Dando continuidade à nossa abordagem sobre a equivocada eleição de nomes do catolicismo como exemplos de espiritualidade sadia, estaremos falando desta feita sobre Francisco de Assis.
Sem dúvida, o italiano Francisco de Assis (1181-1226 dC) é um dos nomes do catolicismo mais incensado por todas as religiões, inclusive por muitos protestantes. Porém, apesar de reconhecermos algumas virtudes em seu comportamento, não podemos considerá-lo um exemplo de espiritualidade sadia. Há muitas razões para isso, mas gostaríamos de mencionar pelo menos três principais. A primeira delas é justamente fruto de desconhecimento dos fatos históricos. Por isso, aos fatos.
Francisco de Assis não era pré-reformador: ele se opunha à verdadeira Reforma
Em primeiro lugar, é absolutamente equivocado colocar Francisco de Assis na classe dos pré-reformadores cristãos, como muitos fazem ou o vêem, posto que Francisco de Assis sempre esteve assumidamente do lado de lá e não do de cá.
Apesar de Francisco de Assis ser crítico de alguns comportamentos da igreja medieval de seu período, ele, por exemplo, nunca se opôs à Inquisição, que já estava de vento em popa na sua época. Francisco, cujo nome verdadeiro era Giovanni Bernardone (depois mudado para Francesco Bernardone), sempre foi contra os verdadeiros pré-reformadores. A Inquisição, vocês devem se lembrar, foi instituída em 1183 dC pelo Concílio de Verona. O Tribunal do Santo Ofício mandava matar os hereges ou, no mínimo, os condenava “apenas” à tortura, considerada “suplício de purificação”. Não obstante, o frade romanista o apoiava.
Por que Francisco de Assis não criticava a Inquisição? Porque, como a maioria em sua época, acreditava que ela era uma tentativa de restaurar a igreja ao que era antes, ao seu estado de “pureza”, no sentido católico romano. Por isso, Francisco de Assis criticava alguns pecados da igreja medieval, mas não a Inquisição, que achava nada demais. Ele, o grande “pacifista”, como é chamado, achava a Inquisição uma boa iniciativa.
Foi por isso que Francisco de Assis não se opôs a Roma quando mandou perseguir e torturar os valdenses (pré-reformadores), também chamados “Homens Pobres de Lyon”. Os valdesens também abandonaram seus bens dando-os aos pobres (como Francisco de Assis faria depois deles), só ficando com o que fosse necessário para o sustento de suas famílias (nisso foram mais prudentes do que os franciscanos, que viviam de esmolas); traduziram a Bíblia para o povo; não aceitavam a obediência ao papa devido às heresias que Roma pregava; não adoravam santos nem imagens de escultura etc. Entretanto, Francisco de Assis não achava nada demais persegui-los.
Francisco de Assis também não se opôs a Roma quando ela mandou perseguir os arnaldistas, seguidores de Arnaldo de Brescia, outro pré-reformador, que defendia a separação entre Igreja e Estado, e também que a igreja não deveria viver acumulando riquezas sem preocupar-se em ajudar os pobres. Da mesma forma, Francisco não se opôs ao papa Inocêncio III, quando este, no Concílio de Toulouse, instigou o rei Felipe Augusto (Felipe II de França) a “reprimir com armas os hereges” em 1207, isto é, cátaros e albigenses, no que ficou conhecida como “Cruzada contra os Albigenses”. Muitos há que acusam os cátaros e albigenses de serem gnósticos e contra o matrimônio e a procriação, porém sabe-se hoje que muitas dessas acusações são falsas, uma vez que há documentos onde os inquisidores atribuem aos cátaros e albigenses confissões de gnosticismo que nada mais são do que cópias, letra por letra, do livro Contra as Heresias, escrito por Irineu no final do segundo século dC. E as cópias dos inquisidores eram descaradas ao ponto de nem se incomodarem em trocar ou adaptar os parágrafos copiados do livro de Irineu.
