[*] Caros, o artigo que prometi no primeiro parágrafo desta atual postagem já se encontra no blog, no espaço de comentários. Preferi colocá-lo aqui porque (1) o texto é muito longo para uma nova postagem (ultimamente tenho evitado postar textos longos, como fazia anteriormente - é verdade que, de certa forma, ainda continuam longos, mas não tanto como boa parte dos postados no ano passado) e (2) para tentar concentrar nesta postagem todas as exposições relacionadas ao tema dela. Abraço!
Afazeres impediram-me de comentar a tragédia vivenciada pela menina de 9 anos em Recife, que foi estuprada e engravidou de gêmeos que foram, há poucos dias, legalmente abortados (a lei brasileira permite o aborto apenas nos casos de estupro e de gravidez que apresente risco de vida para a mãe). Apesar de impossibilitado de escrever o longo texto que havia idealizado para analisar esse caso perturbador (pretendo fazê-lo ainda, mais à frente [*]), meu amigo pastor César Moisés escreveu excelente artigo a respeito para o qual convido os leitores, pois serve de perfeita introdução para uma reflexão sobre o assunto. Leiam-no aqui: http://marketingparaescoladominical.blogspot.com/2009/03/no-lugar-do-arcebispo-de-olinda-e.html (O pastor César preferiu, por enquanto, não omitir uma opinião definitiva, mas lançou com precisão boas bases para reflexão sobre o assunto, inclusive destacando que, em uma época de relativismo, o arcebispo teve a coragem de se posicionar sem se preocupar com o politicamente correto). [Só hoje (10/03/09) li o artigo que o pastor Altair Germano postou sobre o assunto, e que fora indicado pelo irmão Valmir Milomem. Indico-o também: http://www.altairgermano.com/2009/03/menina-de-09-anos-aborta-gemeos-etica.html]
Como prometi, pretendo escrever com vagar sobre o assunto mais à frente [*], porém, à guisa de introdução, adianto que o aborto realizado naquela criança não só foi legal como entendo ser biblicamente permitido (embora seja uma decisão extremamente dolorosa), posto que os médicos diagnosticaram ser uma gravidez de total risco de vida para a menina-mãe e onde os gêmeos não tinham a menor chance de sobreviverem. Segundo a equipe médica, se a gravidez fosse levada adiante, das duas uma: morreriam os três ou, na hipótese menos provável, morreriam os gêmeos e a menina continuaria viva. Ou seja, de acordo com os médicos, seria impossível os gêmeos sobreviverem àquela gravidez e as chances de a menina-mãe morrer juntamente com eles era altíssima. Como a morte dos gêmeos era inevitável, abortando-os salvou-se pelo menos a menina.
Já escrevi em artigo (em uma edição de 2006 da revista Reposta Fiel) e em livro (mais precisamente em um apêndice de A Sedução das Novas Teologias, CPAD) que o aborto denominado de terapêutico (não gosto muito do termo, mas, enfim, ele é usado para designar o aborto para salvar a vida da mãe), à luz dos princípios bíblicos, não é pecado. Sei que há cristãos sinceros que preferem condenar o aborto terapêutico, dizendo: “Prefiro deixar que Deus escolha se a mãe ou o bebê irá escapar ou se os dois irão morrer”. Respeito a preocupação implícita nesse posicionamento, mas, sinceramente, não vejo, à luz da Bíblia, condenação para o aborto terapêutico. Portanto, não vejo crise ética nesse caso.
Mas, alguém pode dizer: “E se não houvesse risco de vida para a menina-mãe? Nesse caso, deveríamos ou não permitir o aborto?”
Aí, sim, o quadro mudaria, porque abortar por estupro é fazer que a criança no ventre pague com a vida pelo crime do estuprador, ou seja, por um crime que não cometeu. Se o caso não contasse com o fator risco de vida, a resposta seria claramente "Não pode abortar". Entretanto, talvez não seja necessário nem adentrar essa reflexão, porque a Medicina afirma que gravidez em meninas dessa idade sempre é uma gravidez de alto risco de vida para a mãe e de morte certa para o feto, isso porque é uma gravidez antinatural. Não é natural uma menina dessa idade ser mãe, por isso o corpo dela não responde positivamente à gravidez, pois não está adequado ainda a ela (**). Se a gravidez no início da adolescência já é considerada de alto risco para o feto (podendo, inclusive, se o feto nascer, vir à luz com má formação) e raramente também para a mãe, quando a mãe tem apenas 9 ou 10 anos de idade a situação é pior ainda. Com essa idade, a menina pode até já estar ovulando, mas o corpo dela, ainda em desenvolvimento (e em um estágio ainda muito incipiente desse desenvolvimento), não está pronto para suportar uma gravidez, devido à sua compleição física, altura, peso, não-desenvolvimento dos órgãos reprodutores etc, e, por isso, a criança em seu ventre fatalmente morre e há 90% de chances de a menina-mãe morrer junto, a não ser que a criança em seu ventre seja abortada. Pelo menos é o que dizem os médicos.
Portanto, a própria natureza criada por Deus nos ajudaria a responder a esse dilema ético.
Agora, sobre a declaração do arcebispo de Recife, que disse ater-se à lei de Deus para tomar a posição que tomou, lembremos que a lei de Deus, para o arcebispo, é a lei canônica, que vai além da Bíblia e muda em muitos pontos conforme o passar dos séculos. Sim, importa obedecer à lei de Deus e não obedecer à lei dos homens (a não ser que esta esteja coadunada com a lei de Deus), porém, note-se: importa obedecer à lei de Deus. O que é realmente lei de Deus deve ser sempre obedecido.
Como prometi, pretendo escrever com vagar sobre o assunto mais à frente [*], porém, à guisa de introdução, adianto que o aborto realizado naquela criança não só foi legal como entendo ser biblicamente permitido (embora seja uma decisão extremamente dolorosa), posto que os médicos diagnosticaram ser uma gravidez de total risco de vida para a menina-mãe e onde os gêmeos não tinham a menor chance de sobreviverem. Segundo a equipe médica, se a gravidez fosse levada adiante, das duas uma: morreriam os três ou, na hipótese menos provável, morreriam os gêmeos e a menina continuaria viva. Ou seja, de acordo com os médicos, seria impossível os gêmeos sobreviverem àquela gravidez e as chances de a menina-mãe morrer juntamente com eles era altíssima. Como a morte dos gêmeos era inevitável, abortando-os salvou-se pelo menos a menina.
Já escrevi em artigo (em uma edição de 2006 da revista Reposta Fiel) e em livro (mais precisamente em um apêndice de A Sedução das Novas Teologias, CPAD) que o aborto denominado de terapêutico (não gosto muito do termo, mas, enfim, ele é usado para designar o aborto para salvar a vida da mãe), à luz dos princípios bíblicos, não é pecado. Sei que há cristãos sinceros que preferem condenar o aborto terapêutico, dizendo: “Prefiro deixar que Deus escolha se a mãe ou o bebê irá escapar ou se os dois irão morrer”. Respeito a preocupação implícita nesse posicionamento, mas, sinceramente, não vejo, à luz da Bíblia, condenação para o aborto terapêutico. Portanto, não vejo crise ética nesse caso.
Mas, alguém pode dizer: “E se não houvesse risco de vida para a menina-mãe? Nesse caso, deveríamos ou não permitir o aborto?”
Aí, sim, o quadro mudaria, porque abortar por estupro é fazer que a criança no ventre pague com a vida pelo crime do estuprador, ou seja, por um crime que não cometeu. Se o caso não contasse com o fator risco de vida, a resposta seria claramente "Não pode abortar". Entretanto, talvez não seja necessário nem adentrar essa reflexão, porque a Medicina afirma que gravidez em meninas dessa idade sempre é uma gravidez de alto risco de vida para a mãe e de morte certa para o feto, isso porque é uma gravidez antinatural. Não é natural uma menina dessa idade ser mãe, por isso o corpo dela não responde positivamente à gravidez, pois não está adequado ainda a ela (**). Se a gravidez no início da adolescência já é considerada de alto risco para o feto (podendo, inclusive, se o feto nascer, vir à luz com má formação) e raramente também para a mãe, quando a mãe tem apenas 9 ou 10 anos de idade a situação é pior ainda. Com essa idade, a menina pode até já estar ovulando, mas o corpo dela, ainda em desenvolvimento (e em um estágio ainda muito incipiente desse desenvolvimento), não está pronto para suportar uma gravidez, devido à sua compleição física, altura, peso, não-desenvolvimento dos órgãos reprodutores etc, e, por isso, a criança em seu ventre fatalmente morre e há 90% de chances de a menina-mãe morrer junto, a não ser que a criança em seu ventre seja abortada. Pelo menos é o que dizem os médicos.
Portanto, a própria natureza criada por Deus nos ajudaria a responder a esse dilema ético.
Agora, sobre a declaração do arcebispo de Recife, que disse ater-se à lei de Deus para tomar a posição que tomou, lembremos que a lei de Deus, para o arcebispo, é a lei canônica, que vai além da Bíblia e muda em muitos pontos conforme o passar dos séculos. Sim, importa obedecer à lei de Deus e não obedecer à lei dos homens (a não ser que esta esteja coadunada com a lei de Deus), porém, note-se: importa obedecer à lei de Deus. O que é realmente lei de Deus deve ser sempre obedecido.
(**) P.S. [De 09/03/09]: Caros, depois de ter escrito este artigo, fui informado por amigos que há casos, embora raros, de crianças com 9 e 10 anos que conseguiram levar adiante a gravidez, o que estabelece exceções a essa afirmação dos médicos de que não dá para uma criança de 9 e 10 anos conseguir levar a gravidez adiante. Não tenho formação na área médica e desconhecia esses casos. Minha posição nesta postagem se baseia em informações que médicos especialistas emitem sobre esse tipo de caso e sobre o que a equipe médica que tratou da menina disse sobre o caso específico dela. Outro colega disse-me que é verdade que há exceções, mas no caso específico desta menina seria mesmo impossível os gêmeos sobreviverem e a menina também teria altíssimas chances de morrer se a gravidez fosse levada adiante, por causa da natural desproporção de sua bacia pélvica em relação ao tamanho dos bebês, além de a menina só ter 1,36m, 33 quilos e poucas condições físicas. Bem, se as informações dos médicos sobre o caso da menina são falsas, aí a resposta, por mais politicamente incorreta que seja, deve ser aquela que dei à situação hipotética que descrevo no início do antepenúltimo parágrafo ("Não pode abortar"). Porém, se é verdadeira (de que os gêmeos inevitavelmente morreriam e a menina não teria como sobreviver se a gravidez progredisse), então permanece a reflexão que desenvolvi acima na maior parte do texto.
35 comentários:
Apesar do quase inevitável, ainda através da oração seria prudente dar uma "chance" pra Direção de Deus!
Havia uma prazo para o aborto... poucos meses...
Mas consultar a Direção de Deus é sempre o melhor, mesmo diante do inevitável!
Qualto ao aborto terapêutico, apesar de envolver um homicídio, de qualquer forma me parece ausente de culpa!
Mas a Direção de Deus deve ser sempre consultada!
Paz do Senhor! Algumas pessoas já haviam me questionado acerca do assunto...apesar de ter a mesma opinão, ainda estava em dúvida em relação ao fato! Ótimo texto...que Deus o abençoe e o capacite ainda mais!
Caro Lucas,
Importante sua colocação. É verdade que Deus faz milagres. Creio nisso. Porém, também é fato que Deus, que nos criou, não projetou uma criança de 9 anos para ter filhos; tanto é que impossibilita que a gravidez nessa idade prossiga naturalmente. Deixando a situação correr naturalmente, a morte das crianças seria, volto a frisar, inevitável (quer o aborto fosse feito ou não), porque o corpo de uma menina de 9 anos não é propício para (e por isso não pode naturalmente) levar uma gravidez adiante. Por outro lado, abortando-se as crianças antes que se desenvolvessem um pouco mais até a morte no ventre da menina-mãe, esta seria, com certeza, salva. Não abortando, as chances de as crianças morrerem era de 100% e as da menina-mãe morrer, de quase 100%. Abortando-se, salvava-se pelo menos a mãe. Foi o que os médicos sabiamente fizeram.
É uma tragédia a morte das duas crianças? É, por qualquer ângulo que se olhe. Mas também é fato que elas morreriam independente do aborto, e não por alguma doença, mas porque a própria natureza, criada por Deus, estabeleceu isso. Perceba: não é questão apenas de ser anormal, mas de ser tão antinatural que a própria natureza, criada por Deus, se encarregaria de não levar adiante essa gravidez.
Abraço!
Cristiane, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Casos como esse mostram-nos como é importante o cristão ter uma base doutrinária sólida para saber responder às principais questões que se levantam em sua época.
Deus também a abençoe!
Abraço!
Prezado Pr. Silas Daniel, a Paz do Senhor!
Quero parabenizá-lo pela breve introdução daquilo que virá a ser, com toda certeza, um belíssimo artigo sobre o tema.
Também tenho estado reticente com relação ao tema, principalmente pela minha formação jurídica. Nós operadores do direito estamos sempre diante de um dilema, quando o assunto direito e moral são trazidas ao debate. Que o diga Hans Kelsen...
