Visão parcial da marcha de março de 1964 em São Paulo contra as medidas pró-comunismo do governo Jango, e que reuniu cerca de 600 mil pessoas
Comprovações do entreguismo vermelho
Seguindo-se sempre o zigue-zague das mutações determinadas por Moscou, chegamos aos dias atuais em que o Partido caminha na direção estabelecida pelo XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, realizado em fevereiro de 1956. Khruchtchev, substituto de Stalin na ditadura soviética, confirmou em discurso, perante aquele Congresso, alguns dos crimes e violências praticados pelo ditador morto, contra indivíduos e nações. O discurso, pronunciado secretamente, mas depois divulgado pelas próprias autoridades russas, determinou, em todos os partidos comunistas de fora da Rússia, a queda dos líderes que, de certo modo, se desiludiram com a confissão de tantos crimes sempre negados, até pelo próprio Khruchtchev, quando Stalin era vivo. Ficaram apenas aqueles líderes locais que, embora nascidos fora da Rússia, a servem incondicionalmente, mesmo quando em situação de flagrante traição a suas pátrias. No Brasil, Luiz Carlos Prestes ficou. Muitos líderes locais comunistas brasileiros, sem renunciar as suas ideais socialistas, reconheceram de público o caráter totalitário e imperialista da Rússia Soviética e abandonaram o Partido. Mas Luiz Carlos Prestes ficou.
Entre os que não ficaram, Osvaldo Peralva, do grupo dos intelectuais do Partido, publicou recentemente o livro "O Retrato", em que dá as razões do seu desligamento das hostes vermelhas, denuncia o caráter entreguista do Partido Comunista Brasileiro e faz considerações sobre o comunismo internacional. A esse respeito diz Peralva: "A força da atração do bolchevismo tem residido na rapidez com que, combinando o impulso revolucionário com as medidas compulsórias, promove o desenvolvimento das grandes indústrias. Daí que só tenha triunfado em países subdesenvolvidos (Rússia, China, Vietnam etc.), ou onde foi levado na ponta das baionetas soviéticas, como é o caso da Tcheco-Eslováquia. É certo que na Itália e na França existem poderosos partidos comunistas, mas ali o bolchevismo jamais representou grande força, antes da II Guerra Mundial. Somente após o rompimento do pacto nazi-soviético e a agressão hitlerista contra o aliado da véspera, num momento em que a resistência ao ocupante nazista, na França e na Itália, coincidia com os interesses da União Soviética, é que os dirigentes comunistas daquelas duas nações conquistaram o apoio e a simpatia de amplas massas. Guiando-se pelo principio estalinista de que ‘a atitude ante a U.R.S.S. é a pedra de toque do internacionalismo proletário’, eles se destacaram na luta contra o inimigo comum – de seus países e da U.R.S.S. – visando sobretudo defender a ‘pátria do proletariado’, mas aparecendo aos olhos de seus povos como valorosos combatentes pela libertação nacional”.
“No único país altamente industrializado em que o bolchevismo se instaurou – a Tcheco-Eslováquia – o bem estar econômico das massas trabalhadoras diminuiu. (...) E na própria estrutura da sociedade verificou-se um retrocesso, pois a antiga democracia tcheco-eslovaca, com suas tradições de respeito às liberdades e aos direitos individuais, foi substituída pela ditadura de uma camarilha burocrática”.
Como se vê, no primeiro resumo de artigo deste suplemento, na análise do plano comunista revelado em Lima, em 1957, Khruchtchev dissolveu também o Cominform e Moscou passou a ser o centro do poder e a única autoridade. Do Kremlin vem a iniciativa, a orientação e o comando para o desenvolvimento da política comunista no mundo ocidental. Uma afirmação dessa gravidade seria de difícil aceitação se os fatos não a viessem frequentemente comprovar.Alunos na Rússia, mestres na América Latina
O plano de domínio pela Rússia dos países menos desenvolvidos de todo o mundo, embora conhecido no conjunto, só tem podido ser verificado em retalhos, em fatos isolados, apenas percebidos em seu verdadeiro significado por aqueles que estudam as manobras dissimuladas do imperialismo soviético. Mas esses fatos surgem e, com algum cuidado, podem ser estudados, em sua importância exata.Em princípios de outubro de 1959, a Polícia Política do Rio de Janeiro prendeu o agente comunista internacional José Manoel Fortuny Arana que se encontrava clandestinamente no País, protegido por um passaporte falso. Fortuny tornou seu nome conhecido como um dos comunistas mais ativos da Guatemala, durante os anos sangrentos do regime de Arbenz. Quando os comunistas guatemaltecos foram postos para fora do poder, pela revolução popular de Castillo Armas, Fortuny escapou para a Europa, de onde veio para o Brasil a fim de, segundo informações oficiais, pôr em execução planos destinados a derrubar vários governos sul-americanos. Fortuny não viria ao Brasil para outro fim, encoberto por uma falsa identidade. Como Luiz Carlos Prestes e outros, é um agitador preparado em Moscou para a função específica de organizar, nos países em que consegue entrar, a subversão e a desordem. Mas esses fatos se perdem na imprensa diária e o povo os esquece.
Então, a matéria repetia o texto da reportagem de 1961, o qual já apresentamos.
Em 1963, setores da sociedade civil, sentindo a forte guinada do país à esquerda, começaram a manifestar-se e a protestar contra os ideais do governo e as denúncias de corrupção que se seguiram. Sobre a mobilização popular em todo o país, escrevo no segundo artigo. Sobre a corrupção, eis um relato abaixo:
A citação acima é do texto A Nação que Salvou a Si Mesma, de Clarence Hall, publicada pela Biblioteca do Exército e sintetizada em formato de artigo na revista Seleções, do Reader’s Digest.
Em 1963 e 1964, a inflação subiu em espiral com o aumento da impressão de toneladas de papel-moeda sem lastro, fazendo o cruzeiro alcançar uma desvalorização abissal. Além disso, o capital estrangeiro fugira do país devido ao aumento das restrições a ele impostas pelo governo Jango e às constantes ameaças de desapropriação proferidas pelo presidente (vide discurso de Jango à ONU em 1962 e o apoio às invasões camponesas).
Porém, em 1964, Jango passou de todos os limites. Ele promoveu uma rebelião entre os militares apoiando militares de esquerda (ao lado, um dos exemplares da série de matérias no jornal Folha de São Paulo da época sobre o assunto). E mais: anunciou, em seu discurso na Central do Brasil em 17 de março de 1964, a cartilha do golpe que planejara junto com Brizola: (1) a “superação da estrutura de governo e da ordem social vigentes”, exigindo “mudanças na Constituição”; (2) a legalização do Partido Comunista; e (3) o confisco, sem indenização em dinheiro, de qualquer área agrária julgada pelo governo como inadequadamente utilizada, a qual seria entregue a camponeses sem terra. Brizola, que discursou no mesmo evento logo após Jango, vaticinou ainda (4) “a extinção do Congresso” (sic) e (5) a instituição em seu lugar de “assembléias de operários, camponeses e sargentos do Exército”. Cerca de 150 mil pessoas assistiram o discurso, sendo milhares deles militantes de esquerda trazidos de ônibus e de trem pelo governo portando bandeiras com a foice e o martelo.
A reação foi imediata. O povo saiu às ruas. Seis dias após o evento, mais de 600 mil pessoas marcharam nas ruas de São Paulo contra as propostas do governo. Os jornais também protestaram contra o ato tresloucado de Jango, bem como todos os setores organizados da sociedade civil.
Cito, a seguir, na íntegra, três editoriais: um antes do golpe, outro durante o golpe e mais outro após o golpe. Os dois primeiros são do Correio da Manhã, um dos maiores jornais do país à época; e o terceiro é do jornal O Globo. Por estes editoriais pode-se sentir o clima da época em relação às medidas socialistas, absurdas, de Jango. Na seqüência, citarei também trechos de editorias de outros dos principais jornais do período.
Correio da Manhã
(31 de março de 1964)
“Basta!
Correio da Manhã
Em 2009, o Golpe de 1964 completou 45 anos. Como era de se esperar, várias manifestações na mídia impressa, televisiva e virtual marcaram a data. Nem todas, porém, justas. Alguns equívocos muito comuns foram repetidos. Por exemplo, as afirmações de que o Golpe de 1964 veio para instaurar uma ditadura no Brasil (quando, na verdade, a Ditadura Militar foi um desvio da proposta do movimento de 1964 e que só ocorreu um ano depois da deposição de Jango); que a deposição de Jango foi "uma tremenda injustiça"; e que os Estados Unidos idealizaram e patrocinaram o Golpe. Essas distorções só prosperam hoje porque, infelizmente, já faz alguns anos que uma educação com viés de esquerda prevalece nas escolas desse país, distorcendo os fatos e reescrevendo a História.
À época, pensei em escrever um artigo a respeito, mas abortei a idéia no meio do caminho, já que o texto ficaria enorme, exigindo de mim tempo significativo dentro do meu pouco tempo. Seria o mais longo texto que já postei neste blog. Porém, hoje, quase um ano depois, depois da discussão no início do ano em torno da Lei de Anistia (por causa do nefasto Programa de Direitos Humanos lançado em 21 de dezembro pelo governo federal), senti-me impelido novamente a escrever o tal texto. Você está exatamente diante dele. Ou melhor, de parte dele. É que, como era de se esperar, ficou extremamente extenso e, por isso, decidi postá-lo em duas partes. Esta é a primeira.
Essa série de dois artigos (*) que enceto hoje objetiva corroborar a não-proliferação dessas versões falsas sobre aquela época de nossa história, distorções estas que, inclusive, têm levado muitos crentes a fazerem julgamentos equivocados sobre o comportamento que a igreja evangélica brasileira teve em relação à deposição de Jango e à Ditadura Militar.
Sim, os evangélicos foram condescendentes com o movimento de 1964, mas, para entender essa atitude, é preciso saber o que o governo Jango estava fazendo à época para provocar essa reação radical da sociedade brasileira, e pelo que lutou realmente esse movimento de deposição, para, então, finalmente, entendermos porque não apenas os evangélicos, mas todos os setores da sociedade civil brasileira e a maioria da população, apoiaram a deposição de Jango. Não, não concordo com golpes de Estado, mas, ao conhecer a conjuntura do movimento de 1964, dá para entender as razões pelas quais a igreja não viu aquele movimento como um mal.
Sim, os evangélicos também foram condescendentes com a Ditadura Militar que veio depois (embora, neste caso, relativamente), assim como a maioria esmagadora da população daquela época apoiou o regime (especialmente no período de 1964 a 1982). Mesmo preferindo obviamente a democracia à ditadura, os evangélicos agiram assim porque sabiam que seu papel, como Igreja, não era partir para o confronto com os militares em prol da democracia, assim como a Igreja Primitiva não se engajou em nenhuma luta pela derrubada do Império Romano, nem mesmo quando Roma passou a perseguir os cristãos a partir do final dos anos 60 da Era Cristã. Os evangélicos sempre foram ordeiros e, como povo ordeiro, não poderiam coadunar com badernas, guerrilha, desordem e movimentos que tentavam derrubar o regime pela força. E em sua esmagadora maioria, não compactuavam com as teologias esposadas pelos que se opunham ao regime em nome da “fé cristã” (refiro-me à Teologia da Esperança, ao Evangelho Social e à Teologia da Libertação, que levaram seus adeptos a confundirem socialismo com fé cristã e a muitos deles entrarem para a guerrilha).
À época, pensei em escrever um artigo a respeito, mas abortei a idéia no meio do caminho, já que o texto ficaria enorme, exigindo de mim tempo significativo dentro do meu pouco tempo. Seria o mais longo texto que já postei neste blog. Porém, hoje, quase um ano depois, depois da discussão no início do ano em torno da Lei de Anistia (por causa do nefasto Programa de Direitos Humanos lançado em 21 de dezembro pelo governo federal), senti-me impelido novamente a escrever o tal texto. Você está exatamente diante dele. Ou melhor, de parte dele. É que, como era de se esperar, ficou extremamente extenso e, por isso, decidi postá-lo em duas partes. Esta é a primeira.
Essa série de dois artigos (*) que enceto hoje objetiva corroborar a não-proliferação dessas versões falsas sobre aquela época de nossa história, distorções estas que, inclusive, têm levado muitos crentes a fazerem julgamentos equivocados sobre o comportamento que a igreja evangélica brasileira teve em relação à deposição de Jango e à Ditadura Militar.
Sim, os evangélicos foram condescendentes com o movimento de 1964, mas, para entender essa atitude, é preciso saber o que o governo Jango estava fazendo à época para provocar essa reação radical da sociedade brasileira, e pelo que lutou realmente esse movimento de deposição, para, então, finalmente, entendermos porque não apenas os evangélicos, mas todos os setores da sociedade civil brasileira e a maioria da população, apoiaram a deposição de Jango. Não, não concordo com golpes de Estado, mas, ao conhecer a conjuntura do movimento de 1964, dá para entender as razões pelas quais a igreja não viu aquele movimento como um mal.
Sim, os evangélicos também foram condescendentes com a Ditadura Militar que veio depois (embora, neste caso, relativamente), assim como a maioria esmagadora da população daquela época apoiou o regime (especialmente no período de 1964 a 1982). Mesmo preferindo obviamente a democracia à ditadura, os evangélicos agiram assim porque sabiam que seu papel, como Igreja, não era partir para o confronto com os militares em prol da democracia, assim como a Igreja Primitiva não se engajou em nenhuma luta pela derrubada do Império Romano, nem mesmo quando Roma passou a perseguir os cristãos a partir do final dos anos 60 da Era Cristã. Os evangélicos sempre foram ordeiros e, como povo ordeiro, não poderiam coadunar com badernas, guerrilha, desordem e movimentos que tentavam derrubar o regime pela força. E em sua esmagadora maioria, não compactuavam com as teologias esposadas pelos que se opunham ao regime em nome da “fé cristã” (refiro-me à Teologia da Esperança, ao Evangelho Social e à Teologia da Libertação, que levaram seus adeptos a confundirem socialismo com fé cristã e a muitos deles entrarem para a guerrilha).
