terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Em debate no Brasil: Criacionismo nas aulas de Ciência e a falácia da "nudez artística"

Nas últimas semanas, debates interessantes, que envolvem valores e temas que prezamos, têm acontecido em nosso país na área cultural. Porém, infelizmente, devido às minhas muitas ocupações, ainda não tive tempo de escrever a respeito (Como prometido, as análises sobre os dois temas já se encontram no espaço de comentários desta postagem). Entretanto, como já há muita informação interessante sobre essas discussões disponível na Internet, apresento a seguir, à guisa de introdução e análise sobre o assunto, alguns desses links para, posteriormente, postar no espaço de comentários minha tradicional longa análise sobre os dois casos.
O primeiro debate diz respeito à condescendência da mídia com a chamada “nudez artística”. O debate foi encetado não por um evangélico ou católico conservador, mas, o que era inesperado, por um consagrado ator "global": Pedro Cardoso. Ele combate explícita e contundentemente a indústria da pornografia no meio cultural, que tem suas atividades eufemizadas sob o conceito nebuloso de “nu artístico”. Um link interessante sobre o assunto pode ser encontrado no blog do irmão Valmir Milomem.
A íntegra do manifesto de Pedro Cardoso pode ser encontrada em seu blog. Lá você encontrará também a série de emails que ele trocou com o diretor e a editora da maior revista pornográfica publicada no Brasil quando da tentativa destes de entrevistá-lo para falar sobre seu manifesto. Nesses emails, Cardoso expressa sua crítica a tal revista pela sua proposta editorial e por insistir em não se identificar como pornográfica.
O detalhe é que, semanas antes, Cardoso já havia dado entrevista interessante ao jornalista Roberto Dávila em que, em dado momento, criticou a Editora Abril pela contradição ética de ter uma revista que defende tanto a ética na política (a revista Veja), mas, ao mesmo tempo, publicar a versão brasileira da maior revista pornográfica do mundo. Trechos da entrevista estão acessíveis na Internet aqui. É importante dizer que não concordo com alguns posicionamentos do ator em relação a determinados assuntos, mas seus argumentos contra a indústria da pornografia no meio cultural e sua denúncia quanto à eufemização da pornografia no meio artístico são, sem dúvida alguma, precisos e acertados.
Devido a essa crítica articulada de Cardoso e à repercussão em seu blog dos emails trocados com o pessoal da tal “revista de adultos”, a Editora Abril usou a revista Veja desta semana para tentar responder a Cardoso. E não foi uma pequena resposta. Simplesmente, a peça é o assunto principal da atual edição de Veja – a matéria de capa. O que não ajudou, por dois motivos. Primeiro, os contra-argumentos da revista são pífios (Leia-os aqui, e uma análise interessante sobre alguns desses argumentos neste link. Lembrando que, brevemente, no espaço de comentários desta postagem, pretendo inserir ainda uma análise de minha lavra sobre tais argumentos); e em segundo lugar, a importância que a Editora Abril deu às críticas de Cardoso demonstra que o grupo foi realmente abalado por elas.
Outro debate interessantíssimo tem acontecido desde o final de novembro, quando Marcelo Leite, colunista de Ciências da Folha de São Paulo, criticou abertamente a Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma das mais respeitadas instituições de ensino universitário no país, por ensinar tanto o evolucionismo como o criacionismo nas aulas de ciências. O artigo da Folha de São Paulo está acessível aqui e com mais detalhes aqui.
O jornal Estado de São Paulo também repercutiu o assunto agora há pouco, lembrando que colégios adventistas e batistas fazem o mesmo. A matéria do Estadão está aqui.
A essas instituições, meus parabéns pela decisão, que em nada fere a Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, além de ser extremamente salutar. Escrevo mais sobre o assunto também brevemente no espaço de comentários desta postagem.

33 comentários:

João Paulo Mendes disse...

Paz do Senhor Pr Silas,

O conteúdo da postagem é excelente. Ainda hoje dei uma olhada no blog do Pedro Cardoso e na entrevista concedida ao Roberto Dávila, realmente é intressante a entrevista, o ator se mostra com uma capacidade de articular além daquela limitada pelo seu personagem semanalmente.
O bom é que o ator não é um protestante ou católico conservador, como já esclarereu na postagem, fica a mensagem que nossa luta não é "religosa" e, sim, pela ética,pela família e integridade de nossa sociedade, conceitos que nós cristãos aprendemos biblicamente.
A respeito do criacionismo é louvável a atitue das instituições que introduziram-no em seus currículos, a "teoria" da criação é interesantíssima e, do ponto de vista científico, corrobora sim para indicação de um Deus soberano e planejador.
Permita-me; aos que quiserem ler mais sobre argumentos importantes sobre o Criacionismo, adiquiram o livro: " Não tenho fé suficiente para ser ateu", de Norman Geisler. Que nosso governo deixe o preconceito e adote tal medida também, o evolucionismo é apenas uma teoria, e falaciosa.

Em Cristo,

João Paulo
www.joaopaulo-mendes.blogspot.com

Silas Daniel disse...

Caro João Paulo, a Paz do Senhor!

Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Realmente, o Pedro Cardoso é bastante articulado. Mesmo não concordando com o posicionamento dele em relação a determinados assuntos, sua posição de combate à pornografia como produto cultural é extremamente elogiável, e ganha peso no meio secular justamente porque ele é reconhecido como um nome respeitado dessa indústria cultural brasileira.

Sobre o livro do Geisler, é realmente uma boa indicação. Lê-lo proporciona um ingrediente a mais à nossa reflexão sobre esse debate acerca do Criacionismo nas escolas e universidades.

Abraço!

daladier.blogspot.com disse...

Leio a VEJA semanalmente e concordo: a emenda ficou pior que o soneto. Ela tentou emoldurar, reduzir a mero ponto histórico, mas não chegou a lugar algum. Me associo aos seus parabéns às escolas e faculdades confessionais. Quem quiser ampliar um pouquinho o debate procure no blog do Reinaldo Azevedo.

Abraços!

Silas Daniel disse...

Caro Daladier,

É um prazer tê-lo aqui! Sobre a matéria de "Veja", em síntese, é isso aí mesmo.

E aproveito para informar aos queridos leitores deste blog que, nesta semana, no mais tardar até quarta-feira, estarei postando, neste espaço de comentário, minha análise sobre a matéria-artigo de "Veja", como prometido.

Ah, boa lembrança: o jornalista Reinaldo Azevedo tem postado ultimamente artigos em seu blog de "Veja" a favor do direito de as escolas confessionais ensinarem o Criacionismo em suas aulas de Ciências, só ressalvando que elas devem apresentar o Criacionismo mais como uma visão de mundo do que como uma corrente científica (veja.abril.com.br/blogs/reinaldo). Azevedo é evolucionista teísta. O Mackenzie e as escolas já mencionadas, porém, estão apresentando o Criacionismo como corrente científica, sim, a exemplo do que já fazem há anos muitas escolas dos Estados Unidos. Compartilho com essa proposta. O MEC, porém, já está recebendo pressão dos jornalistas evolucionistas antiteístas da "Folha de São Paulo", conforme matéria que li de passagem na "Folha" de sábado (13/12) enquanto estava no aeroporto esperando minha conexão de vôo. Como também prometido, breve postarei artigo aqui sobre esse assunto.

Abraço!

Anônimo disse...

Pastor Silas, a paz do Senhor!

Interessantes os assuntos que o irmão traz nesse artigo. Concordo com sua posição, estou curiosa para ler os artigos que prometeu postar sobre a matéria da revista Veja e o criacionismo nas escolas porque creio que vão enriquecer mais os assuntos.

abraço e beijo na Lília!

Silas Daniel disse...

Cara Andrea, a Paz do Senhor!

Os assuntos são realmente importantes e, se Deus permitir, hoje ainda estarei postando o artigo sobre a matéria de "Veja". Inclusive, mui possivelmente, talvez publique-o aqui em forma de nova postagem em vez de artigo no espaço de comentários, como havia idealizado.

Abraço! A Lília manda um beijo para você também!

Silas Daniel disse...

Caros,

Como prometido, segue minha análise sobre a matéria de “Veja”. Preferi postá-la no espaço de comentários mesmo, já que foi nesta postagem que encetamos o assunto. Aproveitando, informo que a demora em postá-la se deveu a ter estado, nesta semana que finda, fechando a próxima edição do jornal "Mensageiro da Paz". Só ontem pude dedicar-me a elaborar o texto.

Bem, nele, destaco oito equívocos da matéria. São eles:

I) Justificar a nudez artística a partir da Bíblia, usando textos como o de Adão e Eva no Jardim do Éden, querendo, com isso, inclusive, colocar a nudez como um elemento importantíssimo na formação do Ocidente porque é citada na Bíblia, é distorcer os fatos. Em nenhum momento da Bíblia a nudez é colocada como foco ou, muito menos, explorada com objetivos provocativos, libidinosos ou mesmo “de protesto”.

Na Bíblia, a nudez aparece apenas de duas formas.

1 – Primeiro, como uma mera informação sobre personagens. Exemplo: Adão e Eva estavam nus. Ponto. Nada se discorre sobre detalhes da nudez deles. E esta é apenas mencionada aqui (como não poderia deixar de ser) para mostrar que os nossos primeiros pais eram inocentes. Nunca há na narrativa das Escrituras nenhuma espécie de exploração da informação “estavam nus”, até porque isso fugiria ao propósito do texto. Entre os propósitos da Bíblia não está o despertar instintos sexuais. Ela nunca procura conduzir a imaginação dos seus leitores a deter-se no fato de algum determinado personagem histórico ter estado nu em algum momento, mas enfoca apenas os princípios morais e espirituais por trás das histórias narradas. Logo, não há nenhuma semelhança entre esses casos bíblicos e o chamado “nu artístico”. A Bíblia não chancela o “nu artístico”.