Tenho refletido sobre questões como: Por quê as meninas de hoje ovulam tão cedo? E quanto àquelas crianças que em décadas passadas eram violentadas por "barões" e "capitães" de fazenda e se tornavam mães aos 9, 10, 11 anos de idade? Quando se dá a formação completa do corpo feminino para uma gestação (para o aleitamento, por exemplo)?
Mas o que mais me intriga, e preocupa, é que situações como a que vimos ocorrer em Pernambuco poderão abrir as porteiras para a introdução tanto por vias judiciais como pelo legislativo nacional, de uma série de medidas e projetos de Lei suscetíveis à aprovação do "abordo legal" para as mais diversas ocasiões.
Se a mãe for doente mental? E se for dependente química? E se a criança sofrer de anomalias congênitas? E se a gravidez se deu em decorrência de erro médico (no caso de uma laqueadura mal feita)?
Essas são só algumas das milhares de hipóteses que poderemos levantar se nos debruçarmos um pouco mais sobre a questão. E olha que nem estou falando de questões religiosas ou de fé!
Vou orar por você para que o Senhor te dê a clareza necessária para a produção de um excelente trabalho.
Abraços fraternos,
Robson Silva
Caro Robson, a Paz do Senhor!
Você levanta questões importantíssimas relacionadas a esse assunto. Inclusive, amigos também têm me lembrado casos de crianças de 9, 10 e 11 anos de idade que tiveram filhos. Embora sejam casos raros, eles existem, e isso não pode ser olvidado. Logo, a grande questão sobre esse caso específico da menina é: "Os gêmeos não teriam mesmo condições de sobreviver e a menina teria mesmo altíssimas chances de morrer juntamente com eles?"
Se a resposta a essa pergunta é "Sim", então a resposta à pergunta sobre se esse tipo de aborto seria eticamente permitido é "Sim". Porém, se a resposta é "Não", logo a resposta à pergunta sobre se esse tipo de aborto é eticamente permitido é "Não".
Esse é o grande diferencial.
Os demais casos, os quais o irmão bem lembra, não se encaixariam no caso da menina, ou não teriam nele uma brecha, se a resposta à pergunta supracitada fosse "Não". Porém, se a resposta é "Sim", logo a brecha estaria estabelecida.
Abraço!
Kharis kai eirene
Prezado irmão, Pr. Silas, tive a oportunidade de ler o texto do Pr. César Moisés e deixei um rápido parecer sobre a questão.
Lendo o seu texto, sempre oportunoe primoroso, interessei-me muito pela frase: "adianto que o aborto realizado naquela criança não só foi legal como entendo ser biblicamente permitido, posto que os médicos diagnosticaram ser uma gravidez de total risco de vida para a menina-mãe."
Gostaria, se possível, discutir com os leitores a respeito de ser "biblicamente possível" o aborto em caso como este. Estou curioso para saber quais são essas bases sustentadas pela Bíblia. Uma vez que isso implicará em interpretação, e como é sabido, gosto muito dessa área!
Um abraço
Esdras Bentho
Caro pastor e amigo Esdras, a Paz do Senhor!
Esse é um dos pontos que pretendo desenvolver no tal artigo que prometi escrever em seguida e que versará sobre o aborto de forma geral, tendo como gancho esse terrível caso em Recife.
Minha posição sobre o aborto, já apresentada em artigos e livro, como o irmão já deve saber, é a mesma emitida pela CGADB durante o Encontro de Líderes das Assembléias de Deus (Elad) de 1999, realizado no Rio de Janeiro: sou terminantemente contra o aborto, exceto nos casos de aborto acidental ou natural, e no caso do aborto designado como terapêutico (o aborto que é permitido apenas para salvar a vida da mãe). Quanto à exposição bíblica acerca do assunto, é importante adiantar que não existe nenhum texto bíblico falando diretamente sobre o aborto terapêutico. Esta é apenas uma inferência que se faz a partir de alguns princípios bíblicos exarados na Bíblia Sagrada. E é justamente essa inferência que pretendo desenvolver em um dos pontos do prometido artigo. Portanto, até lá.
Abraço!
Kharis kai eirene
Prezado Pr. Silas, aguardarei o próximo artigo para conversarmos mais a respeito do assunto.
Também entendo a posição de nossa CGADB, muito oportuna, equilibrada, e representa perfeitamente o pensamento evangélico.
O pensamento da maioria procura o equilíbrio justamente nas afirmações que o prezado irmão apresentou. Todavia, estava refletindo a respeito do evento e ocorreu-me algumas interrogações que gostaria de compartilhar com o caro amigo. Afirmo que eu ainda estou pensando na coerência ou incoerência das proposições abaixo que, a meu ver, parece um contra-ponto acerca da posição legal e médica. É claro que o amigo que possuiu conhecimento tanto teológico quanto jurídico poderá ajudar-me nesse entrave:
1º É lícito matar duas vidas para salvar uma? A pré-adolescente estava grávida de gêmeos. Portanto, duas vidas foram sacrificadas para salvar apenas uma! Isso é fato.
2º Os pais estariam errados se, em caso de a gestante correr risco de perder a vida, optassem pela vida do feto? O amor não é sacrifical? Uma vida não foi dada para que a de muitos fosse preservada?
3º Os médicos costumam orientar aos pais que, no caso de uma gravidez de risco, eles irão optar pela vida da mãe. Todavia, se por amor aos filhos a mãe juntamente com o pai discordar da posição médica, o médico não deverá respeitar essa decisão?
Obs.: Fiz também essas perguntas no blog do Pr. Altair Germano.
Um abraço Paladino da Verdade.
Esdras Bentho
Caro pastor Esdras,
Em relação à primeira pergunta: Depende. O problema todo é que, segundo os médicos, não havia a possibilidade, quer se fizesse aborto ou não, de os gêmeos sobreviverem; e, ainda segundo os mesmos, a única possibilidade concreta de a menina ser salva seria se o aborto fosse feito. Caso não fosse realizado, haveria apenas uma chance remota de a menina sobreviver. Então, não era uma questão de "ou os gêmeos ou a mãe"; não era uma questão do tipo "matar os gêmeos para preservar a mãe ou deixar morrer a mãe para salvar os gêmeos", mas, segundo a equipe médica, era uma questão de salvar a mãe ou deixar morrerem os três. Ou um (a mãe) ou nenhum dos três. Não abortar os gêmeos não os salvariam e ainda poderia levar a mãe ao óbito.
Alguns contra-argumentam conjecturando que os médicos poderiam estar mentindo, já que há casos, embora raros, de meninas de 9 e 10 anos que conseguiram levar à frente a gravidez sem muitos problemas. Por outro lado, outros ressaltam que esses casos não invalidam o diagnóstico dos médicos, porque tratam-se de casos singulares, não constituindo-se a regra, e que no caso da menina de Recife não havia outra saída mesmo. Bem, se os médicos estão mentindo, não sei. Como disse, baseei minha posição em cima do diagnóstico que aquela equipe médica emitiu sobre o caso. Se comprovado um equívoco no diagnóstico dos médicos, não relutaria em nenhum momento (mesmo com pesar diante da situação da menina) em condenar o aborto dos gêmeos. Aí, sim, seria absolutamente injustificável.
Em relação à segunda pergunta: Não, os pais não estariam errados. Quando dizemos que o aborto terapêutico é permissível, isso não significa dizer que os pais não podem optar pela vida do feto ao invés da vida da mãe. Na história, muitos são os casos de mães que optaram pela morte sacrificial, abrindo mão de suas vidas em favor da vida do(a)(s) filho(a)(s).
Em relação à terceira pergunta: Sim, os médicos devem respeitar totalmente essa decisão. No caso dos pais da menina, pelo que soube, o pai foi inicialmente contra o aborto e a mãe, a favor, até que os dois terminaram por permitirem o aborto, influenciados pela exposição que os médicos fizeram do diagnóstico. Agora, se um dos pais fosse contra até o fim, então os médicos não poderiam provocar o aborto.
Ademais, favor aguardar minha próxima postagem.
Abraço!
Caro Lucas Marin,
Diante dos casos concretos que amigos relataram-me de crianças de 9 e 10 anos que conseguiram levar sua gravidez adiante, inclusive dando à luz (informação de que não dispunha quando interagi com você no início da tarde), revejo minha posição. Além de um milagre ser possível (o que já havia asseverado), afirmo agora também que seria legítimo pedir a Deus por um milagre em favor da menina e dos gêmeos para evitar a decisão extremamente dolorosa de ter de abortar os gêmeos para salvá-la. Ao dizer que Deus não projetara uma menina de 9 anos para ser mãe, tinha em mente a idéia de que seria biológica e absolutamente impossível uma menina desta idade ser mãe, além de ser claramente anormal. Isso seria um indício de que nem precisaria consultar a Deus por uma direção nesse caso, já que Ele mesmo estabelecera um limite. Porém, agora vejo que, apesar de ainda ser obviamente anormal, é possível uma menina dessa idade ser mãe. Perceba que o fato de Deus permitir isso ser possível não significa que é correto, mas se Ele o permitiu, é legítimo pedir por um milagre no caso da menina, porque, em condições normais, não seria inevitável ter de abortar os gêmeos para pelo menos salvar a menina. É claro que, como já disse aqui, sendo verdadeiro o diagnóstico dos médicos de que, nesse caso específico, para os gêmeos não havia esperança mesmo e para a menina só haveria esperança copncreta se a gravidez não fosse levada adiante, os pais não pecariam permitindo o aborto para garantir a vida da menina. Seria uma decisão dolorosa, mas eticamente permitida.
Abraço!
Pr. Silas Daniel e demais comentaristas,
Como escrevi no blog do Pr. César Moisés, talvez esse seja um dos assuntos mais difíceis para se analisar dos últimos tempos dentro do contexto social brasileiro. Como bem assentado, a complexidade dos acontecimentos envolvem uma multiplicidade de fatores (estupro, família, aborto, risco de gravidez e igreja) , os quais, acredito, devem ser analisados separadamente a fim de não incorrermos em erros de interpretação de modo a culminar em juízos equivocados.
Pois bem.
Sob o ponto de vista jurídico o caso não deixa dúvidas. O artigo 128 e incisos do Código Penal estabelece o seguinte:
Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
Aborto necessário
I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.
Veja-se que, a lei não diz que "não é crime", mas sim que o ato não será punido. Juridicamente, essa diferenciação é importante já que quando se diz que o fato não será punido quer isso dizer que o ato, em si, possui todos os elementos de um crime, porém, por questão de política criminal o legislador entendeu por bem não aplicar a pena.
Portanto, no Brasil não existe "aborto autorizado", mas sim, duas espécies de aborto que não são apenados.
Mas, creio que o aspecto jurídico seja o menos dificultoso. O nosso problema está em saber se o aborto, mesmo não sendo apenado pela lei, possui a chancela da verdade absoluta exposta na Bíblia. Esse é o xis da questão.
Quanto ao aborto em razão simplesmente do estupro, alinho-me ao pensamento do Pr. Silas Daniel: Não tem respaldo bíblico, muito menos lógico. Provocar um ato injusto (aborto) em virtude de outro ato injusto (estupro) atenta contra os princípios elementares do ser humano.
Porém, quanto ao aborto provocado em razão do risco de morte da mãe (aborto terapêutico), aí é que o negócio complica, portanto, acho pertinente as meta-indagações expostas pelo Pr. Esdras.
Particularmente,e, sem devaneios, tenho sérias dúvidas sobre qual decisão ética a ser tomada. Isso porque vários fatores devem ser levados em consideração quando se fala em risco de morte:1) Será que a medicina tem condições de prever, sem erros, o resultado do prosseguimento da gestação. 2) Será que a medicina, no atual estágio em que se encontra, não consegue oferecer soluções para um caso como esse?
Digo isso porque acredito que grande parte da solução do problema esteja no risco que envolve o prosseguimento da gravidez. Com efeito, caso seja comprovado que o risco de morte da mãe seja elevadíssimo, e que se prosseguisse na gestação poderiam os três perderem suas vidas, então, parece que seria um ato desumano continuar com a gravidez. Portanto, o aborto seria a alternativa menos prejudicial.
Mas, por outro lado, com essa posição esbarramos, contrário senso, em outro assunto que também envolve ética, que é o caso de eutanásia. Geralmente, nós cristãos, não consentimos com a mesma, ainda quando a medicina dá, com grande grau de precisão, o parecer que determinado paciente não poderá ter sua saúde restabelecida.
Portanto, estaríamos usando dois pesos e duas medidas. Ou seja, num caso aceitamos o parecer da medicina (aborto com risco de morte); no outro caso (eutanásia), não aceitamos, afinal acreditamos que Deus é o Senhor da vida. Mas, se ele é o Senhor da vida, não é o caso de deixarmos na mão dele também a decisão sobre o destino da gravidez?
São paradoxos como esse que tornam o assunto mais complicado. E acredito que a CGADB quando aceita o aborto terapêutico esteja incorrendo nesse mesmo paradoxo.
Mas, repito. Estou simplesmente ventilando idéias e argumentos, a fim de chegar numa decisão.
E o dilema não acaba aí.
Trago ao foco o Princípio do Duplo Efeito, cunhado por Tomás de Aquino em sua Summa Theologiae.
