quinta-feira, 8 de outubro de 2009

A Alma e o Tempo

Quando a alma percebe o seu Amado no pano de fundo do tempo, por trás do tempo, ela aceita tudo que o tempo lhe pode proporcionar como bênção e expressões de amor. O que víamos com a lente do desânimo e da crítica como equívocos agora são vistos nitidamente como são na realidade – coisas imprescindíveis.
Ela vê tudo como necessidades, não erros. Ela aspira ao amor em cada momento. Ela vê uma mão amiga em cada porta aberta ou lacrada pelo tempo. Ela descobre Deus no tempo e isto lhe concede sensações agradáveis, estimulantes e refrigério.
Kairós guia cronos. Kairós usa cronos como método para tocar a alma. Kairós é a ação de Deus no tempo, é Deus fazendo os horários e a agenda da nossa vida.
Em síntese, a alma e o tempo são dois assuntos que podem ser contemplados por dois prismas diferentes: a alma em relação ao tempo ou o tempo em relação à alma, ou melhor, o tempo da alma ou a alma do tempo.
Alma e tempo, tempo e alma; a alma do tempo, o tempo da alma. Isto é mais do que um trocadilho de palavras.
A alma do tempo é a essência do tempo, o que podemos extrair dele; são lições que tentam nos passar. São elas que dão significado à existência do tempo. O tempo existe para nós sermos burilados e amadurecidos para Ele.
E o tempo da alma? A alma é imortal, e sua existência é tecida basicamente pela agonia e pelo amor. E o que vai determinar o sabor e os consequentes adjetivos da sua existência é o ambiente onde a alma se nutre. Quais os ambientes possíveis para ela?
O primeiro é o clima do inferno. Quando alguém não se rende a Jesus e se entrega aos vícios, ao mal, está implementando uma extensão do inferno na sua alma. O tempo do existir, para ele, se torna angustiante, a despeito de eventuais prazeres terrenos. Se eu cultivo o inferno na alma, a alma irá para o inferno.
O segundo é o clima do céu, as “regiões celestiais”. Quando me lanço nos pés de Deus, o céu desce à minha alma e o prazer se estabelece. Se eu cultivo o céu na alma, a alma irá para o céu.
Sempre o ambiente da minha alma será uma pequena maquete, uma pequena amostra, do meu destino pós-morte e o definidor das minhas angústias ou prazeres que sinto.
O Tempo regra a alma enquanto a alma se encontra no tempo [Uso o termo "Tempo" para referir-se ao ambiente onde estamos, o cosmos onde vivemos; e o termo "tempo" para se referir à nossa vida individualmente no Tempo. Quem conhece o livro Refelexõs sobre a Alma e o Tempo já está habituado ao uso diferenciado que faço desses termos a partir das iniciais maiúscula e minúscula]. Entretanto, quando a alma romper a esfera do tempo pelo toque da morte (às vezes doloroso, às vezes suave), o Tempo deixará de ser, mas para algumas outras almas (que ainda esperam o toque liberador da morte) continuará sendo, até que venha o instante em que o Deus da alma e do Tempo acabará com este último, pois este não se fará mais necessário. O Tempo existe por causa da alma e não a alma por causa do Tempo.
A partir desse período, quando o Tempo dará seu último suspiro e não se falará mais dele, não existirá mais hora, segundo ou milésimo, nem o dia terá mais seus fins e começos interligados por noites. A definição e limitação que acompanharam nossa vida no Tempo darão lugar a uma doce 'prolixidade', a maravilhosa ininterruptabilidade da eternidade.
O horário, que muitas vezes nos dizia quando sermos e quando não sermos, quando termos e quando não termos (pois já dizia Salomão que há tempo para tudo debaixo do sol), dará lugar ao ser para sempre e ao ter para sempre. As separações não mais ocorrerão.
Cumprir-se-á, então, os dizeres gravados no Relógio de Sol do Seminário de Princeton, nos EUA: “Unidos pelo Tempo. Separados pelo Tempo. Unidos, novamente, quando não houver mais Tempo!” E eu acrescentaria: “E para sempre!”
Os “atés” darão espaço para as reticências, o finito dará lugar ao infinito, a transitoriedade ao sem fim, a trivialidade no ambiente do Tempo será substituida pelas novidades sem término da liberdade que existe na eternidade.
As estações desvanecerão, nunca mais outono ou inverno, mas só primavera e verão; sempre haverá dia, nunca noite.
Os nossos passos não serão mais cronometrados, nossa vida não será mais regida pelo som incessante de tique-taques do relógio a nos provocarem ansiedade; não haverá mais pressa, demora, disputa, corrida, correria, adiantamento, atraso, agitação ou espera.
Não entenda essas minhas palavras como se eu estivesse a contradizer-me, afirmando que, naquele dia, acharemos que o Tempo foi péssimo. Pelo contrário, estaremos certos de que, de alguma maneira, ele foi bom para nós, mas agora nos espera o melhor – o céu com Deus.
O céu é um lugar preparado para um povo preparado, e esse preparo é feito no chão deste planeta. Por isso, quando saírmos daqui, não nos sentiremos como pessoas que passaram décadas dentro de uma cela escura e agora são postos em liberdade. Nos sentiremos como pessoas que passaram anos numa faculdade até receberem seus diplomas.
Quem é salvo sabe que a felicidade existe, começa na terra e existe apesar dos problemas. Lá no céu, ela existirá em maior grau e sem a presença do sofrimento e da espera. O Tempo terá cumprido o seu papel de universidade da alma.
Diante desta possibilidade, a alma exclamará: “Vitória!” – O alvo terá sido finalmente alcançado.
Mas, para alguns, em algum lugar no universo, a saída do Tempo não representará vitória, porém a concretização de uma terrível, sem precedentes e inesperada tragédia. Tudo será o oposto: noite sem fim, gemidos sem resposta, dores lancinantes, ranger de dentes, desespero, horror, angústia. Eles perceberão como o tempo, que foi desprezado, era importante, e desejarão que volte, mas será impossível.
Enquanto para uns o infinito será o começo, para outros será o fim. Enquanto para alguns a eternidade será um belo começo sem fim que abrirá portas para outros começos extraordinários, para outros será o terrível fim sem fim, o começo da impossibilidade de começos. Destinos, percepções e situações distintas para aqueles que viveram no tempo antagonicamente.
Estejamos certos: o que fazemos e o que deixamos de fazer no tempo, as nossas principais decisões aqui, afetarão a nossa estada na eternidade.
Mais do que nunca, sob a ótica desta verdade, consideremos a nossa alma e o nosso tempo e, acima de tudo, o nosso Deus, que nos assiste fora do Tempo, mas ao mesmo tempo (porém sem estar como nós, preso ou sujeito ao Tempo) na nossa alma, trazendo um pedaço da eternidade ao nosso pequeno e frágil coração.
Que sua alma, neste tempo, tenha e mantenha esta oração:

