Confesso que, até poucas semanas, estava muito desanimado com a atual corrida presidencial nos Estados Unidos, porque, mesmo os republicanos tendo “a faca e o queijo na mão” para derrotar Obama nas urnas em novembro, nenhum candidato para concorrer à Presidência pelo partido me empolgava. Donald Trump? Nem pensar! Rick Perry? Em relação a seus posicionamentos, mais ou menos, mas é um desastre em debates. Michele Bachman? Tem um perfil interessante, mas não parecia ainda ter o preparo ideal. Faltava algo. E o Herman Cain? Confesso que a candidatura do empresário e pastor negro batista licenciado chegou a me empolgar inicialmente, mas depois Cain mostrou-se uma tremenda decepção quando surgiram algumas denúncias na área moral em relação ao seu passado.
No final, quais nomes sobraram? Mitt Romney, Newt Gingrich, Ron Paul e Rick Santorum. Há algumas semanas, resumiria a minha impressão sobre o quarteto remanescente em quatro frases: Romney – “Apesar de alguns senões, considero um bom nome, mas também não provoca entusiasmo”; Gingrich – “Só se for o jeito”; Ron Paul – “Libertário demais”; Santorum: “Se conseguisse emplacar, seria interessante, mas não tem dinheiro e influência no establishment republicano para isso”. Depois de um mês, eu só mudaria a última frase. Agora, posso dizer: “Sim, Santorum é viável”.
Sobre Gingrich, apesar de reconhecer que ele seria um nome que eventualmente poderia unir os extremos do Partido Republicano, pesa contra ele o histórico de “vira-casaca” e o fato de, mesmo tendo propostas interessantes, às vezes se perder pela boca. Por essas razões, o luterano-que-se-tornou-batista-e-hoje-é-católico Newton Leroy Gingrich nunca me passou confiança. Além disso, tem uma trajetória de vida pessoal atribulada com dois divórcios, dois adultérios etc, e mesmo tendo sido sempre contrário ao aborto, contraditoriamente foi, até pouco tempo, defensor da liberação da destruição de embriões para pesquisas com células-tronco. Ele mudou de posição só um dia desses e, tudo indica, por conveniência. Enfim, Gingrich não passa segurança, apesar de ter lá o seu valor como político.
Já o batista Ronald Ernest Paul – mais conhecido como Ron Paul – é mais um libertário do que realmente um conservador. Diferenciando de forma prática, um conservador (conservative) é conservador socialmente e liberal economicamente; já um libertário é liberal economicamente como os conservatives, porém liberal socialmente. Há libertários que chegam a ser ultra-radicais em seu liberalismo social e econômico. Por isso, alguns teóricos defendem que chamemos os libertários menos radicais de libertarianos, e não de libertários. Os libertarianos seriam uma espécie de esquerda da direita. O ex-médico obstetra Ron Paul é um libertariano típico. Por exemplo, é absolutamente contra o aborto (inclusive, é criador do projeto de lei “Santidade da Vida”, de 2005), mas a favor da legalização das drogas e da união civil homossexual. Apesar de ter muito apoio entre os jovens, sobretudo da esquerda americana, Paul não deve conseguir apoio do partido para sua candidatura e, ainda que conseguisse, por suas posições polêmicas, que mais dividem do que unem, não teria chances de ganhar em um pleito presidencial.
Enfim, por eliminação, em minha mente, sobrariam apenas os nomes de Mitt Romney e Rick Santorum. Curiosamente, semanas após essa minha reflexão pessoal, eles acabaram se tornando os que têm mais chance hoje, deixando para trás Gingrich e Paul.
Mitt Romney não é uma opção ruim, mas nunca me animou. E não é simplesmente por seu mormonismo. Apesar de esposar a bizarra fé mórmon, o que por si só já me incomoda, reconheço que ele tem suas virtudes como candidato, de maneira que confesso que, entre Obama e Romney, ficaria, embora sem entusiasmo, com o republicano. Obama aprovou o financiamento público do aborto, liberou a destruição de embriões para pesquisas, fez campanha em favor dos projetos de lei que estabelecem a união civil homossexual e que criminalizam qualquer declaração contrária à prática homossexual, executou uma política econômica que foi um fracasso, dentre outras decisões absolutamente reprováveis. A única conquista concreta do democrata – a captura de Bin Laden – se deveu à eficiência de um republicano e não aos seus próprios méritos. O único mérito de Obama nessa história foi ter mantido o secretário de Defesa Robert Gates, empossado por Bush em seu segundo mandato. Ele era o único republicano dos secretários do governo Obama (secretários são como os ministros de Estado são chamados lá). Gates disse a Obama que aceitaria o seu convite para permanecer no cargo, mas apenas até encontrar Bin Laden, pois, imediatamente depois disso, entregaria o cargo. Foi o que fez. Missão cumprida, pulou fora do barco.