A igreja evangélica também estava ciente do que fizeram os comunistas na China, Cuba, URSS e Coréia do Norte (matando, inclusive, milhões de cristãos), o que a levava a valorizar o importante combate que os militares realizavam contra os grupos terroristas que lutavam para implantar o comunismo em nosso país. Por sua vez, o regime militar ainda garantia a liberdade religiosa e honrava as igrejas cristãs de forma geral, que gozavam do respeito e apreço dos militares. Finalmente, os evangélicos da época, como a maior parte do povo, reconheciam o fato de que os principais culpados pelo abortamento do retorno programado - pelos militares - às eleições diretas (falo disso no segundo artigo), bem como pelo endurecimento e excessos dos militares durante o regime, foram os terroristas de esquerda, que promoveram destruição e caos, mataram mais de 130 pessoas, seqüestraram, e assaltaram bancos, casas e carros. Os militares apenas reagiram a eles, embora tenham se excedido nesse processo, cometendo crimes. Hoje, omite-se deliberadamente que os terroristas já haviam matado dezenas de pessoas de 1964 até dezembro de 1968 antes de o regime instaurar o AI-5, começando a repressão e dando meia volta volver no processo de retorno à democracia plena.
Bem, para que você fique plenamente inteirado do que estou falando, detalho abaixo quatro fatos fundamentais olvidados e/ou omitidos sobre o Golpe de 1964 e a Ditadura Militar. Vamos ao primeiro.
1) O Golpe ou Revolução de 1964 foi um contra-golpe ao processo de “cubanização” do Brasil que já estava em explícito andamento; ele veio para evitar uma ditadura, não para instaurar uma. A Ditadura Militar, que surgiu um ano após o movimento de 1964, foi um golpe dentro desse contra-golpe.
Não é verdade que o Golpe de 1964 pretendeu estabelecer uma ditadura. Foi exatamente o contrário: ele ocorreu para garantir a democracia em nossa nação, impedindo a implantação de uma ditadura comunista em nosso país. O movimento de 1964 foi um contra-golpe ao processo de “cubanização” do Brasil, que já estava em andamento.
Para quem não conhece os fatos sobre o processo acelerado de “cubanização” do Brasil naquela época, e que levaram ao movimento nacional de deposição de Jango, passarei a elencá-los a seguir.
À guisa de introdução, lembremos o contexto da época.
O mundo vivia a Guerra Fria. A União Soviética e seus satélites apoiavam e financiavam a implantação do comunismo no mundo, e os Estados Unidos lutavam para impedir essa expansão, apoiando todos quantos se opusessem aos movimentos de guerrilha revolucionária comunista nos seus respectivos países.
Em 1959, a guerrilha dos irmãos Castro e Guevara apeou do poder o ditador Fulgêncio Batista, uma espécie de "Getúlio Vargas" de Cuba. Batista era um militar que apoiou e concretizou um golpe de Estado em Cuba em 1933. Anos depois do golpe, mais precisamente em 1940, foi eleito presidente daquele país em eleições diretas, sendo sucedido por Ramon Grau, que venceria as eleições de 1944, e Carlos Prío Socarrás, que venceria as eleições de 1948. Em 1952, depois de três eleições, quando a democracia em Cuba parecia solidificada e Batista concorria à presidência mais uma vez, este resolveu promover outro golpe de Estado, dessa vez em seu próprio benefício, para se fixar no poder. Durante sua gestão, Batista mandou prender opositores e enriqueceu ilicitamente. Seu governo ditatorial foi criticado tanto por comunistas e esquerdistas em geral quanto por democratas e liberais. Porém, foi a guerrilha de esquerda que obteve êxito, derrubando-o. E quando os irmãos Castro e seus revolucionários o derrubaram, em vez de restituírem a democracia a Cuba, implantaram eles mesmos sua própria ditadura, e incomensuravelmente mais violenta.
Bem, para que você fique plenamente inteirado do que estou falando, detalho abaixo quatro fatos fundamentais olvidados e/ou omitidos sobre o Golpe de 1964 e a Ditadura Militar. Vamos ao primeiro.
1) O Golpe ou Revolução de 1964 foi um contra-golpe ao processo de “cubanização” do Brasil que já estava em explícito andamento; ele veio para evitar uma ditadura, não para instaurar uma. A Ditadura Militar, que surgiu um ano após o movimento de 1964, foi um golpe dentro desse contra-golpe.
Não é verdade que o Golpe de 1964 pretendeu estabelecer uma ditadura. Foi exatamente o contrário: ele ocorreu para garantir a democracia em nossa nação, impedindo a implantação de uma ditadura comunista em nosso país. O movimento de 1964 foi um contra-golpe ao processo de “cubanização” do Brasil, que já estava em andamento.
Para quem não conhece os fatos sobre o processo acelerado de “cubanização” do Brasil naquela época, e que levaram ao movimento nacional de deposição de Jango, passarei a elencá-los a seguir.
À guisa de introdução, lembremos o contexto da época.
O mundo vivia a Guerra Fria. A União Soviética e seus satélites apoiavam e financiavam a implantação do comunismo no mundo, e os Estados Unidos lutavam para impedir essa expansão, apoiando todos quantos se opusessem aos movimentos de guerrilha revolucionária comunista nos seus respectivos países.
Em 1959, a guerrilha dos irmãos Castro e Guevara apeou do poder o ditador Fulgêncio Batista, uma espécie de "Getúlio Vargas" de Cuba. Batista era um militar que apoiou e concretizou um golpe de Estado em Cuba em 1933. Anos depois do golpe, mais precisamente em 1940, foi eleito presidente daquele país em eleições diretas, sendo sucedido por Ramon Grau, que venceria as eleições de 1944, e Carlos Prío Socarrás, que venceria as eleições de 1948. Em 1952, depois de três eleições, quando a democracia em Cuba parecia solidificada e Batista concorria à presidência mais uma vez, este resolveu promover outro golpe de Estado, dessa vez em seu próprio benefício, para se fixar no poder. Durante sua gestão, Batista mandou prender opositores e enriqueceu ilicitamente. Seu governo ditatorial foi criticado tanto por comunistas e esquerdistas em geral quanto por democratas e liberais. Porém, foi a guerrilha de esquerda que obteve êxito, derrubando-o. E quando os irmãos Castro e seus revolucionários o derrubaram, em vez de restituírem a democracia a Cuba, implantaram eles mesmos sua própria ditadura, e incomensuravelmente mais violenta.
Se o ditador Batista prendia seus opositores, os irmãos ditadores (Fidel e Raul) simplesmente os matavam aos milhares.
Os cubanos não-esquerdistas que lutaram contra a ditadura de Fulgêncio foram todos exilados ou mortos pelos irmãos Castro. Logo nos primeiros dias após a Revolução, Fidel e sua turma fuzilaram nada menos que 600 opositores ideológicos. Guevara liderou em Cuba o primeiro campo de concentração da América Latina. Chamavam-no de “Unidade Militar de Apoio à Produção” (Umap). Ali, nos quase dois anos que passou “apoiando a produção”, o argentino fuzilou mais de 400 pessoas (Ver livro Guevara: Misionero de La Violencia, do ex-preso político e renomado historiador cubano Pedro Corzo, que cita todos os mortos. Para uma consulta mais imediata, há uma lista com o nome de 200 dessas vítimas de Guevara aqui e fotos e dados de mais de 100 dessas vítimas aqui).
Nos dez primeiros anos de ditadura, Raul, Fidel e Guevara fuzilaram mais de 7 mil pessoas e encarceraram 30 mil cubanos nas Umap’s (Informações sobre algumas dessas chacinas aqui e fotos de alguns fuzilamentos executados por Raul, Fidel, Guevara e companhia podem ser vistas aqui). Por isso, em 1960, com apenas um ano de Revolução, 50 mil cubanos já haviam fugido da ilha. Em 1963, o número de cubanos que fugiram do terror em seu país já havia subido para 250 mil. Ou seja, a ditadura dos irmãos Castro era uma “maravilha” tão grande que centenas de milhares de cubanos “deram no pé” em apenas quatro anos de regime. E ainda hoje há gente fugindo daquela “ilha da fantasia”...
Só para registro: de 1959 a 2008, a ditadura cubana fuzilou 17 mil pessoas (ao todo, de lá para cá, foram cerca de 100 mil mortos; 17 mil foram só os que foram assassinados por fuzilamento) e jogou nas Umap’s mais de 100 mil opositores; e o número de cubanos que tentam fugir da ilha é hoje, em média, de 5 mil por ano – o recorde foi em 1994: 37 mil lançaram-se ao mar em fuga.
Mas, voltemos a meados do século 20.
Antes mesmo de Cuba, o grande interesse do Movimento Comunista internacional era o Brasil. O namoro já era antigo. Em 1935, a mando da URSS, os comunistas, encabeçados por Luis Carlos Prestes (então membro da Comissão Executiva da Internacional Comunista – Comintern), já haviam tentado tomar o poder, matando 28 militares no Estado da Guanabara, 20 pessoas (entre militares e civis) em Natal e 720 (entre militares e civis) em Recife (História das Revoluções Brasileiras, do historiador Glauco Carneiro, volume 2, p. 424). Ainda em Natal, durante os três dias de tentativa de revolução, promoveram saques, estupros e arrombamentos (Relembre esses crimes – ou leia sobre eles a primeira vez – aqui e aqui). E na Guanabara, logo depois da Intentona, os comunistas ainda mataram uma jovem de 18 anos – Elza Fernandes –, namorada de um dos “camaradas”, apenas por suspeitarem que ela denunciara o grupo. Se realmente tivesse denunciado, estaria cumprindo seu dever como cidadã; mas, o pior é que ela não o fez (Relembre essa terrível história aqui).
Enfim, desde a década de 30, o Brasil era visto como estratégico pela Internacional Comunista pelo seu tamanho e representatividade na América Latina. Ter um país do tamanho do Brasil como satélite comunista na América Latina seria uma grande conquista e uma influência poderosa sobre os demais países do continente. China, na Ásia, e Brasil, na América Latina, eram duas antigas obsessões. A China, desde 1949, devido ao trabalho de Mao Tse-tung (que mandou ali de 1949 a 1959 e de 1966 a 1976), tornou-se comunista. Faltava agora o Brasil.
Os anos se passaram e, um ano apenas após a Revolução Cubana, os comunistas resolveram investir outra vez na conquista do Brasil. E em pouco tempo, a sociedade brasileira, que ainda mantinha viva na memória a Intentona de 1935, foi tomando ciência desse projeto.
O primeiro fato a ser notado foi o surgimento e crescimento de grupos de guerrilha comunista no Brasil, patrocinados, armados e treinados pelos comunistas internacionais, e empenhados declaradamente em instaurar uma ditadura comunista no país. Em segundo lugar e simultaneamente às guerrilhas, vieram as primeiras invasões de terra no campo, e com o apoio do governo federal durante a presidência de João Goulart. Em terceiro lugar, nos primeiros anos da década de 60, centenas de sindicatos foram criados no Brasil (cerca de mil em apenas quatro anos), sendo o número de greves fomentadas por setores de esquerda naquele período algo inigualável na história do país. Então, quando, em 13 e 17 de março de 1964, o presidente João Goulart manifestou a intenção de desapropriar terras - e sem promessa de indenização - para promover a reforma agrária, ameaçou a ordem econômica com o estatismo, propôs uma nova Constituição conforme seus ideais e incitou descaradamente a rebelião dentro das Forças Armadas, desrespeitando hierarquias e favorecendo injustamente militares de esquerda, a sociedade civil brasileira não teve dúvida e saiu em massa às ruas. Depois dos discursos de 13 e 17 de março de 1964, sua deposição foi inevitável.
Vamos recapitular cronologicamente esses fatos.
A partir do ano de 1960 até o período final do Regime Militar, milhares de comunistas brasileiros treinaram terrorismo na União Soviética, China, Cuba, Coréia do Norte e Argélia. O objetivo expresso desse treinamento era tentar promover uma revolução comunista no Brasil, implantando a “ditadura do proletariado”, a “cubanização” do país. Sobre tais treinamentos, tão convenientemente omitidos hoje em dia, leia a obra O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil, da professora Denise Rollemberg; e a obra A Revolução Impossível, de Luís Mir. Eis alguns links sobre o assunto aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A prática comunista de incentivar e patrocinar guerrilhas nos outros países foi idealizada ainda na época de Stalin.“Os líderes comunistas sempre procuraram criar situações revolucionárias. Lenin favorecia a agitação para conseguir seus objetivos de domínio mundial do comunismo, e Trotsky pregava providências ainda mais militantes. Foi, no entanto, Stalin quem preferiu treinar um exército de subversivos clandestinos que se infiltrariam nas democracias para destruí-las de dentro para fora… a perigosa quinta-coluna” (Hutton, Os subversivos, p. 9).
Herbert José de Souza, mais conhecido como “Betinho”, ex-dirigente do grupo esquerdista Ação Popular, contou em depoimento no livro O Fio da Navalha: “Ainda antes da Revolução de 31 de março de 1964, no governo do presidente João Goulart, um grupo de militantes do Partido Comunista do Brasil foi enviado à China, onde recebeu treinamento militar na Escola Militar de Pequim. Também um grupo de dirigentes da Ação Popular recebeu treinamento político-ideológico na China no início dos anos 70”.
Desde 1961, as Ligas Camponesas do deputado comunista Francisco Julião, surgida em Pernambuco, já haviam se armado para a revolução e recebido treinamento de guerrilha dos chineses e cubanos. De Cuba, receberam ainda armas e dinheiro para comprar fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco para funcionarem como campos de treinamento. Essa história está contada parcialmente aqui, mas pode ser lida em detalhes na obra supracitada da professora Denise Rollemberg. Após a deposição de Jango, as Ligas foram fechadas, as armas apreendidas e seus membros presos ou exilados.
Em 1963, Leonel Brizola montara o chamado “Exército Popular de Libertação”, formado de grupos de 11 pessoas (os G-11) com, ao todo, 58.344 homens distribuídos pelo Rio Grande do Sul, Guanabara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. No documento denominado “Instruções Secretas”, escreveu Brizola ao seu exército, justificando o uso que seu grupo pudesse fazer de atos de violência: “Não nos poderemos deter na procura de justificativas acadêmicas para atos que possam vir a ser considerados, pela reação e pelos companheiros sentimentalistas, agressivos demais ou, até mesmo, injustificados”. Sobre sua certeza do compromisso de João Goulart com a revolução comunista, escreveu ele: “Devemos nos lembrar que, hoje, temos tudo a nosso favor, inclusive o beneplácito do Governo e a complacência de poderosos setores civis e militares, acovardados e temerosos de perder seus atuais e ignominiosos privilégios”. Sobre a escassez de armas para a luta: “A escassez inicial de armas poderosas e verdadeiramente militares será suprida pelos aliados militares que possuímos em todas as Forças Armadas”.