Uma das cenas emblemáticas dessa “Cruzada contra os Albigenses” é a narrativa que se segue: “Centenas de milhares se uniram à cruzada convocada pelo papa, atraídos pelas riquezas que ficariam a mercê da pilhagem e da devastação. Liderada pelo terrível Simón de Monfort, a cruzada contra os albigenses devastou o sul da França até reduzi-lo a mais completa desolação. Um após o outro, os pacíficos povos do sul foram tomados e todos os seus habitantes passados ao fio da espada. Em Minerva, Monfort encontrou 140 irmãos, que negaram a abnegar-se de sua fé, por isso foram entregues às chamas de uma grande fogueira que ele mesmo preparou no centro do povo. Em Beziers, vendo rodeada a cidade e compreendendo que toda resistência seria inútil, o conde Rogelio, junto com o bispo, saiu para pedir clemência para as mulheres e meninos e ainda para aqueles que não eram ‘hereges’, pois nem todos nela eram albigenses. A resposta de Simón de Monfort foi: ‘Matem a todos. Deus reconhecerá os seus’”.
Outro relato sobre essa terrível cruzada afirma: “Sob o mando do tristemente célebre Arnau de Amalric, o enorme exército cruzado (300 mil homens) foi conquistando os castelos e cidades cátaras a começar pela cidade de Beziers. Dizem que 7 mil pessoas foram massacradas na igreja da Madalena, sendo que a cidade foi saqueada durante dois dias, sem distinção entre hereges,católicos, mulheres e crianças. Todos foram eliminados. Calcula-se o número em 30 mil. Ao perguntar ao líder cruzado como distinguir entre católicos e hereges, ele respondeu: ‘Matai todos eles. Deus reconhecerá os seus’. Era o ano 1209”.
Tais relatos podem ser encontrados em vários livros e, na grande rede, por exemplo, em http://www.aguasvivas.ws/revista/43/espigando2.htm e em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruzada_albigense
Então, não dá para colocar Francisco de Assis ao lado dos pré-reformadores de sua época, uma vez que ele foi contra os pré-reformadores. Considerava todos eles hereges e apoiou a perseguição e suplícios infligidos contra eles.
É realmente linda a oração “Senhor, faz de mim um instrumento de vossa paz” (que não se sabe nem se foi feita por ele ou não; apenas atribui-se ela a Francisco de Assis), mas, diante dessas informações, se ela foi feita mesmo pelo frade italiano, soa bem hipócrita.
Penitência e pobreza não são espiritualidade sadia
Em segundo lugar, Assis pregava a pobreza como virtude e a salvação pela penitência. O frade dizia que, sem penitência, não haveria remissão de pecados. Para que você entenda melhor o que é esse ensino, convém definir o que é penitência.
Penitência são as vigílias, jejuns, peregrinações e até auto-flagelações que se pratica como prova de arrependimento e para garantir o perdão de pecados diante de Deus. Francisco de Assis praticava a penitência e ensinava-a diligentemente aos seus seguidores. A penitência fazia parte do cerne de sua mensagem. Porém, a penitência vai de encontro ao que ensina o Evangelho. Ela não tem nada que ver com espiritualidade sadia. Jesus requer de nós arrependimento, não penitência, e muito menos penitência como uma forma de se tornar mais espiritual, como ensinava o frade italiano.
A relação de Francisco de Assis com a natureza
Em terceiro lugar, essa relação de Francisco de Assis com a natureza, conversando com os bichos e as coisas e chamando-os todos de “irmãos”, não encontra apoio algum na Bíblia Sagrada.
Francisco de Assis chamava não só os animais de “irmãos”, mas também o vento, a chuva, as pedras, a água, o fogo, as plantas, o sol, a lua e as estrelas. Chegava a conversar com tudo isso como se fossem entidades com personalidade. Não é à toa que os ambientalistas fizeram do frade italiano o padroeiro das causas ecológicas.
Ora, devemos preservar a natureza etc e tal, mas manter uma relação esotérica com as plantas, o sol, a lua, as estrelas, o vento, a chuva, as pedras e a água? Isso não. Conversar com essas coisas e chamá-las de “irmãos”? De forma alguma.
Ademais, ele também era fervoroso mariólatra. Lembremo-nos que os franciscanos, inspirados pelo seu líder e fundador, foram grandes defensores do ensino da “imaculada conceição de Maria”, que mais à frente o Vaticano tornou dogma.
Por tudo isso, Francisco de Assis não é padrão de espiritualidade sadia. Ele está longe disso. Que o frade italiano teve virtudes destacáveis, isso é verdadeiro, mas ele não era e nunca será padrão de espiritualidade bíblica.