Bem, do liberalismo social de Obama já sabemos. E Romney? Seria um “liberal enrustido”, como acusou Gingrich? Não, nada disso. Em contraposição a Obama, o republicano Romney é conservador, mesmo não o sendo de primeira hora. Nos anos de 1990, ele foi confessada e publicamente tolerante com a agenda do liberalismo social, mas deu uma guinada pública de 180º ao conservadorismo há dez anos. A guinada total se deu em 2005, quando Romney passou a opor-se não mais parcialmente, mas integral e contundentemente a tudo com o qual condescendera nos anos 90. Além disso, seguindo a cartilha do conservadorismo, foi um governador que colocou em ordem as contas do seu Estado sem aumentar impostos, sem castigar os cidadãos pelos erros do governo. Some-se a isso o fato de que sempre demonstra muito equilíbrio em seus discursos e temos diante de nós um candidato interessante.
Portanto, é um erro tolo considerar que os evangélicos norte-americanos estariam se equivocando em votarem em Romney em uma eventual disputa com Obama só porque o republicano é mórmon. Não faz sentido. Na falta de melhor opção, evangélicos podem votar (e votam) naturalmente em candidatos não-evangélicos que considerem mais competentes e com valores sociais menos distantes daqueles que esposam, independente da filiação religiosa dos candidatos. Aliás, independente de quem ganhar o direito de ser o candidato do partido à Presidência, os republicanos não terão neste ano um candidato evangélico. Rick Perry, Michele Bachman e Herman Cain já saíram da disputa. Ou teremos um católico (Santorum ou Gingrich) ou um mórmon (Romney).
Romney tem muito mais qualidade que Obama e este, além de não demonstrar competência, sabemos que de evangélico já mostrou há muito tempo que não tem nada. Mal assumiu o governo, deixou de congregar em alguma igreja, pois era cristão só por conveniência; seus valores chocam-se frontalmente com a Palavra de Deus e, como se não bastasse isso, o próprio Barack Hussein Obama já fez discursos dizendo que a Bíblia não seria referência para ele como governante (aqui) e citando e depreciando publicamente passagens das Escrituras em prol da agenda homossexual (aqui).
O maior problema de Romney é que ele é um candidato sem carisma algum. Diferentemente do que acha a jornalista e escritora republicana Ann Coulter, que é ardorosa defensora da candidatura de Romney, eu não vejo nada tão empolgante nele. Aliás, se não fosse a falta de um forte “algo a mais” na maioria dos candidatos e a enorme fortuna pessoal de Romney para incrementar a sua campanha, duvido que ele chegasse a ter alguma chance neste pleito interno entre os republicanos. Na primária de 2008, ele chegou a perder para John MCain, que era muito mais liberal que Romney!
E Santorum?
Para mim, ele é, sem dúvida, a grata surpresa dessas primárias. Conservador de verdade, e de primeira hora, o católico Richard John Santorum – ou simplesmente Rick Santorum – só tinha um problema: era o que tinha menos dinheiro para campanha e o de menos nome entre os demais postulantes. Era olhar para o nome nele na lista e pensar: “Puxa, seria uma boa opção, mas não terá chance”. Gosto de Santorum não é de hoje – já indiquei artigo dele neste blog há alguns anos. Só que, por todos esses fatores, não acreditava que sua candidatura pudesse “decolar”. Porém, depois de sua tripla vitória extraordinária no Colorado, Minessota e Missouri, além da vitória em Iowa e do apoio maciço a ele por parte dos evangélicos republicanos nesses Estados (Mais de 70% dos evangélicos no Colorado, um Estado-chave do chamado “Cinturão da Bíblia”, apóiam Santorum para presidente), Santorum entrou de vez na briga. Desde o dia 16 de fevereiro, o mais conservador de todos os quatro postulantes está à frente em todas as pesquisas dentro do partido e não sai da ponta. Na última pesquisa Gallup, de 22 de fevereiro, ele estava com 35% das preferências contra 27% de Romney. E Santorum ganhava de Romney não só nacionalmente, mas também em todas as quatro regiões do país, e tanto entre homens como entre mulheres republicanos. Ganhava, inclusive, no Arizona e em Michigan, terra natal de Romney e Estados das primárias da semana que vem. Ele também estava em alta nos Estados da tão esperada “Super Terça” de 6 de março.