Sobre as táticas a serem usadas pelo seu exército, orientou Brizola: “Os camponeses, dirigidos por nossos companheiros, virão destruindo e queimando as plantações, engenhos, celeiros, depósitos de cereais e armazéns gerais. A agitação será nossa aliada primordial e deveremos iniciá-la nos veículos coletivos, à hora de maior movimento, nas ruas e avenidas de aglomeração de pedestres, próximo às casas de armas e munições e nos bairros eminentemente populares e operários. Desses pontos e à sombra da massa humana, deverão convergir os G-11 especializados em destruição e assaltos, já comandando os companheiros e com outros se ajuntando pelas ruas e avenidas, para o centro da cidade, vila ou distrito, de acordo com a importância da localidade, depredando os estabelecimentos comerciais e industriais, saqueando e incendiando, com os molotovs e outros materiais inflamáveis, os edifícios públicos e os de empresas particulares. Ataques simultâneos serão desfechados contra as centrais telefônicas, rádio-emissoras e, onde houver, de TV, casas de armas, pequenos quartéis militares”.
Finalmente, ao cogitar a possibilidade da revolução comunista não acontecer, orientou Brizola seus soldados como se segue: “No caso de derrota do nosso Movimento, o que é improvável, mas não impossível, dado a certas características da situação nacional, e temos que ser verdadeiros em todos os nossos contatos com os Comandos Regionais e esta é uma informação para uso somente de alguns companheiros de absoluta e máxima confiança, os reféns deverão ser sumária e imediatamente fuzilados, a fim de que não denunciem seus aprisionadores e não lutem, posteriormente, para sua condenação e destruição”.
Mais sobre Brizola e seus soldados, inclusive após o Golpe de 1964, leia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Como se não bastasse tudo isso, em setembro de 1963, um grande carregamento de armas que se encontrava a caminho do Brasil, procedente da Europa oriental, foi interceptado pelo Exército Brasileiro, que enviou uma tropa ao navio e conseguiu confiscar toneladas de armas portáteis, munições, metralhadoras, equipamentos de comunicações de campanha e montões de propaganda pró-comunismo em português. E quando Luis Carlos Prestes foi preso em 1964 logo após a deposição de Jango, foi encontrado com grande quantidade de armamentos pesados originários de Cuba.
Mas, antes mesmo das primeiras apreensões de armas, planos e cartilhas da guerrilha, a imprensa brasileira já havia se apercebido do que acontecia às escondidas no país. Em 1961, chegou às mãos da Redação do jornal O Globo informações confidenciais sobre o plano de tomada de poder no país pelos comunistas, o que resultou em grandes reportagens de denúncia no jornal a respeito do assunto.
Foi em 13 de maio de 1961 que o jornal O Globo publicou, pela primeira vez, um encarte denunciando a orquestração que se formava no país para implantar uma ditadura comunista. Abaixo, cito na íntegra, conforme arquivo do médico e escritor Heitor de Paula, dois textos do referido encarte:
Entreguismo Vermelho
Plano Básico do Comunismo Internacional
“O comunismo não é fraternidade; é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens; é a sua exterminação mútua. Não arvora a bandeira do Evangelho; bane a Deus das almas e das reivindicações populares. Não dá trégua à ordem. Não conhece a liberdade cristã. Dissolveria a sociedade. Extinguiria a religião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria, inverteria a obra do Criador” (Ruy Barbosa)
Em 1957, por ocasião das comemorações do quadragésimo aniversário da Revolução Russa, um grupo de dirigentes comunistas reuniu-se em Moscou para organizar o plano de ação de vários partidos comunistas de todo o mundo, segundo a nova "linha" estabelecida pelo Kremilin. Tendo Khruchtchev consolidado sua posição de dirigente supremo da U.R.S.S., modificou o sistema anterior de direção dos partidos comunistas estrangeiros, dissolveu o Cominform e fez novamente de Moscou o centro do poder e a única fonte de autoridade sobre aqueles partidos.
Os representantes dos PCs deste continente tiveram, na época, uma reunião especial, sendo as delegações do Brasil, Argentina, México e Chile as mais numerosas, num total superior a 179 delegados. Uma cópia do plano, mais tarde, foi revelada em Lima e divulgada em sua parte referente à América Latina.
As decisões
Em linhas gerais, as decisões da referida reunião especial com os dirigentes latino-americanos podem ser assim enumeradas: De Moscou vem a iniciativa, a orientação e o comando para o desenvolvimento da ação comunista. Assim, por exemplo, a luta entre os PCs do Brasil, da Argentina, do México e do Chile pela supremacia entre os partidos latino americanos cessou definitivamente, passando cada um deles a partidos autônomos com relação aos outros, mas subordinados todos à direção de Moscou. Neste Continente, o desenvolvimento dos partidos comunistas deve ser escondido do público, embora mais do que nunca se trabalhe internamente em cada país pela "defesa" da União Soviética e do Socialismo. Duas bandeiras devem encobrir essas atividades comunistas: o "nacionalismo" e a luta por constantes aumentos de salários e redução de horas de serviço, com aumento também das inatividades remuneradas.
“Os comunistas não devem declarar que lutam contra o capitalismo, mas, sim, contra o ‘monopólio estrangeiro’ e ‘a tendência monopolizadora das empresas norte-americanas’. Para isso devem ficar de lado as campanhas de exaltação do comunismo ou da Rússia, para dar lugar ao acirramento do ódio e da resistência aos Estados Unidos, entre a burguesia comercial e a industrial e, principalmente, entre a pequena burguesia, os intelectuais e os estudantes”.
Os cubanos não-esquerdistas que lutaram contra a ditadura de Fulgêncio foram todos exilados ou mortos pelos irmãos Castro. Logo nos primeiros dias após a Revolução, Fidel e sua turma fuzilaram nada menos que 600 opositores ideológicos. Guevara liderou em Cuba o primeiro campo de concentração da América Latina. Chamavam-no de “Unidade Militar de Apoio à Produção” (Umap). Ali, nos quase dois anos que passou “apoiando a produção”, o argentino fuzilou mais de 400 pessoas (Ver livro Guevara: Misionero de La Violencia, do ex-preso político e renomado historiador cubano Pedro Corzo, que cita todos os mortos. Para uma consulta mais imediata, há uma lista com o nome de 200 dessas vítimas de Guevara aqui e fotos e dados de mais de 100 dessas vítimas aqui).
Nos dez primeiros anos de ditadura, Raul, Fidel e Guevara fuzilaram mais de 7 mil pessoas e encarceraram 30 mil cubanos nas Umap’s (Informações sobre algumas dessas chacinas aqui e fotos de alguns fuzilamentos executados por Raul, Fidel, Guevara e companhia podem ser vistas aqui). Por isso, em 1960, com apenas um ano de Revolução, 50 mil cubanos já haviam fugido da ilha. Em 1963, o número de cubanos que fugiram do terror em seu país já havia subido para 250 mil. Ou seja, a ditadura dos irmãos Castro era uma “maravilha” tão grande que centenas de milhares de cubanos “deram no pé” em apenas quatro anos de regime. E ainda hoje há gente fugindo daquela “ilha da fantasia”...
Só para registro: de 1959 a 2008, a ditadura cubana fuzilou 17 mil pessoas (ao todo, de lá para cá, foram cerca de 100 mil mortos; 17 mil foram só os que foram assassinados por fuzilamento) e jogou nas Umap’s mais de 100 mil opositores; e o número de cubanos que tentam fugir da ilha é hoje, em média, de 5 mil por ano – o recorde foi em 1994: 37 mil lançaram-se ao mar em fuga.
Mas, voltemos a meados do século 20.
Antes mesmo de Cuba, o grande interesse do Movimento Comunista internacional era o Brasil. O namoro já era antigo. Em 1935, a mando da URSS, os comunistas, encabeçados por Luis Carlos Prestes (então membro da Comissão Executiva da Internacional Comunista – Comintern), já haviam tentado tomar o poder, matando 28 militares no Estado da Guanabara, 20 pessoas (entre militares e civis) em Natal e 720 (entre militares e civis) em Recife (História das Revoluções Brasileiras, do historiador Glauco Carneiro, volume 2, p. 424). Ainda em Natal, durante os três dias de tentativa de revolução, promoveram saques, estupros e arrombamentos (Relembre esses crimes – ou leia sobre eles a primeira vez – aqui e aqui). E na Guanabara, logo depois da Intentona, os comunistas ainda mataram uma jovem de 18 anos – Elza Fernandes –, namorada de um dos “camaradas”, apenas por suspeitarem que ela denunciara o grupo. Se realmente tivesse denunciado, estaria cumprindo seu dever como cidadã; mas, o pior é que ela não o fez (Relembre essa terrível história aqui).
Enfim, desde a década de 30, o Brasil era visto como estratégico pela Internacional Comunista pelo seu tamanho e representatividade na América Latina. Ter um país do tamanho do Brasil como satélite comunista na América Latina seria uma grande conquista e uma influência poderosa sobre os demais países do continente. China, na Ásia, e Brasil, na América Latina, eram duas antigas obsessões. A China, desde 1949, devido ao trabalho de Mao Tse-tung (que mandou ali de 1949 a 1959 e de 1966 a 1976), tornou-se comunista. Faltava agora o Brasil.
Os anos se passaram e, um ano apenas após a Revolução Cubana, os comunistas resolveram investir outra vez na conquista do Brasil. E em pouco tempo, a sociedade brasileira, que ainda mantinha viva na memória a Intentona de 1935, foi tomando ciência desse projeto.
O primeiro fato a ser notado foi o surgimento e crescimento de grupos de guerrilha comunista no Brasil, patrocinados, armados e treinados pelos comunistas internacionais, e empenhados declaradamente em instaurar uma ditadura comunista no país. Em segundo lugar e simultaneamente às guerrilhas, vieram as primeiras invasões de terra no campo, e com o apoio do governo federal durante a presidência de João Goulart. Em terceiro lugar, nos primeiros anos da década de 60, centenas de sindicatos foram criados no Brasil (cerca de mil em apenas quatro anos), sendo o número de greves fomentadas por setores de esquerda naquele período algo inigualável na história do país. Então, quando, em 13 e 17 de março de 1964, o presidente João Goulart manifestou a intenção de desapropriar terras - e sem promessa de indenização - para promover a reforma agrária, ameaçou a ordem econômica com o estatismo, propôs uma nova Constituição conforme seus ideais e incitou descaradamente a rebelião dentro das Forças Armadas, desrespeitando hierarquias e favorecendo injustamente militares de esquerda, a sociedade civil brasileira não teve dúvida e saiu em massa às ruas. Depois dos discursos de 13 e 17 de março de 1964, sua deposição foi inevitável.
Vamos recapitular cronologicamente esses fatos.
A partir do ano de 1960 até o período final do Regime Militar, milhares de comunistas brasileiros treinaram terrorismo na União Soviética, China, Cuba, Coréia do Norte e Argélia. O objetivo expresso desse treinamento era tentar promover uma revolução comunista no Brasil, implantando a “ditadura do proletariado”, a “cubanização” do país. Sobre tais treinamentos, tão convenientemente omitidos hoje em dia, leia a obra O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil, da professora Denise Rollemberg; e a obra A Revolução Impossível, de Luís Mir. Eis alguns links sobre o assunto aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
A prática comunista de incentivar e patrocinar guerrilhas nos outros países foi idealizada ainda na época de Stalin.“Os líderes comunistas sempre procuraram criar situações revolucionárias. Lenin favorecia a agitação para conseguir seus objetivos de domínio mundial do comunismo, e Trotsky pregava providências ainda mais militantes. Foi, no entanto, Stalin quem preferiu treinar um exército de subversivos clandestinos que se infiltrariam nas democracias para destruí-las de dentro para fora… a perigosa quinta-coluna” (Hutton, Os subversivos, p. 9).
Herbert José de Souza, mais conhecido como “Betinho”, ex-dirigente do grupo esquerdista Ação Popular, contou em depoimento no livro O Fio da Navalha: “Ainda antes da Revolução de 31 de março de 1964, no governo do presidente João Goulart, um grupo de militantes do Partido Comunista do Brasil foi enviado à China, onde recebeu treinamento militar na Escola Militar de Pequim. Também um grupo de dirigentes da Ação Popular recebeu treinamento político-ideológico na China no início dos anos 70”.
Desde 1961, as Ligas Camponesas do deputado comunista Francisco Julião, surgida em Pernambuco, já haviam se armado para a revolução e recebido treinamento de guerrilha dos chineses e cubanos. De Cuba, receberam ainda armas e dinheiro para comprar fazendas em Goiás, Acre, Bahia e Pernambuco para funcionarem como campos de treinamento. Essa história está contada parcialmente aqui, mas pode ser lida em detalhes na obra supracitada da professora Denise Rollemberg. Após a deposição de Jango, as Ligas foram fechadas, as armas apreendidas e seus membros presos ou exilados.
Em 1963, Leonel Brizola montara o chamado “Exército Popular de Libertação”, formado de grupos de 11 pessoas (os G-11) com, ao todo, 58.344 homens distribuídos pelo Rio Grande do Sul, Guanabara, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. No documento denominado “Instruções Secretas”, escreveu Brizola ao seu exército, justificando o uso que seu grupo pudesse fazer de atos de violência: “Não nos poderemos deter na procura de justificativas acadêmicas para atos que possam vir a ser considerados, pela reação e pelos companheiros sentimentalistas, agressivos demais ou, até mesmo, injustificados”. Sobre sua certeza do compromisso de João Goulart com a revolução comunista, escreveu ele: “Devemos nos lembrar que, hoje, temos tudo a nosso favor, inclusive o beneplácito do Governo e a complacência de poderosos setores civis e militares, acovardados e temerosos de perder seus atuais e ignominiosos privilégios”. Sobre a escassez de armas para a luta: “A escassez inicial de armas poderosas e verdadeiramente militares será suprida pelos aliados militares que possuímos em todas as Forças Armadas”.