Sem dúvida, o italiano Francisco de Assis (1181-1226 dC) é um dos nomes do catolicismo mais incensado por todas as religiões, inclusive por muitos protestantes. Porém, apesar de reconhecermos algumas virtudes em seu comportamento, não podemos considerá-lo um exemplo de espiritualidade sadia. Há muitas razões para isso, mas gostaríamos de mencionar pelo menos três principais. A primeira delas é justamente fruto de desconhecimento dos fatos históricos. Por isso, aos fatos.
Francisco de Assis não era pré-reformador: ele se opunha à verdadeira Reforma
Em primeiro lugar, é absolutamente equivocado colocar Francisco de Assis na classe dos pré-reformadores cristãos, como muitos fazem ou o vêem, posto que Francisco de Assis sempre esteve assumidamente do lado de lá e não do de cá.
Apesar de Francisco de Assis ser crítico de alguns comportamentos da igreja medieval de seu período, ele, por exemplo, nunca se opôs à Inquisição, que já estava de vento em popa na sua época. Francisco, cujo nome verdadeiro era Giovanni Bernardone (depois mudado para Francesco Bernardone), sempre foi contra os verdadeiros pré-reformadores. A Inquisição, vocês devem se lembrar, foi instituída em 1183 dC pelo Concílio de Verona. O Tribunal do Santo Ofício mandava matar os hereges ou, no mínimo, os condenava “apenas” à tortura, considerada “suplício de purificação”. Não obstante, o frade romanista o apoiava.
Por que Francisco de Assis não criticava a Inquisição? Porque, como a maioria em sua época, acreditava que ela era uma tentativa de restaurar a igreja ao que era antes, ao seu estado de “pureza”, no sentido católico romano. Por isso, Francisco de Assis criticava alguns pecados da igreja medieval, mas não a Inquisição, que achava nada demais. Ele, o grande “pacifista”, como é chamado, achava a Inquisição uma boa iniciativa.
Foi por isso que Francisco de Assis não se opôs a Roma quando mandou perseguir e torturar os valdenses (pré-reformadores), também chamados “Homens Pobres de Lyon”. Os valdesens também abandonaram seus bens dando-os aos pobres (como Francisco de Assis faria depois deles), só ficando com o que fosse necessário para o sustento de suas famílias (nisso foram mais prudentes do que os franciscanos, que viviam de esmolas); traduziram a Bíblia para o povo; não aceitavam a obediência ao papa devido às heresias que Roma pregava; não adoravam santos nem imagens de escultura etc. Entretanto, Francisco de Assis não achava nada demais persegui-los.
Francisco de Assis também não se opôs a Roma quando ela mandou perseguir os arnaldistas, seguidores de Arnaldo de Brescia, outro pré-reformador, que defendia a separação entre Igreja e Estado, e também que a igreja não deveria viver acumulando riquezas sem preocupar-se em ajudar os pobres. Da mesma forma, Francisco não se opôs ao papa Inocêncio III, quando este, no Concílio de Toulouse, instigou o rei Felipe Augusto (Felipe II de França) a “reprimir com armas os hereges” em 1207, isto é, cátaros e albigenses, no que ficou conhecida como “Cruzada contra os Albigenses”. Muitos há que acusam os cátaros e albigenses de serem gnósticos e contra o matrimônio e a procriação, porém sabe-se hoje que muitas dessas acusações são falsas, uma vez que há documentos onde os inquisidores atribuem aos cátaros e albigenses confissões de gnosticismo que nada mais são do que cópias, letra por letra, do livro Contra as Heresias, escrito por Irineu no final do segundo século dC. E as cópias dos inquisidores eram descaradas ao ponto de nem se incomodarem em trocar ou adaptar os parágrafos copiados do livro de Irineu.
Uma das cenas emblemáticas dessa “Cruzada contra os Albigenses” é a narrativa que se segue: “Centenas de milhares se uniram à cruzada convocada pelo papa, atraídos pelas riquezas que ficariam a mercê da pilhagem e da devastação. Liderada pelo terrível Simón de Monfort, a cruzada contra os albigenses devastou o sul da França até reduzi-lo a mais completa desolação. Um após o outro, os pacíficos povos do sul foram tomados e todos os seus habitantes passados ao fio da espada. Em Minerva, Monfort encontrou 140 irmãos, que negaram a abnegar-se de sua fé, por isso foram entregues às chamas de uma grande fogueira que ele mesmo preparou no centro do povo. Em Beziers, vendo rodeada a cidade e compreendendo que toda resistência seria inútil, o conde Rogelio, junto com o bispo, saiu para pedir clemência para as mulheres e meninos e ainda para aqueles que não eram ‘hereges’, pois nem todos nela eram albigenses. A resposta de Simón de Monfort foi: ‘Matem a todos. Deus reconhecerá os seus’”.