Deus, ajude-me a não odiar o meu tempo e amar a eternidade contigo mais do que qualquer coisa. Ajude-me a viver para Ti nesse mundo com toda intensidade do que eu sou. Ajude-me a conhecer o meu tempo, a me refazer quando preciso, a me esquivar quando for necessário, a saber quando dizer ‘sim’ e quando dizer ‘não’. Quero acertar o relógio da minha alma com o Teu. Não quero nunca me adiantar ou me atrasar em relação à Tua Vontade, Senhor. Fecha todas as portas para mim, a não ser a certa. Quero sempre perceber e aproveitar o tempo oportuno e ideal. Que haja sempre sincronia entre cronos e kairós.
Amante e Amado da minha alma, ajude-me a suportar o que esta dimensão pode me reservar e aproveitar cada situação abstraindo-a e, assim, obter inferências, novos conteúdos para meu caráter. Auxilia-me a reconstruir cenários neste chão passageiro que sirvam de marcos que ajudem muitos e estimulem o louvor ao Teu Nome. Concede-me em tudo que eu sempre veja que somos do Eterno, mas estamos emprestados ao Tempo, para que o Tempo, que foi feito pelo Eterno, nos molde, até o momento tonicamente anelado em que sairmos do Tempo ao Eterno para no Eterno permanecermos. É o que te peço, sinceramente, em nome de Jesus”. Amém!


