o "Projeto Minha Esperança Brasil (http://www.minhaesperanca.com.br"

Fique na Paz

Pastor Anderson

Anônimo disse...

Olá irmão Silas,

A paz do Senhor! Apesar de eu não conhecer nada de Manning ou Nouwen
posso dizer que este é um excelênte artigo sobre a verdadeira Graça de Deus. Ou seja, a Graça que, apesar de abraçar o pior dos pecadores, não o deixa imóvel, mas transforma e liberta dos grilhões de Satanás. No mais, gostaría que fosse um pouco mais aprofundado a questão da não cura de Nouwen. Digo isso porque 1)Provavelmente Nouwen deve ser usado como exemplo de que o homossexualismo não tem cura. 2) Para entender melhor porque algumas pessoas realmente parecem ter mais dificuldade de se libertar de alguma coisa, não só do homossexualismo, mas de outros problemas como a própria pervesidade heterossexual, amor por riquezes materiais, ganância pelo poder etc. 3) Saber orientar melhor pessoas que me pedem explicações sobre seus problemas. Por exemplo, é bastante comum alguém entrar na minha loja e dizer que está afastado da igreja porque está "desviado" por causa de algum problema moral em sua vida particular. Ou seja, a pessoa demonstra vontade sincera de se acertar com Deus, mas ñão consegue largar seu problema por si só, por isso não volta a comunhão com sua igreja porque sua consciência pesa. Ou seja, não se acha digna de estar ali. E assim espera que, no dia em que se acertar sozinha, irá voltar a comunhão com sua igreja. Eu sempre rebato para que essa pessoa não deixe de ir a igreja, afinal ela jamais irá se salvar sozinha, precisa da graça de Deus. E assim deve confiar em Deus e continuar em oração para que Cristo possa libertá-la. Essa orientação está errada? Deveria dizer que é necessário que essa pessoa exponha abertamente o seu problema para o Pastor? E se ela não tiver coragem? Isso vai impedir a sua cura?

Voltando ao caso do Nouwen, era necessário ele confessar abertamente sua condição? Conforme você diz, ele não o fazia para não perder o cargo. Ora, mas ele não podería confessar a Deus? Ou seja, ele não podería oferecer jejuns e orações pedidindo a cura de Deus? Ou em casos profundos é importante que a pessoa assuma o seu problema publicamente para a Igreja?

Enfim, porque, de fato, Nouwen falhou? Porque não recebeu a cura? Veja, primeiramente, peço desculpas em relação a minha ignorância em relação a Nouwen. É porque eu nunca ouvi falar mesmo deste padre, não conheço sua história, e talvez, por isso, minha pergunta seja trivial.

Silas Daniel disse...

Caro Victor,

Obrigado por lembrar de Peter John Kreeft. O caso de Kreeft me dá a oportunidade de dar um excelente outro exemplo do que afirmo na introdução desta nova postagem. Os livros de Kreeft têm muita coisa boa mesmo, muita coisa sadia biblicamente, mais do que o que encontramos nas obras de Manning e Nouwen. Porém, há uma diferença enorme entre reconhecer e apreciar isso e condescender com o catolicismo de Kreeft. Entretanto, tem gente que não consegue separar essas coisas, gente que mistura tudo, que acha que por causa do fato de Kreeft escrever tantas coisas certas e tão bem devemos relevar as discordâncias que temos com ele em torno de pontos fundamentais. Não! Em relação a pontos doutrinários secundários, podemos até ser condescendentes, como já escrevi neste blog, mas não em torno de pontos doutrinários fundamentais!