Outro relato sobre essa terrível cruzada afirma: “Sob o mando do tristemente célebre Arnau de Amalric, o enorme exército cruzado (300 mil homens) foi conquistando os castelos e cidades cátaras a começar pela cidade de Beziers. Dizem que 7 mil pessoas foram massacradas na igreja da Madalena, sendo que a cidade foi saqueada durante dois dias, sem distinção entre hereges,católicos, mulheres e crianças. Todos foram eliminados. Calcula-se o número em 30 mil. Ao perguntar ao líder cruzado como distinguir entre católicos e hereges, ele respondeu: ‘Matai todos eles. Deus reconhecerá os seus’. Era o ano 1209”.
Tais relatos podem ser encontrados em vários livros e, na grande rede, por exemplo, em http://www.aguasvivas.ws/revista/43/espigando2.htm e em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruzada_albigense
Então, não dá para colocar Francisco de Assis ao lado dos pré-reformadores de sua época, uma vez que ele foi contra os pré-reformadores. Considerava todos eles hereges e apoiou a perseguição e suplícios infligidos contra eles.
É realmente linda a oração “Senhor, faz de mim um instrumento de vossa paz” (que não se sabe nem se foi feita por ele ou não; apenas atribui-se ela a Francisco de Assis), mas, diante dessas informações, se ela foi feita mesmo pelo frade italiano, soa bem hipócrita.
Penitência e pobreza não são espiritualidade sadia
Em segundo lugar, Assis pregava a pobreza como virtude e a salvação pela penitência. O frade dizia que, sem penitência, não haveria remissão de pecados. Para que você entenda melhor o que é esse ensino, convém definir o que é penitência.
Penitência são as vigílias, jejuns, peregrinações e até auto-flagelações que se pratica como prova de arrependimento e para garantir o perdão de pecados diante de Deus. Francisco de Assis praticava a penitência e ensinava-a diligentemente aos seus seguidores. A penitência fazia parte do cerne de sua mensagem. Porém, a penitência vai de encontro ao que ensina o Evangelho. Ela não tem nada que ver com espiritualidade sadia. Jesus requer de nós arrependimento, não penitência, e muito menos penitência como uma forma de se tornar mais espiritual, como ensinava o frade italiano.
A relação de Francisco de Assis com a natureza
Em terceiro lugar, essa relação de Francisco de Assis com a natureza, conversando com os bichos e as coisas e chamando-os todos de “irmãos”, não encontra apoio algum na Bíblia Sagrada.
Francisco de Assis chamava não só os animais de “irmãos”, mas também o vento, a chuva, as pedras, a água, o fogo, as plantas, o sol, a lua e as estrelas. Chegava a conversar com tudo isso como se fossem entidades com personalidade. Não é à toa que os ambientalistas fizeram do frade italiano o padroeiro das causas ecológicas.
Ora, devemos preservar a natureza etc e tal, mas manter uma relação esotérica com as plantas, o sol, a lua, as estrelas, o vento, a chuva, as pedras e a água? Isso não. Conversar com essas coisas e chamá-las de “irmãos”? De forma alguma.
Ademais, ele também era fervoroso mariólatra. Lembremo-nos que os franciscanos, inspirados pelo seu líder e fundador, foram grandes defensores do ensino da “imaculada conceição de Maria”, que mais à frente o Vaticano tornou dogma.
Por tudo isso, Francisco de Assis não é padrão de espiritualidade sadia. Ele está longe disso. Que o frade italiano teve virtudes destacáveis, isso é verdadeiro, mas ele não era e nunca será padrão de espiritualidade bíblica.
12 comentários:
Caro Pastor,
Parabenizo-o pela abordagem coerente dos ícones do catolicismo e do pensamento filosófico. De fato, virtudes que os mesmos tenham possuido, ou a aparente coerência de alguns de seus pensamentos não justificam todas as suas demais atitudes e declarações sobre as questões mais profundas em relação a doutrina bíblica.