Tal princípio se refere à permissibilidade de ações das quais dois efeitos seguem-se simultaneamente, sendo um bom e outro mau. Isto é, determinado ato que provoque efeitos tantos negativos quanto positivos seria uma atitude ética, desde que possua os seguintes requisitos:
a) que a intenção do agente seja obter o efeito bom, e não o mau;
b) que o efeito bom seja obtido diretamente da ação, e não através do efeito mau;
c) que o efeito bom seja proporcionalmente superior ou ao menos equivalente ao efeito mau;
d) que não haja outro meio de se obter tal efeito bom, a não ser praticando a ação boa que produz tal efeito secundário mau.
Se aplicarmos tal princípio ao caso concreto, até certo ponto ele aponta no sentido de dar apoio ao aborto terapêutico.
Digo "até certo ponto" posto que tal decisão seria fundamentada na certeza sobre a gravidade do risco. Novamente voltamos à estaca zero!
Essas são as minhas iniciais - impressões - sobre o assunto. Como dito, são somente algumas inquietantes perguntas que coloco para análise, sem prejuízo daquelas que já foram colocadas anteriormente.
Volto ao debate, na medida do tempo.
Em Cristo
Grande abraço
Valmir Nascimento Milomem
www.comoviveremos.com
Caro Valmir,
Obrigado pela sua participação, que acrescenta tremendamente ao debate. Como alguns pontos frisados pelo irmão serão abordados no meu prometido artigo sobre o aborto terapêutico, que postarei hoje ainda no blog, peço ao irmão aguardar a referida postagem.
Grande Abraço!
Caros,
Como prometido, segue abaixo minha exposição sobre o aborto para salvar a vida da mãe. Inicialmente, como havia mencionado no texto do artigo desta postagem, pensei em escrever de forma geral sobre o aborto, mas, como os dilemas dos leitores claramente se encontravam apenas no tópico “aborto terapêutico”, preferi, até para não me alongar tanto, ir direto ao ponto. Entretanto, introdutoriamente, julgo ser importante deixar claros dois pontos para, logo em seguida, adentrarmos o assunto proposto. Ei-los:
1) O aborto terapêutico não é uma exceção reconhecida apenas por este escriba e pela denominação a qual ele pertence (Assembléia de Deus). É uma exceção reconhecida pelo protestantismo em praticamente sua totalidade. Admitem excepcional e oficialmente o aborto terapêutico a Assembléia de Deus e as igrejas Batista, Presbiteriana (http://www.ipb.org.br/noticias/noticia_inteligente.php3?id=808), Metodista (http://www.metodistaemcarmo.com.br/palavra_pentecostes_tronco.php), Luterana e Episcopal, só para citar as principais igrejas protestantes. Inclusive, os antigos judeus também entendiam, à luz da Torá, que deveria se abrir uma exceção no caso do aborto para salvar a vida da mãe. Os judeus modernos, infelizmente, influenciados pela onda pós-moderna, reinterpretaram a questão do aborto, tornando-o apenas indesejável e não um homicídio (vide o rabino David Feldman em 1969, nos EUA, e a decisão do Estado de Israel a favor do aborto em 1977), porém os seus pais, os antigos judeus, à luz da Torá, aceitavam apenas o aborto terapêutico (conforme indica o “Mishná”, do século II, e o famoso parecer do teólogo e médico judeu Maimonide, no século XII). Somente a Igreja Católica sempre se opôs ao aborto terapêutico em todas as suas modalidades.
É verdade que há muitos protestantes que têm o mesmo posicionamento dos católicos, mas são minoritários e não representam a posição oficial de suas denominações. Isso não quer dizer que não se deve respeitar esse posicionamento deles. Muito ao contrário! Ele é movido por uma preocupação legítima (e que respeito profundamente), mas esta não invalida esse posicionamento majoritário, posto que este não fere o princípio bíblico da preservação da vida, como destacaremos mais à frente.
2) É importante dizer ainda que, por mais terrível que seja o motivo pelo qual a criança no ventre foi concebida, à luz da Bíblia, não pode-se tirar o direito à vida desta criança, posto que ela não é culpada pelo motivo pelo qual foi concebida. Volto a frisar esse ponto para que fique bem claro que a condescendência em relação ao aborto daqueles dois gêmeos no ventre da menina de 9 anos não se deve ao fato de a menina ter sido estuprada. Isso não está e nunca esteve em questão. Aborto por estupro é pecado, porque pune a criança no ventre (E com a pena de morte!) por um crime que não foi ela quem cometeu, mas, sim, seu pai biológico – o estuprador. A Lei dada a Moisés já dizia que os filhos não podem pagar com a vida pelos pecados que os pais cometeram (Dt 24.16), isso no caso da criança já nascida. Imagine, então, no caso da criança ainda no ventre da mãe! Se alguém deve pagar severamente pelo crime é o estuprador, e não a criança.
“Os pais não serão mortos por causa de crimes cometidos pelos filhos, nem os filhos por causa de crimes cometidos pelos pais; uma pessoa será morta somente como castigo pelo crime que ela mesma cometeu” (Dt 24.16, BLH). Isso, além de ser um princípio bíblico, é também uma questão de lógica e bom senso. Por outro lado, é compreensível que uma mãe não tenha condições psicológicas de criar um filho nascido de um estupro, mas pode conceder-lhe a possibilidade de ser adotado. Abortar, porém, nunca.
Dito isso, vamos agora ao aborto para salvar a vida da mãe, onde a questão é outra.
Inicialmente, é preciso distinguir dentro desse ponto duas situações.
Em uma primeira situação, onde se situa o caso trágico da menina de Recife, o aborto é eticamente permitido porque não apenas a vida da mãe só será salva com o aborto da criança, como também é certo que a criança, permitindo-se que a gravidez tome o seu curso natural, não sobreviveria mesmo. Logo, não abortar a criança não significaria salvá-la, mas matar a mãe, além de a criança morrer. Ferir-se-ia, portanto, o princípio bíblico da preservação da vida, pois o resultado de não abortar só traria morte em todos os sentidos (morte tanto da criança como da mãe), e não a preservação da vida, que é o objetivo; enquanto abortar a criança preservará a única vida que poderia ser salva (a mãe). Ou seja, nessa situação, só há uma opção para quem realmente objetiva preservar a vida. As outras resultam só em morte. É uma decisão dolorosa? Disso ninguém tem dúvida, mas bíblica e eticamente correta, uma vez que preserva a única vida possível.
Em uma segunda situação, aí, sim, a questão envolveria duas alternativas que resultariam, ambas, na preservação de uma vida. Refiro-me àquela situação em que há de se optar entre ou salvar a mãe ou salvar o filho. Aqui, as duas saídas são consideradas eticamente aceitáveis: (1) ou a mãe decide sacrificar sua vida pela vida do filho (posto que a vida do filho no ventre é tão importante quanto a da mãe, por isso esse ato não é considerado suicídio) ou (2) se sacrifica a vida do filho para preservar a da mãe (posto que, volto a frisar, só que desta vez invertendo a ordem dos fatores – mas sem alterar o produto – , a vida da mãe é tão importante quanto a do filho no ventre). Perceba que, da mesma forma que o sacrifício da mãe não pode ser considerado suicídio, a morte do filho nesse caso não pode ser moralmente equiparada ao homicídio criminoso, puro e simples. O que rege tanto a decisão da mãe de morrer no lugar do filho ou do filho ser abortado para salvar a vida da mãe é o mesmo princípio ético e bíblico da preservação da vida. Qualquer uma dessas decisões é extremamente dolorosa, mas as duas são éticas.
Mas, alguém pode argumentar: “No caso da mãe, ela pode ser ouvida para decidir, enquanto, no caso da criança, os pais decidem por ela”. É verdade. Porém, deve-se levar em consideração alguns pontos. Primeiro, o fato de que, em uma gravidez desse tipo, de claro risco de vida para a mãe, o filho provoca a morte da mãe. Seria, portanto, o filho, por esse ângulo, assassino? Respondo: Não. Reflita: O filho no ventre, em uma gravidez de altíssimo risco de vida para a mãe, provoca a morte da mãe de forma consciente? Não. Ele não tem a mínima noção dos resultados e das implicações daquilo que está fazendo: lutar pela sua vida. Mas, é fato que, independente de estar plenamente consciente do que está fazendo, está provocando a morte da mãe. Mesmo assim não é um assassino. Provoca a morte, mas não é um assassino. Não há equiparação moral entre essa morte provocada e um homicídio criminoso, puro e simples.
Mas, vamos mais além: E se a criança no ventre da mãe tivesse a capacidade não apenas de verbalizar, mas de decidir conscientemente (e digo ‘conscientemente’ no sentido de estar mesmo plenamente consciente dos resultados e das implicações de seus atos naquele momento) e, dotado dessa condição, escolhesse a morte da mãe? Isso faria dele um assassino? Se faz, a mãe que opta dolorosamente pela morte do filho no ventre para salvar a sua própria vida também é uma assassina. Mas, se não, essa mãe também não é uma assassina.
Reforço: por qualquer ângulo (mãe morre para salvar a vida do filho ou aborta-se o filho para salvar a vida da mãe), a decisão é extremamente dolorosa. Entretanto, são duas decisões eticamente permitidas, posto que respeitam o princípio bíblico da preservação da vida. A vida da mãe não é mais importante do que a vida do filho em seu ventre, assim como a vida do filho no ventre não é mais importante do que a vida da mãe que o carrega; e não posso considerar a mãe moralmente uma criminosa por optar pelo aborto do filho para sobreviver, assim como não posso considerar o filho no ventre moralmente um criminoso por provocar a morte da mãe para sobreviver; assim como não posso considerar a mãe uma suicida porque resolve morrer para salvar a vida do filho que carrega em seu ventre.
Finalmente, é importante frisar ainda sobre esse assunto que o aborto para salvar a vida da mãe deve se basear no diagnóstico de uma junta médica séria. Esse tipo de aborto não pode ser realizado sob a “autoridade” de algum “prognóstico”, mas orientado por um diagnóstico cientificamente correto. “Mas, não há risco de a equipe médica deliberadamente apresentar um diagnóstico errado?” Ora, se a família não confiar naquela equipe médica, pode pedir a avaliação de outra. “E se todos os diagnósticos forem idênticos?” Bem, é uma questão de confiança. Ou se confia no diagnóstico dos médicos, ainda mais depois de mais de uma avaliação, ou então não se confia mais na medicina. Ou ainda, o que seria outra alternativa, confia-se na medicina, mas optando também por orar por um milagre, opção totalmente válida. Ou seja, leva-se a gravidez adiante na esperança do milagre.
Já soube do testemunho de pais cristãos que preferiram orar por um milagre e Deus, contra todos os diagnósticos dos médicos, fez a mãe e a criança salvarem-se; como já soube também de pais cristãos que fizeram o mesmo e o diagnóstico dos médicos não foi mudado por Deus. O que estou dizendo com isso? Três coisas. Primeiro, que, como disse o leitor Lucas Marin, autor do primeiro comentário a esta postagem, é importantíssima a direção de Deus; segundo, que creio em milagres e oro por milagres; e terceiro, que, mesmo crendo em milagres, reconheço também que tanto o aborto para salvar a vida da mãe quanto o sacrifício dela (morrendo no lugar dele) são decisões eticamente permitidas.
Alguns amigos perguntam se condescender com o aborto terapêutico, mesmo que este respeite o princípio bíblico de preservação da vida, não seria uma brecha para a eutanásia. A resposta é não. São água e óleo. Se não, vejamos.
Em primeiro lugar, a eutanásia não objetiva a preservação de alguma vida. Ela é apenas uma interrupção deliberada e abrupta da vida de uma pessoa, não um ato sacrifical para salvar a vida de alguém. Não está em jogo a salvação de outra vida na questão da eutanásia, mas só o fim que se quer dar a uma vida específica e ponto. Sempre há motivos emocionais invocados para tentar justificá-la, mas, sabemos, nada justifica moralmente a eutanásia. Ela é suicídio (por parte daquele que pede para sofrê-la) e homicídio (por parte daquele que aceita executá-la no paciente).
Em segundo lugar, a eutanásia se distingue do caso em tela também porque ela não ocorre quando o diagnóstico é a morte clinicamente inexorável, como se pensa popularmente. Para que fique mais claro, é preciso distinguir eutanásia de ortotanásia e discorrer também sobre distanásia.
A eutanásia é a antecipação da morte quando esta não é clinicamente iminente. Já a ortotanásia é quando, sabendo que a morte não só é clinicamente inexorável como também iminente, a pessoa prefere deixar a morte iminente acontecer naturalmente, em vez de tentar artificialmente prolongar o momento da morte. A distanásia, por sua vez, é o prolongamento artificial de uma morte iminente e clinicamente inexorável. A Igreja Católica apóia oficialmente a ortotanásia – vide o caso da morte do papa João Paulo II (percebendo que estava no fim da vida, ele optou por morrer em casa) – e também a distanásia, só ressalvando que quem pratica a distanásia, ao desligar os aparelhos, deve assegurar-se de que está mesmo optando pela ortotanásia e não por uma eutanásia camuflada.