Agora, quanto ao fato de editoras evangélicas estarem publicando obras com desvios doutrinários, isso é um direito delas. Se acham nada demais, é um problema de consciência delas. Só acho uma infantilidade sem tamanho alguém publicar ou escrever uma obra com erros doutrinários crassos e depois reclamar, choramingando, que está sendo perseguido, porque estão criticando o que escreveu ou publicou. Queria, então, o quê? Que lêssemos uma obra com erros doutrinários crassos e ficássemos calados? Aliás, este é outro problema de "dislexia premeditada" desse pessoal: Achar que não tem nada demais em expor as heresias exaradas em livros de Benny Hinn, Kenneth Hagin etc, mas que não podemos criticar heresias que eles mesmos escrevem e publicam. São dois pesos, duas medidas? Pode para uns e não pode para outros? O que é isso? Pode-se denunciar à vontade as heresias gritantes de fulano, mas as heresias gritantes de beltrano, não, se não é "perseguição"? Isso tem um nome. Pois é. É esse nome mesmo que você pensou.

Seja livro de Benny Hinn e Hagin, ou de fulano e beltrano, enfim, seja lá de quem for, se há heresias, erros doutrinários crassos, deve-se falar sobre isso. Quem escreve heresias deve assumir o que escreve e não ficar dando uma de criança, com discurso infantilóide de vítima.

Abraço!

Victor Leonardo Barbosa disse...

Concordo totalmente com suas palavras pastor Silas e com certeza não podemos ser tolerantes com questões fundamentais!

Eu, apesar de até ter um livro escrito por Peter Kreeft, de forma alguma concordo com seu catolicismo.

Agora, ainda nesse eixo de católicos famosos no meio evangelical surge a figura de Chesterton. Eu soube que ela era protestante anglicano e depois se tornou católico. gostaria de saber se isso foi como uma atitude de protesto(como já li) por causa do contexto da época ou por pura escolha errada dele .

Abraços.

Silas Daniel disse...

Caro Anderson, a Paz do Senhor!

Não li os artigos indicados integralmente porque, ao começar a lê-los, percebi que tratam de casos sobre os quais já havia lido há algum tempo, não se constituindo novidades. Por isso, fiz apenas uma leitura dinâmica dos textos.

Bem, o que posso te dizer é que, para mim, o Billy Graham é um cristão sincero, um grande evangelista, um dos maiores do século 20, mas que tem errado quando se deixa influenciar pela preocupação com popularidade.

Para começar, papista ele não é. O fato de ter se encontrado com o papa para conversar sobre alguns temas não o torna um papista, assim como se ele se encontrasse com o Dalai Lama isso não o tornaria automaticamente um budista. Até onde sabemos, Graham não pratica nada do catolicismo romano. O problema dele é outro, e que explica esses flertes dele com o ecumenismo.

Graham tem errado ao tentar fazer política em seu ministério. Por um lado, ele aceita o apoio de grupos ecumênicos em suas cruzadas e, em entrevistas, faz declarações que flertam com o ecumenismo para soar politicamente correto (Aliás, em entrevistas, as pessoas sempre tendem a ser politicamente corretas. Infelizmente, não são poucos os casos de gente boa que, diante de determinadas perguntas de um jornalista secular, para soar politicamente correto, acabam dando declarações amenas e/ou imprecisas). Mas, por outro lado, Graham prega constantemente mensagens cujo conteúdo choca-se frontalmente com o ecumenismo. Ou seja, ele é contraditório.

Sua declaração em que dá margem para que pensemos que não tem certeza da Salvação para mim é mais uma declaração mal feita do que outra coisa. Ao que parece, ele queria deixar claro que não era perfeito, que necessitava da graça de Deus para ser salvo, mas acabou sendo infeliz. O que corrobora isso ainda é que já ouvi em vídeo Graham pregando sobre a certeza de Salvação em Jesus. Ou seja, na pior das hipóteses, trata-se de mais uma de suas contradições fruto de sua preocupação com o politicamente correto.