Aproveitando, será um prazer fazer parte do auditorio do Encontro GeraçãoJC no Belenzinho neste proximo fim de semana para ouví-lo ministrar mensagens e informações valiosas a nós jovens cristãos. Espero ter a oportunidade de cumprimentá-lo, conhecendo-o, assim, pessoalmente.
Abraço.
Olá pastor Silas, a Paz do Senhor!!!
Interessante artigo sobre o famoso Francisco de Assis.
Mas algo me chama bastante a atenção também:
Muitos protestantes, baseado na obra do grande homem de Deus orlando Boyes, Heróis da Fé. Afirmam que Jerônimo Savoranola era um pré-reformador, mas ao que parece, não há evidências que ele possuía uma base nas escrituras. o foco de Savoranola era simplesmente moral. Esse argumento procede?
Abraços e Paz do Senhor!!
Pastor Silas,
Muito bom artigo. Outro personagem que queria depois ver o senhor comentando, é Augusto Cury.
Caro Sidnei,
Obrigado por suas palavras motivadoras. Creio que o conteúdo desta série é importante nestes tempos de sincretismo e relaxamento bíblico-doutrinário.
Sobre o evento em São Paulo, para mim será um prazer poder estar compartilhando com os jovens paulistas um pouco daquilo que Deus tem nos dado, e por meio de um evento tão importante como o Encontro Geração JC. Aproveito para convidar os leitores deste blog que residem na capital paulista, especialmente os jovens, para participar do evento, que ocorrerá nos dias 26 (à noite - abertura) e 27 (manhã, tarde e noite) de setembro.
Ademais, será um prazer conhecê-lo pessoalmente, irmão Sidnei! Um abraço e até lá, se Deus permitir.
Caro Victor,
Savonarola é considerado um pré-reformador não só pelo missionário americano Orlando Boyer, em seu best seller “Heróis da Fé” (CPAD) [mais de 120 mil exemplares vendidos], mas pela maioria esmagadora dos especialistas, no que concorda este humilde blogueiro, posto que, diferentemente de Francisco de Assis, Savonarola estava do lado de cá e não do lado de lá, ao ponto de ser visto como inimigo de Roma até hoje, posição totalmente oposta à de Francisco de Assis. É fato que a teologia de Savonarola ainda está bem aquém, em termos bíblicos, em relação ao que lemos sobre o conteúdo doutrinário de outros pré-reformadores. Os valdenses e os lolardos, por exemplo, eram muito mais bíblicos que Savonarola, que ainda tinha muito de catolicismo romano em sua teologia. Porém, sua imensa distância de Roma em alguns pontos o fez ser classificado dessa forma. Inclusive, alguns acreditam que, pela progressão das coisas, Savonarola tendia a se afastar ainda mais da teologia romanista caso vivesse um pouco mais (lembre-se que Lutero, após ser excomungado, desinibiu-se por inteiro, rompendo direta e abertamente com outras doutrinas romanistas).
Comparemos de novo Savonarola com Francisco de Assis: a distância de Savonarola de Roma era tamanha que o fez ser considerado nocivo até hoje, enquanto Francisco de Assis nunca foi problema, por ser alinhado a Roma. Francisco foi canonizado pelo papa apenas um ano e nove meses após a sua morte. Já Savonarola, como sabemos, foi queimado vivo, como inimigo de Roma, em 23 de maio de 1498. E séculos depois, mais precisamente há nove anos (exatos 500 anos após a sua morte), os dominicanos (Savonarola era dominicano) tentaram convencer Roma a perdoá-lo, mas o Vaticano resistiu contundentemente a essa idéia. Savonarola é, até hoje, considerado opositor de Roma e pré-reformador ao lado dos lolardos, valdenses etc.
Curioso que sua pergunta vem justamente à época em que terminei de ler um dos mais célebres escritos do pré-reformador italiano - "A função da poesia" (edição de 1993 para a língua portuguesa pela editora lusitana “Passagens”, com prefácio e comentários de José Augusto Mourão, professor da Universidade Nova Lisboa). Escrita por Savonarola em 1491 (ou seja, sete anos antes de sua morte pelas mãos dos inquisidores), esta obra foi originalmente endereçada ao seu amigo Ugolino Verino, famoso poeta italiano de sua época. Pelo conteúdo, dá para perceber o quanto Savonarola estava afastado de Roma, embora ainda preso a alguns conceitos doutrinários equivocados do romanismo.
Abraço! E obrigado por ampliar nossa reflexão lembrando esse grande nome da história do cristianismo!