Sobre as táticas a serem usadas pelo seu exército, orientou Brizola: “Os camponeses, dirigidos por nossos companheiros, virão destruindo e queimando as plantações, engenhos, celeiros, depósitos de cereais e armazéns gerais. A agitação será nossa aliada primordial e deveremos iniciá-la nos veículos coletivos, à hora de maior movimento, nas ruas e avenidas de aglomeração de pedestres, próximo às casas de armas e munições e nos bairros eminentemente populares e operários. Desses pontos e à sombra da massa humana, deverão convergir os G-11 especializados em destruição e assaltos, já comandando os companheiros e com outros se ajuntando pelas ruas e avenidas, para o centro da cidade, vila ou distrito, de acordo com a importância da localidade, depredando os estabelecimentos comerciais e industriais, saqueando e incendiando, com os molotovs e outros materiais inflamáveis, os edifícios públicos e os de empresas particulares. Ataques simultâneos serão desfechados contra as centrais telefônicas, rádio-emissoras e, onde houver, de TV, casas de armas, pequenos quartéis militares”.
Finalmente, ao cogitar a possibilidade da revolução comunista não acontecer, orientou Brizola seus soldados como se segue: “No caso de derrota do nosso Movimento, o que é improvável, mas não impossível, dado a certas características da situação nacional, e temos que ser verdadeiros em todos os nossos contatos com os Comandos Regionais e esta é uma informação para uso somente de alguns companheiros de absoluta e máxima confiança, os reféns deverão ser sumária e imediatamente fuzilados, a fim de que não denunciem seus aprisionadores e não lutem, posteriormente, para sua condenação e destruição”.
Mais sobre Brizola e seus soldados, inclusive após o Golpe de 1964, leia aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Como se não bastasse tudo isso, em setembro de 1963, um grande carregamento de armas que se encontrava a caminho do Brasil, procedente da Europa oriental, foi interceptado pelo Exército Brasileiro, que enviou uma tropa ao navio e conseguiu confiscar toneladas de armas portáteis, munições, metralhadoras, equipamentos de comunicações de campanha e montões de propaganda pró-comunismo em português. E quando Luis Carlos Prestes foi preso em 1964 logo após a deposição de Jango, foi encontrado com grande quantidade de armamentos pesados originários de Cuba.
Mas, antes mesmo das primeiras apreensões de armas, planos e cartilhas da guerrilha, a imprensa brasileira já havia se apercebido do que acontecia às escondidas no país. Em 1961, chegou às mãos da Redação do jornal O Globo informações confidenciais sobre o plano de tomada de poder no país pelos comunistas, o que resultou em grandes reportagens de denúncia no jornal a respeito do assunto.
Foi em 13 de maio de 1961 que o jornal O Globo publicou, pela primeira vez, um encarte denunciando a orquestração que se formava no país para implantar uma ditadura comunista. Abaixo, cito na íntegra, conforme arquivo do médico e escritor Heitor de Paula, dois textos do referido encarte:
Entreguismo Vermelho
Plano Básico do Comunismo Internacional
“O comunismo não é fraternidade; é a invasão do ódio entre as classes. Não é a reconciliação dos homens; é a sua exterminação mútua. Não arvora a bandeira do Evangelho; bane a Deus das almas e das reivindicações populares. Não dá trégua à ordem. Não conhece a liberdade cristã. Dissolveria a sociedade. Extinguiria a religião. Desumanaria a humanidade. Everteria, subverteria, inverteria a obra do Criador” (Ruy Barbosa)
Em 1957, por ocasião das comemorações do quadragésimo aniversário da Revolução Russa, um grupo de dirigentes comunistas reuniu-se em Moscou para organizar o plano de ação de vários partidos comunistas de todo o mundo, segundo a nova "linha" estabelecida pelo Kremilin. Tendo Khruchtchev consolidado sua posição de dirigente supremo da U.R.S.S., modificou o sistema anterior de direção dos partidos comunistas estrangeiros, dissolveu o Cominform e fez novamente de Moscou o centro do poder e a única fonte de autoridade sobre aqueles partidos.
Os representantes dos PCs deste continente tiveram, na época, uma reunião especial, sendo as delegações do Brasil, Argentina, México e Chile as mais numerosas, num total superior a 179 delegados. Uma cópia do plano, mais tarde, foi revelada em Lima e divulgada em sua parte referente à América Latina.
As decisões
Em linhas gerais, as decisões da referida reunião especial com os dirigentes latino-americanos podem ser assim enumeradas: De Moscou vem a iniciativa, a orientação e o comando para o desenvolvimento da ação comunista. Assim, por exemplo, a luta entre os PCs do Brasil, da Argentina, do México e do Chile pela supremacia entre os partidos latino americanos cessou definitivamente, passando cada um deles a partidos autônomos com relação aos outros, mas subordinados todos à direção de Moscou. Neste Continente, o desenvolvimento dos partidos comunistas deve ser escondido do público, embora mais do que nunca se trabalhe internamente em cada país pela "defesa" da União Soviética e do Socialismo. Duas bandeiras devem encobrir essas atividades comunistas: o "nacionalismo" e a luta por constantes aumentos de salários e redução de horas de serviço, com aumento também das inatividades remuneradas.
“Os comunistas não devem declarar que lutam contra o capitalismo, mas, sim, contra o ‘monopólio estrangeiro’ e ‘a tendência monopolizadora das empresas norte-americanas’. Para isso devem ficar de lado as campanhas de exaltação do comunismo ou da Rússia, para dar lugar ao acirramento do ódio e da resistência aos Estados Unidos, entre a burguesia comercial e a industrial e, principalmente, entre a pequena burguesia, os intelectuais e os estudantes”.
“Os comunistas não devem usar a doutrina da luta de classes, mas devem lutar contra todas as idéias de ‘harmonia entre as classes’, de ‘relações humanas’ e de ‘capitalismo popular’. Divisão de trabalho dando-se preferência às atividades de infiltração. Enquanto um grupo coopera com o Governo, outro, menos silencioso, deve ficar com a oposição. O grupo infiltrado no governo criará as condições de liberdade de ação para os comunistas de oposição a fim de que essas possam exercer maior influência sobre a comunidade”.
“Cooperar com todas as forças de oposição, onde haja liberdade, mas cooperar também com os ditadores, quando não houver movimentos de oposição; dar assistência a todos os grupos, independentemente de suas tendências, que de algum modo se oponham aos Estados Unidos, seus empreendimentos oficiais ou suas empresas particulares. Tomar como aliado todo e qualquer descontente com a política norte-americana”.
“Dividir os partidos comunistas em grupos diferentes que se devem infiltrar nos vários partidos políticos, principalmente na oposição política, estimulando, sob as bandeira do nacionalismo, o ódio aos Estados Unidos”. Nesse ponto, o documento recomenda cuidadosamente que se evitem os aspectos de pregação comunista.
Há uma parte do plano, porém, que mais impressionante parece, quando analisamos diante do quadro latino-americano. É a parte em que a resolução de Moscou apresenta como principal objetivo dos partidos comunistas ocidentais o enfraquecimento da economia de cada país não comunista pelo apoio às exigências constantes de salários sempre maiores, de férias remuneradas mais longas e de maiores vantagens da Previdência Social, assim como a condenação do progresso tecnológico, sob a alegação de que esse é a causa do desemprego e resulta em superexploração, por impedir que mais homens trabalhem e permitir que mulheres tomem seus lugares. A aplicação minuciosa dessas medidas determinadas pela reunião de Moscou já se fez sentir em toda a parte. Cada dia, uma comprovação. Não nos assiste, portanto, o direito de cruzar os braços diante do perigo presente.
“Cooperar com todas as forças de oposição, onde haja liberdade, mas cooperar também com os ditadores, quando não houver movimentos de oposição; dar assistência a todos os grupos, independentemente de suas tendências, que de algum modo se oponham aos Estados Unidos, seus empreendimentos oficiais ou suas empresas particulares. Tomar como aliado todo e qualquer descontente com a política norte-americana”.
“Dividir os partidos comunistas em grupos diferentes que se devem infiltrar nos vários partidos políticos, principalmente na oposição política, estimulando, sob as bandeira do nacionalismo, o ódio aos Estados Unidos”. Nesse ponto, o documento recomenda cuidadosamente que se evitem os aspectos de pregação comunista.
Há uma parte do plano, porém, que mais impressionante parece, quando analisamos diante do quadro latino-americano. É a parte em que a resolução de Moscou apresenta como principal objetivo dos partidos comunistas ocidentais o enfraquecimento da economia de cada país não comunista pelo apoio às exigências constantes de salários sempre maiores, de férias remuneradas mais longas e de maiores vantagens da Previdência Social, assim como a condenação do progresso tecnológico, sob a alegação de que esse é a causa do desemprego e resulta em superexploração, por impedir que mais homens trabalhem e permitir que mulheres tomem seus lugares. A aplicação minuciosa dessas medidas determinadas pela reunião de Moscou já se fez sentir em toda a parte. Cada dia, uma comprovação. Não nos assiste, portanto, o direito de cruzar os braços diante do perigo presente.
Ao referir-se ao "perigo presente", O Globo refere-se ao Brasil nos primeiros três meses e meio do mandato de Jânio Quadros, que duraria só mais três meses: as greves e os sindicatos recém-criados nesse período seguiam à risca essa cartilha, enquanto o presidente Jânio, sob o discurso de que o Brasil, sob seu governo, teria uma “política externa independente”, pregava o restabelecimento das relações diplomáticas e comerciais com a URSS e a China comunista, e condenou o isolamento de Cuba.
Outra matéria da extensa reportagem da edição de 13 de maio de 1961 de O Globo segue abaixo:
Outra matéria da extensa reportagem da edição de 13 de maio de 1961 de O Globo segue abaixo:
Comprovações do entreguismo vermelho
Seguindo-se sempre o zigue-zague das mutações determinadas por Moscou, chegamos aos dias atuais em que o Partido caminha na direção estabelecida pelo XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética, realizado em fevereiro de 1956. Khruchtchev, substituto de Stalin na ditadura soviética, confirmou em discurso, perante aquele Congresso, alguns dos crimes e violências praticados pelo ditador morto, contra indivíduos e nações. O discurso, pronunciado secretamente, mas depois divulgado pelas próprias autoridades russas, determinou, em todos os partidos comunistas de fora da Rússia, a queda dos líderes que, de certo modo, se desiludiram com a confissão de tantos crimes sempre negados, até pelo próprio Khruchtchev, quando Stalin era vivo. Ficaram apenas aqueles líderes locais que, embora nascidos fora da Rússia, a servem incondicionalmente, mesmo quando em situação de flagrante traição a suas pátrias. No Brasil, Luiz Carlos Prestes ficou. Muitos líderes locais comunistas brasileiros, sem renunciar as suas ideais socialistas, reconheceram de público o caráter totalitário e imperialista da Rússia Soviética e abandonaram o Partido. Mas Luiz Carlos Prestes ficou.
Entre os que não ficaram, Osvaldo Peralva, do grupo dos intelectuais do Partido, publicou recentemente o livro "O Retrato", em que dá as razões do seu desligamento das hostes vermelhas, denuncia o caráter entreguista do Partido Comunista Brasileiro e faz considerações sobre o comunismo internacional. A esse respeito diz Peralva: "A força da atração do bolchevismo tem residido na rapidez com que, combinando o impulso revolucionário com as medidas compulsórias, promove o desenvolvimento das grandes indústrias. Daí que só tenha triunfado em países subdesenvolvidos (Rússia, China, Vietnam etc.), ou onde foi levado na ponta das baionetas soviéticas, como é o caso da Tcheco-Eslováquia. É certo que na Itália e na França existem poderosos partidos comunistas, mas ali o bolchevismo jamais representou grande força, antes da II Guerra Mundial. Somente após o rompimento do pacto nazi-soviético e a agressão hitlerista contra o aliado da véspera, num momento em que a resistência ao ocupante nazista, na França e na Itália, coincidia com os interesses da União Soviética, é que os dirigentes comunistas daquelas duas nações conquistaram o apoio e a simpatia de amplas massas. Guiando-se pelo principio estalinista de que ‘a atitude ante a U.R.S.S. é a pedra de toque do internacionalismo proletário’, eles se destacaram na luta contra o inimigo comum – de seus países e da U.R.S.S. – visando sobretudo defender a ‘pátria do proletariado’, mas aparecendo aos olhos de seus povos como valorosos combatentes pela libertação nacional”.
“No único país altamente industrializado em que o bolchevismo se instaurou – a Tcheco-Eslováquia – o bem estar econômico das massas trabalhadoras diminuiu. (...) E na própria estrutura da sociedade verificou-se um retrocesso, pois a antiga democracia tcheco-eslovaca, com suas tradições de respeito às liberdades e aos direitos individuais, foi substituída pela ditadura de uma camarilha burocrática”.
Como se vê, no primeiro resumo de artigo deste suplemento, na análise do plano comunista revelado em Lima, em 1957, Khruchtchev dissolveu também o Cominform e Moscou passou a ser o centro do poder e a única autoridade. Do Kremlin vem a iniciativa, a orientação e o comando para o desenvolvimento da política comunista no mundo ocidental. Uma afirmação dessa gravidade seria de difícil aceitação se os fatos não a viessem frequentemente comprovar.Alunos na Rússia, mestres na América Latina
O plano de domínio pela Rússia dos países menos desenvolvidos de todo o mundo, embora conhecido no conjunto, só tem podido ser verificado em retalhos, em fatos isolados, apenas percebidos em seu verdadeiro significado por aqueles que estudam as manobras dissimuladas do imperialismo soviético. Mas esses fatos surgem e, com algum cuidado, podem ser estudados, em sua importância exata.Em princípios de outubro de 1959, a Polícia Política do Rio de Janeiro prendeu o agente comunista internacional José Manoel Fortuny Arana que se encontrava clandestinamente no País, protegido por um passaporte falso. Fortuny tornou seu nome conhecido como um dos comunistas mais ativos da Guatemala, durante os anos sangrentos do regime de Arbenz. Quando os comunistas guatemaltecos foram postos para fora do poder, pela revolução popular de Castillo Armas, Fortuny escapou para a Europa, de onde veio para o Brasil a fim de, segundo informações oficiais, pôr em execução planos destinados a derrubar vários governos sul-americanos. Fortuny não viria ao Brasil para outro fim, encoberto por uma falsa identidade. Como Luiz Carlos Prestes e outros, é um agitador preparado em Moscou para a função específica de organizar, nos países em que consegue entrar, a subversão e a desordem. Mas esses fatos se perdem na imprensa diária e o povo os esquece.