O que acontece com Graham é que, durante sua vida, em busca de um maior alcance e repercussão para seu ministério, ele acabou cedendo à tentação de ser politicamente correto, pluralista, aceitando o apoio de grupos ecumênicos. Segundo alguns, ele agiu assim porque o raciocínio dele é de que precisava desses apoios para que suas cruzadas fossem grandiosas. Aí, mesmo pregando e escrevendo conteúdos sadios biblicamente, em busca de apoio e maior repercussão para seu ministério, uniu-se a pessoas e grupos no meio cristão cujo comportamento e ensinos são divorciados da ortodoxia bíblica. Ele não se filia a esses grupos (continua até hoje na conservadora Convenção Batista do Sul dos EUA), prega e escreve coisas que não se coadunam com o que esses grupos ensinam, mas faz aliança e se confraterniza com eles no intuito de ser uma voz ouvida por todos os setores do cristianismo mundial, uma voz "ouvida por todos os lados": católicos, protestantes, ortodoxos, liberais, conservadores, pentecostais, neopentecostais, tradicionais etc. Em parte, conseguiu isso. Porém, por outro lado, acabou comprometendo sua imagem.

Isso acontece ainda hoje com muitos ministérios de pregadores itinerantes no Brasil e no mundo, que, pensando em alcançar fama rapidamente, na ânsia de alcançar rapidamente popularidade, até no meio secular, acabam suavizando o discurso ou fazendo alianças até com grupos seculares e/ou que ensinam heresias.

Agora, sobre a acusação de ser filiado à Marçonaria, o que é mais grave, há gente ligada a ele que nega.

Por tudo isso, tenho até hoje restrições a Graham. Não o vejo com os mesmos olhos de antes, apesar de continuar a admirá-lo em muitas coisas. Porém, tais restrições não afetam, de forma alguma, meu apoio a um projeto sadio como o Projeto Minha Esperança. Creio ser este projeto uma bênção. Não vejo problemas em os irmãos do Brasil aceitarem o projeto. Por quê? Porque o conteúdo dos programas que serão exibidos em novembro, e que já foram apresentados aos coordenadores envolvidos (conheço alguns deles, inclusive o coordenador nacional do projeto), pelo que nos informaram é muito bom e sadio. Graham sempre pregou o Evangelho genuíno. Quem já assistiu a alguns desses programas ou a qualquer cruzada dele sabe bem disso. E além de o conteúdo ser sadio, não vai se pagar nada à Associação Billy Graham e cada igreja vai discipular os novos convertidos que conquistar para Cristo. Não é uma bênção?

Abraços!

Silas Daniel disse...

Caro Bruno, a Paz do Senhor!

No caso de Nouwen, não há dúvida de que a própria noção de Salvação, espiritualidade e graça divina do catolicismo romano, ao qual pertencia, era um problema para a sua transformação. Conheço casos de pessoas que eram católicas romanas devotas, pessoas boníssimas, mas que conviviam com vícios em suas vidas, só conseguindo libertar-se depois que abandonaram aquela mentalidade do catolicismo romano para mergulhar no Evangelho genuíno como ele é. Eram pessoas que ajudavam o próximo, dedicadas a obras sociais, não eram arrogantes, eram atenciosas com todos, mas não conseguiam libertar-se de determinados pecados, vícios. Um dia, quando seus olhos foram abertos para a verdade do Evangelho, foram libertas e hoje não vivem mais sob o jugo do pecado.

Por isso, como é triste saber que tem gente no meio evangélico que vai buscar espiritualidade em gente que sequer aprendeu direito o que é o Evangelho e ainda vive, justamente por isso, escravizada pelo pecado!

E para piorar, alguns evangélicos, infelizmente, usam o caso de Nouwen para dizer que cristãos genuínos podem ser homossexuais, podem não serem transformados. Ora, Nouwen era um padre católico que, como tantos outros, nem entendia direito sobre o poder transformador do Evangelho, mas tem gente que o trata como se fosse um cristão plenamente conhecedor e praticante do genuíno Evangelho. É a tal dislexia premeditada, de que tanto falo.