Se em pinturas, filmes, certos romances e revistas é comum a nudez ser enfocada, abundantemente exposta, enfatizada, o texto bíblico, por sua vez, não objetiva dar margem ao sensualismo na mente de seus leitores. Se no chamado “nu artístico” a nudez é vista como “elemento indispensável da obra”, como algo que “precisa ser apreciado e sentido” naquela “obra” para que ela “faça sentido”, na Bíblia a nudez do personagem é meramente informativa. Se no chamado “nu artísitco” a nudez não pode ser meramente mencionada ou informada, mas, sim, exposta e apreciada, na Bíblia acontece exatamente o contrário.

A única exceção de um texto bíblico em que vemos o autor descrevendo apreciativamente qualidades da compleição física de uma pessoa do sexo oposto é Cantares de Salomão, mas mesmo assim de forma respeitosa, nunca libidinosa. Ou seja, a única exceção em toda a Bíblia, em vez de contradizer, corrobora. Falo disso mais adiante, noutra intervenção neste mesmo espaço de comentários.

2 – Em segundo lugar, a nudez é apresentada nas Escrituras como algo que deve fazer parte somente da privacidade da própria pessoa e dos cônjuges, devendo sempre ser evitada publicamente. A Bíblia é contra a exposição e exploração da nudez, e contra o vestir-se de forma a despertar a libidio. Há inúmeras passagens bíblicas que afirmam isso.

II) É uma falácia dizer que a nudez sempre foi vista de forma natural no Ocidente, ao ponto de fazer “parte de sua formação”, e que só eventualmente foi tratada de forma “puritana”. A verdade é que a formação do Ocidente como o conhecemos hoje, no que diz respeito à área moral, se deve mais às suas raízes judaico-cristãs do que às suas raízes helênicas. Durante séculos, o Ocidente tratou a nudez seguindo a ética judaico-cristã e não a ética grega quanto a esse assunto. A nudez só foi mudando de tratamento no Ocidente justamente à medida que este foi se afastando de suas raízes judaico-cristãs. E isso só de pouco tempo para cá.

Vejamos, por exemplo, o caso curioso do artigo 234 do Código Penal brasileiro. Diz lá o artigo 234:

“Art. 234 – Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer objeto obsceno:
Pena – Detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
Parágrafo único – Incorre na mesma pena quem:
I – Vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste artigo;
II – Realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter;
III – Realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno”.

Esse artigo foi revogado? Não. Permanece válido até hoje. Porém, na prática, há muitos anos não é mais aplicado. E por que não é aplicado? Pelo mesmo motivo que levou o dispositivo legal de 1919 que criminalizava o adultério no Brasil (e que só foi revogado pelo Novo Código Civil em 2001) a não ser mais aplicado antes mesmo de ser revogado: “Os costumes da população mudaram e, por isso, ninguém mais aplica esse dispositivo da lei”.

Mesmo assim, ainda há um problema: Apesar de os costumes terem sido mudados, a lei existe e não pode ser desprezada. Não se pode simplesmente ignorá-la. Que fizeram, então, os juízes? Resolveram tentar justificar, “camuflar” e eufemizar o descumprimento descarado do artigo 234 do Código Penal por meio da mudança do significado do termo “obsceno”. Os juízes passaram a reinterpretar o artigo 234 a partir da re-significação do que seria algo “obsceno”, adotando uma definição nebulosa e condescendente para o termo. Assim, puderam conviver até hoje com a existência desse artigo sem cumpri-lo.

Escreve o jurista Celso Delmanto sobre o tal artigo 234:

“É sempre discutível o caráter de obscenidade em obras artísticas e literárias, sendo necessária a apreciação do seu conjunto e que a obra, como diz Heleno Fragoso, ‘materialmente expresse um fato atentatório ao pudor público, revelando por parte do autor o propósito de excitar a sensualidade e a luxúria’ (Lições de Direito Penal-Parte Especial, 1965, v. III, pp. 679-85). (...) Já antes da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 vinha decrescendo muito a repressão deste delito, em virtude da mudança dos costumes e da maior liberdade concedida pelos antigos órgãos de censura. Com a abolição da censura pela nova Carta (art.5º, IX), a sua repressão penal vem diminuindo ainda mais. Como exemplo, lembramos as salas especiais de cinema autorizadas a exibir filmes pornográficos; as seções em locadoras de vídeo onde são oferecidos esses mesmos filmes; as películas do mesmo gênero exibidas nas televisões a cabo ou até mesmo em canais normais, só que de madrugada; as sex-shops (lojas de objetos eróticos), que apenas não exibem seus artigos em vitrines; as revistas pornográficas vendidas em bancas de jornais com invólucro plástico opaco etc. Todas são autorizadas pelo Poder Público, que recolhe impostos sobre a sua comercialização, e hoje toleradas pela sociedade. Embora o art. 234 do CP continue em vigor e só outra lei possa revogá-lo, tais condutas não devem ser punidas, uma vez que o sentimento comum de pudor público, bem jurídico tutelado, se modificou, não restando mais atingido por elas, e ainda em face do princípio da adequação social, que é uma das causas supralegais de exclusão da tipicidade, hoje aceito pela doutrina moderna (Santiago Mir Puig, Derecho Penal, PPU, Barcelona, 1990, pp. 567-70), e pela própria jurisprudência...” (“Código Penal Comentado”, Celso Delmanto, 2002, 6ª edição, Editora Renovar).

Ou seja, o artigo 234 é uma lei morta. Mesmo não tendo sido revogada, não tem valor nenhum, porque os valores da sociedade mudaram. Aquilo que era visto como pernicioso (a obscenidade, a pornografia) agora é visto como absolutamente natural e até muito positivo, algo muito bom “para a formação da sociedade”.

Um dispositivo legal que foi criado com um objetivo especifico e claro, e que foi aplicado até pouco tempo atrás, durante décadas, respeitando seu propósito original, recentemente deixou de ser cumprido porque o significado de “obsceno” foi reinterpretado. Como, então, o Ocidente sempre tratou a nudez com condescendência ou, como também se diz, tem nestes últimos séculos tratado-a ora com pudor ora com menos pudor? Pode-se falar, sim, com acerto, de casos de hipocrisia em relação a esse assunto na sociedade ocidental em algumas épocas e lugares, mas não de oscilação entre a ética judaico-cristã e a licenciosidade nesse período de influência do cristianismo sobre o Ocidente. A licenciosidade em relação à nudez na sociedade ocidental como um todo é fenômeno recente e não repetitivo, e fruto justamente do afastamento paulatino do Ocidente em relação às suas raízes judaico-cristãs.

III) Outro argumento frágil usado na revista é o de que, porque a pornografia está em toda parte na indústria do entretenimento no Brasil (e em outros países também), logo ela deve ser vista como normal. Quer dizer, então, que, quanto mais banalizada é a pornografia, mas naturalmente ela deve ser vista? Ora, isso é legitimar um erro pelo critério fragilíssimo da banalização. Há muitas coisas banalizadas hoje em nosso país e em outros que não devem ser vistas como normais só por causa disso. Exemplos? Roubos, assassinatos, a violência de forma geral etc. Bem, por que seria diferente com a pornografia? Seria porque muita gente lucra com ela? Seria por que é uma indústria que interessa? Seria por que os males que ela provoca são paulatinos e não imediatos como os males provocados pelos outros comportamentos equivocados?

IV) A matéria chega a dizer que os casos de atrizes que revelam que é uma aflição despir-se para atender à exigência do diretor ou produtor, o que corrobora os argumentos de Cardoso, devem ser desconsiderados, sendo vistos apenas como um puritanismo pessoal delas e não como posicionamentos corretos. Ou seja, as que não são “mais liberadas” erram; elas deveriam aprender com as demais, as “mais liberadas”, que não vêem nada demais nisso. O critério usado aqui para considerar o posicionamento dessas atrizes ilegítimo é apenas o de que “Se o seu posicionamento não é igual ao meu, logo você está errada; sua posição é, pelo menos, um exagero; no caso, mero puritanismo”. Ora, não basta a pessoa divergir de mim para que eu julgue que seu posicionamento é equivocado. Tenho que provar porque é equivocado. Porque uns fazem e outros não, não quer dizer que, logo, os que não fazem é que estão errados. Não é questão de gosto, mas de ética, princípios e lógica e bom senso.

V) Outra coisa: toda arte verdadeira desperta nossa sensibilidade e reflexão. Que tipo de sensibilidade e reflexão edificante a pornografia desperta? Não despertaria ela apenas a lascívia? Quem disse que alguém compra uma revista pornográfica para “despertar sua reflexão ou sensibilidade artística” pelas imagens de corpos nus em posições provocantes? Desde quando se compra essas revistas com essa intenção? Isso não é arte. É só pornografia estilizada. Dizer que isso é arte é o mesmo que dizer que uma “stripper” é uma artista.

VI) Mais uma pergunta impostergável: O que a pornografia trás de bom à sociedade? Dizer que ela só é má para a formação das crianças é fechar os olhos para o fato de que a pornografia fomenta o adultério, a banalização do casamento, a prostituição e a indústria do sexo, além de viciar as pessoas, sendo a porta de entrada para outras perversões. Quem estuda as doenças sociais relacionadas ao sexo sabe que, uma vez viciada em pornografia, a pessoa é levada a buscar sensações cada vez mais fortes e diferentes na área sexual, o que a leva a perversões. Como, então, a pornografia pode ser vista como arte e como um bem para a sociedade?