As Ligas Camponesas de Francisco Julião
Não obstante a controvérsia que surge, de vez em quando, sobre a natureza real das Ligas Camponesas de Pernambuco, organizadas pelo Dep. Francisco Julião, a verdade é que essas ligas representam uma das mais perigosas infiltrações comunistas no País.
Aproveitando as más condições em que vivem os lavradores do Nordeste, o Deputado Julião promove o mais intenso movimento subversivo de preparação da revolução comunista no Brasil, acobertado pelo pretexto de exigir a reforma agrária. Como exemplo e ídolo para o lavrador nordestino, Francisco Julião apresenta a figura de Fidel Castro, levada àquelas paragens como salvador do camponês cubano e inspirador de todos os homens do campo da América. Em seu trabalho constante, as Ligas subvertem a ordem, provocam a ação policial, prejudicam o equilíbrio econômico da região e preparam o terreno para a ação dos agentes comunistas.Mas, de tudo o que mais impressiona é a exaltação permanente de Fidel Castro, o homem que entregou Cuba ao comando do imperialismo sino-soviético.
Compreende-se, naturalmente, que os camponeses do nordeste brasileiro tenham justa ansiedade em resolver seus problemas econômicos e sociais, mas, positivamente, não se compreende que a solução de tais problemas seja oferecido a troco da traição à Pátria. Mesmo porque jamais haverá solução para os problemas do homem do campo sob o regime que Fidel Castro instalou em Cuba, como muitos outros agentes de Moscou têm instalado em outras nações hoje escravizadas ao jugo soviético.
Não obstante a controvérsia que surge, de vez em quando, sobre a natureza real das Ligas Camponesas de Pernambuco, organizadas pelo Dep. Francisco Julião, a verdade é que essas ligas representam uma das mais perigosas infiltrações comunistas no País.
Aproveitando as más condições em que vivem os lavradores do Nordeste, o Deputado Julião promove o mais intenso movimento subversivo de preparação da revolução comunista no Brasil, acobertado pelo pretexto de exigir a reforma agrária. Como exemplo e ídolo para o lavrador nordestino, Francisco Julião apresenta a figura de Fidel Castro, levada àquelas paragens como salvador do camponês cubano e inspirador de todos os homens do campo da América. Em seu trabalho constante, as Ligas subvertem a ordem, provocam a ação policial, prejudicam o equilíbrio econômico da região e preparam o terreno para a ação dos agentes comunistas.Mas, de tudo o que mais impressiona é a exaltação permanente de Fidel Castro, o homem que entregou Cuba ao comando do imperialismo sino-soviético.
Compreende-se, naturalmente, que os camponeses do nordeste brasileiro tenham justa ansiedade em resolver seus problemas econômicos e sociais, mas, positivamente, não se compreende que a solução de tais problemas seja oferecido a troco da traição à Pátria. Mesmo porque jamais haverá solução para os problemas do homem do campo sob o regime que Fidel Castro instalou em Cuba, como muitos outros agentes de Moscou têm instalado em outras nações hoje escravizadas ao jugo soviético.
Bem, o que ocorreu desde a matéria de O Globo de 13 de maio de 1961 até 1963?
Em seu curto mandato presidencial sabotado por ele mesmo, o presidente Jânio Quadros fez uma política de aproximação com os comunistas, visitando e elogiando Cuba e condecorando o guerrilheiro Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, e restabeleceu as relações entre o Brasil e URSS e China. Aliás, na renúncia de Jânio, seu vice João Goulart estava em visita à Rússia e à China comunistas exatamente restabelecendo as relações diplomáticas entre o Brasil e esses países (veja aqui e aqui).
Antes de Goulart voltar ao Brasil para assumir a presidência no lugar de Jânio, surgiu forte resistência em relação ao seu nome por parte de alguns setores da sociedade (que contaram inclusive com o apoio de militares) por ser ele escancaradamente esquerdista e simpático à Revolução Cubana. Além do mais, seu cunhado e parceiro ideológico Leonel Brizola (casado com Neusa Goulart, irmã de Jango), então governador do Rio Grande do Sul, declarado defensor da “cubanização” do Brasil e mentor de Goulart, havia estatizado, durante seu mandato como governador gaúcho, duas empresas norte-americanas sem direito a indenização, o que criou um impasse entre o Brasil e os Estados Unidos; e também desapropriara terras para reforma agrária usando como critério uma emenda na constituição gaúcha que garantia a desapropriação de terras se houvesse tão somente um abaixo-assinado com 100 assinaturas pedindo-a. Brizola estimulou os abaixo-assinados em acampamentos de agricultores para forçar desapropriações.
Foi o temor pela “cubanização” do país em um mandato Jango com Brizola ao seu lado que fez com que, após a renúncia de Jânio, se cogitasse fortemente impedir a posse do seu vice (mesmo contrariando a Constituição) e invocar outras eleições presidenciais. Diante dessa ameaça, Brizola promoveu a chamada “Cadeia da Legalidade”, uma campanha pelo rádio em prol do cumprimento da Constituição, isto é, da posse do vice, seu cunhado Jango, no lugar do renunciante Jânio. A causa defendida por Brizola foi justa, mas isso não significa dizer que Brizola fosse defensor do cumprimento estrito da Constituição. Como seus atos à época mostraram, sua defesa foi por conveniência. Para ele, os ideais socialistas estavam acima.
Enquanto Brizola, apoiado por militares de esquerda, fazia sua campanha, formando, inclusive, uma trincheira armada de onde provocava as Forças Armadas, uma solução política já havia sido negociada no Congresso Nacional. Em 2 de setembro de 1961, foi aprovada uma emenda constitucional (número 4) alterando o regime de governo para o parlamentarismo. Com os poderes de Jango limitados ao de um chefe de Estado e não de governo, o temor em relação a um governo Goulart desapareceu e, em 7 de setembro, dois dias depois de voltar da China, João Goulart tomou posse como presidente.
A resistência inicial a Jango fez com que este engavetasse temporariamente alguns de seus projetos “cubanizadores”, passando a usar um discurso centrista, o que irritou seu cunhado Brizola. Mas, não demorou muito para Jango voltar ao seu normal. Estrategicamente, Goulart agira assim no início de seu mandato como chefe de Estado, para tentar convecer a todos que não era mais um esquerdista "carnívoro", mas "herbívoro", para, dessa forma, conquistar a confiança de seus opositores. Ele queria a volta ao presidencialismo.
Em 1962, Goulart dá os primeiros passos de retorno ao velho estilo. Ele foi à ONU tentar defender as estatizações sem indenização de Brizola no Rio Grande do Sul (veja aqui). No mesmo ano, idealizou um plebiscito para que o sistema presidencialista voltasse. O plebiscito ocorreu em 6 de janeiro de 1963 e, após uma campanha maciça de Jango, o presidencialismo venceu.
No final de 1962, o gaúcho Brizola, pretendendo estar mais perto de Jango para ajudá-lo no ano seguinte no processo de “cubanização” do país, se candidatou e se elegeu deputado federal pelo então Distrito Federal, o Estado da Guanabara, assumindo o cargo no ano seguinte.
Em 1963, Goulart, sem o regime parlamentarista para tolhê-lo e com o apoio de Brizola ao seu lado, começou seu projeto de “cubanização”. Ainda naquele ano, ele apoiou as invasões de terra das Ligas Camponesas no Nordeste, o que levou, por exemplo, o jornal O Globo a retomar o assunto da reportagem especial de 1961. Eis o texto da matéria de O Globo em 1963:
Em seu curto mandato presidencial sabotado por ele mesmo, o presidente Jânio Quadros fez uma política de aproximação com os comunistas, visitando e elogiando Cuba e condecorando o guerrilheiro Che Guevara com a Ordem do Cruzeiro do Sul, e restabeleceu as relações entre o Brasil e URSS e China. Aliás, na renúncia de Jânio, seu vice João Goulart estava em visita à Rússia e à China comunistas exatamente restabelecendo as relações diplomáticas entre o Brasil e esses países (veja aqui e aqui).
Antes de Goulart voltar ao Brasil para assumir a presidência no lugar de Jânio, surgiu forte resistência em relação ao seu nome por parte de alguns setores da sociedade (que contaram inclusive com o apoio de militares) por ser ele escancaradamente esquerdista e simpático à Revolução Cubana. Além do mais, seu cunhado e parceiro ideológico Leonel Brizola (casado com Neusa Goulart, irmã de Jango), então governador do Rio Grande do Sul, declarado defensor da “cubanização” do Brasil e mentor de Goulart, havia estatizado, durante seu mandato como governador gaúcho, duas empresas norte-americanas sem direito a indenização, o que criou um impasse entre o Brasil e os Estados Unidos; e também desapropriara terras para reforma agrária usando como critério uma emenda na constituição gaúcha que garantia a desapropriação de terras se houvesse tão somente um abaixo-assinado com 100 assinaturas pedindo-a. Brizola estimulou os abaixo-assinados em acampamentos de agricultores para forçar desapropriações.
Foi o temor pela “cubanização” do país em um mandato Jango com Brizola ao seu lado que fez com que, após a renúncia de Jânio, se cogitasse fortemente impedir a posse do seu vice (mesmo contrariando a Constituição) e invocar outras eleições presidenciais. Diante dessa ameaça, Brizola promoveu a chamada “Cadeia da Legalidade”, uma campanha pelo rádio em prol do cumprimento da Constituição, isto é, da posse do vice, seu cunhado Jango, no lugar do renunciante Jânio. A causa defendida por Brizola foi justa, mas isso não significa dizer que Brizola fosse defensor do cumprimento estrito da Constituição. Como seus atos à época mostraram, sua defesa foi por conveniência. Para ele, os ideais socialistas estavam acima.
Enquanto Brizola, apoiado por militares de esquerda, fazia sua campanha, formando, inclusive, uma trincheira armada de onde provocava as Forças Armadas, uma solução política já havia sido negociada no Congresso Nacional. Em 2 de setembro de 1961, foi aprovada uma emenda constitucional (número 4) alterando o regime de governo para o parlamentarismo. Com os poderes de Jango limitados ao de um chefe de Estado e não de governo, o temor em relação a um governo Goulart desapareceu e, em 7 de setembro, dois dias depois de voltar da China, João Goulart tomou posse como presidente.
A resistência inicial a Jango fez com que este engavetasse temporariamente alguns de seus projetos “cubanizadores”, passando a usar um discurso centrista, o que irritou seu cunhado Brizola. Mas, não demorou muito para Jango voltar ao seu normal. Estrategicamente, Goulart agira assim no início de seu mandato como chefe de Estado, para tentar convecer a todos que não era mais um esquerdista "carnívoro", mas "herbívoro", para, dessa forma, conquistar a confiança de seus opositores. Ele queria a volta ao presidencialismo.
Em 1962, Goulart dá os primeiros passos de retorno ao velho estilo. Ele foi à ONU tentar defender as estatizações sem indenização de Brizola no Rio Grande do Sul (veja aqui). No mesmo ano, idealizou um plebiscito para que o sistema presidencialista voltasse. O plebiscito ocorreu em 6 de janeiro de 1963 e, após uma campanha maciça de Jango, o presidencialismo venceu.
No final de 1962, o gaúcho Brizola, pretendendo estar mais perto de Jango para ajudá-lo no ano seguinte no processo de “cubanização” do país, se candidatou e se elegeu deputado federal pelo então Distrito Federal, o Estado da Guanabara, assumindo o cargo no ano seguinte.
Em 1963, Goulart, sem o regime parlamentarista para tolhê-lo e com o apoio de Brizola ao seu lado, começou seu projeto de “cubanização”. Ainda naquele ano, ele apoiou as invasões de terra das Ligas Camponesas no Nordeste, o que levou, por exemplo, o jornal O Globo a retomar o assunto da reportagem especial de 1961. Eis o texto da matéria de O Globo em 1963:
Meditem os responsáveis pelo destino do País
Há cerca de dois anos passados, sob o título-tema de "Entreguismo Vermelho”, publicamos um suplemento em forma de revista, denunciando o trabalho do comunismo internacional no sentido de arrastar para o domínio da Russia soviética muitas nações de vários continentes, principalmente as de menor desenvolvimento econômico, como o Brasil. Foi tão clara a exposição dos fatos e tão irrefutável a documentação apresentada naquele suplemento, que por muito tempo se estendeu a repercussão da denúncia, glosada em vários comentários da imprensa, em declarações de líderes políticos democráticos e em afirmações decididas de autoridades eclesiásticas.O suplemento trazia como epígrafe um trecho do discurso do Presidente Getúlio Vargas, que assim se referia aos comunistas e suas atividades anti-nacionais: “A dissiminação da mentira, a felõnia, constituem as suas armas, chegando, não raro, à audácia e ao cinismo de se proclamarem nacionalistas e de receberem o dinheiro da traição para entregar a Pátria ao domínio estrangeiro. Sejam quais forem os disfarces e os processos usados, os adeptos do comunismo perseguem, invariavelmente, os mesmos fins”.
O decorrer do tempo comprovou cada uma dessas afirmações de Vargas. Mais adiante, mostraremos que isso aconteceu em muitas partes do mundo, nos últimos dois anos. Quanto ao Brasil, porém, basta pequeno esforço de memória para relembrar que no mesmo período os comunistas dissimularam, mentiram, proclamaram-se nacionalistas, receberam dinheiro da traição e muito fizeram para entregar a Pátria ao domínio estrangeiro. E assim continuam a agir, porque embora mudem de vez em quando as condições político-sociais e, consequentemente, seus métodos de ação, o movimento comunista internacional tem sempre os mesmos objetivos, que é a entrega de nações ao domínio da Russia soviética.
O plano comunista, originário de Moscou, que denunciamos há dois anos passados, com forte reação democrática do povo brasileiro, não conseguiu os efeitos desejados pelos dirigentes vermelhos. Mas os esforços comunistas continuam, mais dissimulados, mais insidiosos, contra a liberdade e a independência deste País, deste Continente, do Mundo.
Para aferir os perigos permanentes que nos ameaçam e a muitos outros países, repetiremos os pontos básicos do plano comunista para a conquista da América Latina. Meditem sobre eles os responsáveis pelos destinos do País.