Se essa for a sua oração, o Deus do tempo terá com certeza se tornado o Deus da alma. Você sempre encontrará Deus no seu tempo e pode estar seguro de que viverá eternamente com Ele no além-Tempo. Ele o ajudará! Você conseguirá, em nome de Jesus!
'O Senhor te guardará de todo o mal; Ele guardará a tua alma' (Salmos 121:7a).

(Este texto foi extraído da minha obra Reflexões sobre a alma e o tempo, lançada pela CPAD em 2001. Dedico esta mensagem à memória do irmão Josias, meu sogro, que partiu para a eternidade em 29 de setembro)

11 comentários:

André Quirino disse...

Prezado pastor Silas Daniel, a Paz do Senhor!

Meus pêsames pelo falecimento do irmão Josias, seu sogro.

Eu tive o prazer de conhecer o senhor pessoalmente no mês passado, em minha igreja, aqui em Linhares - ES. E ainda, tirei fotos, o senhor dedicou o livro e o DVD de sua autoria que tenho e lhe entreguei a obra que escrevi.

No domingo pela manhã, após o estudo bíblico, o senhor concedeu uma entrevista à nossa Rádio Web AD Linhares (www.ieadlinhares.com.br) e tive mais uma honra: a de lhe entrevistar. Através do Messenger, um ouvinte perguntou sobre as tribulações pelas quais o senhor e a irmã e cantora Lília Paz, sua esposa, já passaram juntos. O senhor citou - e pediu oração, inclusive - justamente o estado de saúde de seu sogro, o irmão Josias. Dois dias depois, ocorreu o falecimento.

Considerando as muitas orações em favor dessa situação, podemos ter a convicção de que a vontade de Deus foi realizada. Aprouve ao Senhor que, através da sua vida e da irmã Lília, o seu sogro voltasse aos caminhos do Senhor e, algum tempo depois, viesse ser recolhido ao Céu.

Temos a certeza de que a alma do irmão Josias está agora num tempo de paz. E, em breve, também virá o tempo em que todos nós nos encontraremos no Céu e congratularemos com Cristo. Naquele dia, "Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas" (Ap 21.4).

Paulo escreveu: "Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança. Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele. Dizemo-vos, pois, isto pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem. Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor. Portanto, consolai-vos uns aos outros com estas palavras" (1 Ts 4.13-18).

A morte acomete a todos. Mas os que morrem com Cristo têm uma esperança, e ela deve nos alegrar. O irmão Josias está, agora, num lugar bem melhor. De qualquer forma, ele teve a oportunidade de viver uma bela vida, com uma família que o amava, e esses momentos de alegrias é que devem ser lembrados sempre. E a vida continua!

Nestes momentos de angústia é que Deus olha do Céu para nós e vê se somos realmente servos dEle, até na hora da tribulação. E se a resposta for positiva, a recompensa é muito grande! Com tudo isso, nossa fé é melhorada, nos achegamos mais a Deus e, futuramente, podemos contar o testemunho da vitória.

"Porque eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida a minha pele, ainda em minha carne verei a Deus. Vê-lo-ei por mim mesmo, e os meus olhos, e não outros, o verão; e, por isso, o meu coração se consome dentro de mim" (Jó 19.25-27).

Ademais, belíssima reflexão! Que Deus conforte o coração de toda a família do irmão Josias neste momento difícil. O Senhor é convosco! Contem com nossas orações.

Para a sua reflexão, deixo João 11.25-27: "Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá; e todo aquele que vive e crê em mim nunca morrerá. Crês tu isso? Disse-lhe ela: Sim, Senhor, creio que tu és o Cristo, o Filho de Deus, que havia de vir ao mundo".

Em suma, a morte não nos separa do amor de Deus; em todas essas coisas, somos mais do que vencedores por aquEle que nos amou (Rm 8.31-39)! E até quando morremos, é para o Senhor (14.7-9).

Um forte abraço!

Silas Daniel disse...

Caro André, a Paz do Senhor!