VII) Outro argumento tolo é o de condescender com a nudez quando ela é usada como protesto. Um protesto via nudez, ainda que por uma causa boa, é um protesto desqualificado. É chamar a atenção para uma coisa certa da forma errada. Vou usar um exemplo de protesto ainda mais radical para que a lógica equivocada do protesto via nudez seja ainda mais explicitada: Um ato terrorista é um ato de protesto? Sim. A questão, porém, é: Esse tipo de protesto é moralmente correto? Claro que não! Da mesma forma, o protesto via nudez. Trata-se de um tipo de protesto, mas será que seria o mais adequado? Alguém que protesta ficando nu, para mim, já perdeu toda a credibilidade em seu protesto. Isso porque há muitas outras formas ousadas de chamar a atenção para uma boa causa sem precisar ficar nu. Ficar nu não é a melhor escolha.

O mesmo pode ser dito em relação a quem faz campanha para arrecadar dinheiro para causas sociais com a venda de álbuns ou pôsteres em que mostra sua nudez. Isso é cada vez mais comum hoje em dia. Quase todo mês há matérias nos noticiários televisivos e nos jornais citando casos homônimos pelo mundo. Pergunta-se: A causa é boa? Sim. Ok. Mas, o meio utilizado para se chegar ao fim almejado é moralmente a melhor escolha? A exploração comercial da nudez e do mercado do erotismo é uma alternativa moralmente sadia para levantar fundos para obras sociais?

Alguém pode dizer: “Ok, concordo. Mas estamos numa democracia! Devemos condescender com essas coisas. Se não, cadê a liberdade de expressão? Isso é censura! As pessoas têm o direito de ganharem dinheiro com sua nudez ou de comprarem material pornográfico”. É verdade, mas também tenho o direito de não ser surpreendido desagradavelmente por capas e pôsteres de gente nua na entrada de bancas de revistas ou em outdoors pela cidade, e por imagens igualmente inconvenientes quando estou “zapeando” a televisão durante o dia ou em pleno horário nobre. Isso também é democracia. Quem quer ver pornografia que o faça por canais privados em vez de os conteúdos pornográficos serem jogados sobre todos, indiscriminadamente, estimulando a lascívia tanto em adultos quanto em jovens e adolescentes, e ainda despertando o erotismo até em crianças, o que é mais terrível. Em vez de deixar esse tipo de conteúdo facilmente acessível – empurrado para dentro da vida das pessoas, forçando-as a fazerem ginástica nas ruas e na tevê para selecionar o conteúdo a ser assistido (Ainda bem que hoje existe a tarja descritiva do conteúdo antes dos programas, o que ajuda um pouco. E olha que tinha gente da indústria cultural que protestou na época dizendo: “É censura!”) – esse tipo de programação deveria ser disponibilizada só para quem voluntariamente a procurasse e não jogada e empurrada sobre as pessoas para que elas, depois, selecionem o que querem ver ou não.

VIII) E mais: Hitler não era nada ascético, como diz a revista. Sabe-se que ele era licencioso, lascivo e homossexual. Leia, por exemplo, aqui:

http://www.lifesitenews.com/ldn/2008/may/08052804.html

Enfim, a matéria de “Veja” erra feio.

Unknown disse...

Pastor Silas, a paz do Senhor.

O ensino do criacionismo na Universidade Presbiteriana Mackenzie causou muito barulho nessas últimas duas semanas, sendo um assunto debatido nos maiores órgãos de impressa escrita desse país. Vejo nisso um ponto muito importante: credibilidade de uma universidade cristã.
O Mackenzie conseguiu ganhar notoriedade, sendo esse um dos motivos para o assunto do criacionismo gerar tanta polêmica. Portanto, é preciso tirar o chapéu para os anos de dedicação ao ensino e erudição que os nossos irmãos presbiterianos tem se dedicado. Por esse motivo fiquei muito feliz ao ler a boas notícias sobre o desempenho da FAECAD no jornal “Mensageiro da Paz”. Que a nossa denominação possa tirar os anos de atraso provocado pelo anti- intelectualismo de uns e construir uma boa base educacional, para transmitir ciência com sabedoria bíblica.

PS: Mandei um e-mail para o irmão (14/12/2008 22:10)... :)

Silas Daniel disse...

Caro Gutierres,

É verdade. Os irmãos do Mackenzie conquistaram, depois de décadas primando pela qualidade no ensino universitário, o status de terem uma das principais universidades do Brasil. Logo, sua decisão de ensinar Criacionismo nas aulas de Ciências ganha muito peso em todo o país, pois não se trata de uma universidade qualquer que toma essa decisão, mas da Mackenzie.

A Assembléia de Deus ainda está dando seus primeiros passos nessa área. Fazem só cinco anos que a Faecad está funcionando, oferecendo, por enquanto, apenas os cursos de Administração e Teologia, reconhecidos pelo MEC, e com destaque para o Curso de Teologia da Faecad, considerado pelo Ministério da Educação o melhor Curso de Teologia do Estado do Rio de Janeiro, colocando, pela primeira vez, em segundo lugar o badalado Curso de Teologia da PUC-RJ. Ou seja, aos poucos, estamos chegando lá.

Breve postarei aqui, neste espaço, como prometido, meu comentário sobre o Criacionismo nas aulas de Ciências.

Sobre o e-mail, vou dar uma olhada hoje.

Abraços!

Silas Daniel disse...

Caros,

Seguem algumas informações e links interessantes:

1) Quando erram, devemos denunciar; quando acertam, devemos reconhecer e elogiar. Se a revista "Veja" errou feio ao tentar justificar sua contradição ética no caso da matéria sobre "A ética da nudez", ela acertou em cheio esta semana ao publicar uma matéria rica sobre o genocídio em Darfur, assunto olvidado pela maior parte da grande mídia. Na edição desta semana (datada de 23/12/08), há também um artigo interessante intitulado "Que Deus é este?". São as duas melhores coisas desta edição atual de "Veja". O artigo não está disponibilizado a todos, só a assinantes; mas a matéria sobre Darfur está em link aberto: http://veja.abril.com.br/241208/p_088.shtml

2) Dois recentes artigos interessantes na net e que tratam de temas internacionais recorrentes neste blog:

http://www.midiasemmascara.org/?p=7457

http://juliosevero.blogspot.com/search?q=Rick+Warren+est%C3%A1+cobrindo+Obama

3) Até amanhã, se Deus permitir, publico minha análise sobre Criacionismo nas aulas de Ciências.

Abraços a todos!

Anônimo disse...

Paz do senhor pastor Silas
Eu sou leitor assiduo do seu blog e fiquei feliz ao saber que cursos de teologia estão sendo reconhecidos pelo MEC,que até pouco tempo atrás não o fazia tal reconhecimento.

Silas Daniel disse...

Caro "Anônimo", a Paz do Senhor!

Sinta-se à vontade para participar das interações neste blog. Apenas, favor identificar-se da próxima vez.

Sobre o reconhecimento dos cursos de Teologia pelo MEC, é algo que está acontecendo já há alguns anos. A novidade mesmo é que o Curso de Teologia da Faecad, que pertence à CGADB, além de ter sido reconhecido pelo MEC, foi considerado o melhor da categoria no Rio de Janeiro, colocando em segundo lugar, pela primeira vez, o badalado Curso de Teologia da PUC-RJ. Isso ressalta ainda mais a qualidade do ensino teológico da AD.

Outro detalhe é que a Faecad está oferecendo curso de integralização na área de Teologia. Isto é, se alguém já é formado em Teologia, mas o é por um seminário cujo curso não era reconhecido pelo MEC, basta fazer a integralização na Faecad (será de um a dois anos de curso, dependendo dos casos) e terá o seu curso de Teologia reconhecido pelo MEC. Os interessados devem entrar em contato pelo telefone (21)3015-1000.

Abraço!

Anônimo disse...

Pastor Silas, a paz do Senhor!

Excelentes todas as colocações que o irmão fez sobre a falacia da nudez artística, a pornografia não se justifica de jeito nenhum. aguardo com ansiedade os argumentos a favor do ensino do criacionismo nas escolas e faculdades. espero também o anunciado texto que ficou faltando sobre o Cântico dos Cânticos.

Deus o abençoe!

Silas Daniel disse...

Caro Paulo, a Paz do Senhor!

Obrigado por suas palavras de apreço e motivação. Sobre Cantares de Salomão (ou O Cântico dos Cânticos – que é o nome mais preciso do livro), trata-se de um livro inspirado por Deus que fala sobre o romantismo autêntico, sadio, e que aborda o tema sexo de forma poética e respeitosa. A obra fala sobre o amor sincero, puro e vívido entre um homem e uma mulher.

Quem diz que o Cântico dos Cânticos é um livro erótico, no sentido libidinoso do termo, está totalmente equivocado. Simplesmente porque não há nada que desperte lascívia nas páginas do Cântico dos Cânticos. Para ser um livro erótico (volto a dizer: no sentido de libidinoso), o Cântico dos Cânticos teria que, óbvia e necessariamente, conter textos que estimulassem nos seus leitores o desejo sexual, mas não é isso que acontece. Indo direto ao ponto: Não dá para ler o Cântico dos Cânticos e ficar excitado sexualmente. Só se for uma pessoa com mente pervertida, que se excita até mesmo com coisas excêntricas, o que não é normal. Se excitar, por exemplo, com éguas, montes e árvores, como Salomão compara características de sua amada, só se for um super-ultra-hiper pervertido, uma pessoa doente sexualmente.

Por exemplo: tem gente que se excita ao ver freiras ou muçulmanas de burkas, mas isso não é normal. É fruto de uma mente pervertida. E para que uma mente se perverta, é preciso que viva constantemente sendo estimulada por material pornográfico. Ninguém nasce com fetiches sexuais; fetiches sexuais são construídos com o tempo na mente das pessoas, e só de pessoas que submeteram ou submetem ainda suas mentes a conteúdos pornográficos.