Há cerca de dois anos passados, sob o título-tema de "Entreguismo Vermelho”, publicamos um suplemento em forma de revista, denunciando o trabalho do comunismo internacional no sentido de arrastar para o domínio da Russia soviética muitas nações de vários continentes, principalmente as de menor desenvolvimento econômico, como o Brasil. Foi tão clara a exposição dos fatos e tão irrefutável a documentação apresentada naquele suplemento, que por muito tempo se estendeu a repercussão da denúncia, glosada em vários comentários da imprensa, em declarações de líderes políticos democráticos e em afirmações decididas de autoridades eclesiásticas.O suplemento trazia como epígrafe um trecho do discurso do Presidente Getúlio Vargas, que assim se referia aos comunistas e suas atividades anti-nacionais: “A dissiminação da mentira, a felõnia, constituem as suas armas, chegando, não raro, à audácia e ao cinismo de se proclamarem nacionalistas e de receberem o dinheiro da traição para entregar a Pátria ao domínio estrangeiro. Sejam quais forem os disfarces e os processos usados, os adeptos do comunismo perseguem, invariavelmente, os mesmos fins”.
O decorrer do tempo comprovou cada uma dessas afirmações de Vargas. Mais adiante, mostraremos que isso aconteceu em muitas partes do mundo, nos últimos dois anos. Quanto ao Brasil, porém, basta pequeno esforço de memória para relembrar que no mesmo período os comunistas dissimularam, mentiram, proclamaram-se nacionalistas, receberam dinheiro da traição e muito fizeram para entregar a Pátria ao domínio estrangeiro. E assim continuam a agir, porque embora mudem de vez em quando as condições político-sociais e, consequentemente, seus métodos de ação, o movimento comunista internacional tem sempre os mesmos objetivos, que é a entrega de nações ao domínio da Russia soviética.
O plano comunista, originário de Moscou, que denunciamos há dois anos passados, com forte reação democrática do povo brasileiro, não conseguiu os efeitos desejados pelos dirigentes vermelhos. Mas os esforços comunistas continuam, mais dissimulados, mais insidiosos, contra a liberdade e a independência deste País, deste Continente, do Mundo.
Para aferir os perigos permanentes que nos ameaçam e a muitos outros países, repetiremos os pontos básicos do plano comunista para a conquista da América Latina. Meditem sobre eles os responsáveis pelos destinos do País.
Então, a matéria repetia o texto da reportagem de 1961, o qual já apresentamos.
Em 1963, setores da sociedade civil, sentindo a forte guinada do país à esquerda, começaram a manifestar-se e a protestar contra os ideais do governo e as denúncias de corrupção que se seguiram. Sobre a mobilização popular em todo o país, escrevo no segundo artigo. Sobre a corrupção, eis um relato abaixo:
Com uma renda declarada de menos de 50 milhões de cruzeiros em 1963, Goulart, por exemplo, conforme documentos apreendidos pelo Conselho de Segurança Nacional depois que ele fugiu para o exílio – gastou 236 milhões de cruzeiros somente em suas fazendas do Mato Grosso. Enquanto Goulart insistia no confisco das propriedades dos latifundiários e na distribuição da terra aos camponeses, os registros de imóveis demonstram que ele rapidamente somava imensas propriedades às que já tinha. Só depois que Jango fugiu pôde o Brasil medir a sinceridade dele em matéria de partilha de terras. Proprietário de terras apenas em São Borja, quando iniciou sua vida pública, ao abandonar o País em abril de 64 Goulart era o maior latifundiário do Brasil, possuindo em seu nome mais de 7.700 quilômetros quadrados de terras, uma área quatro vezes e meia superior à do município do Rio de Janeiro.
E havia os que compartilhavam as oportunidades de ficarem ricos depressa. Indiscrições sobre uma possível mudança na política oficial, como sobre taxas de câmbio, davam milhões a favoritos palacianos. Empreendimentos de qualquer gênero eram vinculados a comissões e retribuições em dinheiro.
Verificou-se que um membro do estafe de Jango tinha um bico como ‘ministro-conselheiro’ de assuntos econômicos numa embaixada no exterior – emprego a que nunca dedicou um dia de trabalho, mas adicionava mais de 15 milhões de cruzeiros ao seu salário anual de oito milhões e meio. O tráfico de influência era um fato. Um dos deputados do Partido Trabalhista, de Goulart, estava fazendo uma fortuna acrescentando 1.295 funcionários à sua folha de pagamento em troca de uma fatia dos vencimentos deles.Outro negócio confortável, explorado por um do peito do Governo, era conseguir bons empregos públicos para quem pudesse pagar-lhe uma taxa de um milhão e meio de cruzeiros. Um governador de Estado estava fazendo fortuna com contrabando; outro recebeu uma verba de 6 bilhões e meio de cruzeiros para a construção de rodovias e calmamente embolsou o total.
E havia os que compartilhavam as oportunidades de ficarem ricos depressa. Indiscrições sobre uma possível mudança na política oficial, como sobre taxas de câmbio, davam milhões a favoritos palacianos. Empreendimentos de qualquer gênero eram vinculados a comissões e retribuições em dinheiro.
Verificou-se que um membro do estafe de Jango tinha um bico como ‘ministro-conselheiro’ de assuntos econômicos numa embaixada no exterior – emprego a que nunca dedicou um dia de trabalho, mas adicionava mais de 15 milhões de cruzeiros ao seu salário anual de oito milhões e meio. O tráfico de influência era um fato. Um dos deputados do Partido Trabalhista, de Goulart, estava fazendo uma fortuna acrescentando 1.295 funcionários à sua folha de pagamento em troca de uma fatia dos vencimentos deles.Outro negócio confortável, explorado por um do peito do Governo, era conseguir bons empregos públicos para quem pudesse pagar-lhe uma taxa de um milhão e meio de cruzeiros. Um governador de Estado estava fazendo fortuna com contrabando; outro recebeu uma verba de 6 bilhões e meio de cruzeiros para a construção de rodovias e calmamente embolsou o total.
Além de todas essas velhacarias de alto calibre, que podiam ser documentadas, inúmeros milhões de cruzeiros desapareciam sem deixar rastro no poço sem fundo da corrupção que campeava. (...) Especialmente mimada pelo Ministério da Educação era a UNE (União Nacional dos Estudantes), cuja diretoria era completamente dominada por vermelhos e cujos 100.000 sócios constituíam a maior organização estudantil nacional da América Latina. Durante anos, um subsídio anual do Governo, de cerca de 150 milhões de cruzeiros (valores de 64) era entregue aos diretores da UNE – sem que tivessem de prestar contas. Assim garantidos, eles se dedicavam integralmente à agitação política entre os estudantes. Parte desse subsídio era usado para financiar excursões à Cuba Vermelha e visitas a grupos de irmãos de estudantes comunistas em outros países da América Latina. (...) A UNE publicava panfletos inflamados e um jornal semanal marxista. Fingindo-se empenhado em combater o analfabetismo, um grupo da UNE passou dois meses distribuindo material de leitura, no qual se incluía o manual de guerrilhas do castrista Che Guevara – impresso em português por comunistas brasileiros da linha vermelha chinesa. Líderes da UNE especializavam-se em fomentar greves escolares estudantis, demonstrações públicas e distúrbios de rua.
A citação acima é do texto A Nação que Salvou a Si Mesma, de Clarence Hall, publicada pela Biblioteca do Exército e sintetizada em formato de artigo na revista Seleções, do Reader’s Digest.
Em 1963 e 1964, a inflação subiu em espiral com o aumento da impressão de toneladas de papel-moeda sem lastro, fazendo o cruzeiro alcançar uma desvalorização abissal. Além disso, o capital estrangeiro fugira do país devido ao aumento das restrições a ele impostas pelo governo Jango e às constantes ameaças de desapropriação proferidas pelo presidente (vide discurso de Jango à ONU em 1962 e o apoio às invasões camponesas).
Porém, em 1964, Jango passou de todos os limites. Ele promoveu uma rebelião entre os militares apoiando militares de esquerda (ao lado, um dos exemplares da série de matérias no jornal Folha de São Paulo da época sobre o assunto). E mais: anunciou, em seu discurso na Central do Brasil em 17 de março de 1964, a cartilha do golpe que planejara junto com Brizola: (1) a “superação da estrutura de governo e da ordem social vigentes”, exigindo “mudanças na Constituição”; (2) a legalização do Partido Comunista; e (3) o confisco, sem indenização em dinheiro, de qualquer área agrária julgada pelo governo como inadequadamente utilizada, a qual seria entregue a camponeses sem terra. Brizola, que discursou no mesmo evento logo após Jango, vaticinou ainda (4) “a extinção do Congresso” (sic) e (5) a instituição em seu lugar de “assembléias de operários, camponeses e sargentos do Exército”. Cerca de 150 mil pessoas assistiram o discurso, sendo milhares deles militantes de esquerda trazidos de ônibus e de trem pelo governo portando bandeiras com a foice e o martelo.
A reação foi imediata. O povo saiu às ruas. Seis dias após o evento, mais de 600 mil pessoas marcharam nas ruas de São Paulo contra as propostas do governo. Os jornais também protestaram contra o ato tresloucado de Jango, bem como todos os setores organizados da sociedade civil.
Cito, a seguir, na íntegra, três editoriais: um antes do golpe, outro durante o golpe e mais outro após o golpe. Os dois primeiros são do Correio da Manhã, um dos maiores jornais do país à época; e o terceiro é do jornal O Globo. Por estes editoriais pode-se sentir o clima da época em relação às medidas socialistas, absurdas, de Jango. Na seqüência, citarei também trechos de editorias de outros dos principais jornais do período.
Correio da Manhã
(31 de março de 1964)
“Basta!
Até que ponto o Presidente da República abusará da paciência da Nação? Até que ponto pretende tomar para si, por meio de decretos-lei, a função do Poder Legislativo? Até que ponto contribuirá para preservar o clima de intranqüilidade e insegurança que se verifica presentemente, na classe produtora? Até quando deseja levar ao desespero, por meio da inflação e do aumento do custo de vida, a classe média e a classe operária? Até que ponto quer desagregar as Forças Armadas por meio da indisciplina que se torna cada vez mais incontrolável?Não é possível continuar neste caos em todos os sentidos e em todos os setores. Tanto no lado administrativo como no lado econômico e financeiro.Basta de farsa. Basta da guerra psicológica que o próprio Governo desencadeou com o objetivo de convulsionar o País e levar avante a sua política continuísta. Basta de demagogia, para que, realmente, se possam fazer as reformas de base.
Quase todas as medidas tomadas pelo Sr. João Goulart, nestes últimos tempos, com grande estardalhaço, mas inexeqüíveis, não têm outra finalidade senão a de enganar a boa-fé do povo, que, aliás, não se enganará.
Não é tolerável esta situação calamitosa provocada artificialmente pelo Governo, que estabeleceu a desordem generalizada, desordem esta que cresce em ritmo acelerado e ameaça sufocar todas as forças vivas do país.
Não contente de intranqüilizar o campo, com o decreto da Supra, agitando igualmente os proprietários e os camponeses, de desvirtuar a finalidade dos sindicatos, cuja missão é a das reivindicações de classe, agora estende a sua ação deformadora às Forças Armadas, destruindo de cima a baixo a hierarquia e a disciplina, o que põe em perigo o regime e a segurança nacional.
A opinião pública recusa uma política de natureza equívoca que se volta contra as instituições, cuja guarda deveria caber ao próprio Governo Federal.
Queremos o respeito à Constituição. Queremos as reformas de base votadas pelo Congresso. Queremos a intocabilidade das liberdades democráticas. Queremos a realização das eleições em 1965. Se o Sr. João Goulart não tem a capacidade para exercer a presidência da República e resolver os problemas da Nação dentro da legalidade constitucional, não lhe resta outra saída senão entregar o Governo ao seu legítimo sucessor.
É admissível que o Sr. João Goulart termine o seu mandato de acordo com a Constituição. Este grande sacrifício de tolerá-lo até 1966 seria compensador para a democracia. Mas, para isto, o Sr. João Goulart terá de desistir de sua política atual, que está perturbando uma Nação em desenvolvimento e ameaçando de levá-la à guerra civil.
A Nação não admite nem golpe nem contragolpe. Quer consolidar o processo democrático para a concretização das reformas essenciais de sua estrutura econômica. Mas não admite que seja o próprio Executivo, por interesses inconfessáveis, quem desencadeie a luta contra o Congresso, censure o rádio, ameace a imprensa e, com ela, todos os meios de manifestações do pensamento, abrindo o caminho à ditadura.
Os Poderes Legislativo e Judiciário, as classes armadas, as forças democráticas devem estar alertas e vigilantes e prontos para combater todos aqueles que atentarem contra o regime.
O Brasil já sofreu demasiado com o Governo atual. Agora, basta!
Quase todas as medidas tomadas pelo Sr. João Goulart, nestes últimos tempos, com grande estardalhaço, mas inexeqüíveis, não têm outra finalidade senão a de enganar a boa-fé do povo, que, aliás, não se enganará.
Não é tolerável esta situação calamitosa provocada artificialmente pelo Governo, que estabeleceu a desordem generalizada, desordem esta que cresce em ritmo acelerado e ameaça sufocar todas as forças vivas do país.
Não contente de intranqüilizar o campo, com o decreto da Supra, agitando igualmente os proprietários e os camponeses, de desvirtuar a finalidade dos sindicatos, cuja missão é a das reivindicações de classe, agora estende a sua ação deformadora às Forças Armadas, destruindo de cima a baixo a hierarquia e a disciplina, o que põe em perigo o regime e a segurança nacional.
A opinião pública recusa uma política de natureza equívoca que se volta contra as instituições, cuja guarda deveria caber ao próprio Governo Federal.
Queremos o respeito à Constituição. Queremos as reformas de base votadas pelo Congresso. Queremos a intocabilidade das liberdades democráticas. Queremos a realização das eleições em 1965. Se o Sr. João Goulart não tem a capacidade para exercer a presidência da República e resolver os problemas da Nação dentro da legalidade constitucional, não lhe resta outra saída senão entregar o Governo ao seu legítimo sucessor.
É admissível que o Sr. João Goulart termine o seu mandato de acordo com a Constituição. Este grande sacrifício de tolerá-lo até 1966 seria compensador para a democracia. Mas, para isto, o Sr. João Goulart terá de desistir de sua política atual, que está perturbando uma Nação em desenvolvimento e ameaçando de levá-la à guerra civil.
A Nação não admite nem golpe nem contragolpe. Quer consolidar o processo democrático para a concretização das reformas essenciais de sua estrutura econômica. Mas não admite que seja o próprio Executivo, por interesses inconfessáveis, quem desencadeie a luta contra o Congresso, censure o rádio, ameace a imprensa e, com ela, todos os meios de manifestações do pensamento, abrindo o caminho à ditadura.