Santorum vai ganhar a indicação? Não sei. Ainda há muita água para rolar debaixo da ponte, mas é fato que ele já é hoje uma realidade mais do que possível, superando todas as previsões iniciais.
O que o eleitorado americano acha de Obama, Romney e Santorum
Duas pesquisas Gallups de ontem trouxeram dados interessantes sobre a impressão que o eleitorado americano tem hoje dos candidatos Obama, Romney e Santorum.
Primeiro, as pesquisas mostram que em uma eventual disputa entre Obama e Romney, o republicano teria hoje vantagem: 50% dos norte-americanos votariam no republicano contra 46% que votariam no democrata. Porém, a mesma pesquisa mostrou que Santorum também é viável, pois se a disputa fosse entre Santorum e Obama, haveria empate técnico: 49% do democrata contra 48% do republicano. Além disso, a última pesquisa Gallup sobre a aprovação do governo Obama (feita de 12 a 18 de fevereiro) mostra que 47% desaprovam o seu governo, contra 45% que aprovam.
Em segundo lugar, e não menos importante, a maioria dos americanos (51%) acha Obama “liberal demais”, enquanto só 38% acham Santorum “conservador demais” e apenas 33% acham Romney “conservador demais”. Ora, como sabemos que o eleitorado nos EUA se divide mais ou menos em 40% de republicanos, 40% de democratas e 20% de independentes, e por isso os independentes sempre são os fiéis na balança para decidir uma eleição, se um candidato é visto como sendo liberal demais ou conservador demais, isso poderá fazer com que perca votos dos independentes e, fatalmente, corra um risco enorme de perder a eleição.
Republicanos, via de regra, votam em republicanos; democratas, via de regra, votam em democratas. Independentes, não. A maioria destes vota no considerado “mais equilibrado”. Ademais, em 12 de janeiro deste ano, o Gallup divulgou o resultado de uma pesquisa que mostra que os Estados Unidos é majoritariamente um país de centro-direita, já que 40% da população se definia como conservadora, 35% como moderados e só 21% como liberais. Apenas 4% não souberam se definir ou não quiseram fazê-lo.
Logo, esses resultados do Gallup são para preocupar muito Obama, que, é bom lembrar, só foi eleito em 2008 porque teve como maiores cabos eleitorais três fatores: a baixa popularidade de final de mandato do seu antecessor, o início de uma crise econômica e a fragilidade do republicano “meia-boca” John MCain. Ademais, naquela época, segundo o próprio Gallup, apenas 37% dos norte-americanos reconheciam que Obama era “muito liberal”. Pelo jeito, os outros 14% da população tiveram o dissabor de descobrirem isso só depois da eleição, mas já era tarde demais.
Outro dado interessante: Ainda segundo o Gallup, 89% dos republicanos consideram Obama “liberal demais”, enquanto 55% dos democratas consideram Romney “conservador demais” e apenas 50% deles consideram Santorum “conservador demais”. Isso significa que, se a eleição fosse hoje, haveria mais chance de “vira-casaca” na hora de votar entre democratas do que entre republicanos.
Dos jovens americanos, 50% desaprovam Obama contra 47% que o aprovam. Só 3% não tinham opinião a respeito dele. Enquanto isso, 42% dos jovens dos EUA afirmam aprovar Santorum, 42% desaprovam-no e 16% não têm ainda opinião a respeito dele. No caso de Romney, 42% dos jovens o aprovam hoje, 47% o desaprovam e 11% não têm opinião sobre ele ainda.
Mais dados curiosos: 88% dos republicanos desaprovam Obama, 11% simpatizam com ele e 1% não emitiram opinião sobre dele. Por outro lado, só 69% dos democratas não gostam de Santorum, 19% dizem que gostam dele e 12% ainda não têm opinião formada sobre o republicano. Já Romney é desaprovado por 78% dos democratas, simpatizado por 16% e tem 6% de indecisos a seu respeito.