Acerca da orientação que você dá às pessoas desviadas: sim, você age corretamente. O fato de a pessoa estar presa em algum pecado não significa que deva se afastar da igreja. Mesmo fraca na fé, mesmo desviada, o ideal é que continue indo à igreja, buscando forças em Deus e o apoio dos irmãos. O que não deve acontecer, e que é bem diferente, é a pessoa estar no pecado e posar de crente fiel na igreja, esconder sua real situação, fingir que está tudo bem. Se está mal, deve ser sincera. Deve confessar seu erro. E se exercia cargos na igreja, deve declinar deles, mas não se ausentar dos cultos e do convívio dos irmãos, se quer realmente ser restaurada. E a disciplina é importante para a restauração da pessoa, e ela deve ser aplicada sem olvidarmos o papel do amor nesse processo de restauração. Por isso, destaco também que cabe à igreja visitar o irmão afastado, trazê-lo às reuniões, conversar com ele, acompanhá-lo para que seja recuperado, restaurado.

Sobre confissão, ela é necessária em relação a pecados que implicam escândalo. Esses pecados devem ser confessados, mas não é a qualquer pessoa. O ideal é que seja ao seu pastor, que deve conduzir o caso com sabedoria e amor. Lembremos que a confissão faz parte do processo de restauração da pessoa. Lembra-se de Davi, quando escreveu aquele Salmo dizendo o quanto sofreu enquanto escondeu o seu pecado?

Obrigado, Bruno, por mais uma vez enriquecer nossas abordagens no "Verba Volant Scripta Manent"!

Silas Daniel disse...

Caro Victor,

Os livros de Kreeft são bons, e você faz bem em lê-los. O fato de verdades contidas nessas obras serem ditas por um católico não tem nada demais. A verdade é verdade por si mesma, e não por causa de quem a diz. Devemos saber separar bem as coisas. O mesmo acontece com Chesterton. Suas obras são, no geral, muito boas (o "Ortodoxia", como você já deve saber, não trata de questões doutrinárias, mas da defesa dos valores cristãos diante da onda de cientificismo e determinismo que marcou o início do século 20). Fazemos bem em ler essas obras, só não podemos misturar as coisas. Só não devemos achar que, porque Chesterton e Kreeft escrevem verdades, e as escrevem bem, e ambos são católicos, logo devemos condescender com o catolicismo.

Sobre o que levou Chesterton a tornar-se católico, a única coisa que sei é que o escritor Hilaire Belloc, seu amigo, foi quem o influenciou a tornar-se católico. Detalhes, não sei. Só uma curiosidade: interessante que, quase por essa mesma época em que Chesterton tornou-se católico (1922), o católico J.R.R.Tolkien, depois de ver seu amigo C.S.Lewis abandonar o ateísmo em 1929 (processo que Tolkien acompanhou), tentou convertê-lo ao catolicismo, mas não conseguiu. Lewis morreu anglicano e Tolkien faleceu chateado pela não-conversão de seu amigo ao catolicismo (inclusive, esse foi um dos motivos dos desentendimentos de Tolkien com Lewis no final de sua vida). Chesterton e Lewis: casos opostos de dois brilhantes escritores.

Abraços!

Anônimo disse...

A paz do Senhor, Pr. Silas Daniel!

É muito relevante o texto que o senhor escreveu, desmistificando pseudoreferenciais, como os dois nomes que citaste, Nouwen e Manning, que defendem práticas anti-bíblicas como o homossexualismo. E o mais absurdo é saber que evangélicos frustados, desapontados com a realidade que vivem e com a igreja, os elegeram como referenciais. Os dois aprovam o que Cristo nunca aprovou, e lendo esse texto, é inevitável não trazer à nossa realidade esse assunto que atualmente, por conta do PL 122/06, está sendo tão discutido no meio evangélico. Uns desaprovando (a grande maioria evangélica e até a CNBB, alertando sobre os perigos de tal projeto) e outros aprovando. Caso não seja pedir demais, e se for possível, gostaria de saber qual a sua opinião sobre esse assunto. Que Deus continue te abençoando e iluminando para através de seus textos, nos esclarecer e alertar. Na paz de Cristo, Quédia.

Anônimo disse...