Os Poderes Legislativo e Judiciário, as classes armadas, as forças democráticas devem estar alertas e vigilantes e prontos para combater todos aqueles que atentarem contra o regime.
O Brasil já sofreu demasiado com o Governo atual. Agora, basta!
Correio da Manhã
(1 abril de 1964)
“Fora!”
“Art. 83. Parágrafo único. O Presidente da República prestará, no ato da posse, este compromisso: "Prometo manter, defender e cumprir a Constituição da República, observar as suas leis, promover o bem geral do Brasil, sustentar-lhe a união, a integridade e a independência".
Este foi o juramento prestado pelo Sr. João Goulart no dia 7 de setembro de 1961, perante o Congresso Nacional. Jurou e não cumpriu. Não é mais Presidente da República. Fora!
A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do Governo. Chegou ao limite final a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart senão a de entregar o Governo ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: saia.
Durante dois anos o Brasil agüentou um Governo que paralisou o seu desenvolvimento econômico, primando pela completa omissão, o que determinou a completa desordem e a completa anarquia no campo administrativo e financeiro.
Quando o Sr. João Goulart saiu de seu neutro período de omissão foi para comandar a guerra psicológica e criar o clima de intranqüilidade e de insegurança, que teve o seu auge na total indisciplina que se verificou nas Forças Armadas.
Isto significou e significa um crime de alta traição contra o regime, contra a República, que ele jurou defender.
O Sr. João Goulart iniciou a sedição no País. Não é possível continuar no poder. Jogou os civis contra os militares e os militares contra os próprios militares. É o maior responsável pela guerra fratricida que se esboça no território nacional.
Por ambição pessoal, pois sabemos que o Sr. João Goulart é incapaz de assimilar qualquer ideologia, ele quer permanecer no Governo a qualquer preço.
Todos nós sabemos o que representa de funesto uma ditadura no Brasil, seja ela de direita ou de esquerda, porque o povo, depois de uma larga experiência, reage e reagirá com todas as suas forças no sentido de preservar a Constituição e as liberdades democráticas.
O Sr. João Goulart não pode permanecer na presidência da República, não só porque se mostrou incapaz de exercê-la, como também porque conspirou contra ela, como se verificou pelos seus últimos pronunciamentos e seus últimos atos.
Foi o Sr. João Goulart quem iniciou de caso pensado uma crise política, social e militar, depois de ter provocado a crise financeira, com a inflação desordenada e o aumento do custo de vida em proporções gigantescas.
Qualquer ditadura, no Brasil, representa o esmagamento de todas as liberdades, como aconteceu no passado e como tem acontecido em todos os países que tiveram a desgraça de vê-la vitoriosa.
O Brasil não é mais uma nação de escravos. Contra a desordem, contra a mazorca, contra a perspectiva de ditadura, criada pelo próprio Governo atual, opomos a bandeira da legalidade.
Queremos que o Sr. João Goulart devolva ao Congresso, devolva ao povo o mandato que ele não soube honrar.
Nós do Correio da Manhã defendemos intransigentemente em agosto e setembro de 1961 a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem, queremos preservar a Constituição. O Sr. João Goulart deve entregar o Governo ao seu sucessor, porque não pode mais governar o País.
A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nós continuaremos a defendê-las.
Este foi o juramento prestado pelo Sr. João Goulart no dia 7 de setembro de 1961, perante o Congresso Nacional. Jurou e não cumpriu. Não é mais Presidente da República. Fora!
A Nação não mais suporta a permanência do Sr. João Goulart à frente do Governo. Chegou ao limite final a capacidade de tolerá-lo por mais tempo. Não resta outra saída ao Sr. João Goulart senão a de entregar o Governo ao seu legítimo sucessor. Só há uma coisa a dizer ao Sr. João Goulart: saia.
Durante dois anos o Brasil agüentou um Governo que paralisou o seu desenvolvimento econômico, primando pela completa omissão, o que determinou a completa desordem e a completa anarquia no campo administrativo e financeiro.
Quando o Sr. João Goulart saiu de seu neutro período de omissão foi para comandar a guerra psicológica e criar o clima de intranqüilidade e de insegurança, que teve o seu auge na total indisciplina que se verificou nas Forças Armadas.
Isto significou e significa um crime de alta traição contra o regime, contra a República, que ele jurou defender.
O Sr. João Goulart iniciou a sedição no País. Não é possível continuar no poder. Jogou os civis contra os militares e os militares contra os próprios militares. É o maior responsável pela guerra fratricida que se esboça no território nacional.
Por ambição pessoal, pois sabemos que o Sr. João Goulart é incapaz de assimilar qualquer ideologia, ele quer permanecer no Governo a qualquer preço.
Todos nós sabemos o que representa de funesto uma ditadura no Brasil, seja ela de direita ou de esquerda, porque o povo, depois de uma larga experiência, reage e reagirá com todas as suas forças no sentido de preservar a Constituição e as liberdades democráticas.
O Sr. João Goulart não pode permanecer na presidência da República, não só porque se mostrou incapaz de exercê-la, como também porque conspirou contra ela, como se verificou pelos seus últimos pronunciamentos e seus últimos atos.
Foi o Sr. João Goulart quem iniciou de caso pensado uma crise política, social e militar, depois de ter provocado a crise financeira, com a inflação desordenada e o aumento do custo de vida em proporções gigantescas.
Qualquer ditadura, no Brasil, representa o esmagamento de todas as liberdades, como aconteceu no passado e como tem acontecido em todos os países que tiveram a desgraça de vê-la vitoriosa.
O Brasil não é mais uma nação de escravos. Contra a desordem, contra a mazorca, contra a perspectiva de ditadura, criada pelo próprio Governo atual, opomos a bandeira da legalidade.
Queremos que o Sr. João Goulart devolva ao Congresso, devolva ao povo o mandato que ele não soube honrar.
Nós do Correio da Manhã defendemos intransigentemente em agosto e setembro de 1961 a posse do Sr. João Goulart, a fim de manter a legalidade constitucional. Hoje, como ontem, queremos preservar a Constituição. O Sr. João Goulart deve entregar o Governo ao seu sucessor, porque não pode mais governar o País.
A Nação, a democracia e a liberdade estão em perigo. O povo saberá defendê-las. Nós continuaremos a defendê-las.
O Globo
(2 de abril de 1964)
“Ressurge a Democracia!”
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.
Vive a Nação dias gloriosos. Porque souberam unir-se todos os patriotas, independentemente de vinculações políticas, simpatias ou opinião sobre problemas isolados, para salvar o que é essencial: a democracia, a lei e a ordem. Graças à decisão e ao heroísmo das Forças Armadas, que obedientes a seus chefes demonstraram a falta de visão dos que tentavam destruir a hierarquia e a disciplina, o Brasil livrou-se do Governo irresponsável, que insistia em arrastá-lo para rumos contrários à sua vocação e tradições.
Como dizíamos, no editorial de anteontem, a legalidade não poderia ser a garantia da subversão, a escora dos agitadores, o anteparo da desordem. Em nome da legalidade, não seria legítimo admitir o assassínio das instituições, como se vinha fazendo, diante da Nação horrorizada.
Agora, o Congresso dará o remédio constitucional à situação existente, para que o País continue sua marcha em direção a seu grande destino, sem que os direitos individuais sejam afetados, sem que as liberdades públicas desapareçam, sem que o poder do Estado volte a ser usado em favor da desordem, da indisciplina e de tudo aquilo que nos estava a levar à anarquia e ao comunismo.
Poderemos, desde hoje, encarar o futuro confiantemente, certos, enfim, de que todos os nossos problemas terão soluções, pois os negócios públicos não mais serão geridos com má-fé, demagogia e insensatez.
Salvos da comunização que celeremente se preparava, os brasileiros devem agradecer aos bravos militares, que os protegeram de seus inimigos. Devemos felicitar-nos porque as Forças Armadas, fiéis ao dispositivo constitucional que as obriga a defender a Pátria e a garantir os poderes constitucionais, a lei e a ordem, não confundiram a sua relevante missão com a servil obediência ao Chefe de apenas um daqueles poderes, o Executivo.
As Forças Armadas, diz o Art. 176 da Carta Magna, “são instituições permanentes, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade do Presidente da República E DENTRO DOS LIMITES DA LEI.”
No momento em que o Sr. João Goulart ignorou a hierarquia e desprezou a disciplina de um dos ramos das Forças Armadas, a Marinha de Guerra, saiu dos limites da lei, perdendo, conseqüentemente, o direito a ser considerado como um símbolo da legalidade, assim como as condições indispensáveis à Chefia da Nação e ao Comando das corporações militares. Sua presença e suas palavras na reunião realizada no Automóvel Clube, vincularam-no, definitivamente, aos adversários da democracia e da lei.
Atendendo aos anseios nacionais, de paz, tranqüilidade e progresso, impossibilitados, nos últimos tempos, pela ação subversiva orientada pelo Palácio do Planalto, as Forças Armadas chamaram a si a tarefa de restaurar a Nação na integridade de seus direitos, livrando-os do amargo fim que lhe estava reservado pelos vermelhos que haviam envolvido o Executivo Federal.
Este não foi um movimento partidário. Dele participaram todos os setores conscientes da vida política brasileira, pois a ninguém escapava o significado das manobras presidenciais. Aliaram-se os mais ilustres líderes políticos, os mais respeitados Governadores, com o mesmo intuito redentor que animou as Forças Armadas. Era a sorte da democracia no Brasil que estava em jogo.
A esses líderes civis devemos, igualmente, externar a gratidão de nosso povo. Mas, por isto que nacional, na mais ampla acepção da palavra, o movimento vitorioso não pertence a ninguém. É da Pátria, do Povo e do Regime. Não foi contra qualquer reivindicação popular, contra qualquer idéia que, enquadrada dentro dos princípios constitucionais, objetive o bem do povo e o progresso do País.
Se os banidos, para intrigarem os brasileiros com seus líderes e com os chefes militares, afirmarem o contrário, estarão mentindo, estarão, como sempre, procurando engodar as massas trabalhadoras, que não lhes devem dar ouvidos. Confiamos em que o Congresso votará, rapidamente, as medidas reclamadas para que se inicie no Brasil uma época de justiça e harmonia social. Mais uma vez, o povo brasileiro foi socorrido pela Providência Divina, que lhe permitiu superar a grave crise, sem maiores sofrimentos e luto. Sejamos dignos de tão grande favor.
Seguem agora trechos de outros editoriais de grandes jornais da época:
"De Norte a Sul vivas à Contra-Revolução"
“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade. Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 de abril de 1964).
"Multidões em júbilo na Praça da Liberdade"
"Ovacionados o governador do estado e chefes militares.O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (...), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade” (O Estado de Minas, Belo Horizonte, 2 de abril de 1964).
“Desde ontem se instalou no País a verdadeira legalidade. Legalidade que o caudilho não quis preservar, violando-a no que de mais fundamental ela tem: a disciplina e a hierarquia militares. A legalidade está conosco e não com o caudilho aliado dos comunistas” (Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 1 de abril de 1964).
"Multidões em júbilo na Praça da Liberdade"
"Ovacionados o governador do estado e chefes militares.O ponto culminante das comemorações que ontem fizeram em Belo Horizonte, pela vitória do movimento pela paz e pela democracia foi, sem dúvida, a concentração popular defronte ao Palácio da Liberdade. Toda área localizada em frente à sede do governo mineiro foi totalmente tomada por enorme multidão, que ali acorreu para festejar o êxito da campanha deflagrada em Minas (...), formando uma das maiores massas humanas já vistas na cidade” (O Estado de Minas, Belo Horizonte, 2 de abril de 1964).
“A população de Copacabana saiu às ruas, em verdadeiro carnaval, saudando as tropas do Exército. Chuvas de papéis picados caíam das janelas dos edifícios enquanto o povo dava vazão, nas ruas, ao seu contentamento” (O Dia, Rio de Janeiro, 2 de abril de 1964).
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou., o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu” (Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 2 de abril de 1964).
"A paz alcançada"
A" vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” (O Povo, Fortaleza, 3 de abril de 1964).
“Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. (...) Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento” (A Razão, Santa Maria - RS, 17 de abril de 1964).
“Sabíamos, todos que estávamos na lista negra dos apátridas, que se eles consumassem os seus planos, seríamos mortos. Sobre os democratas brasileiros não pairava a mais leve esperança, se vencidos. Uma razzia de sangue vermelha como eles atravessaria o Brasil de ponta a ponta, liquidando os últimos soldados da democracia, os últimos paisanos da liberdade” (Revista O Cruzeiro, edição extra de 10 de abril de 1964 – Edição Histórica da Revolução, artigo Saber ganhar, de David Nasser).
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada” (Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964).
"...cuja subversão além de bloquear os dispositivos de segurança de todo o hemisfério , lançaria nas garras do totalitarismo vermelho, a maior população latina do mundo..." (31 de março de 1964, Folha da Tarde, do Editorial A grande ameaça).
"Quem quisesse preparar um Brasil nitidamente comunista não agiria de maneira tão fulminante quanto a do Sr. João Goulart a partir do comício de 13 de março..." (31 de março de 1964, Jornal do Brasil).
“Escorraçado, amordaçado e acovardado, deixou o poder como imperativo de legítima vontade popular o Sr João Belchior Marques Goulart, infame líder dos comuno-carreiristas-negocistas-sindicalistas. Um dos maiores gatunos que a história brasileira já registrou., o Sr João Goulart passa outra vez à história, agora também como um dos grandes covardes que ela já conheceu” (Tribuna da Imprensa, Rio de Janeiro, 2 de abril de 1964).
"A paz alcançada"
A" vitória da causa democrática abre o País a perspectiva de trabalhar em paz e de vencer as graves dificuldades atuais. Não se pode, evidentemente, aceitar que essa perspectiva seja toldada, que os ânimos sejam postos a fogo. Assim o querem as Forças Armadas, assim o quer o povo brasileiro e assim deverá ser, pelo bem do Brasil” (O Povo, Fortaleza, 3 de abril de 1964).
“Vibrante manifestação sem precedentes na história de Santa Maria para homenagear as Forças Armadas. (...) Cinquenta mil pessoas na Marcha Cívica do Agradecimento” (A Razão, Santa Maria - RS, 17 de abril de 1964).