O Cântico dos Cânticos não é um livro libidinoso porque não há nenhuma intenção libidinosa no livro. Salomão não escreveu o texto do Cântico dos Cânticos com intenção de provocar libido. Não encontramos esse propósito em nenhuma parte da obra. Nenhuma. O que se vê claramente, do começo ao fim, é apenas uma obra poética sobre o amor sincero e vívido entre um homem e uma mulher. O Cântico dos Cânticos é uma obra que objetiva expressar, ressaltar e exaltar poeticamente o amor de seu autor, Salomão, pela sua noiva, a sulamita, e desta por ele. A sulamita exalta as virtudes de seu amado, inclusive sua beleza física, e ele, as virtudes e a beleza da sua amada – e ambos o fazem de forma respeitosa, não-lasciva e poética.

Dizer que o fato de haver no livro referências a características físicas da noiva ou do noivo poderia ser uma indicação de lascívia (tipo: referência a corpo = sexo), não procede, pois, ao lermos o texto bíblico, logo constatamos que essas características da compleição física dos noivos são comparadas a coisas que claramente não trazem nenhuma evocação lasciva. Basta ler o texto bíblico. Essas características do noivo e da noiva em nenhum momento são comparadas a imagens que despertam lascívia, mas a imagens (rochas, pedras preciosas, árvores, frutas, torres, exércitos e animais) que, dentro das peculiaridades culturais e poéticas da época (sim, já que comparar uma mulher a éguas e um homem a uma gazela era honroso naquela época, mas não hoje), intentam honrar a figura amada. Ao remeter seus leitores a aspectos físicos dos noivos, o autor sempre vai em uma direção que nunca é a erótica. Nas comparações que faz em relação àquilo que poderia ser usado de forma erótica, o autor alude sempre a imagens que se afastam do erotismo, exaltando a beleza da figura amada sempre com imagens que carregam a idéia de honra, imponência, respeito e pureza. Se não, vejamos – e vejamos logo todas as referências.

A pele morena da noiva é comparada a tendas e cortinas (1.5); a formosura dela, à formosura de éguas (1.9); suas faces, a colares (1.10); a presença do noivo, a perfumes do campo ou aos carregados em colares para se sentir o cheiro perto durante o dia (1.13,14); olhos, a pombas (1.15; 4.1); a beleza da noiva, a uma rosa e a um lírio (2.1,2); a presença do noivo, à sombra de uma árvore diferenciada das outras do bosque (2.3); o noivo, a um gamo ou a uma gazela imponentes (2.9,17; 8.14); a noiva, a uma pomba nos penhascos (2.14); os cabelos dela, a um rebanho de cabras (4.1; 6.5); os dentes dela, a rebanho de ovelhas recém-tosquiadas (4.2; 6.6); os lábios dela, a um fio de escarlate (4.3); suas faces, a uma romã partida (4.3; 6.7); o pescoço dela, a imponente torre da fortaleza de Davi, seu pai, e a uma torre de marfim (4.4; 7.4); seus dois seios, a dois filhotes de uma gazela (4.5; 7.3); um olhar dela, a uma pérola (4.9); seu amor, ao mais agradável vinho e ao melhor ungüento (4.10); os lábios de sua esposa, à doçura do mel (4.11); ela como um jardim fechado e uma fonte de águas (4.12-15); o esposo é alvo e rosado (5.10); a cabeça dele é como o ouro e seus cabelos, como cachos de palmeiras (5.11); os olhos dele são como pombas (4.12); suas faces, como canteiro de bálsamo (5.13); suas mãos, como cilindro de ouro (5.14); seu ventre, como marfim coberto de safiras (5.15); suas pernas, como colunas de mármore (5.15); seu aspecto, como o dos imponentes cedros do Líbano (5.15); sua fala é doce (5.16); a beleza de sua amada é como as das cidades de Tirza e Jerusalém e como a imponência de um exército com bandeiras (6.4,10); ela é como pomba imaculada (6.9); sua beleza, como a alva e a lua (6.10); as curvas de seus quadris, como colares trabalhados por um artista (7.1); o seu umbigo, como uma taça (7.2); seu ventre, como uma plantação de trigo e lírios (7.2); seus olhos, como as piscinas de Hesbom (7.4); o nariz dela, como a torre do Líbano (7.4); sua cabeça, como o Monte Carmelo (7.5); sua cabeleira, como a púrpura (7.5); seu porte, como o da palmeira e seus seios, como os cachos dessa palmeira (7.7); os cabelos dela como ramos dessa palmeira (7.8); seus seios como cachos da vide, seu aroma como o cheiro da maça e seus beijos doces como o vinho (7.8,9); o noivo seria como um selo sobre o coração e o braço dela (8.6); e, por fim, sua esposa se descreve como muro e seus seios como torres, o que, segundo ela, fez com que merecesse a confiança de seu amado (8.10).

Eis todas as referências. Pergunta-se agora: Alguma intenção de despertar lascívia no leitor? Alguma referência sexualmente provocante? As referências mais ousadas de todo o livro estão apenas em três versículos – os de 7 a 9 do capitulo 7 – e, mesmo assim, o assunto é tratado de forma não vulgar.

Lembrando ainda que o Cântico dos Cânticos enfatiza os princípios exarados em Hebreus 13.4 – “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; porém, aos que se dão à prostituição, e aos adúlteros, Deus os julgará” – o que pode ser constatado, por exemplo, na ênfase que a noiva dá ao fato de ter se preservado casta para o seu amado. Ela usa mais de uma vez as expressões “muro”, “jardim fechado” e “pomba imaculada” para referir-se a essa sua condição.

Portanto, não procede que a Bíblia é um livro que trata da nudez ou do sexo com licenciosidade.

Explicado isto, resta apenas lembrar que, se Deus permitir, hoje ainda segue o meu texto sobre Criacionismo nas aulas de Ciências das escolas e universidades.

Abraço!

Anônimo disse...

Caro Silas,

Paz do Senhor!

Como sempre, excelente sua reflexão.

Quanto ao tema "nudez artística" é impressionante como os jornalistas sem base argumentativa conseguem pular entre um fundamento e outro a fim de explicar seus posicionamentos. Num momento eles são aceitam a validade da Bíblia, noutro, a citam de maneira equivocada e fora de contexto a fim de tentarem provar suas loucas idéias. Argumentos esses que o irmão muito bem jogou por terra.

Muito apropriado, ainda, o fato do irmão ter suscitado o artigo 234 do Código Penal, o qual tipifica como crime a exposição de obras obscenas, sob a epígrafe “Do ultraje público ao pudor”.

Como afirmado, apesar do dispostivo não ter sido revogado ele tem sido desconsiderado na prática.

Recentemente, por exemplo, ao julgar um caso de “exposição artística da nudez”, o Ministro do STJ Edson Vidigal http://bdjur.stj.gov.br/jspui/bitstream/2011/107/1/O_Conceito_%20de_%20Obsceno_%20e_o_%20Código.pdf ) tentou argumentar da seguinte forma a não aplicação do artigo em comento:

“Esse Código é de 1940. O conceito de obsceno naqueles tempos era, no dizer dos jovens de hoje, muito careta. Sexo era tabu nas escolas, assunto proibido entre adolescentes. Para as crianças mais curiosas falava-se que tinha sido a cegonha.
A própria história do pecado contada naqueles tempos, descrevendo aquele cenário do Éden - um homem, uma mulher, uma maçã, uma serpente, uma nudez, depois uma ordem de despejo como castigo - induzia-nos a grandes medos e precauções; não de doenças sexualmente transmissíveis porque, quanto a isso, azar de quem pegasse uma gonorréia ou tivesse o púbis invadido por aqueles insetos anapluros, da família dos pediculídeos, popularmente conhecidos como chatos. Caia na vala comum da exclusão, vítima do preconceito.
Tudo que se referisse diretamente a sexo era condenável, gerando no inconsciente dos jovens, em especial, um sentimento de culpa por antecipação. Essas danações todas se inseriam no conceito de pudor público que o nosso Código Penal, ainda em vigor, buscava tutelar. Mulher sensual era coisa do capeta.

(...)

O Código Penal, como disse, é de 1940; é um decreto-lei de uma ditadura, é sempre bom lembrar. A Constituição da República, que está em vigor, é de 1988. Nesse interregno, o mundo conheceu guerras, isolou o átomo e explodiu a bomba atômica; varreu intolerâncias ideológicas e regimes políticos totalitários; descobriu a penicilina; clonou plantas e animais; venceu tabus.
Marilyn Monroe, eleita há pouco a garota do século, inflou fantasias nos homens e chocou mentes mais conservadoras com aquela cena do vento levantando-lhe a saia branca, ela deixando visível a calcinha branca."

De fato. Nesse interregno de tempo muita coisa mudou. Os abortos aumentaram, adolescentes iniciaram mais cedo a vida sexual, intensificou a pedofília e a exploração sexual infantil, também a AIDS, DSTS, aborto, etc...tudo em virtude dessa nova visão de liberdade ilimitada que permeia a mente da sociedade contemporânea, onde o que mais vale é o direito de expressão de pensamento pouco importando os valores que ele fará ruir, como família, moralidade e decência.

Daí, quando se intensificam os problemas sociais de doenças venéreas, AIDS, abortos, depressão em adolescentes, o governo não sabe para onde correr.

Esse é o grave por trás da “arte da nudez”. Abandone Deus e pague as prejuízo. Abandone o padrão da moralidade e corra atrás das consequências. Afinal, ideias têm resultados práticos!

Abraço

Valmir Milomem

Ps. Aproveitando o ensejo. Feliz Natal e um 2008 repleto da graça de Deus.

Silas Daniel disse...

Caro Valmir,

Obrigado por suas palavras de apreço e motivação. Sobre a justificativa do Edson Vidigal, ele comete, dentre vários erros, pelo menos dois crassos: primeiro, inferir que o Código Penal é rígido com a pornografia porque foi elaborado na época em que havia uma ditadura no Brasil, quando, na verdade, ele foi rígido com a pornografia porque, na época, o Ocidente, de forma geral, o era: Brasil, Europa, EUA etc; e em segundo lugar, imaginar que progresso científico é sinônimo de avanço moral e ético. Ao contrário! O mundo progrediu científica e tecnologicamente, mas, em muitos aspectos, regrediu moral e eticamente. Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O homem de hoje continua o mesmo de sempre e, em alguns aspectos, até muito pior do que no passado, apenas mais sofisticado.