Nos pontos ortotanásia e distanásia, os protestantes estão divididos. Enquanto a Igreja Católica condena a eutanásia e apóia a ortotanásia e a distanásia, os protestantes condenam em bloco a eutanásia (só uma minoria liberal a aprova) e dividem-se em relação à ortotanásia e à distanásia (os que defendem a ortotanásia geralmente são contra a distanásia e os que defendem a distanásia geralmente são contra a ortotanásia; mas há também um terceiro grupo, que, como os teólogos católicos, são a favor tanto da distanásia quanto da ortotanásia). A maioria esmagadora dos protestantes é a favor da ortotanásia. A Assembléia de Deus (denominação a qual pertenço) ainda não se posicionou oficialmente sobre a ortotanásia. Em 1999, posicionou-se apenas contra a eutanásia e deixou em aberto a questão da ortotanásia. Na época, a Comissão do Elad apresentou o parecer de que a ortotanásia pode, dependendo do contexto, ser discutida. E acrescentou: “Isso não significa necessariamente uma afirmação [a favor], mas uma possibilidade. Tudo vai depender das circustâncias”. Fez-se questão ainda de se diferenciar, ao final, que uma coisa é deixar morrer naturalmente em casos de morte iminente, inexorável; e outra é acelerar a morte que não é iminente (eutanásia propriamente dita).
A meu ver (mas sou aberto a divergências, podendo mudar de opinião), a ortotanásia é moral e eticamente válida, pois aceita o fluxo natural da vida, não apressando a morte, nem induzindo a ela, nem prolongando o momento da morte artificialmente. Já a eutanásia, ao contrário, sem sombra de dúvida, é um crime e erro moral, pois nada mais é do que um homicídio assistido, uma vez que há uma ação direta do paciente ou de outra pessoa para antecipar a morte. E a distanásia, como já ressaltamos, é quando a morte é iminente, porém os médicos, sob orientação da família, resolvem prolongar o momento da morte por aparelhagem. Ela é o oposto da eutanásia, pois, na eutanásia, a morte não é iminente, mas, mesmo assim, uma ação direta é aplicada antecipando-a.
Resolvido isso, alguém poderia ainda objetar: “Ok, o aborto para salvar a vida da mãe não abre brecha para a eutanásia, mas será que abre para a destruição de embriões para a produção de células-tronco embrionárias? Nesse caso, não estaria também se sacrificando vidas para salvar outras?”
À primeira vista, pode parecer que sim, mas a resposta também é não. Os defensores das pesquisas com células-tronco embrionárias só podem usar esse argumento se distorcerem o verdadeiro significado e o contexto ético da admissão do aborto para salvar a vida da mãe, forçando semelhanças desta decisão ética com a defesa absurda que se faz da pesquisa com células-tronco embrionárias (ainda não vi argumentos assim, mas é possível, por isso antecipo-me). Entretanto, uma coisa não tem absolutamente nada a ver com a outra. Isso porque:
Em primeiro lugar, na pesquisa com células-tronco, não existe a alternativa “ou salva um ou outro”. A vida do embrião não está vinculada e condicionada à da pessoa, assim como a vida da pessoa não está vinculada e condicionada à do embrião. Não existe essa circunstância que se vê no aborto terapêutico.
Em segundo lugar, no caso da produção de células-tronco embrionárias, não se mata para salvar vidas, mas para pesquisa. A pesquisa com células-tronco embrionárias é eugenia. O objetivo é melhorar a vida das pessoas que sofrem de doenças degenerativas ou deficiências, e às custas do assassinato deliberado de outras pessoas. O objetivo é cura de doenças para melhorar a qualidade de vida. Alguém pode até argumentar (embora seja moralmente absurdo tal argumento, como expomos no primeiro ponto) que, indiretamente, o resultado positivo dessas pesquisas tem a ver com salvar vidas, porque resultaria no prolongamento da vida, principalmente no caso de algumas pessoas. Mas, veja: mesmo nesses casos, estamos falando de objetivos indiretos, não diretos. Ou seja, nem por uma lógica enviezada tal argumento se sustenta.
Estamos falando de matar embriões, vidas, para... pesquisas! – isto é, para testar uma hipótese que, só se um dia for comprovada, poderá trazer algum efeito positivo às pessoas e, mesmo que isso um dia venha a acontecer, absolutamente não justificaria a morte de milhares de inocentes.
E, finalmente, em terceiro lugar, mesmo para quem não baseia sua ética em princípios e valores morais, mas apenas em resultados, as pesquisas com células-tronco embrionárias são dispensáveis por não terem trazido nenhum benefício até hoje, enquanto as pesquisas com células-tronco adultas são muito mais promissoras, já tendo, inclusive, proporcionado resultados terapêuticos concretos.
Se o único resultado positivo com pesquisas com células-tronco tem vindo das pesquisas com células-tronco adultas, o que não envolve problemas éticos; e já se fala de resultados e avanços nessa área que apontam para a desnecessidade de se insistir nas pesquisas com células-tronco embrionárias, nada justifica a pesquisa com células-tronco embrionárias. Nem os que aderem a uma ética que se baseia apenas em resultados teriam motivos para insistir na pesquisa com células-tronco embrionárias. Mas, infelizmente, muitos preferem acreditar que ainda seja possível ter resultados e, pior ainda, nem se preocupam com o fato de terem de matar vidas para conseguir esses resultados. Aliás, para essa gente, embrião nada mais é do que uma “vida inferior”. A esse posicionamento, nosso repúdio.
Abraços a todos!
Sugiro lerem post no meu blog sobre o assunto, trazendo informações do Padre da cidade de Alagoinha. Abraços!
Caro Daladier, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas informações. A denúncia sobre a intromissão das ONGs abortistas no caso, influenciando a mãe a decidir pró-aborto, é uma amostra de como esses grupos fazem de tudo para usar esses casos trágicos como bandeira para seus propósitos. E se o padre conseguir provar que a mãe assinou a autorização para o aborto sem seu consentimento, enganada pela ONG, aí o caso é pior ainda, pois constitui-se crime.
Quanto a propôr que a CGADB divulgue alguma nota à imprensa emitindo sua opinião sobre o caso, é uma proposta válida, com a qual concordo plenamente, só quero fazer uma pequena ressalva em relação ao que se segue, uma impressão que o irmão colocou no final dessa proposta: "Só não vale ser no Mensageiro da Paz, pois somente os evangélicos o lêem". Pelo que entendi, o irmão está sugerindo que: (1) todas as vezes que ocorrem casos e situações na sociedade brasileira em que uma divulgação do posicionamento da CGADB seria de bom alvitre, ela só faz essa divulgação pelo "Mensageiro da Paz", quando isso não é verdade; (2) e que não vale a pena divulgar nota no "Mensageiro da Paz", o que também não é verdade. Não estou dizendo com isso que o irmão tenha sido mal intencionado, longe disso!, mas, sim, que foi infeliz nessa colocação.
Começando pelo segundo ponto: Casos como esse geram muitas dúvidas em crentes com menos solidez doutrinária, por isso essas notas oficiais devem ser divulgadas no jornal "Mensageiro da Paz". É importantíssimo esclarecer aos evangélicos qual a posição que devemos tomar, à luz da Bíblia, diante de casos assim.
E sobre o primeiro ponto: Ao público em geral, sem muitas informações, pode parecer que a CGADB nunca se preocupa ou nunca se preocupou em divulgar notas oficiais em situações assim. Ledo engano. Ela já fez isso algumas vezes em sua história, e não só ela: outras denominações já o fizeram também em relação a outros casos. O problema é que fica parecendo que isso nunca acontece porque a mídia e o governo federal simplesmente ignoram solenemente essas notas oficiais, só fazendo menção das notas oficiais divulgadas pela religião dominante, a Igreja Católica. Só que eu me lembre, sem fazer pesquisas, a CGADB enviou uma nota oficial à mídia secular e ao governo brasileiro durante o segundo mandato da gestão FHC (se não me engano, em 2001) sobre posicionamentos tomados pelo então presidente que feriam os princípios cristãos (nota também divulgada no jornal "Mensageiro da Paz") e fez o mesmo, como muitas outras denominações, no caso da classificação das igrejas como associações, no primeiro formato do Novo Código Civil, e no caso do projeto de lei contra a "homofobia", já no governo Lula. Porém, a mídia secular não divulga, e aí fica parecendo ao público em geral que a CGADB e outras denominações não se interessam por essas coisas, não divulgam nota etc, porque, infelizmente, a maioria das pessoas pensa, como já disse aqui em outro post, que "o que não sai na mídia é porque ou não existe ou nunca aconteceu, ou, na melhor das hipóteses, não tem importância".
Outros exemplos:
No caso do julgamento sobre o aborto de anencéfalos, a CGADB elaborou um posicionamento, que não foi nem divulgado no "Mensageiro da Paz", mas foi lido no Congresso Nacional e em uma audiência pública do STF pelo líder da Frente Parlamentar Evangélica (que era um assembleiano), e não saiu uma linha sequer na mídia impressa ou uma perdida referência na tevê sobre isso. Porém, no "Mensageiro da Paz", divulgamos que foi feito o pronunciamento. Lembra-se também quando, poucas semanas antes daquela decisão daquela comissão da Câmara dos Deputados sobre um projeto de lei de descriminilazação do aborto, que atraiu a atenção da mídia, o líder da CGADB foi estrategicamente à Brasília para falar contra esse e outros projetos de lei pró-aborto e também, aproveitando, contra o projeto de lei que condena a dita "homofobia", sendo recebido pelo presidente do Senado, o presidente da Câmara e um ministro que o recebeu em nome do presidente Lula? Pois é, excetuando a TV Senado, a TV Câmara, o programa "Movimento Pentecostal" e o jornal "Mensageiro da Paz", ninguém mais divulgou o fato. Portanto, o problema não é de indiferença aos fatos, mas, muitas vezes, de indiferença da mídia aos posicionamentos da CGADB e das demais denominações evangélicas sobre esses fatos.
Abraço!
Caro pastor Silas Daniel,
O dr. Norman L. Geisler em seu livro Fundamentos Inabaláveis define ética como "um conjunto fixo de leis morais pelo qual se pode avaliar a conduta humana". Segundo essa definição, a ética seria um conjunto inflexível de valores que fornecem a base dos nossos julgamentos morais. Essa é a definição mais comum dentro do cristianismo, e também a mais aludida fora dos arraiais da fé.
A primeira metade do século passado foi marcada pelo terror de duas guerras mundiais. Na segunda metade experimentamos o caos da guerra fria, com suas ameaças atômicas que propagandizavam o medo como arma dominadora. Tudo isso fez com que alguns teólogos cristãos saíssem pouco de suas catedrais teológicas e se arriscassem no terreno da filosofia, a fim de repensar a questão da moral. Os resultados variam de bons a ruins, dependendo do caso. Joseph Fletcher se destacou muito nesse período, e hoje é lembrado como o pai da ética situacional, sistema segundo o qual os pressupostos morais podem variar conforme a situação.
Recentemente se notíciou no Brasil o caso da menina de 9 anos que foi violentada pelo padrasto, a qual estando em processo de gestação, teve a gravidez interrompida. O caso tornou-se conhecido mundialmente logo após a excomunhão da equipe médica que realizou o aborto. José Cardoso Sobrinho, arcebispo de Olinda e autor da excomunhão afirmou que a decisão foi baseada nos principios divinos, segundo os quais o aborto é um ato pecaminoso.
Todo ser humano tem o direito a vida. Esse direito é garantido pela Constituição Federal em seu artigo 5º, e também por tratados e acordos internacionais, entre eles o Pacto de São José da Costa Rica, assinado também pelo Brasil, que em seu artigo 4º, reza que “toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida. Esse direito deve ser protegido pela lei, em geral, desde o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da vida arbitrariamente”. Concepção é, biologicamente, aquele momento em que um espermatozóide penetra no óvulo gerando vida, e não apenas o momento do nascimento.
Segundo a cosmovisão cristã, Deus é o Criador de todas as coisas. Ele é o autor da vida e a base absoluta para todas as nossas ações morais, e todas as questões éticas devem ceder a essa verdade. Portanto, uma vez que consideramos a existência de Deus e entendemos que Ele mesmo concedeu valor à vida humana, ninguém mais pode desvalorizar o gênero humano no que concerne às questões de vida.
Aqueles que se posicionam à favor do aborto costumam dizer que a mulher tem direito sobre o seu próprio corpo. Há algum tempo atrás havia uma propaganda pró-aborto na emissora do telebispo na qual uma jovem falava acerca dos direitos constitucionais que lhe foram concedidos (trabalho e voto, entre outros) enquanto reclamava do suposto direito sobre o seu próprio corpo que lhe fora vedado, referindo-se ao direito de decidir abortar ou não. Isso causou constrangimento entre os milhões de evangélicos do Brasil, pois o bispo - que se considera uma pessoa cristã evangélica -, estava defendendo uma tese anti-cristã. Ora, se considerarmos a criança no ventre não como uma pessoa individual, mas como um mero apêndice ou um tecido desnecessário, então esse argumento à favor do aborto será convincente. Mas, se consideramos a criança não-nascida como uma pessoa, então esse argumento se converte em um apelo emocional sem nenhuma base racional.