Em suma, concordo com o Gallup quando diz que essa eleição tem tudo para ser uma das mais disputadas de todos os tempos, mas com uma tendência para uma vitória republicana.
No próximo artigo, falo mais sobre as eleições norte-americanas, mais propriamente sobre as questões ideológicas envolvidas.
No final, quais nomes sobraram? Mitt Romney, Newt Gingrich, Ron Paul e Rick Santorum. Há algumas semanas, resumiria a minha impressão sobre o quarteto remanescente em quatro frases: Romney – “Apesar de alguns senões, considero um bom nome, mas também não provoca entusiasmo”; Gingrich – “Só se for o jeito”; Ron Paul – “Libertário demais”; Santorum: “Se conseguisse emplacar, seria interessante, mas não tem dinheiro e influência no establishment republicano para isso”. Depois de um mês, eu só mudaria a última frase. Agora, posso dizer: “Sim, Santorum é viável”.
Sobre Gingrich, apesar de reconhecer que ele seria um nome que eventualmente poderia unir os extremos do Partido Republicano, pesa contra ele o histórico de “vira-casaca” e o fato de, mesmo tendo propostas interessantes, às vezes se perder pela boca. Por essas razões, o luterano-que-se-tornou-batista-e-hoje-é-católico Newton Leroy Gingrich nunca me passou confiança. Além disso, tem uma trajetória de vida pessoal atribulada com dois divórcios, dois adultérios etc, e mesmo tendo sido sempre contrário ao aborto, contraditoriamente foi, até pouco tempo, defensor da liberação da destruição de embriões para pesquisas com células-tronco. Ele mudou de posição só um dia desses e, tudo indica, por conveniência. Enfim, Gingrich não passa segurança, apesar de ter lá o seu valor como político.
Já o batista Ronald Ernest Paul – mais conhecido como Ron Paul – é mais um libertário do que realmente um conservador. Diferenciando de forma prática, um conservador (conservative) é conservador socialmente e liberal economicamente; já um libertário é liberal economicamente como os conservatives, porém liberal socialmente. Há libertários que chegam a ser ultra-radicais em seu liberalismo social e econômico. Por isso, alguns teóricos defendem que chamemos os libertários menos radicais de libertarianos, e não de libertários. Os libertarianos seriam uma espécie de esquerda da direita. O ex-médico obstetra Ron Paul é um libertariano típico. Por exemplo, é absolutamente contra o aborto (inclusive, é criador do projeto de lei “Santidade da Vida”, de 2005), mas a favor da legalização das drogas e da união civil homossexual. Apesar de ter muito apoio entre os jovens, sobretudo da esquerda americana, Paul não deve conseguir apoio do partido para sua candidatura e, ainda que conseguisse, por suas posições polêmicas, que mais dividem do que unem, não teria chances de ganhar em um pleito presidencial.
Enfim, por eliminação, em minha mente, sobrariam apenas os nomes de Mitt Romney e Rick Santorum. Curiosamente, semanas após essa minha reflexão pessoal, eles acabaram se tornando os que têm mais chance hoje, deixando para trás Gingrich e Paul.
Mitt Romney não é uma opção ruim, mas nunca me animou. E não é simplesmente por seu mormonismo. Apesar de esposar a bizarra fé mórmon, o que por si só já me incomoda, reconheço que ele tem suas virtudes como candidato, de maneira que confesso que, entre Obama e Romney, ficaria, embora sem entusiasmo, com o republicano. Obama aprovou o financiamento público do aborto, liberou a destruição de embriões para pesquisas, fez campanha em favor dos projetos de lei que estabelecem a união civil homossexual e que criminalizam qualquer declaração contrária à prática homossexual, executou uma política econômica que foi um fracasso, dentre outras decisões absolutamente reprováveis. A única conquista concreta do democrata – a captura de Bin Laden – se deveu à eficiência de um republicano e não aos seus próprios méritos. O único mérito de Obama nessa história foi ter mantido o secretário de Defesa Robert Gates, empossado por Bush em seu segundo mandato. Ele era o único republicano dos secretários do governo Obama (secretários são como os ministros de Estado são chamados lá). Gates disse a Obama que aceitaria o seu convite para permanecer no cargo, mas apenas até encontrar Bin Laden, pois, imediatamente depois disso, entregaria o cargo. Foi o que fez. Missão cumprida, pulou fora do barco.