Ademais, como você bem frisou, "idéias sempre têm resultados práticos".

Abraço! E Feliz Natal e um ano novo repleto das bênçãos de Deus para a vida do irmão e de sua família também!

Silas Daniel disse...

Caros,

Como prometido, seguem minhas colocações sobre o ensino do Criacionismo nas escolas e universidades do Brasil. Em quatro pontos:

1) Antes da Primeira Guerra Mundial, a Teoria da Evolução era ensinada muito timidamente nas escolas ocidentais. O Criacionismo era a corrente científica que prevalecia. A Teoria da Evolução só passou a ser ensinada para valer nas escolas ocidentais a partir de 1925, primeiro na Europa e nos Estados Unidos e, só depois, nos demais países do Ocidente. É isso mesmo: quem pensa que ensinar Evolucionismo nas aulas de Ciências é coisa muito antiga no Ocidente está absolutamente equivocado. O Evolucionismo demorou a ser aceito. Ela é uma teoria que tem oficialmente 149 anos, mas que só ganhou espaço mesmo nas escolas e universidades do mundo há pouco mais de 80 anos.

O ponto de partida para a proliferação do Evolucionismo nas aulas de Ciências das escolas de todo o mundo se deu nos Estados Unidos, mais precisamente no ano de 1925. O Evolucionismo se proliferou nas escolas americanas, e delas para todo o mundo, só depois do caso em que John Thomas Scopes (1900-1970), professor de Ciências no Tennesse, foi preso em 1925 naquele Estado acusado de ensinar a Teoria da Evolução sem autorização. O caso ganhou repercussão nacional e, ao final, o Evolucionismo entrou definitivamente nas escolas dos EUA, ganhando, a partir daí, o mundo. Interessante que, hoje, o inverso é que ocorre: professores que ensinam o Design Inteligente ou o Criacionismo clássico de cunho científico são perseguidos e chamados pelos “buldogues de Darwin” até de “criminosos” (sic). E pior: estes só querem dar aos seus alunos todas as informações, mostrarem que o Evolucionismo não só tem muitas falhas como não é a única explicação científica para a origem do Universo. Eles não querem que o Evolucionismo deixe de ser ensinado nas escolas. Só querem que o Criacionismo seja ensinado ao lado do Evolucionismo. Os evolucionistas, por sua vez, bem “progressistas”, bem “democráticos”, bem “a favor” da liberdade científica e de expressão, querem que o Criacionismo seja banido das escolas. Para isso, usam a falácia de que o Criacionismo não é Ciência. Como não, se ela repousa em argumentos científicos muito mais críveis do que os do Evolucionismo?

Em suma, os cientistas evolucionistas querem fazer com esses cientistas e professores não-evolucionistas exatamente o mesmo que fizeram com John Scopes há 83 anos. Com um adendo: Scopes, sabe-se, não era contra o Criacionismo ser ensinado ao lado do Evolucionismo. Ele queria que o Evolucionismo também tivesse o seu espaço. Hoje, porém, os evolucionistas não querem que o Criacionismo tenha espaço algum, e para isso taxam os argumentos criacionistas desonestamente de “argumentos religiosos travestidos de Ciência”. O documentário “Expelled” é uma denúncia fortíssima contra essa falácia dos “buldogues de Darwin”.

2) Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional estabelece que os alunos devem criticar objetivamente as teorias científicas como construções humanas de representação aproximada da realidade que elas são. A LDBEN lembra que o ensino médio tem entre suas finalidades habilitar o educando a ter “autonomia intelectual e pensamento crítico” (artigo 35, III). E o artigo 3 fala de “pluralidade de idéias” e “respeito à liberdade e apreço à tolerância” nas escolas e universidades brasileiras, enquanto o artigo 43 fala de “promover [nas universidades] a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino...”.

3) Ninguém está propondo que se deixe de ensinar o Evolucionismo nas aulas de Ciências, mas que o Criacionismo e/ou o Design Inteligente (DI) não deixe(m) de ser lembrado(s) e apresentado(s) como outra(s) corrente(s) científica(s) que explica(m) a origem do Universo. O problema, na verdade, é que os evolucionistas, no fundo, no fundo, sabem que se o Evolucionismo for apresentado, por exemplo, ao lado do DI, suas falhas saltarão claramente aos olhos dos alunos e será natural e totalmente desacreditado. A certeza desse resultado lógico pode ser sentida, por exemplo, em uma explicação que li recentemente de um defensor do Evolucionismo para que o DI não seja ensinado nas escolas: “Com todos os contrapontos que enfrenta para se manter, o ensino acadêmico da teoria da evolução das espécies acaba ficando condicionado a ser negligenciado. O evolucionismo – temática que representa o elo entre todas as áreas atuantes no âmbito das ciências biológicas – fatalmente acaba por assumir um papel secundário dentro do ensino de biologia, sem que lhe seja atribuída a devida relevância conquistada através de um histórico de firmações que culminaram no estabelecimento definitivo da evolução biológica como paradigma científico”. Ou seja, ensinar um ao lado do outro resultará naturalmente no descrédito do Evolucionismo por parte dos alunos na hora de comparar os argumentos das duas correntes. Isso assusta os evolucionistas.

Se os argumentos sobre a macro-evolução fossem tão “sólidos” como dizem os evolucionistas (E sabemos como não são!), estes não ficariam tão preocupados em os alunos conhecerem as objeções e argumentos do outro lado.

4) Para enriquecer mais ainda a reflexão sobre o assunto, apresento os seguintes artigos:

http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=515OFC001 (Escrito pelo jornalista científico Maurício Tuffani, que não é criacionista, mas evolucionista)

http://ec.spaces.live.com/blog/cns!511A711AD3EE09AA!2538.entry

http://pos-darwinista.blogspot.com/2008/12/tendnciasdebates-o-jogo-de-cena-e-o-caf.html

Aliás, indico, de forma geral, o blog www.pos-darwinista.blogspot.com para quem quer se inteirar sobre o DI. Trata-se de um blog muito interessante de um cientista adepto do Design Inteligente, com textos atualizados, contundentes e bem humorados criticando o Darwinismo e destacando evidências pró-DI.

Abraços!

Anônimo disse...

Caro Pastor,
A Paz do SENHOR.
Queria saber sua posição em relação ao que aconteceu em atos 2 sobre as línguas. Os discípulos falavam de fato outras línguas ou foi um milagre auricular que aconteceu? E os crentes de corinto falavam “línguas estranhas” ou idiomas ? Vou logo dizer minha opinião e o senhor, por favor, confirme se estou certo ou não. Minha opinião é que os discípulos falavam línguas estranhas, e as outras pessoas “ouviam” em seu próprio idioma. Da mesma forma aconteceu em Corinto e acontece hoje, do meu ponto de vista. Adotei esse ponto de vista, porque os cessacionistas afirmam que o que aconteceu no novo testamento foi que os discípulos falavam idiomas de fato, portanto o que acontece na “maioria” das igrejas pentecostais hoje em dia vai de encontro com o ensino Bíblico. Vou pedir opinião de outros irmãos sobre o assunto enquanto aguardo sua resposta.
Em Cristo,

Joabe Ferreira Inácio

Anônimo disse...

Pastor Silas,

Muito boa sua explicação sobre o Cântico dos Cânticos passagem por passagem, concordo com tudo que o irmão colocou. Parabéns também pela precisa análise sobre o ensino do criacionismo nas escolas. É um desrespeito a liberdade cientifica e das escolas perseguir os cientistas criacionistas e não permitir o criacionismo ou DI sejam ensinados nas aulas de ciências.

só uma pergunta: o senhor é criacionista ou DI?

Abraço e feliz Natal!

Silas Daniel disse...

Caro Joabe, a Paz do Senhor!

O texto bíblico é claro: os discípulos falaram, pela concessão do Espírito Santo, línguas que eram desconhecidas para eles, mas não para seus ouvintes (At 2.4-12). A leitura simples do texto nos mostra que o milagre foi na fala dos discípulos e não na audição dos peregrinos de várias nações que ali estavam. Note que o texto não menciona ação do Espírito na audição, mas apenas na fala (At 2.4,6). O texto não nos diz que os peregrinos, pela ação do Espírito Santo, ouviam os discípulos falando em sua língua, mas que os discípulos, pela ação do Espírito Santo, passaram a falar aqueles idiomas.

E como vê, isso não serve de argumento pró-cessacionismo, posto que o texto não nos diz que os discípulos conheciam as línguas que falavam, mas que houve um milagre aqui, milagre este que surpreendeu tremendamente os peregrinos: os discípulos falavam línguas que desconheciam e que eram mensagens claras e articuladas de glorificação a Deus nos idiomas conhecidos pelos peregrinos (At 2.7,8).

Outro detalhe é que, posteriormente, no mesmo livro de Atos, houve outros casos de batismos no Espírito Santo em que houve línguas e que em nenhum momento é dito que as línguas faladas eram idiomas conhecidos. Atos 19.6, por exemplo. Ou seja, não necessariamente as línguas estranhas são uma língua conhecida. Aliás, o próprio Paulo afirma em sua Primeira Epístola aos Coríntios que, via de regra, quem fala em línguas fala em uma língua que "ninguém entende", pois "não fala aos homens, senão a Deus" e "em espírito fala de mistérios" (1Co 14.2). Ele inclusive enfatiza que, para que os ouvintes entendam as línguas, é preciso que elas sejam interpretadas (1Co 14.5).