Nestes últimos dias, enquanto acompanhava o caso da menina estuprada pelo padrasto que, grávida de gêmeos, teve a gravidez interrompida, vi alguns reflexos de conservadorismo em figuras seculares e outros de liberalismo dentro da esfera eclesiástica. Que o diga o presidente Lula, que na sexta-feita (07), declarou que o caso faz parte de um "processo de degradação da estrutura da sociedade". E que o digam também os blogueiros cristãos que têm se posicionado à favor do aborto devido aos apelos emotivos da Rede Globo e congêneres que se aproveitam do acontecido para aumentar a audiência os seus telejornais e disseminar seus pressupostos pseudo-progressistas.
Embora a dramatização realizada pelos meios de comunicação tenham trazido à tona e com mais força as discussões acerca do aborto, nós cristãos devemos permanecer alicerçados nos pressupostos sagrados endossados pelo Criador e Dono de toda vida. Ora, se até a ciência genética tem declarado que a vida começa no instante da concepção e que todas as características de um ser humano individual estão presentes no feto, que razão temos nós, além das nossas próprias emoções afloradas, para justificar o aborto, qualquer que seja o caso?
Quanto ao fato da menina de Recife, entendo que houve uma dupla violência: primeiro pelo padrasto, através do ato do estupro. Logo, pelos médicos, ao realizarem o aborto, violando novamente o corpo indefeso da pobre criança. Justificativas não faltam: Segundo os médicos, duas vidas em troca de uma é uma matemática perfeita. É a ética situacional retornando com força no cenário filosófico-teológico brasileiro.
Em Cristo,
Leonardo G. Silva
***
Texto publicado originalmente no blog Púlpito Cristão: www.pulpitocristao.blogspot.com
Caro irmão Leornardo,
Seu texto é brilhante, o único parênteses que coloco seria apenas no final, apenas no último parágrafo: baseado no próprio princípio bíblico da preservação da vida, entendo, como expus em longo texto postado ontem neste mesmo espaço de comentários, que o único aborto eticamente permitido é o para salvar a vida da mãe (ainda mais quando não há a mínima chance de a criança no ventre sobreviver). Por isso, se não for mentira da junta médica de que não havia outra alternativa (segundo a junta, volto a lembrar, os gêmeos morreriam independente do aborto, e a menina só escaparia se o aborto fosse feito), esse aborto é eticamente permitido. Ou seja, se o que a junta disse sobre o caso específico daquela menina for verdade, então fazer esse aborto não significou trocar duas vidas por uma, mas trocar nenhuma vida por uma; isto é, significou preservação da vida. Agora, se for mentira dessa junta, é mais do que óbvio que esse aborto não deveria ser permitido, pois seria uma abominação.
Abraço
Prezado irmão em Cristo,
Lendo as opiniões aqui expostas, levanto questões como:
• a maioria das defesas ao aborto neste caso específico estão com tempo verbal condicional. O caso é concreto e não há certeza do que poderia não ter acontecido. Portanto, trabalhou-se com conjecturas para o futuro que não aconteceu: a morte da mãe.
• a previsão médica é sempre uma opinião humana, por mais séria e coerente que a admitamos. Assim, para melhor avaliar a necessidade do aborto, o correto é deixar a gravidez correr normalmente, e se – aí sim entra o tempo condicional – e se ocorrer um complicador para a vida da menina, então, o remédio inevitável é o de preservá-la, uma vez que não se pode mais manter a vida dos fetos, mas pode-se garantir a da mãe.
• outro questionamento que faço é que, ainda, ninguém comentou a precocidade da gravidez. Com exceções não tão raras atualmente, devido a vários fatores que não cabem neste espaço, uma menina desta idade ainda não tem ovulação-menstruação. Portanto, tudo leva a crer que esta menina vinha sendo seviciada há algum tempo, o que provoca precocidade hormonal e conseqüente ovulação. Em uma comparação rústica, os criadores de animais induzem o cio nas fêmeas novas colocando-as próximas ao macho fértil, a fim de que sejam estimuladas sexualmente. Esta questão não pode ser deixada de lado, posto envolver um assunto de extrema gravidade: a pedofilia, prática assumidamente permitida e consentida por nosso governo quando apóia movimentos com esse matiz ideológico.
• Vejo necessário, também, comentar a atitude do bispo católico. Em primeiro lugar, um homem de coragem que enfrentou Golias com um estilingue. Em seguida, é necessário dizer que, para a Igreja Católica, casos como esses têm como efeito a excomunhão automática. O bispo só fez comunicá-la.
• Quanto à morte provocada, a Bíblia faz distinções claras. O mandamento diz ‘não matarás’. Mas Deus, posteriormente, ordena que o exército de Israel extermine uma população. Há alguma incoerência? Não, não há. Deus sabe que os homens são maus e permite que haja, o que a nossa lei denomina de, a legítima defesa. Existem outros casos onde a pena capital era não só permitida como obrigatória. Nestes casos não há punição para aquele que pratica o ato homicida, uma vez que Deus é o legislador. Resta-nos ver sob a lei objetiva brasileira, no caso específico desta garota, se ocorre ou não a defesa de alguém sob ameaça de morte iminente. Segundo os médicos, poderia haver risco de morte da mãe; uma probabilidade, não uma certeza. Assim, para os médicos, pode-se compreender a prática de legítima defesa putativa, na qual alguém supõe estar em risco de morte e age em defesa própria ou de outrem, matando o ofensor. Ex: Duas pessoas discutem violentamente; um indivíduo coloca a mão no bolso e o outro, pensando que o primeiro irá sacar uma arma, em defesa de sua própria vida, enfia-lhe uma faca no coração, matando-o. Embora a lei defina como crime, não prevê punição.
• Quanto à questão moral, considero uma decisão apressada dos médicos. Com base nos conhecimentos adquiridos, optaram antecipadamente pelo aborto provocado. Os médicos, entretanto, poderão argüir do nosso desconhecimento do caso concreto, do estado de saúde dos fetos, da mãe e das condições físicas da mãe para suportar uma gravidez dupla até o final. Ainda assim, observando o conjunto de condições visíveis, os mesmos médicos poderiam ter abortado Beethoven, de pai alcoólatra e mãe sifilítica, cujos irmãos precedentes ou morreram ou nasceram com seqüelas graves. Portanto, caso as condições físicas da mãe necessitassem intervenção imediata sob pena de morte iminente desta, observo que a decisão foi apressada e baseada em conjecturas, embora apoiadas em conhecimentos pessoais ou estudos de terceiros. Assim como os ateístas alegam que a religião não tem a palavra final, afirmo com certeza que a ciência a tem menos ainda.
• Faço, também, uma observação à sua exposição final sobre o assunto. Mais especificamente no item de número dois, onde vejo uma contradição: “É importante dizer ainda que, por mais terrível que seja o motivo pelo qual a criança no ventre foi concebida, à luz da Bíblia, não pode-se tirar o direito à vida desta criança, posto que ela não é culpada pelo motivo pelo qual foi concebida. (...) A Lei dada a Moisés já dizia que os filhos não podem pagar com a vida pelos pecados que os pais cometeram (Dt 24.16), isso no caso da criança já nascida. Imagine, então, no caso da criança ainda no ventre da mãe!” Então, apesar de o foco estar no estupro e não no risco de vida da mãe, pergunto: Como conciliar a doutrina ao caso concreto, uma vez que os fetos também não eram culpados pelo pecado do estuprador e tampouco da mãe? Por este motivo, e com base nas informações de que disponho, afirmo que houve decisão apressada.
• Também, quanto ao risco de estarmos apoiando o aborto em qualquer caso com este precedente, afirmo que o tempo de atuarmos contra qualquer abuso ditatorial por parte do nosso governo já passou. Hoje já vivemos sob a batuta socialista com firmes passos para seu estágio final que é o comunismo. É bom a igreja preparar-se para a perseguição, pois só Deus pode agir e frear a insensatez vigente.
Prezado irmão, não levanto estas questões no intuito de corroer o debate ou desprezar sua opinião, tendo a minha como pura verdade. Ao contrário, levanto-as, pois já as ouvi e não as vi expostas desta forma em outros locais que visito na rede. Também, penso que contém pequenas diferenças que se mostram relevantes no cômputo final da discussão. Como igreja, precisamos estar muito bem preparados para os embates que enfrentaremos diante do pensamento secular atual. Paulo disse que não devemos nos amoldar ao ‘presente’ século, o que nos indica que o pensamento secular pode mudar com o passar do tempo, e que precisamos nos manter atentos a estas mudanças. Sendo assim, o que é um fato, entendo que a mentira satânica é a mesma desde o Éden, no entanto, a cada era vem com nova roupagem para continuar seu propósito de engano sutil e maligno. E mais: está escrito que o conhecimento se multiplicará, o que nos obriga a aumentar o nosso conhecimento em todas as áreas para que possamos responder com absoluta segurança apologética que religião também é conhecimento genuíno. Se não vencermos esta barreira, muito mais rapidamente entraremos em colapso e, posteriormente, na apostasia final.
Graça e paz em Cristo!
Pr. Silas, a Paz do Senhor!
Gostei muito de sua postagem a respeito desse assunto tão polêmico. Polêmico porque ele não apresenta-nos um paradoxo, dividindo a idéia entre os radicais, os conservadores e os liberais. Devemos nos atentar à ética cristã. E, assim fazendo, não devemos ser tão radicais. Mas também lembremo-nos que somos conservadores. Ser conservadores não envolve apenas costumes concernentes ao trage, mas vai muito além disso. Confesso que, quando me perguntaram o que faria na situação desse aborto, gaguejei um pouco. Talvez, depois, farei alguma postagem sobre isso em meu blog. Mas gostaria de fazer algumas considerações aqui.
• Sobre o bispo: Mesmo que ele esteja errado, está de parabéns por ter conservado sua opinião sobre o aborto. Mesmo que a mesma seja, talvez, um pouco equivocada, quem nos dera se todos os líderes religiosos fossem assim, não se importando com o que a sociedade e a mídia acharia de suas ações. Em contrapartida, o bispo não foi feliz ao excomungar a menina e os envolvidos no aborto e tornar isso reconhecido mundialmente; ele humilhou essas pessoas para todo o mundo. Dizer, também, que o pecado do aborto foi maior do que o do estupro foi um absurdo!
• Sobre a mídia: Ela está condenando o sacerdote católico e aproveitando para provar que sua opinião está errada não só no caso da menina de 9 anos, bem como em todos os outros casos de aborto. Ou seja, a mídia em geral está se aproveitando dessa situação para apoiar o aborto em qualquer caso e condenar quem o condena.
• Sobre os médicos: Eles fizeram seus papéis ao obedecerem a ordem da mãe da menina e ao querer salvar a menina. Mas aí entra a polêmica: salvar a menina matando seus dois filhos. E depois falarei mais sobre isto.
• Sobre os pais da menina: Eles queriam o bem de suas filha. Talvez foram felizes ou infelizes ao decidirem o que fazer. Também falarei sobre isto mais à frente. Mas, como disse o irmão Lucas Marim, eles poderiam ter agido sob a direção de Deus. Tê-Lo consultado antes de tomar qualquer atitude.
• Sobre o estuprador: Não é necessário nem dizer nada.
• Sobre a menina: Ela, quase com certeza, não suportaria essa gravidez e poderia morrer. Ela ficou marcada o resto da vida com o estupro o qual sofreu e pelo aborto. Ficaria, também, ou mais ainda, se seus filhos nascessem.
SOBRE O ABORTO. "Na tua terra não haverá mulher que aborte, nem estéril; o número dos teus dias completarei" (Êx 23.26). Nesta fala, Deus estava fazendo uma promessa a Israel que abençoaria tal povo e tiraria do meio deles as enfermidades (v. 25). Sendo uma promessa, quando Deus diz que não haveria mulher nenhuma que fosse estéril isso era uma coisa boa; e, que não abortasse, também. Agora, subentende-se que o que o Senhor queria dizer era que não seria necessário que mulher alguma abortasse. Logo, entenderíamos que, em alguns casos, as israelitas abortavam. Porém, isto
seria só uma hipótese e, ainda assim, em alguns casos. "Se alguns homens brigarem, e um ferir uma mulher grávida, e for causa de que aborte, não resultando, porém, outro dano, este certamente será multado, conforme o que lhe impuser o marido da mulher, e pagará segundo o arbítrio dos juízes" (Êx 21.22). Repare o "for causa de que aborte". Parece que Deus estava apoiando o aborto neste caso, porém Ele estava, na verdade, protegendo a criança: no versículo 21, se uma pessoa violentasse uma mulher grávida e ela tivesse que dar à luz uma criança prematura, o que violentou pagaria uma multa. Se esta pessoa, porém, ferisse o filho ou a mãe, teria que pagar na lei do olho por olho e dente por dente; ele seria réu acusado de homicídio e, caso condenado, pagaria com sua própria vida. Essa passagem prova, então, que um feto já é um ser humano e quem o mata, mata um ser humano. A BEP ainda traz uma nota dizendo que essa é a única circunstância em que a lei exige a pena de morte por homicídio acidental. Diz, ainda, que, logo, o princípio está claro: Deus procura proteger aqueles que têm menos condições de se protegerem, isto é, os que ainda estão por nascer. Agora, notemos, também (v. 22), que, caso a mulher tivesse que abortar, quem pagaria por isso seria o estuprador, e não a mãe. Não que o aborto por estupro não seja pecado: o que é levado em conta aqui não foi essa circunstância, mas, sim, o estado grave da criança e da mãe. Alguém pode argumentar que quando Deus disse isso Seu povo estava sob a Lei. Mas, por estarmos sob a Graça, o que não mais vale é o princípio olho por olho e dente por dente (e em partes) e as leis sacrificais e rituais, e não as morais. Neste caso (acrescentando, ainda, os argumentos usados pelo senhor), o aborto terapêutico, realmente, não é pecado.