Obrigado por suas palavras. Sentimos a dor da separação momentânea, mas maior é o consolo que temos por saber que o irmão Josias está com o Senhor e o veremos um dia lá na Glória. Aleluia!

Sobre nossa participação no evento em Linhares, foram dias abençoados na presença de Deus. E foi um prazer revê-lo, conceder aquela entrevista e conhecer os seus pais e o belo trabalho que você desenvole na rádio da igreja em Linhares. Um abraço a todos!

Alex Malta Raposo disse...

Parabéns pelo blog.

Que o Senhor Deus prossiga abençoando este espaço.

Se quiser conhecer a minha página, o endereço é www.alexmaltta.blogspot.com
Evangelho da Graça

Félix Silva disse...

paz do SENHOR!!!!
sou um de Recife e estou segundio o seu blog!!!!ke Deus continue lhe abençoando!!!!....da uma passadinha no meu blog!!!!
fika na paz!!!!

Dinho disse...

Pastor Silas a paz!!!! O que eu vou falar não tem nada haver com o seu post. Eu trabalho em uma livraria evangelica em Natal. Queria saber pq os livros da CPAD são tãos caros em relação aos livros de outras editoras, por exemplo VIDA e MUNDO CRISTÃO. Os clientes reclamam bastante, fora o fato de vcs não darem um desconto muito bom pras livrarias. Se a VIDA E MUNDO CRISTÃO podem vender mais barato, porque a CPAD não pode????
simm, e gostei muito do seu livro a sedução das novas teologias..
Fica com Deus

Joelson Gomes disse...

Olá Silas, encontrei por um artigo seu aqui em seu espaço falando um pouco sobre a historia e conquistas protetantes (http://silasdaniel.blogspot.com/2007/10/reforma-protestante-490-anos-de.html , parabes. Só registro um senão, ao falar de Robert Kalley fundador de minha tradição protestante Congregacional, e logo após citar Simonton e a escravatura, faltou dizer do avanço do Dr. em relação ao fato, ao inaugurar uma classe para negros em 1855, 33 anos antes da abolição.

Anraços e Deus o abençoe sempre.
Sobre Kalley escrevi algo aqui: http://www.historiacongregacional.blogspot.com/

Joelson Gomes

http://gracaplena.blogspot.com

Silas Daniel disse...

Caros Alex, Félix e Dinho, a Paz!

Obrigado pelas palavras de motivação e apreço!

Abraço!

Silas Daniel disse...

Caro Joelson, a Paz!

Obrigado pela importante informação. Breve farei uma retificação na referida postagem, acrescentando esse dado.

Abraço!

Anônimo disse...

Pastor Silas, a paz do Senhor!

Antes de mais nada quero presta minha condolências ao senhor e a irmã Lília, que Deus venha lhes confortar de forma plena.

O senhor fala sobre o tempo neste texto e até escreveu um livro sobre esse tema. No livro o senhor fala que Deus não vive no tempo. Na verdade o “tempo” de Deus seria “aiónios”, ou seja, uma dimensão imensurável, e o nosso tempo é o “cronos”. Em “aiónios” não há sensação de passado ou de futuro. E assim eu creio também.
Contudo, conversando com um amigo, aparentemente teísta aberto, ele me falou que a noção de tempo que Deus tem é a mesma que a nossa. E que o conceito de Ele vive “fora” do tempo não é conceito cristão. Seria uma espécie de filosofia grega. Ele me pediu respaldo bíblico em defesa do pensamento tradicional sobre a diferença do tempo e da eternidade.
Peço sua ajuda.

Um abraço, Joabe Ferreira.

Anônimo disse...

Ah, tenho outra dúvida para tirar com o senhor. Rsrsr! Não abusando da sua boa vontade é claro. Neste trimestre estamos estudando sobre Davi. E uma coisa que queria saber era em qual situação “jurídica” Davi deveria ser enquadrado por ter maquinado a morte de Urias. Pela lei de Moisés, um assassino deveria ser morto. E se Davi foi responsável pela morte de Urias, e é o que o texto sagrado dar a entender, ele deveria ser morto. Por que Davi não foi executado então? Ele tinha “fórum” privilegiado? Ou não foi responsabilizado pelo fato de Urias ser heteu?