Portanto, as línguas estranhas são: (1) uma concessão do Espírito, e não fruto de uma habilidade ou conhecimento humano adquirido (At 2.4); (2) são sempre desconhecidas para quem fala; (3) via de regra, são línguas desconhecidas a todos (1Co 14.2); e (4) só eventualmente, por obra divina, as línguas concedidas pelo Espírito são em uma língua conhecida para alguém que houve, e isso só acontece quando Deus quer, de alguma forma, falar àquele circunstante em sua própria língua, como aconteceu em Atos 2 e já ocorreu várias vezes na História da igreja. Eu mesmo já vi Deus usar uma pessoa semi-analfabeta de forma articulada e perfeita em uma língua que eu sabia que ela obviamente desconhecia (inglês) para uma outra pessoa que falava aquele idioma e estava presente à reunião. Minha avó presenciou em uma Assembléia de Deus no Pará Deus usar uma irmã analfabeta em perfeito hebraico para um judeu e ele se converter a Cristo. Em Azusa Street aconteceu o mesmo várias vezes. O professor Gordon Chown, conhecido tradutor e professor de hebraico, testemunhou um caso semelhante, sendo que em um idioma muito raro. Estou só citando alguns casos.

Abraço! E Feliz Natal!

Silas Daniel disse...

Caro Paulo,

Mais uma vez, obrigado por suas palavras de apreço e motivação. Respondendo à sua pergunta: sou criacionista.

Abraço! E Feliz Natal ao irmão e a toda a sua família!

Silas Daniel disse...

Caros,

Uma pequena errata e uma informação.

No meu primeiro tópico do meu comentário do dia 19 de dezembro, às 13h57, leia-se:

"I) Justificar a nudez artística a partir da Bíblia. Usar textos como...".

Já a informação é que, hoje ainda, se Deus permitir, postarei um artigo devocional dedicado a todos os leitores deste blog, desejando um Feliz Natal e um 2009 repleto das bênçãos de Deus a todos.

Abraços!

Anônimo disse...

Caro Pastor,
A Paz do SENHOR.
Agradeço a disposição e a gentileza para me responder. Peço desculpa por ter feito essa pergunta num artigo não tão ideal para o assunto que estou abordando.
Contudo, vou fazer uma réplica e explicar porque adotei essa posição. A crítica que os cessacionistas fazem é a seguinte: “- cremos que os discípulos falaram outros idiomas que nunca aprenderam. Cremos que os demais milagres relatados em Atos e os crentes de Corinto falavam outros idiomas sobrenaturalmente. Mas e vocês pentecostais? Pelo menos em 99% dos casos falam uma língua que dificilmente é algum idioma conhecido. Vocês pentecostais podem dizer que são línguas estranhas, mas essa palavra não está nos originais da carta de Paulo.”
Devo repetir que sou pentecostal e creio na atualidade dos dons. Entretanto, devo admitir que a melhor solução para encaixar Atos - I Coríntios - Movimento pentecostal, seja que as línguas eram e são estranhas, e que o que aconteceu no dia de pentecostes (e acontece hoje em alguns casos) foi um milagre auricular. Alguns estudiosos concordam que no dia de pentecostes, houve um milagre auricular, como é o caso de Martin Lloyd Jones.
Repare o versículo de Atos 2.3: “E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.” Porque Lucas chamaria idiomas naturais nesses termos? No verso 6, a ênfase está no fato da multidão ouvir: “E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua”. No versículo 12 alguns mesmo sem entender se maravilharam: “E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?” E no versículo 13 outros zombam: “E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.” Não se pode esquecer também que havia várias pessoas de diferentes nações, e que se os discípulos falassem o idioma de todas essas nações seria, ao meu vê, uma verdadeira babel. A melhor solução então seria, que o Espírito Santo que estava atuando na audição de alguns da multidão.
Creio que se minha opinião estiver correta, responde de modo satisfatório aos questionamentos dos cessacionistas , aos fenômenos de hoje em dia.
Um abraço,

Joabe

Anônimo disse...

Caro Pastor,
A Paz do SENHOR.
Agradeço a disposição e a gentileza para me responder. Peço desculpa por ter feito essa pergunta num artigo não tão ideal para o assunto que estou abordando.
Contudo, vou fazer uma réplica e explicar porque adotei essa posição. A crítica que os cessacionistas fazem é a seguinte: “- cremos que os discípulos falaram outros idiomas que nunca aprenderam. Cremos que os demais milagres relatados em Atos e os crentes de Corinto falavam outros idiomas sobrenaturalmente. Mas e vocês pentecostais? Pelo menos em 99% dos casos falam uma língua que dificilmente é algum idioma conhecido. Vocês pentecostais podem dizer que são línguas estranhas, mas essa palavra não está nos originais da carta de Paulo.”
Devo repetir que sou pentecostal e creio na atualidade dos dons. Entretanto, devo admitir que a melhor solução para encaixar Atos - I Coríntios - Movimento pentecostal, seja que as línguas eram e são estranhas, e que o que aconteceu no dia de pentecostes (e acontece hoje em alguns casos) foi um milagre auricular. Alguns estudiosos concordam que no dia de pentecostes, houve um milagre auricular, como é o caso de Martin Lloyd Jones.
Repare o versículo de Atos 2.3: “E foram vistas por eles línguas repartidas, como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles.” Porque Lucas chamaria idiomas naturais nesses termos? No verso 6, a ênfase está no fato da multidão ouvir: “E, quando aquele som ocorreu, ajuntou-se uma multidão, e estava confusa, porque cada um os ouvia falar na sua própria língua”. No versículo 12 alguns mesmo sem entender se maravilharam: “E todos se maravilhavam e estavam suspensos, dizendo uns para os outros: Que quer isto dizer?” E no versículo 13 outros zombam: “E outros, zombando, diziam: Estão cheios de mosto.” Não se pode esquecer também que havia várias pessoas de diferentes nações, e que se os discípulos falassem o idioma de todas essas nações seria, ao meu vê, uma verdadeira babel. A melhor solução então seria, que o Espírito Santo que estava atuando na audição de alguns da multidão.
Creio que se minha opinião estiver correta, responde de modo satisfatório aos questionamentos dos cessacionistas , aos fenômenos de hoje em dia.
Um abraço,

Joabe

Silas Daniel disse...

Caro amigo Joabe,

Antes de tudo, não há problema de eventualmente levantar essa questão em uma postagem que trata de outro assunto. Se houvesse alguma postagem recente que trata-se de assunto correlato, o espaço de comentários desta seria o mais indicado, mas como não há, qualquer postagem pode ser usada para tratar a questão. Afinal, estamos aqui para, dentro de nossas possibilidades, ajudar. Quero que saiba que sinto-me honrado em poder ajudá-lo.

Bem, sobre o assunto, não entendo sua preocupação. Caro amigo, as colocações de seus amigos não procedem e você ainda não percebeu isso. Volto a repetir: Em nenhum momento, em Epístola alguma, Paulo afirma que as línguas (que aparecem como línguas estranhas mesmo no original em várias passagens) são línguas humanas conhecidas, mas afirma exatamente o contrário. Diz Paulo que as línguas são, via de regra, línguas completamente desconhecidas pelos humanos (1Co 14.2) e inclusive enfatiza, volto a frisar, que elas só poderão ser entendidas se alguém, pelo dom divino de interpretação de línguas, interpretá-las para os ouvintes. Diz Paulo que interpretá-las não seria possível a não ser por um outro dom (1Co 14.5). Ora, não é isso que ocorre no Movimento Pentecostal? Onde está, então, a contradição?

E mais uma vez volto a afirmar: em todas as outras passagens onde se fala de línguas em Atos, as línguas não são apresentadas como conhecidas. O que acontece é que, no caso específico de Atos 2, as línguas concedidas pelo Espírito tratavam-se excepcionalmente de línguas conhecidas pelos peregrinos que ali estavam porque Deus fez assim para testemunho, porque Deus queria impactá-los. Se fosse uma língua desconhecida por todos, o impacto e o resultado provavelmente não teria sido maior do que foi. Deus quis que fosse assim e, de vez em quando, ainda hoje Ele age assim, para salvação de pessoas, como naquele dia. Esse milagre despertou os milhares que ali estavam para atentarem à pregação do Evangelho, ministrada por Pedro. Ademais, citei na minha resposta inicial a você alguns casos em que esse caso se repetiu, resultando, em todos eles, também em conversão de vidas. Ainda hoje acontece de Deus eventualmente usar alguém em uma língua conhecida por aquele ou aqueles ouvintes não-crentes específicos, mas não é a regra; trata-se de exceção. Regra é regra, exceção é exceção. Não se pode transformar regra em exceção e exceção em regra. As línguas são, via de regra, como diz Paulo e vemos no restante dos casos em Atos, desconhecidas completamente pelo ser humano. Excepcionalmente, e em casos específicos para testemunho da verdade, como sinal para alguém não crente de outra cultura que está naquele ambiente, Deus faz o que fez em Atos 2 na hora de conceder as línguas.

O fato de as línguas serem como fogo sendo distribuído demonstra, entre tantos outros significados, que trata-se de uma capacitação divina, algo dado por Deus, e não que isso significa que elas, nessa primeira manifestação no Dia de Pentecostes, não poderiam ser eventualmente, por um propósito específico, línguas conhecidas por algum peregrino, como se, sendo, fossem um “milagre menor” ou uma espécie de “manifestação inferior”. Além do que, lembremo-nos que as línguas são apenas sinais externos de algo que aconteceu no interior. E volto a dizer: o texto fala claramente de ação do Espírito na fala (At 2.4), não na audição. Um milagre na audição é apenas uma possível inferência, não uma afirmação clara do texto. Ou seja: sua posição é legítima, mas não é a mais provável de ter acontecido. Muita gente boa a adota, mas, devido a não-clareza do texto nesse sentido, não é a minha posição.