Bem, do liberalismo social de Obama já sabemos. E Romney? Seria um “liberal enrustido”, como acusou Gingrich? Não, nada disso. Em contraposição a Obama, o republicano Romney é conservador, mesmo não o sendo de primeira hora. Nos anos de 1990, ele foi confessada e publicamente tolerante com a agenda do liberalismo social, mas deu uma guinada pública de 180º ao conservadorismo há dez anos. A guinada total se deu em 2005, quando Romney passou a opor-se não mais parcialmente, mas integral e contundentemente a tudo com o qual condescendera nos anos 90. Além disso, seguindo a cartilha do conservadorismo, foi um governador que colocou em ordem as contas do seu Estado sem aumentar impostos, sem castigar os cidadãos pelos erros do governo. Some-se a isso o fato de que sempre demonstra muito equilíbrio em seus discursos e temos diante de nós um candidato interessante.
Portanto, é um erro tolo considerar que os evangélicos norte-americanos estariam se equivocando em votarem em Romney em uma eventual disputa com Obama só porque o republicano é mórmon. Não faz sentido. Na falta de melhor opção, evangélicos podem votar (e votam) naturalmente em candidatos não-evangélicos que considerem mais competentes e com valores sociais menos distantes daqueles que esposam, independente da filiação religiosa dos candidatos. Aliás, independente de quem ganhar o direito de ser o candidato do partido à Presidência, os republicanos não terão neste ano um candidato evangélico. Rick Perry, Michele Bachman e Herman Cain já saíram da disputa. Ou teremos um católico (Santorum ou Gingrich) ou um mórmon (Romney).
Romney tem muito mais qualidade que Obama e este, além de não demonstrar competência, sabemos que de evangélico já mostrou há muito tempo que não tem nada. Mal assumiu o governo, deixou de congregar em alguma igreja, pois era cristão só por conveniência; seus valores chocam-se frontalmente com a Palavra de Deus e, como se não bastasse isso, o próprio Barack Hussein Obama já fez discursos dizendo que a Bíblia não seria referência para ele como governante (aqui) e citando e depreciando publicamente passagens das Escrituras em prol da agenda homossexual (aqui).
O maior problema de Romney é que ele é um candidato sem carisma algum. Diferentemente do que acha a jornalista e escritora republicana Ann Coulter, que é ardorosa defensora da candidatura de Romney, eu não vejo nada tão empolgante nele. Aliás, se não fosse a falta de um forte “algo a mais” na maioria dos candidatos e a enorme fortuna pessoal de Romney para incrementar a sua campanha, duvido que ele chegasse a ter alguma chance neste pleito interno entre os republicanos. Na primária de 2008, ele chegou a perder para John MCain, que era muito mais liberal que Romney!
E Santorum?
Para mim, ele é, sem dúvida, a grata surpresa dessas primárias. Conservador de verdade, e de primeira hora, o católico Richard John Santorum – ou simplesmente Rick Santorum – só tinha um problema: era o que tinha menos dinheiro para campanha e o de menos nome entre os demais postulantes. Era olhar para o nome nele na lista e pensar: “Puxa, seria uma boa opção, mas não terá chance”. Gosto de Santorum não é de hoje – já indiquei artigo dele neste blog há alguns anos. Só que, por todos esses fatores, não acreditava que sua candidatura pudesse “decolar”. Porém, depois de sua tripla vitória extraordinária no Colorado, Minessota e Missouri, além da vitória em Iowa e do apoio maciço a ele por parte dos evangélicos republicanos nesses Estados (Mais de 70% dos evangélicos no Colorado, um Estado-chave do chamado “Cinturão da Bíblia”, apóiam Santorum para presidente), Santorum entrou de vez na briga. Desde o dia 16 de fevereiro, o mais conservador de todos os quatro postulantes está à frente em todas as pesquisas dentro do partido e não sai da ponta. Na última pesquisa Gallup, de 22 de fevereiro, ele estava com 35% das preferências contra 27% de Romney. E Santorum ganhava de Romney não só nacionalmente, mas também em todas as quatro regiões do país, e tanto entre homens como entre mulheres republicanos. Ganhava, inclusive, no Arizona e em Michigan, terra natal de Romney e Estados das primárias da semana que vem. Ele também estava em alta nos Estados da tão esperada “Super Terça” de 6 de março.
Santorum vai ganhar a indicação? Não sei. Ainda há muita água para rolar debaixo da ponte, mas é fato que ele já é hoje uma realidade mais do que possível, superando todas as previsões iniciais.