Caro Joabe, a Paz do Senhor!
Não acho nada demais os textos do Augusto Cury, embora só tenha lido uma obra dele até hoje, e mais para conhecer (por indicação de um amigo, tentei ler um outro livro dele, mas parei nas primeiras páginas, já que não é o meu tipo de literatura predileta). Vejo-o como um grande autor de obras de auto-ajuda, nada mais. Se não me engano, ele é presbiteriano. Além disso, não sei mais nada sobre ele além do que aparece nas auto-referências que grava em seus livros.
Abraço!
Prezado Pr Silas, parabéns por seu post, aliás, pelos outros também. Ele revela o verdadeiro lado pacifista de Francisco de Assis, a conveniência. É exatamente esse o senso a respeito do hinduísmo, uma religião, supostamente, de paz e meditação, que, "simplesmente", queimou vários cristãos na última semana e destruiu seus templos.
Obrigado pela ressonância pastor Silas....
Há alguns contestadores como por exemplo Solano portela:
http://www.solanoportela.net/artigos/savonarola.htm
Com relação à Augusto Cury, creio que sua abordagem é extremamente humanística, pelo menos pelo que já li dele.
Um amigo me relatou que, em um de seus escritos, Cury afirma que Deus criou o homem por sentir-se sozinho...
Caro Daladier,
Como você sabe, infelizmente vivemos uma época em que são comuns a manipulação e o uso político de estereótipos com o objetivo de se estabelecer o "politicamente correto". A divulgação de casos como o dos hindus, que estão perseguindo e matando cristãos na Índia, desmascaram e jogam por terra essa prática. Aliás, na edição de novembro do jornal "Mensageiro da Paz", estaremos, se Deus permitir, publicando uma matéria a respeito da intensa perseguição que os cristãos estão sofrendo ali, com depoimentos de missionários e de irmãos indianos.
Abraço!
Caro Victor,
Apesar de não ter conhecido antes esse artigo do irmão Solano, os argumentos e colocações que apresenta já me são muito conhecidos. É aquilo que já tinha te falado: Savonarola, sem dúvida, era muito mais católico em sua Teologia do que os demais pré-reformadores, mas, com todo respeito àqueles que preferem não o colocar na lista dos pré-reformadores por isso, prefiro a posição majoritária, posto que havia rompimentos muito claros com Roma em pontos importantes e, além do mais e ainda mais significativo, no final da vida, o padre italiano demonstrou uma aproximação maior com a teologia que caracterizou a Reforma Protestante (como em seu comentário sobre Salmos 51, escrito por ele pouco antes de sua morte, onde vê-se um esboço da Doutrina da Justificação pela Fé) e ao ponto de muitos historiadores afirmarem, sem exagero, que mui provavelmente, se ele tivesse demorado um pouco mais a morrer, romperia com Roma também em outros pontos importantíssimos à semelhança do que fizeram os demais pré-reformadores (e como Lutero, que, com o passar dos anos depois de sua excomunhão, foi rompendo direta e abertamente com outras doutrinas romanistas).
Sobre o Augusto Cury, se realmente pensa assim, é uma pena. Trata-se de um erro que, inclusive, abordei em um dos capítulos do meu livro "Como vencer a frustração espiritual" (CPAD). Ademais, como te falei, só sei dele mesmo aquilo que me dizem ou o que registram as orelhas de seus livros.
Abraço!
Olá Pastor Silas...
Eu que crio 4 gatos desde pequeninos...cada um tem um nome....personalidade...todos atendem ao meu chamado...
Eu chamo todos de "meus filhos"...O que vc acha?
Cara Gilmara,
Apesar de não a conhecer, posso afirmar que a sua relação carinhosa com seus quatro gatos não tem nada que ver com o caso de Francisco de Assis. No caso do frade italiano, havia uma relação mística dele com a natureza, ao ponto de ele conversar costumeira e literalmente com as pedras, os rios, as plantas, o Sol e a Lua, e não apenas com animais; e a sua conversa com animais não se confundia com a costumeira "conversa" entre homem e animal de estimação. O que havia era uma relação muito diferente daquela que vemos costumeiramente entre uma pessoa e seus bichos domesticados, ao ponto de chamar a atenção de todos da épóca. Era uma relação de cunho místico com os seres e as coisas, uma relação mística com a natureza como um todo, tanto com o que nela é animado quanto com o inanimado.
Abraço!
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