Se você prefere crer no milagre na audição, é uma alternativa legítima, embora pouco provável; entretanto, o que é absolutamente equivocado é os seus amigos dizerem o absurdo de que Paulo não fala que as línguas são via de regra desconhecidas (!?!?) ou que, no original, não há a expressão “línguas estranhas” (!?!?). Nesses dois casos, simplesmente estamos diante de clara manifestação de desconhecimento.

Abraço!

Anônimo disse...

Um dos téologos mais citados pelos cessacionistas é o reverendo John Stott. Em sua obra BATISMO E PLENITUDE DO ESPÍRITO SANTO ele faz o seguinte comentario :
“Está claro que no dia de Pentecostes os crentes cheios do Espírito estavam falando "em outras línguas", isto é, em línguas estranhas, e "segundo o Espírito lhes concedia que falassem", e que todas estas línguas eram compreensíveis a grupos da multidão (Atos 2:4,11).
A suposição teológica e lingüística é forte no sentido de que o fenômeno mencionado em 1 Coríntios é o mesmo. Primeiro, porque as expressões no grego são praticamente as mesmas, e uma das primeiras regras da interpretação da Bíblia é que expressões idênticas têm significado idêntico. Em segundo lugar, porque o substantivo glossa tem somente dois significados conhecidos, que são o órgão na boca e o idioma. A tradução "expressão extática" não tem base lingüística. Isto não é uma tradução, mas uma interpretação. De modo análogo, o verbo "interpretação de línguas" significa tradução de idiomas. Em terceiro lugar, todo o empenho de 1 Coríntios 14 é no sentido de desencorajar o curto do caráter ininteligível, como coisa de criança: "Irmãos, não sejas meninos no juízo; ... sede homens amadurecidos" (v. 20). O Deus da Bíblia é um Deus racional, que não tem prazer em irracionalidade ou em ininteligibilidade.
A interpretação levanta algumas dificuldades exegéticas, que levaram algumas pessoas a distinguirem radicalmente entre que"línguas" era Atos e que"línguas" era em 1 Coríntios. Mas as dificuldades são pequenas em comparação com a força do argumento de que o fenômeno é o mesmo, não uma expressão extática ininteligível, mas um idioma inteligível – compreensível, é claro, a alguns poucos presentes (como no dia de Pentecostes); obviamente ela precisava ser "interpretada" ou "traduzida" em um porto como Corinto, em que se falavam muitos idiomas, para benefício daqueles que falavam alguma língua estrangeira. Se o dom é essencialmente lingüistico, é mais fácil compreender a razão pela qual Paulo o coloca no fim da lista, e porque não é mencionado nas três outras listas.”
Posso ta parecendo prolixo e chato por está tocando nesse assunto pela terceira vez, mas tenho que admitir que a posição cessacionista é forte e precisa de uma refutação a altura. Suas respostas foram boas e agradeço já mais uma vez a paciência em me responder.

Em Cristo,

Joabe.

Silas Daniel disse...

Caro Joabe,

Que eu saiba, Stott não tem se mostrado um cessacionista nos últimos anos. Ele, por exemplo, não tem negado a contemporaneidade dos dons espirituais, mas afirma que os dons do Espírito, todos, são para hoje, inclusive as línguas; contudo, por outro lado, ainda tenta sustentar que batismo no Espírito Santo é sinônimo de conversão, e não uma experiência distinta e subseqüente à conversão. Em outras palavras, Stott tenta criar um meio termo entre a teologia evangélica pentecostal e a evangélica não-pentecostal. Os dois proponentes dessa idéia, que começou a se popularizar nos anos 80 aqui no Brasil, foram ele, Stott, e um teólogo sulamericano, cujo nome me foge agora (estou longe de minha biblioteca nesse instante para consultar). Ambos lançaram obras mais ou menos na mesma época defendendo a mesma ideia. Entretanto, o argumento deles foi rapidamente refutado na época, ainda em seu nascedouro. Essas obras são datadas, argumentos já antigos e superados.

Foi bom você citar Stott aqui porque isso me dá novamente a oportunidade de frisar algo que, de vez em quando, ressalto neste blog: nenhum teólogo deve ser lido acriticamente. Todos, por mais brilhantes que sejam em muitos pontos, devem ter seu conteúdo sempre submetido ao escrutínio bíblico. Por exemplo: o fato de Stott já ter produzido vários textos brilhantes de conteúdo absolutamente ortodoxo não quer dizer que ele, de vez em quando, não cometa as suas "furadas". Infelizmente, comete. E feias! Mas, perceba: com isso não estou dizendo que a teologia de Stott é toda viciada. Não! Ao contrário, a maioria esmagadora da sua produção teológica é absoluta e biblicamente ortodoxa (Exemplos: "A Cruz de Cristo"; "Mentalidade Cristã"; "Comentário de Romanos" etc). Aliás, considero o anglicano John Stott um dos mais significativos teólogos do século 20, com muitíssimo conteúdo de excelente qualidade e pura ortodoxia. Porém, Stott também tem suas tremendas "furadas", reconhecidas inclusive por seus pares. Que o digam os também anglicanos James Packer e Martin Lloyd Jones.

Stott, por exemplo, é universalista. Isso mesmo! E mais: também não crê na existência de um Inferno literal. Um dos que o combateram na época por esses dois equívocos, como não poderia deixar de fazer, foi James Packer. Leia, por exemplo, aqui: http://www.bomcaminho.com/jip001.htm

Outra "furada" feia dele foi justamente essa colocação absurda de que os pentecostais dizem que o falar em línguas é uma "experiência extática" e que as línguas são sempre idiomas conhecidos.

Primeiro: nunca os pentecostais clássicos disseram que as línguas são uma experiência extática, como se fossem iguais às experiências de transe e de ficar fora de si propaladas por outras religiões. Joabe, não sei se você é batizado no Espírito Santo, mas se é, sabe muito bem que quando o Espírito Santo nos concede que falemos em línguas não ficamos fora de nós mesmos, em transe. Quando falo em línguas pela Graça de Deus, não fico fora de mim. Nada disso! Quando isso acontece, estou plenamente conciente de quem sou, onde estou, do que está acontecendo e dos sentimentos que transbordam em meu coração. Línguas estranhas não são (e nunca foram defendidas por qualquer teólogo pentecostal clássico como) uma "experiência vocal extática". Nem a Bíblia fala dessa experiência como sendo assim (e ela é a nossa única regra de fé e prática), nem os pentecostais ensinam que ela é assim e quem passou pela experiência de falar em línguas sabe, na prática, que não é assim.

O téologo Donald Stamps, por exemplo, em seu comentário na "Bíblia de Estudo Pentecostal" (CPAD), faz questão de destacar e desfazer essa popular afirmação totalmente improcedente que alguns cristãos não-pentecostais, infelizmente, têm feito. Leia lá o segundo parágrafo do estudo sobre as línguas da página 1631 da sua "Bíblia de Estudo Pentecostal". Cito Stamps porque é o texto que está mais à mão agora (volto a dizer: estou longe de minha biblioteca) e, imagino, é também o mais acessível ao irmão nesse momento. A maioria dos pentecostais no Brasil tem um exemplar da BEP em sua casa.

E em segundo lugar, ao afirmar que as línguas são sempre um idioma conhecido, Stott está passando descaradamente por cima de 1Coríntios 14.2. Nesse texto, como mencionei mais de uma vez, Paulo afirma, com todas as letras, que as línguas são, via de regra, uma idioma não-conhecido pelos seres humanos, mas somente conhecido por Deus.

Mais outra "furada" dele é dizer que as línguas não são idioma desconhecido porque, no orginal, na maioria das passagens, o que se lê é apenas "glossa", que significa... idioma! Ora, ninguém está dizendo que as línguas não são "glossa". O que é língua, Joabe, se não idioma? A questão é se a "glossa" (o idioma, a língua) é conhecida ou não, e Paulo diz que não é, que trata-se de um idioma conhecido só por Deus (1Co 14.2). Ninguém está dizendo que as línguas não são um idioma. A questão é se esse idioma é, via de regra, conhecido ou não - e Paulo responde: Não!

Ademais, é falsa a afirmação de que não há passagens bíblicas chamando as línguas diretamente de desconhecidas, mas apenas textos que sugerem que são desconhecidas. Em pelo menos duas passagens, o texto bíblico mais do que sugere no original que as línguas são estranhas - ele é direto quanto ao assunto em 1Coríntios 14.2 e 1Coríntios 14.19. Nessas passagens, esse idioma, essa "glossa", é chamado, adjetivado, de misterioso e desconhecido.

Por fim, dizer que línguas desconhecidas seriam um contrasenso porque "Deus não tem prazer no irracional e no ininteligível" é um silogismo pífio. Há muitos milagres divinos que dão um nó na lógica humana, e nem por isso podemos dizer que os atos de Deus são uma chancela ao irracional e ininteligível. Ademais, o texto bíblico diz que as línguas são expressão de louvor a Deus. A pessoa que as fala pelo menos sabe e sente que está louvando a Deus. E mais: Paulo diz que trata-se de um diálogo muito edificante da pessoa com Deus (1Co 14.2). Logo, em que esse fenômeno implicaria, como teme Stott, em Deus estar chancelando o inútil, o irracional e o ininteligível? O que Paulo reprova não é o falar em línguas em si (em nenhum momento ele o faz), mas, sim, o uso incorreto das línguas, os excessos que provocam desordem; é o culto público só de línguas, sem palavras inteligíveis, não as línguas em si. Paulo assevera que as línguas não devem ser relegadas nem proibidas (1Co 14.5,39); que deve-se orar tanto em línguas quanto em palavras inteligíveis (1Co 14.15); que quem ora em línguas "ora bem" (1Co 14.14) e é edificado (1Co 14.4); e que ele mesmo falava muitíssimo em línguas em seus devocionais, mais do que os crentes em Corinto (1Co 14.18). Pergunta-se: Ao afirmar tudo isso, estaria Paulo chancelando uma ação, comportamento ou, para ser mais direto, adoração irracional e inútil?