Silas Daniel disse...

Caro Joabe, a Paz!

Dizer que a onisciência de Deus é uma invenção da filosofia grega é uma das mais famosas distorções do Teísmo Aberto, pois o Antigo Testamento, que afirma a onisciência divina, foi escrito antes mesmo de os primeiros passos da filosofia grega serem dados. O Teísmo Aberto é uma bizarria teológica que afirma, entre outras coisas, que Deus não conhece o futuro. Os adeptos dessa teoria se dividem entre dois argumentos: uns dizem que Deus não pode conhecer o futuro porque o futuro não existe - logo, é impossível algum ser ter presciência e, por conseguinte, o futuro está aberto até para Deus (sic); outros teístas abertos afirmam que mesmo que Deus tenha o poder de saber o futuro, Ele o ignora porque escolheu não saber o que virá (sic). Assim, o futuro, também nessa perspectiva, está em aberto para Deus.

Para sustentar essa teoria, é preciso conceber que Deus não está fora do tempo, vendo o passado, o presente e o futuro como se fossem uma só coisa para Ele. Para o Teísmo Aberto, Deus está dentro do tempo e sujeito a ele. O tempo, para o TA, é uma realidade que antecede o Criador ou coexiste com Ele. Porém, a Bíblia afirma que Deus é eterno e transcendente, que Ele habita a eternidade (Is 57.15), que não teve começo e não terá fim (Is 43.13; Sl 102.27), que antecede a existência do cosmos e do tempo (Sl 90.2), e que Ele criou o cosmos e o tempo (At 19.24-26). Diz também que Deus sabe de tudo antes de tudo acontecer (Is 46.10) e que não está preso ao tempo (Sl 102.27).
Isaías 46.10 e Salmos 139.1-18 (especialmente os versículos 2 a 4) são os textos mais conhecidos dentre os que afirmam claramente a onisciência de Deus (o conhecimento exaustivo de Deus em relação a todas as coisas passadas, presentes e futuras). O salmista também disse: “Os meus tempos [passado, presente e futuro] estão nas Tuas mãos” (Sl 31.15).
Portanto, os acontecimentos passados, presentes e futuros estão todos sob o controle divino; Ele os conhece e é Ele quem permitiu que os acontecimentos passados se tornassem realidade e permite que os acontecimentos presentes e futuros se tornem realidade. Logo, não há acontecimentos futuros que sejam hoje só possibilidades para Deus, mas todos os acontecimentos futuros são realidades já conhecidas por Ele, pois é Ele que os permite (dentro de Sua vontade absoluta ou permissiva).

Salmos 147.5 diz: “Grande é o nosso Senhor, e de grande poder; o seu conhecimento é infinito” (Sl 147.5). Infinito é... infinito! O futuro para nós é apenas um conjunto de possibilidades com só algumas certezas que temos por fé em Deus e na Sua Palavra. Mas, para Deus, não. O Seu conhecimento é infinito. Ou seja, à luz da Bíblia, para Deus, o futuro já é todo realidade.

Lembrando ainda que, à luz das últimas descobertas na área de Cosmologia (para isso indico os livros “Breve história do tempo” de Stephen Hawking e “Mostre-me Deus”, de Fred Heeren), o tempo nem sempre existiu. Ele foi criado juntamente com o cosmos. E se cremos que foi Deus quem criou o cosmos, logo Ele está forçosamente fora do tempo, se não não poderia criar o cosmos. Enfim, o Teísmo Aberto não faz sentido nem biblicamente nem cientificamente.

Mais sobre os equívocos do Teísmo Aberto, indico meu livro "A Sedução das Novas Teologias" (CPAD). Há dezenas de páginas sobre o assunto ali.

E sobre a pergunta a respeito do pecado de Davi, creio que foi o pastor Alexandre Coelho ou o pastor César Moisés quem escreveu uma boa análise bíblica sobre esse assunto no livro "Davi - vitórias e derrotas de um homem segundo o coração de Deus" (CPAD), do qual são co-autores. Indico.