Pr. Silas Daniel,
Estes dois últimos artigos vieram em boa hora, como alguns tem percebido, hoje em dia há uma admiração profunda de alguns evangélicos ( teólogos, pastores, irmãos e irmas, etc) por pessoas que demostram ser aparentemente (piedosos, amigos, bondosos etc ) o elegem para ser um referencial a ser seguido não importando a sua confissão de fé se é ( budista, católico, feiticeiro, etc)
Pr. Silas, isso causa preocupação aqueles que amam a obra de Deus e que privam pela sua palavra, quando vêem alguns evangélicos escolhendo referenciais sem passar pelo crive da palavra. Pois quando olhamos para a bíblia e notório as advertências quanto a escolha de um referencial mesmo que este seja cristão ,somos alertados de que existem falsos obreiros, mestres, somos ensinados a ver os frutos das pessoas.
Mais por outro lado alegro mim em saber que Deus tem muitos “ Paulo” espalhados por este mundo afora, que estão combatendo o bom combate, que a caminhada e longa e que precisam guardar a fé, na certeza de que naquele dia o Senhor os recompensaram, que clamam todos os dias dizendo “Ora vem Senhor Jesus”

Em Cristo,
Valter Alex

Casamento Eduarda e Gutierres disse...

Pastor Silas Daniel, a paz do Senhor!

Em primeiro lugar quero dar os parabéns, pois na última matéria de capa da “Revista Eclésia”, sua opinião foi muito bem colocada, além de observarmos que a matéria foi bem baseada no conteúdo de sua obra “A Sedução das Novas Teologias”.
Sobre o assunto abordado e como sempre, bem abordado, acho muito importante sua colocação... Como o irmão diz, podemos aproveitar muito da literatura católica romana ou ortodoxa, mas não devemos tornar tais monges, padres e teólogos romanos como referenciais de espiritualidade.
Ontem, em um debate na Bienal do Livro em São Paulo, com o Rev. Augustus Nicodemus e o pastor Paulo Romeiro, esse assunto foi um dos destaques... Ambos alertaram para essa onda de livros que abordam a temática “espiritualidade”, beberem dos monges e místicos da Idade Média que não tinham uma compreensão correta sobre a Graça de Deus. Como ter um referencial de espiritualidade de pessoas presas ao legalismo, ascetismo e daqueles que acreditavam na regeneração pelas obras?
O grande problema é a tendência de cair nas bordas, pois enquanto muitos fundamentalistas acham heresia citar Teresa de Ávila ou Francisco de Assis em um sermão, outros adotaram (como o irmão bem destaca) esses como o exemplo máximo do Cristianismo. Particularmente gosto muito dos sermões do padre Antônio Viera, mais nunca achei que nele estava à essência da vida cristã.
Quanto ao ecumenismo, que começou a ser discutido nos comentários, vejo três questões que julgo importante:
01. Há ecumenismos, pois vejo como saudável um diálogo com o Catolicismo em temas como os valores familiares e absolutos morais. Conservadores como Charles Colson e Os Guinness não têm dificuldade de dialogar com católicos nesses assuntos.
02. O ecumenismo que permeia grande parte dos liberais está edificado em cima do relativismo, pluralidade de idéias, flexibilização das verdades centrais da fé cristã etc. Esse tipo de ecumenismo é perverso, anti-bíblico e “politicamente correto”.
03. O anti-catolicismo do evangélico brasileiro é paradoxal, pois enquanto estes condenam o catolicismo, na prática fazem o mesmo; tais como superstições, lideranças centralizadoras, culto à personalidade etc. Esse não é o caminho...

Mas encerro parabenizando mais uma vez esse post, pelo ineditismo e precisão das idéias.

Gutierres Siqueira
www.teologiapentecostal.blogspot.com

Silas Daniel disse...

Cara Quédia,

Todo cristão verdadeiro é contra qualquer tipo de violência contra homossexuais, seja por atos ou palavras, porém o Projeto de Lei 122 de 2006 vai mais além, caracterizando como crime pregar que homossexualismo é pecado, o que fere as liberdades religiosa e de expressão. Além disso, há outros absurdos propostos por esse projeto. Por isso, sou terminantemente contra esse projeto nos termos em que ele está elaborado, bem como lembro que um projeto desse tipo é desnecessário, já que a atual legislação brasileira já contém dispositivos legais que garantem o direito de homossexuais, ou de qualquer outra pessoa, não serem agredidos de alguma forma.