Pois é, Joabe. Stott, infelizmente, mais uma vez errou feio.

Abraço!

Anônimo disse...

Caro Pastor,
A Paz do SENHOR.
Muito obrigado por me responder mais uma vez. Só queria saber se o senhor conhece algum artigo ou livro em que Stott fala sobre a contemporaneidade do dons. Não que ele seja uma autoridade para mim, mas ele é um referencial para muitos cessacionistas. Se o senhor conhecer , e puder me indicar , eu agradeço.
Existe um teólogo pentecostal chamado Gordon Fee, provavelmente o conheça melhor que eu, que parece defender (assim como Stott) , que o Batismo no Espirito não é obra subsequente à conversão. O Gutierres (Teologia Pentecostal) escreveu um artigo muito interessante sobre isso. http://teologiapentecostal.blogspot.com/2008/08/o-batismo-no-esprito-santo-parte-03.html
O senhor citou dois “teólogos anglicanos” que discordam de Stott , entretanto “eu acho” que Lloyd Jones não era anglicano e sim congregacional. Foi me feita a pergunta se sou batizado e se possuo a Biblia de Estudo Pentecostal e respondo que eu sou batizado tanto nas águas como no Espírito também, e possuo sim a BEP.
Um Abraço e feliz ano novo.

Silas Daniel disse...

Caro Joabe, a Paz do Senhor!

Sobre a posição mais flexível de Stott em relação aos dons, como te falei, é recente. E acrescento: ambígüa. Explico: Apesar de oficialmente John Stott ainda se dizer cessacionista (em relação aos dons chamados extraordinários), ele tem se mostrado, na prática, extremamente flexível em relação à sua posição cessacionista, já que, por exemplo, tem se declarado condescendente com (e apoiado no seio anglicano) o chamado anglicanismo carismático, que crê na contemporaneidade de todos os dons espirituais. Em suma, Stott, oficialmente, mantém sua posição, mas, na prática, apóia os grupos carismáticos dentro de sua própria denominação, que detêm um posicionamento teológico que diverge em alguns pontos com o que ele ensina em sua obra "Batismo e Plenitude do Espírito". Stott também chegou a declarar que crê que "os dons do Espírito são para hoje", embora ambigüamente continue reticente em relação a alguns desses dons do Espírito.

Sobre o Gordon Fee, ele é pastor, ordenado pela Assembléia de Deus dos EUA. Fee crê que o batismo no Espírito é uma experiência subseqüente à conversão, mas não crê que as línguas sejam necessariamente a evidência do recebimento. E sobre o Lloyd-Jones, ele nunca foi congregacional. Lloyd-Jones, além de ter sido anglicano até à sua morte, foi o pastor da célebre Capela de Westminster, na Inglaterra, durante três décadas.

Sobre as perguntas acerca da experiência do batismo no Espírito Santo e da BEP, imaginei, com acerto, que a resposta a ambas seria "sim". Evoquei a descrição da experiência do batismo no Espírito porque ela confirma a afirmação bíblica e lembrei o comentário de Stamps na BEP, volto a dizer, porque era o texto mais acessível para exemplificar aquela informação.

Finalmente, quero acrescentar que fiz uma visita recentemente ao blog do meu amigo, pastor Ciro Zibordi, e constatei lá que você fez-lhe as mesmas perguntas, para as quais o Ciro deu respostas corretíssimas. Ou seja, creio que você já está bem servido de esclarecimentos a respeito desse assunto.

Abraço!

Anônimo disse...

Pastor Silas,
A Paz do SENHOR.
Na verdade eu mandei os mesmos questionamentos para alguns outros irmãos, entre eles o Pastor Ciro Sanchez, como deixei claro no primeiro comentário quando disse : “Vou pedir opinião de outros irmãos sobre o assunto enquanto aguardo sua resposta”. Contudo,até agora somente o senhor e o Pastor Ciro responderam. E como o senhor deve ter visto, ele concordou em praticamente todos os pontos que o senhor falou. Parece que devo “rever meus conceitos”, rsrsrs. Obrigado mais uma vez pela paciência e pela forma como o senhor responde, que é de forma bem esclarecedora. Entretanto, tenho algumas ressalvas a fazer sobre algumas afirmações que o senhor fez sobre Gordon Fee e sobre Lloyd Jones(olha eu de novo discordando).

Gordon Fee
John W.Wyckoff escreveu no capítulo treze (O Batismo no Espírito Santo) da Teologia Sistemática, editada por Stanley Horton, sobre a interpretação de algumas passagens importantíssimas para compreensão e aceitação da doutrina pentecostal do Batismo no Espírito Santo. São elas: O dia de Pentecostes, At 2. 1-13; o reavivamento em Samaria, At 8.4-19; a experiência de Paulo, At 9.1-19; Cornélio e outros gentios, At 10.44-48 e 11.15-17; e os crentes de Éfeso, At 19.1-7. John W.Wyckoff fala sobre a interpretação dos que não acreditam haver uma distinção entre batismo no Espírito de regeneração, e depois fala sobre a interpretação pentecostal clássica. Ele afirma que Fee,embora pentecostal, concorda com Anthony Hoekema e John Stott, em relação a critica que os mesmos fazem ao processo de formular doutrinas e práticas com base em partes “históricas” e não em partes “didáticas” das Escrituras. Gordon Fee, segundo John Wyckoff, diz que esse procedimento faz parte de um tipo de hermenêutica pragmática que os pentecostais freqüentemente empregam em lugar de uma hermenêutica cientifica.
Lloyd Jones
A minha dúvida em relação a Martin Lloyd Jones é se ele era mesmo Anglicano. Um amigo me falou que no livro Gigantes da Fé de Franklin Ferreira , o autor trata ele como congregacional. Pode parecer meio um tiro no escuro que eu dei mas no livro “A Igreja e as Últimas Coisas”, Lloyd Jones faz criticas ao sistema de governo Episcopal, modelo que a igreja anglicana usa, e critica o batismo infantil, uma tradição que os anglicanos praticam. Se o senhor puder me informar alguma outra fonte eu agradeço.

Em Cristo,

Joabe

Silas Daniel disse...

Caro Joabe,

Pesquisei em meus arquivos e constatei o equívoco monumental que cometi em relação à biografia de Martin Lloyd-Jones. Peço desculpas. Logo eu, que prezo tanto pela precisão das informações e, como se não bastasse, gosto tanto dos escritos de Lloyd-Jones, acabei cometendo um equívoco desses. É o que dá confiar em minha memória. Se estivesse com meus arquivos e livros próximos quando postei o comentário, não teria cometido o erro, porque tenho por hábito sempre consultar as informações que forneço para não cometer equívocos. Enfim, Lloyd-Jones passou a maior parte da sua vida, e até o fim dela, em uma igreja protestante livre. Inclusive, a Capela de Westminster, que pastoreou por 30 anos, não é anglicana.

Agora, sobre Gordon Fee, diferentemente de Stott e Hoekema, ele não diz que o batismo no Espírito Santo é sinônimo de conversão. Sua concordância com eles se dá apenas no que diz respeito a ver Atos mais como um material histórico do que didático, mas, mesmo assim, a aplicação que faz dessa abordagem é diferente da de Stott e Hoekema.

Como você citou Wyckoff, lembro que este, inclusive, na página 442 de "Teologia Sistemática - Uma perspectiva pentecostal" (CPAD), registra que Fee, apesar de sustentar que Lucas em Atos está apenas "escrevendo matéria histórica" e "não pretende ensinar doutrinas e práticas normativas para a Igreja em todos os tempos", declara por outro lado que o que Lucas mostra como historiador "era a experiência normal dos cristãos do século I" e que, portanto, "qualquer padrão recorrente da vinda (ou presença) do Espírito revelado por Lucas pode ser repetido" e que "o modelo original de Lucas é algo que faríamos bem em aplicar como padrão à nossa vida". A única ressalva que faz, justamente por causa da sua ênfase apenas em Atos como livro histórico, é que "tal padrão não deve ser imposto como normativo".

Ainda na mesma obra, na página 439, Wyckoff menciona, refutando o ensino de que o batismo no Espírito é sinônimo de conversão, que Gordon Fee, diferentemente do que tentam argumentar os teólogos cessacionistas Dunn e Bruner, ressalta que "Lucas descreve os samaritanos como crentes em Cristo antes de o Espírito descer sobre eles", e portanto esse texto bíblico evidencia, como outros, que o batismo no Espírito é uma experiência subseqüente à Salvação.

Enfim, Fee, como pentecostal que é, crê que o batismo no Espírito é uma obra subseqüente à Salvação; só é reticente quanto a padronizar essa experiência como acompanhada sempre por línguas. Pelo menos é o que tenho lido dele e sobre ele até hoje. Se mudou a posição recentemente, aí eu não estou sabendo.

Abraço!

Anônimo disse...

Caro Silas,
É impressionante como o mundo pós-moderno tem sido incoerente com o seu ponto de vista. Eles acreditam num relativismo, mas ao mesmo tempo, quando se alguém crê na verdade absoluta do Evangelho é taxado de errado.

P.S: Se o senhor tiver um tempo, gostaria que participasse dum blog que eu e alguns amigos da minha cidade criamos. Ficaríamos muito feliz se o senhor pudesse comentar também.

Felipe Inácio

http://apologiaeespiritualidade.blogspot.com/

Soli deo gloria!!!

Silas Daniel disse...

Caro Felipe,

É o espírito do nosso tempo. Rememos contra essa maré.

Sobre novo blog, parabéns pela iniciativa. Breve farei uma visita ao "Apologia e Espiritualidade".

Abraço!