Considerando que havia uma remota possibilidade de os gêmeos e, ainda, a mãe-mirim ficassem vivos, por que todos os envolvidos não clamaram a Deus para que isso acontecesse? Jesus, no Getsêmani, disse a Deus para que Ele fizesse Sua vontade, mas também pediu: "Se possível, afasta de Mim esse cálice". Abraão já não ia entregar a vida de seu filho sem questionar, quando Deus pediu?
Agora, um simples versículo (o menor da Bíblia, por sinal) pode mudar todas essas idéias: "Não matarás" (Êx 20.13). Considerando que isto envolve a todos, alguns valendo-se deste versículo e outros mais, condenam mesmo o aborto terapêutico.
Enfim, ainda não tenho uma conclusão exata sobre o assunto e uma posição definitiva a respeito do aborto terapêutico e o aborto dos gêmeos pernambucanos. Então, até por isso, para evitar qualquer heresia, não omiti minha opinião. Mas, talvez, ainda o faça. Foi ou não foi pecado o aborto em questão? Por enquanto, fiz estes comentários aqui em sua postagem, a qual muito gostei.
Que Deus continue te capacitando. Abraço!
Caro irmão Oliveira,
Antes de tudo, obrigado por sua intervenção neste espaço, que enriquece ainda mais nossa reflexão. Bem, vamos aos pontos.
1) A defesa ao aborto neste caso específico (da menina de Recife) está com tempo verbal condicional apenas porque algumas pessoas questionam a precisão da avaliação da equipe médica. Logo, prudentemente, urge fazê-lo assim. Nada mais natural.
O irmão afirma que, no caso concreto, não há certeza do que poderia ter ou não acontecido. Não sei se havia ou não certeza. Alguns membros dessa equipe falam de “forte probabilidade” outros dizem “praticamente certo”. Como já disse, não sou médico e estou analisando a situação apenas a partir do diagnóstico da equipe médica. Particularmente, acho que sempre devemos contar com a falabilidade humana, que faz parte da nossa contingência, entretanto não sou eu a pessoa mais indicada para dizer se o diagnóstico era correto ou não. Só outros especialistas poderiam fazê-lo. Em nosso caso, é questão de confiar ou não no diagnóstico dos médicos. Que Deus nos livre, mas, se estivéssemos na situação daqueles pais e a equipe médica nos desse esse diagnóstico para a menina, será que a alternativa mais correta seria dar descrédito total a esse diagnóstico? Será que deveríamos confiar na Medicina em muitas coisas, menos em casos assim? Será que, a partir de agora, não devemos mais confiar em diagnósticos de especialistas?
Claro que os médicos às vezes erram, por isso decisões assim são feitas em equipe, para eliminar o máximo possível a possibilidade de erro no diagnóstico. Mesmo assim, como já disse em outro comentário, é preferível ouvir mais de uma junta médica, mais de uma opinião, assim como, quando estamos doentes, muitas vezes nos consultamos em mais de um médico para sabermos se há opiniões diferentes sobre o nosso caso (Imagine, então, diante de um caso desses!). A meu ver, com todo respeito, acho que os pais deveriam ouvir mais de uma opinião médica. Agora, como isso não aconteceu, como não tivemos uma segunda avaliação, um segundo olhar de especialistas, julgar que a opinião daquela equipe médica era falha é tão perigoso como afirmar que era absolutamente certa. Dizer que provavelmente era errada é julgar esses médicos incompetentes ou farsantes; dizer que era absolutamente certa é ignorar a contingência humana. Por isso, a condicional. Continuarei com ela.
2) Sobre deixar a gravidez correr normalmente, acho uma opinião coerente. Concordo com ela. Só precisaria saber os riscos, se isso era viável. Mas, não sou eu o especialista.
3) A pedofilia é mais do que óbvia nesse caso. O que faltou, sim, como o irmão bem frisa, é as autoridades e formadores de opinião serem mais honestos e ousados, e discutirem o que é que tem levado a essa onda de pedófilos no Brasil. Que tipo de conteúdo tem estimulado isso no Brasil? Movimentos com matiz ideológico que flerta com a pedofilia devem ser estimulados? Essas são questões igualmente importantes.
4) No meu artigo, logo na abertura, destaco a excelente reflexão que meu amigo, pastor César Moisés, fez sobre a coragem do bispo, independente de concordarmos com tudo o que disse ou não. Sobre a excomunhão, é verdade: é automática. Não é o bispo quem excomungou. Ele só fez comunicar a excomunhão. Ele não externou uma decisão dele; apenas comunicou algo que, na doutrina católica, é automático.
5) Sobre o argumento da legítima defesa, li há algum tempo de um médico e teólogo judeu que, séculos atrás, desenvolveu esse mesmo raciocínio exatamente para justificar o aborto para salvar a vida da mãe. É um argumento interessante e lógico.
6) Sobre o caso de Beethoven, é diferente, porque as modalidades de aborto terapêutico que falamos serem entendidas como casos excepcionais à luz da ética cristã são apenas aquelas para salvar a vida da mãe. Nos casos de o bebê correr o risco de nascer deficiente, aí é outra história.
7) O irmão pergunta se não seria uma contradição ser contra o aborto por estupro e, ao mesmo tempo, condescender no caso do aborto dos gêmeos, que foram frutos de um estupro. Ora, uma coisa não se aplica a outra, porque estamos falando claramente de abortos por razões diferentes. Os gêmeos não foram abortados porque eram frutos de estupro realizado em uma menina de 9 anos, mas, segundo a junta médica, o foram para salvar a vida da mãe e com o adendo de que, ainda segundo a junta médica, não havia perspectivas de eles sobreviveriam se a gravidez fosse levada adiante. Não se orientou a fazer o aborto porque os gêmeos eram frutos de um estupro, mas porque a vida da menina estaria em jogo se ele não fosse feito e os gêmeos não sobreviveriam de qualquer jeito.
8) Não vejo problema em ser um defensor da preservação da vida e reconhecer que há apenas um caso de aborto que é eticamente aceitável, mesmo que dolorosamente. Isso porque essa exceção se baseia justamente no princípio da preservação da vida, como já expus naquele longo texto em comentário anterior, enquanto nenhum dos outros tipos de aborto pode se sustentar sob o princípio da preservação da vida. Não há contradição. Não há transigência com o liberalismo social que grassa nossa sociedade hoje, tentando varrer os princípios e valores cristãos que a formaram.
Abraço, meu irmão! E mais uma vez obrigado por enriquecer o debate! Graça e paz em Cristo!
Caro André, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Como vê, não são questões fáceis. Sobre os pontos levantados, creio que as últimas reflexões que tenho gravado aqui tangem eles.
Abraço!
Prezado Pr. Silas, a suposta omissão da CGADB a que me referi já foi evidenciada várias vezes em posts no meu blog. Não acho que a CGADB deva se expor gratuitamente, mas há casos flagrantes nos quais tal falta é sentida. Um caso emblemático está no post http://daladier.blogspot.com/2006/12/uma-justa-retribuio.html, onde o atual governador do meu estado fez uma declaração discriminatória contra os pastores, e nenhuma denominação fez nada a respeito. Outro exemplo foi a crítica de André Petry, cuja resenha fiz no post http://daladier.blogspot.com/2008/06/mdia-com-mscara-parte-iv.html, onde o jornalista diz que queremos perseguir os gays e não há qualquer reação de nossa parte.
Em relação ao Mensageiro da Paz, de fato, nossa denominação faz bem em exarar suas posições sobre os assuntos de interesse geral. Entretanto, em situações como as apontadas acima, a Convenção Geral deveria, a meu ver, se valer da mídia secular, até mesmo em páginas de destaque, repudiando os mesmos veementemente.
Quanto à discussão sobre o aborto no STF, das denominações convidadas apenas a IURD estava presente, na primeira reunião. Comparecemos, como o senhor noticiou à época, a reboque dos fatos, nas reuniões subsequentes.
Por fim, damos relevo ao tamanho de nossa denominação e como representante de tamanha quantidade de pessoas não podemos ignorar nosso peso institucional.
Digo tudo isto não para desmerecer nossa presidência, pelo contrário, para que acordemos enquanto é tempo. Como jornalista o senhor sabe que o silêncio é por vezes compreendido como uma admissão de culpa. O que acaba criando precedentes perigosos e insanos. Minha intenção é que as brechas sejam fechadas o quanto antes. No caso do PL 122/2006, por exemplo, o que está prevalecendo é o uso massivo da mídia para a sua aprovação. Outrossim, nem sempre o MP politiza a discussão para que nosso povo perceba a dicotomia e dê relevância a tais fatos.
Ultimamente, por exemplo, tenho me assustado com a grande quantidade de membros que não querem confronto teórico com outras religiões e torcem o nariz para a apologética. Temo que seja resultado de um grande processo de acomodação. Não quero ser o dono da verdade, mas busco refletir se já não passou da hora de tomarmos uma posição firme nestas situações.
Abraços, na paz de Cristo Jesus, nosso Senhor!
Nobre amigo e companheiro Silas Daniel,
parabéns pela abordagem e pela coragem de se posicionar diante de um dilema ético tão controverso.
Aproveito para lhe parabenizar publicamente pela nova responsabilidade, como chefe do setor de jornalismo da CPAD.
Abraços fraternos,
Altair Germano
Caro irmão Daladier,
É louvável seu zelo nessas questões. O fato, porém, é que a CGADB tem dado, sim, resposta a declarações e artigos ofensivos que saem na imprensa, mas apenas aos casos que lhe chegam ao conhecimento; e não só por notas assinadas pela Mesa, mas também por notas oficias do seu Conselho de Comunicação. O problema, mais uma vez, é que esses órgãos de imprensa seculares não publicam essas notas nem em suas seções de cartas. Essa é a dura realidade.
É importante explicar que não são todos os casos em que a CGADB precisa emitir uma nota oficial da Mesa Diretora. Ela só o faz em questões de extrema relevância nacional, como nos casos que mencionei ao irmão. Se a CGADB fosse emitir uma nota oficial da Mesa Diretora a cada artigo que se escreve (de Jabor, Petry “et caterva”) ou declaração que se dá na mídia secular defendendo o aborto, o casamento homossexual ou desrespeitando os evangélicos e os pastores neste imenso país, ela estaria emitindo, em muitos casos, inúmeras dessas notas por mês – ou por semana (infelizmente, esta é uma verdade). Por isso, notas assinadas pela CGADB só são elaboradas em casos como aqueles que mencionei. E quanto aos demais casos? O que a CGADB faz?
Bem, não sei o caso das outras denominações, mas, no caso da CGADB, seu Conselho de Comunicação e Imprensa, presidido pelo pastor Antônio Mesquita, tem cumprido, já há alguns anos, a missão, sob a chancela da Mesa, de enviar respostas imediatas aos órgãos de imprensa secular. Porém, volto a frisar o que disse ao início: as respostas são dadas apenas aos casos que chegam ao conhecimento do Conselho. Quando o Conselho toma conhecimento, trata logo de emitir uma nota de resposta.
O Conselho já enviou inúmeras cartas nesses últimos anos, por exemplo, aos jornais “O Globo”, “Folha de São Paulo”, “O Dia”; à Rede Globo de Televisão; à revista “Veja”, dentre outras mídias, rebatendo textos e mensagens preconceituosos de artigos, editoriais, matérias, novelas etc. Só que tais notas não são publicadas. Com certeza, deve ter havido muitos casos em que irmãos disseram “A CGADB não enviará resposta?” e a pessoa nem sabe que o Conselho de Comunicação já a havia enviado.
Portanto, não é verdade que a CGADB tem sido omissa. Claro que é bem possível que o Conselho de Comunicação da CGADB não consiga dar respostas a todos, mas tem tentado fazê-lo. Aconselho, inclusive, aos amados irmãos que quiserem denunciar casos em seus Estados em que houve claro desrespeito à fé cristã, que comuniquem ao Conselho de Comunicação e Imprensa para que este, tomando conhecimento, possa enviar uma resposta. É impossível saber de tudo que acontece nas regiões do Brasil (a não ser o que foi divulgado maciçamente em programas ou publicações de alcance nacional) sem a ajuda dos irmãos. A comunicação do fato ao Conselho pode ser feito via Secretaria Adjunta da CGADB ou diretamente pelo e-mail do pastor Mesquita: mesquita.jornalismo@gmail.com.