Para entender melhor ainda a questão, leia alguns pareceres jurídicos sobre o PL 122:

http://roberto-cavalcanti.blogspot.com/2007/07/parecer-jurdico-do-plc-1222006-lei-anti.html

http://comoviveremos.com/2007/05/08/parecer-juridico-do-dr-venancio-josiel-dos-santos-sobre-o-infame-pl-122-da-tirania-gay/

Abraço!

Silas Daniel disse...

Caro Valter,

Obrigado por suas palavras de motivação. Pela graça de Deus, tentamos fazer o melhor aqui. Abraço!

Silas Daniel disse...

Caro Gutierres, a Paz do Senhor!

É verdade, a matéria de capa de "Eclésia" deste mês foi baseada, quase em sua totalidade, no meu livro "A Sedução das Novas Teologias" (CPAD). O Marcos Stefano, jornalista, ligou-me há algumas semanas dizendo que havia lido o meu livro, gostado muito e queria fazer uma matéria sobre os assuntos tratados no livro. Mandou-me, então, perguntas, as quais respondi por e-mail. Aliás, talvez publique aqui, em outra postagem, minhas respotas às perguntas do Stefano para a matéria, já que, na revista, só foram publicados 10% do que falei (o que é de praxe, já que a matéria não pode ser centrada na fala de uma única pessoa). Minha única ressalva está no fato de o Stefano ter extraído de meu livro muitas daquelas informações dos boxes da matéria e não ter mencionado a fonte. Mas, no geral, a matéria está muito boa. Inclusive, as colocações do pastor Paulo Romeiro sobre o assunto também são precisas.

Sobre a Bienal do Livro em São Paulo, infelizmente não pude estar presente, mas imagino que tenha sido muito bom o debate com os pastores Augustus Nicodemus e Paulo Romeiro. Os dois sempre apresentam bom conteúdo em suas verbalizações. E que bom saber que o tema abordado neste post foi, por coincidência ou não, um dos destaques do debate. Legal essa sintonia.

Sobre as colocações deles e as suas sobre o assunto, para mim, são perfeitas. E os sermões de Vieira, tirando seu romanismo, são mesmo muito bons.

Obrigado por suas palavras motivadoras! Pela graça divina, procuramos analisar a atual conjuntura em que vivemos no Brasil e no mundo de maneira a orientar e edificar a todos. Se temos sido felizes nesse propósito, toda honra e toda a glória sejam dadas a Deus, que nos inspira e guia.

Abraços!

Anônimo disse...

Pr. Silas, muito obrigado por responder-me. Sei que discute somente temas de caráter teológico no seu blog, mas as vezes um tema leva à outro...Mas agradeço muito a atenção. Em Cristo, Quédia.

Silas Daniel disse...

Cara Quédia,

De nada! Além do mais, esse é um tema que envolve uma questão doutrinária, cerceando a liberdade religiosa e de expressão de quem crê que a Bíblia é a Palavra de Deus.

Abraço!

Ronaldo Junior disse...

Muito boa explanação!!

Seguindo os conselhos de Paulo, onde devemos examinar tudo e reter o que for bom, chegaremos à um grau de maturidade cristã, sempre discernindo os pós e contras de uma leitura fora dos parâmetros bíblicos.

No amor de Cristo
Junior

Victor Leonardo Barbosa disse...

Pastor Silas só uma curiosidade:

Sei que as próximas lições de juvenis serão sobre "falsa ciência e filosofias anti-bíblicas"

Há alma correlação com certos princípios aqui postados com relação a teologia no decorrer da lição? Pois ontem tivemos uma reunião de escola dominical com alunos nessa faixa etária e outro professor amigo meu ficou abismado(e quando me contou, também fiquei) com tantas teorias e pensamentos teologicamente estranhos, desde coisas light como a questão da terra ser criada em 6 dias ou milhares de anos até coisas escabrosas como a questão de não ser um Adão, mas uma comunidade de Homens que pecaram contra Deus(isso foi o mais leve, imagine o resto sobre outros assuntos)...tudo isso fruto de várias leituras de pessoas desse porte como Manning e cia, passados através de seus admiradores aos adolescentes.Durma com um barulho desses...