O que o eleitorado americano acha de Obama, Romney e Santorum
Duas pesquisas Gallups de ontem trouxeram dados interessantes sobre a impressão que o eleitorado americano tem hoje dos candidatos Obama, Romney e Santorum.
Primeiro, as pesquisas mostram que em uma eventual disputa entre Obama e Romney, o republicano teria hoje vantagem: 50% dos norte-americanos votariam no republicano contra 46% que votariam no democrata. Porém, a mesma pesquisa mostrou que Santorum também é viável, pois se a disputa fosse entre Santorum e Obama, haveria empate técnico: 49% do democrata contra 48% do republicano. Além disso, a última pesquisa Gallup sobre a aprovação do governo Obama (feita de 12 a 18 de fevereiro) mostra que 47% desaprovam o seu governo, contra 45% que aprovam.
Em segundo lugar, e não menos importante, a maioria dos americanos (51%) acha Obama “liberal demais”, enquanto só 38% acham Santorum “conservador demais” e apenas 33% acham Romney “conservador demais”. Ora, como sabemos que o eleitorado nos EUA se divide mais ou menos em 40% de republicanos, 40% de democratas e 20% de independentes, e por isso os independentes sempre são os fiéis na balança para decidir uma eleição, se um candidato é visto como sendo liberal demais ou conservador demais, isso poderá fazer com que perca votos dos independentes e, fatalmente, corra um risco enorme de perder a eleição.
Republicanos, via de regra, votam em republicanos; democratas, via de regra, votam em democratas. Independentes, não. A maioria destes vota no considerado “mais equilibrado”. Ademais, em 12 de janeiro deste ano, o Gallup divulgou o resultado de uma pesquisa que mostra que os Estados Unidos é majoritariamente um país de centro-direita, já que 40% da população se definia como conservadora, 35% como moderados e só 21% como liberais. Apenas 4% não souberam se definir ou não quiseram fazê-lo.
Logo, esses resultados do Gallup são para preocupar muito Obama, que, é bom lembrar, só foi eleito em 2008 porque teve como maiores cabos eleitorais três fatores: a baixa popularidade de final de mandato do seu antecessor, o início de uma crise econômica e a fragilidade do republicano “meia-boca” John MCain. Ademais, naquela época, segundo o próprio Gallup, apenas 37% dos norte-americanos reconheciam que Obama era “muito liberal”. Pelo jeito, os outros 14% da população tiveram o dissabor de descobrirem isso só depois da eleição, mas já era tarde demais.
Outro dado interessante: Ainda segundo o Gallup, 89% dos republicanos consideram Obama “liberal demais”, enquanto 55% dos democratas consideram Romney “conservador demais” e apenas 50% deles consideram Santorum “conservador demais”. Isso significa que, se a eleição fosse hoje, haveria mais chance de “vira-casaca” na hora de votar entre democratas do que entre republicanos.
Dos jovens americanos, 50% desaprovam Obama contra 47% que o aprovam. Só 3% não tinham opinião a respeito dele. Enquanto isso, 42% dos jovens dos EUA afirmam aprovar Santorum, 42% desaprovam-no e 16% não têm ainda opinião a respeito dele. No caso de Romney, 42% dos jovens o aprovam hoje, 47% o desaprovam e 11% não têm opinião sobre ele ainda.
Mais dados curiosos: 88% dos republicanos desaprovam Obama, 11% simpatizam com ele e 1% não emitiram opinião sobre dele. Por outro lado, só 69% dos democratas não gostam de Santorum, 19% dizem que gostam dele e 12% ainda não têm opinião formada sobre o republicano. Já Romney é desaprovado por 78% dos democratas, simpatizado por 16% e tem 6% de indecisos a seu respeito.
Em suma, concordo com o Gallup quando diz que essa eleição tem tudo para ser uma das mais disputadas de todos os tempos, mas com uma tendência para uma vitória republicana.
No próximo artigo, falo mais sobre as eleições norte-americanas, mais propriamente sobre as questões ideológicas envolvidas.
Um comentário:
Olá chamo-me Antonio Batalha. Vim conhecer seu blog, dar-lhe os parabéns. Pois é muito bom, e gostaria de lhe deixar um convite: Ficava muito grato se fizesse parte dos meus amigos virtuais na Verdade que Liberta, decerto de volta irei retribuir. Obrigado e uma boa semana.
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