Sobre o PL 122, lembro ao irmão que o jornal “Mensageiro da Paz” (antes de todas as outras mídias evangélicas, sejam elas impressas, radiofônicas ou televisivas) publicou, já há alguns anos, extensa matéria (de duas páginas e manchete na capa) contra o PL 122, mostrando o equívoco desse projeto não apenas do ponto de vista moral e espiritual, mas, também, e principalmente, do ponto de legal, destacando que (e explicando porque) ele fere as liberdades religiosa e de expressão.
Abraço na Paz de Cristo, nosso Senhor!
Caro pastor Altair, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação.
Forte abraço!
Caros,
Uma informação interessante para os amados irmãos que são simpáticos ao posicionamento da Igreja Católica de não reconhecer a exceção para o caso do aborto para salvar a vida da mãe (posição que, como já disse, respeito, embora, como também já expus – e longamente –, vejo, principalmente em alguns casos – como o da menina em Recife –, como eticamente equivocada à luz do princípio bíblico da preservação da vida, assim como a tradição teológica protestante também entende): O Vaticano se posicionou oficialmente sábado, em forma de artigo assinado pelo responsável pela área de Bioética da Icar, voltando atrás no que o Cardeal Re havia dito no dia 7 de março (http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090307_excomunhaocardeal.shtml) sobre a excomunhão automática dos membros da junta médica. O Vaticano se posicionou contra a excomunhão dos médicos. Para a Icar, a decisão da junta médica deve ser tratada com respeito, e não como uma decisão de fervorosos abortistas ou como pecado, mas como uma decisão compreensível; e o texto frisa ainda que a junta objetivou a preservação da única vida que, conforme compreenderam pela sua análise técnica, era a única que tinha chance de ser salva - a da mãe, já que a dos gêmeos era praticamente impossível ser salva.
Informações sobre essa nota do Vaticano podem ser lidas no site da Agência de Notícias da BBC: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/03/090314_vaticanoabortoav.shtml
O artigo assinado pelo monsenhor Rino Fisichella (que é o presidente da Academia Pontifícia para a Vida) falando oficialmente em nome do Vaticano foi publicado pelo jornal da Santa Sé, o Osservatore Romano, no sábado (14), e nele Fisichella já começa afirmando que os médicos que praticaram o aborto na menina de 9 anos, grávida de gêmeos após ter sido estuprada pelo padrasto, não mereciam a excomunhão. E arrematou: "São outros que merecem a excomunhão e nosso perdão, não os que lhe permitiram viver e a ajudarão a recuperar a esperança e a confiança, apesar da presença do mal e da maldade de muitos". Fisichella, lembra a matéria da BBC, é “um dos mais próximos colaboradores do papa Bento 16 e maior autoridade do Vaticano em Bioética”.
E continua a matéria: “Na avaliação do prelado, o arcebispo de Recife e Olinda, José Cardoso Sobrinho, foi apressado e deveria ter se preocupado primeiro com a menina. ‘O caso ganhou as páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou em declarar a excomunhão para os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida se não fosse pelo alvoroço e pelas reações provocadas pelo gesto do bispo’. Segundo Monsenhor Fisichella, o anúncio da excomunhão por parte de D. Jose Cardoso Sobrinho colocou em risco a credibilidade da Igreja Católica”.
E a matéria prossegue: “Na avaliação do prelado, a prática do aborto neste caso não teria sido suficiente para dar um parecer que ‘pesa como um machado’, porque houve uma contraposição entre vida e morte. Ele reconhece que, devido à idade e às precárias condições de saúde, a menina corria sério risco de vida por causa da gravidez. E justifica os médicos, que em sua opinião, merecem respeito profissional. ‘Como agir nesses casos? É uma decisão difícil para os médicos e para a própria lei moral. Não é possível dar parecer negativo sem considerar que a escolha de salvar uma vida, sabendo que se coloca em risco uma outra, nunca é fácil. Ninguém chega a uma decisão dessas facilmente; é injusto e ofensivo somente pensar nisso’.”
Como disse, a não ser que o diagnóstico da junta médica tenha sido falso (o que é uma acusação gravíssima), a decisão por ela tomada foi eticamente correta, por mais doloroso que seja um aborto, pois é o extermínio de uma vida. É ética porque a "matemática" da junta médica, conforme esta anunciou desde o início e já frisei aqui várias vezes, não foi trocar duas vidas por uma (como alguns equivocadamente têm propalado), mas trocar nenhuma vida por uma vida – a única que poderia ser salva. Segundo tenho lido, a menina, que era abusada desde os 6 anos, estava com 4 meses de gravidez e tudo indica que engravidou na primeira ovulação, antes de ter a sua primeira menstruação. Além de seus 1,36m e 33 quilos, devido aos seus 9 anos e à sua saúde debilitada, parece que ela não dispunha também do alargamento necessário da bacia pélvica e nem de suficiente abertura pubiana para a saída de uma criança, ainda mais de duas. Um parto normal levaria os três à morte. Uma cesárea poderia ser indicada, mas não com uma gravidez muito adiantada (pois a menina e os bebês não aguentariam), mas para meses antes do parto, quando as crianças ainda estariam prematuras e, portanto, sem chances também de sobreviver. O aborto foi a única saída. Como disse, não sou especialista e, por isso, devo dar o mínimo de credibilidade à junta médica (afinal, não é a opinião de um ou dois médicos, mas de uma junta). E até o Vaticano admite isso.
Abraços!
Prezado Irmão,
muito obrigado pela atenção dada a mim. Quero pedir perdão por não ter sido tão claro quando escrevi. Não discordo do irmão quanto às posições proferidas, posto que bíblicas. Estudo os movimentos de desustruração da sociedade há algum tempo e gostaria de recomendar a leitura de um excelente livro que nos mostra como é o pensamento atual. Chama-se Verdade Absoluta - tirando o cristianismo de seu cativeiro cultural, de Nancy Pearsey. É de assustar o que vem sendo pregado pelo mundo afora e vai entrar em choque rapidamente com a igreja do Senhor. Aliás, já está entrando. Diz um biólogo darwinista: "A religião é uma disfunção a que o cérebro está suscetível quando atinge um certo grau de complexidade". Daí, aborto, infanticídio, homossexualismo (ideologia, diferente de homossexualidade - condição), adultérios, divórcios por motivos fúteis, pornografia generalizada, enfim, todo o conteúdo do baú de satanás tornam-se coisas com um fundo de motivação lógica, racional até. Mas não são. Richard Dawkins, escritor do livro Genes Egoístas, disse que tudo é resultado do poder dos genes. Perguntado onde fica a ética, respondeu: "Podemos apelar à razão para dominar os genes"... Ora, se a razão também é produto dos genes, tudo é autodestrutivo, não? Ele dá um salto de fé para explicar o inexplicável. Crêem na evolução como cremos em Deus, com a diferença de que temos todas as evidências da Sua presença e ação; eles, não.
Voltando ao caso da garota, voltei aqui para ler seus posts e dizer também que minhas suspeitas se comprovaram: houve um crime monstruoso para com essa menina. O pai não queria o aborto, a mãe também não, mas como analfabeta, assinou um documento com o polegar autorizando o aborto, mas pensando tratar-se de transferência de hospital. O hospital onde ela estava internada foi pressionado a tal ponto que preferiu se eximir da responsabilidade. A menina foi levada a uma clínica para abortar sem o conhecimento do pai biológico. Os médicos não sugeriram o aborto, mas avisaram que era um caso de risco que necessitava atenção.
A prova disso ouvi hoje num programa do filósofo Olavo de Carvalho na internet. Se quiser ouvi-lo, posto o link logo abaixo. Copie o endereço e cole num programa player de mídia que possa se conectar à internet. Aperte 'play' e o programa começa em seguida. Quem deu a prova foi o padre Paulo Ricardo, que acompanhou tudo de perto e relata exatamente o que aconteceu, e faz outras denúncias muito mais sérias, as quais a igreja brasileira precisa atentar para não cair no logro que está sendo montado dia a dia contra a igreja do Senhor. A igreja precisa de mais conhecimento (Os4:6) e nós, como sacerdotes de Cristo, temos a obrigação de levar esse conhecimento a todos os demais irmãos, bem como a todo aquele que quer compreender os tempos presentes. Para mais estudos a respeito, recomendo o excelente site crfistão
www.projetoomega.com.br/home.htm
São irmãos muito sensatos e de grande saber bíblico. Importante também é ler a confissão de fé daqueles irmãos. São nossos irmãos em Cristo.
Sobre o testemunho do padre Paulo Ricardo, segue o link:
http://www.blogtalkradio.com/olavo/2009/03/16/True-Outspeak.mp3?guid=a764802a-1740-4dad-869d-889a4d5134c4&localembed=profilepage
Pode-se colar no navegador de internet, também. Então, o site enviará o arquivo em mp3 para ser ouvido em qualquer player e no micro. É estarrecedor o que fizeram ali.
O fato é, querido irmão, que estamos sendo colocados na parede e precisamos urgentemente denunciar essa farsa para que não venhamos a ser julgados infiéis pelo Senhor.
Estou bem certo de que isso custará muito caro para nós, pois já sinto na pele o que é ser perseguido por ter consciência e boca cristãos.
Falam em 'justiça social', quando na verdade o que se deseja é equilíbrio social. Justiça social é redundância, pois não há justiça sem que exista mais de um. Justiça pressupõe força, então, quando falam em Justiça Social leia-se 'vamos torná-los iguais à força, quer gostem quer não'. Leia todas as declarações de governantes com estas palavras e se assustará com o que entende.
Quando falam em direitos, não dizem que a cada direito corresponde uma obrigação. E para que essa obrigação seja cumprida o estado arrecada impostos cada vez mais escorchantes que, ao final, fazem do cidadão um escravo do estado, conforme queriam Rousseau e depois Marx. E este mesmo cidadão não tem sua contrapartida em benefícios pelo que paga. O indivíduo só é considerado cidadão quando transgride, o que é a completa inversão dos valores sociais.
Este é o comunismo na sua mais ampla concepção. Por isso dizem que tais e tais setores da sociedade têm direitos disso e daquilo. Evidentemente, para poderem cobrar a obrigação posteriormente. Eis um dos motivos pelos quais nossas leis não saem do papel.
Para saber mais, recomendo a leitura dos textos deste grande filósofo brasileiro - Olavo de Carvalho, no site:
http://www.olavodecarvalho.org/textos.htm
São muitos e há, entre eles, o relato de uma estudante que ousou responder à vice-presidente nacional da UNE contra o aborto. Comenta o filósofo:
"Uma estudante, Mirian Macedo, enviou a Louise Caroline, vice-presidente da UNE, uma carta contra o programa abortista do PT. Recebeu a seguinte resposta, que transcrevo na ortografia originária: “pois vai perder tudo, querida... até seus livros e a limpeza nojenta dos seus filhinhos. toma cuidado... nossa aliança com o Chávez e o Fidel vai chegar qualquer dia desses na sua casa feliz. e vai ser uma delícia.” Louise Caroline, cujo nível de instrução é mais ou menos o da mãe do Lula ao nascer, compensa esse handicap com sobra de truculência. É a universitária ideal criada pela educação petista".
Link aqui:
http://www.olavodecarvalho.org/semana/061029zh_censurado.html
Há outro ponto que vejo de urgência alertar. O Estado brasileiro assinou tratado com o Vaticano, o que torna a Igreja Católica praticamente a religião oficial no país. É inconstitucional em seus termos, mas é possível por o Vaticano ser um Estado politicamente organizado. No entanto, o que vejo neste tratado, também prejudicial para a Igreja Católica, pois o Estado pode tomar-lhe os bens a qualquer momento devido à, ainda não explicada, 'função social da propriedade', é que, devido à ideologia dos governantes, o que se pretende é criar embate entre cristãos católicos e cristãos protestantes. Não podemos cair nesta armadilha de forma alguma sob pena de abrirmos espaço para que aproveitem da fraqueza de uma nação dividida. Querem dividir para conquistar.
No mais, irmão, oremos e conheçamos tudo o que pudermos e que está ao nosso redor para, com a Palavra, destruirmos os sofismas que são afirmados como verdades absolutas contra a Igreja do Senhor, como verdadeiros apologetas, sem medo, porque os dias que se avizinham se me parecem muito escuros. Temos o dever de denunciar, embora eu pense que já seja tarde demais.
Um forte abraço fraterno
Fique na paz do Senhor
Caro irmão em Cristo,
esqueci de dizer no comentário anterior: não adianta contar com a mídia brasileira, senão para apoiar a farsa que vem sendo montada dia a dia contra os valores e fatos cristãos. Toda a mídia está contaminada com o pensamento que é bem delineado pelo filósofo Olavo de Carvalho. Chama-se 'pensamento revolucionário' e é tido como uma variante de doença mental, mas atinge boa parte da sociedade. O pensamento significa o seguinte: 'O mundo é mau mas pode ser melhorado, desde que entreguem o poder em minhas mãos'. No fundo, é o mesmo pensamento formulado pela serpente no Éden: Deus mentiu, o mundo é mau e vocês foram criados cegos e burros. Se me ouvirem, acreditarem em mim e não Nele, podem comer do fruto (redenção antecipada, não?) pois não morrerão. É que Deus sabe que quando comerem seus olhos serão abertos e serão conhecedores do bem e do mal, como Ele.
Em outras palavras: entreguem o poder a mim e eu lhes mostrarei o que é ser livre e inteligente.