Abraços Fraternos.

Silas Daniel disse...

Caro Junior,

É isso aí. Esta é, sem dúvida, uma das características de um cristão maduro: examinar tudo e saber dividir bem as coisas, retendo só o que é bom, em vez de tomar a parte como sendo o todo, alçando como referencial nomes cujos ensinos, no geral, chocam-se com a Bíblia, fechando os olhos desavisada ou descaradamente para erros doutrinários terríveis.

Abraços!

Silas Daniel disse...

Caro Victor,

Há só uma ou outra coisa relacionada. É que a revista foi escrita há dois anos (os temas e os conteúdos dos currículos de Escola Dominical da CPAD são, geralmente, preparados com antecedência) e, na época, quase nada se falava sobre Nouwen e Manning. Eu mesmo só fui ler obras deles de pouco mais de uma ano para cá. Se tivesse lido antes, com certeza incluiria nos comentários o tema "oração contemplativa" e outros.

Agora, é preocupante saber como os ensinos liberais estão se espalhando pelo Brasil, como seu testemunho comprova, mas, ao mesmo tempo, é bom saber que os irmãos aí, no Pará, estão atentos para esclarecer às pessoas engodadas por esse tipo de ensino. Que os irmãos continuem sendo "bereanos"!

Abraços!

Rodiney disse...

Olá Pastor Silas Daniel!

Estou comentando alguns anos depois de ter sido escrito o artigo.
O fato é que passei a procurar matérias sobre o assunto depois da morte de Manning, que se deu agora em 12/04/13. Li o livro Evangelho Maltrapilho e gostei do que li acho apaixonante a verdade da graça, mas acredito na restauração, na conversão que muda vidas, na ideia de quem rouba não roube mais, quem mente não minta mais...
Como é praticamente impossível viver sem nenhum tipo de contaminação parece agradável saber que a graça nos basta, principalmente quando presenciamos uma igreja que dá ênfase a temas como prosperidade, ou agem dentro de um legalismo mais se parecendo como o filho mais velho da história do filho pródigo que na verdade assim como seu irmão mais novo também estava perdido, perdido dentro de casa, perdido dentro da Igreja.
Assim sendo achei oportuno a leitura do artigo, pois acho prudente tirar os espinhos antes de comer o peixe, se me permite usar de sua ilustração, me ajudou a definir melhor a preocupação que tenho por mim, meus filhos e por aqueles que de alguma forma temos por Deus o privilégio de exercer alguma influência, valeu.
Obrigado!

Rodiney

Rodiney disse...

Olá Pastor Silas Daniel!

Estou comentando alguns anos depois de ter sido escrito o artigo.
O fato é que passei a procurar matérias sobre o assunto depois da morte de Manning, que se deu agora em 12/04/13. Li o livro Evangelho Maltrapilho e gostei do que li acho apaixonante a verdade da graça, mas acredito na restauração, na conversão que muda vidas, na ideia de quem rouba não roube mais, quem mente não minta mais...
Como é praticamente impossível viver sem nenhum tipo de contaminação parece agradável saber que a graça nos basta, principalmente quando presenciamos uma igreja que dá ênfase a temas como prosperidade, ou agem dentro de um legalismo mais se parecendo como o filho mais velho da história do filho pródigo que na verdade assim como seu irmão mais novo também estava perdido, perdido dentro de casa, perdido dentro da Igreja.
Assim sendo achei oportuno a leitura do artigo, pois acho prudente tirar os espinhos antes de comer o peixe, se me permite usar de sua ilustração, me ajudou a definir melhor a preocupação que tenho por mim, meus filhos e por aqueles que de alguma forma temos por Deus o privilégio de exercer alguma influência, valeu.
Obrigado!

Rodiney