Como dizia Lênin: Depois da revolução até um gari poderá pintar como um Renoir...
Não foi o que vimos. Ao contrário, tal pensamento revolucionário - que tanto se aplica à esquerda quanto à direita políticas - matou mais de 100 milhões de pessoas até agora, e continua matando nos países comunistas.
Se puder, assista o documentário patrocinado pelo Parlamento Europeu "The Soviet Story". Lá está provado que os soviéticos mandavam seus soldados para a frente de batalha contra os nazistas sem munição alguma. Logo atrás, vinha o exército de elite, fortemente armado, que impedia o retorno dos primeiros soldados. Logo à frente, os exércitos nazistas matando milhões sem defesa. Depois, assista os relatos dos que viveram na Ucrânia depois da revolução soviética. Morreram de inanição, pois Stalin tomou toda a comida que havia nos campos, deixando-os à fome, ao frio e aos lobos. Hitler, perto de Stalin, foi aprendiz de feiticeiro, o que não lhe tira o mérito de ter sido um carniceiro atroz.
Enfim, meu irmão, não confie na mídia brasileira e, infelizmente, na mídia americana também. A maioria dos jornais pertence a conglomerados empresariais sob o mesmo comando, o que significa que só escrevem o que lhes é permitido e tem direção certa: o governo mundial.
Nosso objetivo deve ser o de ocupar todos os espaços disponíveis enquanto isso nos é permitido, para denunciar essa farsa montada para destruir a igreja de Cristo, a pedra no sapato de satanás.
Lembremo-nos, também, que, dentre as sete igrejas de Apocalipse, apenas uma - Filadélfia - é guardada pelo Senhor da hora da tentação que está para vir sobre toda a humanidade. É nesta igreja que devemos estar, guardando a Sua palavra de perseverança. Sabemos que o verbo 'guardar' neste trecho não se refere ao arrebatamento, que ocorrerá no final da tribulação. Arrebatar é verbo grego diferente de guardar, como o é em nossa língua também.
Em Mt.24, o Senhor diz várias vezes: "Vede que ninguém vos engane", pois o engano que grassa virá será enorme, tal que se não fossem abreviados aqueles dias nenhuma carne se salvaria.
Conforme vem sido profetizado pelos profetas da Nova Era, esse movimento veio para ficar e está transtornando tudo por onde passa. Sim, há uma nova era, mas é a era da enganação, na qual um indivíduo fala 15 segundos de mentira na TV e milhões dão-lhe credibilidade. Depois, precisamos de 10 anos para tornar a verdade patente aos olhos de todos.
Portanto, amado irmão, e todos os que lêem estas palavras, estai, pois sobremodo atentos, pois os dias são maus e irão piorar ainda mais.
Não podemos compactuar com qualquer ponto destes ideias revolucionários sob pena de estarmos agindo contra o Senhor.
Precisamos buscar do Senhor a palavra de sabedoria necessária para estes tempos, senão vamos sucumbir de duas formas: aqui, por sermos considerados avessos à mentira, e pelo Senhor, por não Lhe termos dado ouvidos.
Não podemos ficar com o pé em duas canoas, aceitando o socialismo como um bom regime e, ao mesmo tempo, professando a fé cristã autêntica. Uma coisa não se dá com a outra, de forma alguma. Não podemos ser Laodicéia, mesmo que nos custe a vida.
Não podemos, também, ser condescendentes com tais indivíduos, tentando amenizar críticas contra eles, pois os tais estão preparados para nos aniquilar sem piedade. Isso já vem sendo preparado há anos e poucos deram atenção ao som da trombeta dos atalaias. Hoje, talvez, não haja amanhã.
"Vede, portanto, que ninguém vos engane".
Um fraterno abraço
Caro irmão Oliveira, a Paz!
Antes de tudo, já havia lido e escutado essas informações há muito tempo. Conheço os textos e livros do Olavo de Carvalho há anos, desde quando ele ainda não tinha seu site, desde quando ele ainda estava no Brasil e era articulista do jornal "O Globo". Já escutei também alguns de seus programas de rádio na web. Acho-o um pouco exagerado em algumas coisas, mas, no geral, seus argumentos são precisos. Não gosto também do linguajar chulo que às vezes usa, principalmente no rádio, mas admiro muitos de seus textos. Olavo é um católico conservador e sempre defenderá a posição da Igreja Católica (a não ser a de grupos dentro da Icar que aderem à sedução esquerdista).
Concordo plenamente com você que, se todas as denúncias forem verdadeiras em relação ao tratamento dado aos pais da menina por influência das ONGs abortistas (e creio plenamente que sejam verdadeiras), estamos diante da terrível instrumentalização de uma tragédia para fins abortistas. Disso não tenho dúvida. A própria mídia usou claramente o caso da menina nesse sentido e as ONGs abortistas fizeram todo tipo de protesto para que o aborto fosse feito. Agora, o que quis levantar aqui nesse debate é que, se o diganóstico da junta médica for realmente verdadeiro, estamos diante daquela única situação onde o aborto seria excepcional e eticamente aceito, como já expus. Porém, mesmo sendo o diagnóstico verdadeiro, isso não justifica a exploração midiática do caso pelos abortistas nem o que foi feito com os pais da criança (cuja opinião deveria ser respeitada - o aborto não poderia ser feito sem o consentimento total deles) e com a própria criança para tentar se fazer o aborto a todo custo.
Particularmente, como já disse aqui, considero o aborto feito na menina precipitado. Ela estava ainda com quatro meses e meio de gravidez. Dava para esperar um pouco mais antes de tomar a decisão. Nesse tempo, deveria se ouvir mais especialistas, de preferência outra junta médica. Entretanto, prudentemente, até porque não sou médico, esquivo-me de afirmar que a junta médica com certeza errou no seu diagnóstico. Não quero ser injusto, ainda mais afirmando algo dentro de uma área que não domino (Medicina). Por isso a condicional: se errou, um crime hediondo foi praticado; agora, se não errou, à luz do princípio bíblico da preservação da vida, essa situação se enquadraria naquela situação excepcional em que o aborto seria eticamente permitido, e principalmente porque não se estaria matando duas vidas para preservar uma, mas salvando a única vida possível de ser salva (Repito: se o diagnóstico for verdadeiro - o que, infelizmente, não há como provar, já que o aborto já foi precipitadamente realizado antes de se consultar uma segunda junta).
Agora, como leigo, confesso que tenho minhas dúvidas se o aborto seria a única solução. Todos concordam, abortistas ou não, que o parto normal seria impossível. A questão toda gira em torno da cesárea. Pelo que li, os médicos da junta sustentavam sua posição pró-aborto nesse caso baseados em dois argumentos: (1) que, uma vez que a cesárea deveria ser feita (por segurança) meses antes da época do parto, os bebês nasceriam prematuros e as chances deles sobreviverem seriam ínfimas; e que, (2) ainda que se arriscasse tentar salvar os bebês via cesárea, apostando que poderiam sobreviver na incubadora, a menina não tinha condições físicas de aguentar uma cirurgia desse porte (cesárea de gêmeos), o que poderia levá-la à morte.
A minha pergunta, bastante óbvia, é se realmente seria totalmente inviável essa cirurgia na menina. Por isso que gostaria de ouvir uma segunda opinião, e de outra junta, mas... o aborto já foi feito. Devido a essa precipitação, não dá para examinar o caso mais uma vez para saber se o diagnóstico era perfeito ou não. E, por prudência, não posso dizer que o diagnóstico dos médicos era falso. Só posso suspeitar. O Vaticano preferiu, prudentemente, não chamar a junta médica de mentirosa, como vimos na nota oficial de Roma, divulgada no sábado 14 e assinada pelo representante da área de Bioética da Icar. Porém, podemos suspeitar que haveria possibilidade, até por causa da pressa da mídia e das ONGs abortistas para que o aborto fosse feito.
Enfim, a prudência nos manda não nos precipitarmos nas acusações de falso diagnóstico, mas, por outro lado, suspeitar é válido, já que a decisão da junta foi tomada sob um clima de pressão abortista fomentado pela mídia.
Um fraterno abraço!
Caro irmão Silas Daniel,
obrigado por dignar-se em responder minhas palavras. Concordo também com suas palavras na defesa da vida da garota, quando, se necessário e urgente for, esta encontrar-se em perigo real. Não há dúvida ética tampouco bíblica quanto ao caso.
Quanto ao fato, que ainda reverbera um pouco, li um comentário interessante no espaço Mídia sem Máscara, agora totalmente reformulado para servir aos propósitos iniciais de seu editor, o filósofo Olavo de Carvalho, qual seja o de noticiar o que a mídia não noticia por estar comprometida com os megaempresários internacionais do ramo. O link é este e nos dá uma visão diferente do caso: http://www.midiasemmascara.com.br/index.php?option=com_content&view=article&id=66:a-menina-gravida-de-9-anos-e-voce-&catid=7:direito&Itemid=10
Resumidamente, por que tanta fartura de notas na mídia se em Alagoinhas o índice de mortes infantis é alto? Vale uma boa meditação sobre o que foi escrito lá.
Quanto ao Olavo de Carvalho, entendo que também há algum exagero no que diz respeito aos vocábulos, mas entendi o ponto de vista dele a respeito e por que, depois de tanto tempo comedindo-se, partiu para o ataque desta forma. Admira-me, porém, a capacidade intelectual e a defesa que faz do evangelho do Senhor sem mencionar sua própria denominação religiosa nesses momentos. Ouvi uma resposta dele ao questionamento de um ateu que eu nunca ouvira antes em qualquer pregação. E olhe que já estou beirando o meio século de existência! Se eu fosse ateu, me converteria naquela hora. No mínimo, por vergonha de não ter mais qualquer argumento para rebater o que foi dito. O texto bíblico que ele citou (At.17:28) e a explanação que fez sobre a impossibilidade de se 'medir' Deus pela ciência como meio de prova de Sua existência, desmontaram todas as afirmações ateístas sem que uma mínima chance de novas proposições sobrasse. Com o que ouvi, convenci-me de que preciso estudar muito, mas muito mais mesmo. Como ouço-o com certa constância, e já o tenho ouvido muitas vezes pregando o evangelho do Senhor com muita propriedade, considero-o com um precioso irmão em Cristo que erra como todos nós, mas que confia no maravilhoso perdão ofertado a nós na cruz pelo Deus que veio em carne por nossa causa.
Confesso que às vezes sinto uma pontinha de 'inveja santa' daquele tanto de conhecimento e erudição. Bem, enquanto o Senhor me permitir pensar e viver aqui nesta terra, ainda tenho tempo para aprender.
Mais uma vez, agradeço-lhe por tanto prestígio dado a mim e deixo-o certo de que voltarei mais vezes para aprender e pensar sobre temas importantes aqui tratados.
Um forte abraço fraterno de seu irmão em Cristo
Caro irmão Oliveira, a Paz!
Realmente, a denúncia do "Mídia Sem Máscara" é muito séria. Já havia lido o texto na semana passada (costumo visitar o "Mídia Sem Máscara"). Sobre o Olavo, compreendo o respeito e a admiração que o irmão tem por ele (como disse, também admiro os textos e análises dele), mas Olavo não é um "pregador do Evangelho". Ele é um intelectual brasileiro de respeito que, a meu ver, traz algumas das análises mais lúcidas do contexto social e político do país e do mundo que tenho ouvido ou lido ultimamente. Às vezes tem um tom exagerado? É verdade, mas, no geral, suas análises são quase sempre corretas. E como é católico conservador e pesquisa muito também na área de religião, vez por outra escreve artigos de cunho religioso interessantes também. Sua análise sobre o ateísmo, por exemplo, é muito boa. Mas, prefiro o Olavo ensinando Filosofia e analisando a conjuntura política, cultural e social do Brasil e do mundo. Nisso, não há dúvida, ele se esbalda com "insights" e (como excelente estudioso e pesquisador que é) sempre com uma riqueza de informações dignos de reconhecimento e admiração.
Forte abraço!
Caros,
Indico ainda aos interessados em refletir ainda mais sobre o assunto os seguintes links:
http://geremiasdocouto.blogspot.com/2009/03/o-que-penso-sobre-o-aborto-de-alagoinha.html
http://tempora-mores.blogspot.com/2009/03/tragedia-do-recife.html
Abraços a todos!
O doutor Dráuzio Varela, médico reconhecido internacionalmente e católico fervoroso, comentou o caso para a FOLHA DE SÃO PAULO, "ao interferir a prenhez gemelar de uma menina franzina, os médicos agiram de forma ética e necessária, assegurando a saúde e o bem estar da menor".
Caro Lucas,
O Dráuzio Varela, que eu saiba, não é um católico fervoroso. Já vi, por exemplo, ele se posicionar várias vezes com declarações que denotam ateísmo. Portanto, a declaração dele é meio suspeita. Ele dá seu parecer pró-decisão da junta médica, mas não sei se o faz por ter analisado o caso detidamente ou apenas por ser liberal em relação ao aborto. Ademais, como já escrevi aqui e em post em outro blog, tenho sérias dúvidas se a decisão da junta foi realmente acertada. Posso estar enganado, mas parece ter sido influenciada pela ideologia abortista.
Abraço!
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