“Sabíamos, todos que estávamos na lista negra dos apátridas, que se eles consumassem os seus planos, seríamos mortos. Sobre os democratas brasileiros não pairava a mais leve esperança, se vencidos. Uma razzia de sangue vermelha como eles atravessaria o Brasil de ponta a ponta, liquidando os últimos soldados da democracia, os últimos paisanos da liberdade” (Revista O Cruzeiro, edição extra de 10 de abril de 1964 – Edição Histórica da Revolução, artigo Saber ganhar, de David Nasser).
“Golpe? É crime só punível pela deposição pura e simples do Presidente. Atentar contra a Federação é crime de lesa-pátria. Aqui acusamos o Sr. João Goulart de crime de lesa-pátria. Jogou-nos na luta fratricida, desordem social e corrupção generalizada” (Jornal do Brasil, edição de 1 de abril de 1964).
"...cuja subversão além de bloquear os dispositivos de segurança de todo o hemisfério , lançaria nas garras do totalitarismo vermelho, a maior população latina do mundo..." (31 de março de 1964, Folha da Tarde, do Editorial A grande ameaça).
"Quem quisesse preparar um Brasil nitidamente comunista não agiria de maneira tão fulminante quanto a do Sr. João Goulart a partir do comício de 13 de março..." (31 de março de 1964, Jornal do Brasil).
"Minas desta vez está conosco (...) Dentro de poucas horas, essas forças não serão mais do que uma parcela mínima da incontável legião de brasileiros que anseiam por demonstrar definitivamente ao caudilho que a nação jamais se vergará às suas imposições" (1 de abril de 1964, O Estado de São Paulo).
"Feliz a nação que pode contar com corporações militares de tão altos índices cívicos. (...) Os militares não deverão ensarilhar suas armas antes que emudeçam as vozes da corrupção e da traição à pátria" (5 de abril de 1964, O Estado de Minas).
"Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!" (6 de abril de 1964, Jornal do Brasil).
"Forças Armadas violaram a Constituição para poder salvá-la!" (6 de abril de 1964, Jornal do Brasil).
"A Revolução democrática antecedeu em um mês a revolução comunista" (5 de abril de 1964, O Globo).
Leia ainda matérias da revista O Cruzeiro, maior revista do país na época, celebrando o contra-golpe de 1964: primeiro, veja aqui como foi a Revolução de 1964 no Rio de Janeiro; depois, veja aqui como foi em São Paulo; e aqui, como foi em Minas Gerais; e ainda aqui como se deu a reação dos principais políticos da época; e aqui as explicações porque o golpe aconteceu.
Leia ainda matérias da revista O Cruzeiro, maior revista do país na época, celebrando o contra-golpe de 1964: primeiro, veja aqui como foi a Revolução de 1964 no Rio de Janeiro; depois, veja aqui como foi em São Paulo; e aqui, como foi em Minas Gerais; e ainda aqui como se deu a reação dos principais políticos da época; e aqui as explicações porque o golpe aconteceu.
No próximo artigo (*), os protestos e mobilização nas ruas de todo o país contra Jango, e os crimes dos terroristas de esquerda que adiaram a volta das eleições diretas e levaram ao AI-5.
(*) Para que todos os comentários sobre este assunto se encontrem em um mesmo lugar no blog, isto é, em um mesmo espaço de comentários em vez de se dividirem entre os espaços de comentários de dois artigos com datas distantes uma da outra, resolvi publicar a segunda parte dessa série neste mesmo espaço - clarificando: no espaço de comentários deste artigo. Tal medida facilitará pesquisas futuras sobre o tema neste blog. O próximo artigo, se o Senhor permitir, deverá sair do forno até o final de semana (S.D., 03/02/2010). P.S.: Não foi possível concluir o segundo artigo na data pretendida, mas brevemente, como prometido, ele será postado (S.D., 01/04/2010).
116 comentários:
Prezado Pr. Silas,
Ufa, que texto longo e excelente! Gostaria de enfatizar que os radicais daquele tempo:
1) Fizeram vítimas inocentes, que nunca foram indenizadas pelo Estado, como eles estão sendo;
2) Que não pretendiam implantar uma democracia, mas sim a ditadura socialista, vigente em Cuba e China, por exemplo;
3) Que não viam com bons olhos o crescimento dos evangélicos, pois enxergam o mundo a partir da premissa: A religião é o ópio dos povos;
4) Infelizmente, assistimos em nossos dias a ressurreição (não sei se o termo se adequa) de tais valores, como formas absolutas de bem estar.
Parabéns efusivos pela abordagem, especialmente, no que tange esclarecer a posição evangélica no contexto. A única ressalva que eu faria é sobre pequenas nódoas de adesismo que sempre caracterizaram o movimento evangélico. Poucas e abafadas vozes se levantaram contra a corrupção e outros desmandos ao longo do tempo. Em endomarketing somos 10, mas para externalizar nossas opiniões...
Caro Daladier, a Paz!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Suas colocações enfatizam e sintetizam bem pontos importantes do artigo.
Abraço!
Olá Silas, prazer em conhecê-lo.
Participei do congresso de jovem ocorrido em Salvador. Gostaria muito de ter falado com você, mas não consegui. Congrego na Assembléia de Deus do Doron e colaboro com a obra de Deus fazendo o jornal da congregação. Pretendo fazer jornalismo, fiz o vestibular da federal daqui e estou esperando o resultado. Enfim, gostaria de manter contato com você ou até mesmo se puder queria receber algumas dicas suas para melhorar o jornal.
Sempre que puder estarei lendo seus artigos e aprendendo um pouco mais.
Saudações.
Cara Camila, a Paz!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Foi realmente uma bênção o evento em Salvador! Sobre Jornalismo, é uma excelente profissão. Concretizado seu ingresso no Curso de Jornalismo da UFBA, que tudo que você aprender ali, bem como futuramente a sua profissão, sejam colocados aos pés do Senhor. Que Deus te abençoe nos seus projetos profissionais. Sobre o jornal e as dicas, vou ver o que posso fazer. Meu e-mail está aqui no blog, no final do texto "Quem sou eu", no alto da coluna do lado direito.
Sucesso!
Prezado Pr. Silas,
Para quem só lê a história a partir das "Veias abertas da América Latina" do Galeano, esse texto é uma heresia. A verdade é que a ideologia marxista se infiltrou de tal forma que é vista por muitos como se fosse a única visão de mundo. Houve excessos, durante o regime militar? Houve. Mas no contexto do ano de 1964, segundo alguns historiadores, o Brasil só tinha duas opções: Ou teria uma ditadura de esquerda ou direita. Acabou tendo o de direita. Houve expurgos, prisões, cassassões e até mortes. Esses atos, no entanto, foram em números muito menores dos que ocorreram em Cuba, na China, na Rússia, e nos demais países que se tornaram socialistas. Foi durante o período 1964-1985, que o Brasil consolidou seu parque industrial, e se tornou uma das maiores economias do planeta, mesmo com uma grande desigualdade de renda. Quanto a crítica que se faz ao adesismo evangélico, ela não ficou restrita a esse período, antes existe até hoje.
Um abraço e me desculpe pelo tamanho do comentário, é que eu gosto muito de história.
Pr. Silas Daniel, a paz!
Ótimo artigo.
Lembro que na extinta revista Resposta Fiel (CPAD) houve uma entrevista com o pastor batista Enéas Tognini. Nessa entrevista, o Pr. Tognini falava de uma campanha de oração que, segundo ele, resultou na derrocada do comunismo no Brasil. No dia que li a entrevista fiquei um pouco confuso, pois tinha em mente que a resposta da oração foi uma ditadura militar. Então, eu não poderia aceitar aquilo. Hoje, depois de ler e conversar mais, eis que vejo que o Regime Militar foi um grave desvio do contragolpe de 1964. Assim como comprovado no seu texto, com os precisos dados. Então, agora entendo o real resultado da oração do pastor Tognini.
Agora, sobre o papel dos evangélicos, penso que foi bem ruim. Tudo bem que somos ordeiros e não íamos partir para a luta armada, e nem abraçar as “teologias” da libertação, que confundem a cruz com foice e martelo. Mas os evangélicos deveriam fazer parte de um movimento mais atuante na busca pelo Estado Democrático de Direito. A inércia de ontem é a mesma hoje, quando os evangélicos não se sensibilizam com as tentativas de solapar a democracia em nosso país. Até parece que pensam: “Temos liberdade religiosa e isso o que importa”.
O PNDH III é uma palhaçada autoritária. Até agora não ouvi nenhum deputado ou senador evangélico condenando o texto. Falo em condenação não somente na questão do aborto e casamento entre pessoas do mesmo sexo, mas também na privação de direitos básicos, com a propriedade e informação. Certamente os nossos deputados estão aproveitando as férias, e não têm tempo de defender a liberdade. Isso é inércia pura.
Penso até que se não fosse a Igreja Católica neste país, já teríamos aborto, prostituição e drogas legalizadas. Pois se dependesse dos inertes evangélicos nada teria acontecido. Recentemente, quando saiu aquele acordo Brasil-Vaticano, vi na “Folha de S. Paulo” e no “O Estado de S. Paulo” uma nota condenando o acordo divulgado por uma associação de pastores. Mas sobre a PNDH III (que é muitíssimo mais grave) não vi nada. Aliás, esse é o governo que muitos pastores fizeram campanha de apoio (tanto progressistas e pentecostais), inclusive esses da associação. Logo, para mim, igreja não dever apoiar ninguém, como acontece nas leis dos EUA.
OBS: Recomendo um ótimo livro que fala desse assunto, também mostrando o outro lado da história. Trata-se da publicação: “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil", do jornalista Leandro Narloch (Ed. Leya).
Abraços
Caro Juber, a Paz!
Fique à vontade quanto ao tamanho dos comentários. Eu mesmo escrevo muitas vezes comentários longos por ser muito detalhista quanto a apresentar as nuances dos assuntos que abordo. Sobre as colocações feitas, concordo com elas. Sobre a obra do Galeano, não é à toa que é a preferida de Hugo Chavez, que deu um exemplar dela de presente para Obama na primeira vez que se encontraram.
Abraço!
Caro Gutierres, a Paz!
Obrigado pelas palavras de apreço. Quanto à suposta "total inércia dos evangélicos", quero lembrr o que coloquei logo no início do artigo, quando referi-me à postura dos evangélicos em relação à Ditadura Militar: "Sim, os evangélicos também foram condescendentes com a Ditadura Militar que veio depois (embora, neste caso, relativamente)". Repito: relativamente. Por quê? Quem disse que não houve críticas evangélicas ao regime? Vou citar só um caso, e dentro da nossa denominação: o pastor Joanyr de Oliveira, falecido em 5 de dezembro de 2009 (um dia antes de completar 76 anos), capixaba de nascimento e braziliense de coração. Ele escreveu, no final dos anos 70, o livro "O Grito Submerso", lançado em 1980. A obra é exatamente isso que o título sugere: uma crítica à Ditadura Militar. Ela receberia, posteriormente, o prêmio da Secretaria de Educação e Cultura da Fundação Cultural do Distrito Federal. Quando pastor Joanyr escreveu essa obra, era diretor de Publicações da CPAD (ficou no cargo até 1979). Em 1980, quando já estava em Brasília pastoreando, a concluiu e lançou. Em 1986, ele ainda se candidataria para deputado constituinte por Brasília, tendo sido o mais votado de sua coligação, mas não se elegeu, por problemas na legenda.
Sobre a falta de manifestação assembleiana sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos do governo Lula, favor ler a matéria do jornal "O Estado de São Paulo" de 21 de janeiro (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20100121/not_imp498975,0.php), com o posicionamento da AD comentado no concorrido blog do jornalista Reinaldo Azevedo (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/covardia-e-oportunismo/).
Abraço!
Olá Silas, A paz!
Você sabe que sempre fui admirador seu no diz respeito à teologia, mas esse texto aqui, realmente, foi um pisão muito feio e deturpado. Sei que você compreenderá se disser que, para responder a altura, seria necessário eu escrever um texto muito longo, que também levaria um certo tempo - o que não disponho muito no momento, devido as aulas que ministro e ao mestrado em História.
Mas, enfim, citar fontes "confiáveis" como O Globo(financiado por dinheiro internacional), Seleções(publicação internacional), Exército Brasileiro(sem comentários) entre outros do mesmo nível já é o suficiente para colocar um ponto de interrogação enorme nas suas argumentações. E outra, é mais do que sabido, com reconhecimento da própria Casa Branca, o apoio financeiro e, até mesmo, militar dos EUA a implantação de ditaduras em diversos pontos do mundo. O que foi, inclisive, reconhecido pelos EUA no período que hoje chamamos de Détente, da Guerra Fria. Período esse (conscidência?) que a ditadura brasileira começou a enfraquecer.
Não que não houvesse grupos interessados em promover o comunismo no Brasil, mas esse movimento nunca recebeu apoio da maioria da população (como você mesmo disse) e nunca chegou, de fato, a criar uma base realmente perigosa para a nação. Se essa base comunista fosse de vulto, teria obviamente reagido ao Golpe de 1964.
Mas não era assim, sabendo da falta de representatividade dos comunistas e de suas trapalhadas, a direita brasileira se aproveitava para criar argumentos para instalar logo de vez a ditadura no Brasil e manter seus interesses, principalmente no que diz respeito à posse de terra e meios de produção. Foi o caso de Vargas com o Plano Cohen (uma mega mentira), e, posteriomente, com os militares em 1964. Sem falar no momento em que o General Lotta impediu a ditadura direitista em defesa da democracia. Mas tarde Lotta, por vias democraticas, chegou a se condidatar a presidente. Lotta era nacionalista e não comunista.
Você também ignora o fato das multinacionais estarem insatisfeitas com a lei que queria proibir a remessa de lucros para o exterior, o suborno direto norte-americano, a elite importadora brasileira, a criação da Petrobrás, entre outros. Um grupo forte mesmo que existia no Brasil eram os nacionalistas, que foram massacrados pela mídia comprometida com diheiro internacional, sendo acusados, injustamente, de comunistas. Ora, até mesmo Vargas, em seu governo democrático, não escapou dessa onda. E olha que ele era grande proprietário de terra, direitista e firme anticomunista. Lembre que em sua ditadura, Vargas controlou eficazmente os trabalhadores com o Ministério do Trabalho e os Direitos Trabalhistas esvaziando profundamente o Partido Comunista, jogado na clandestinidade. A única diferença é que Vargas era, sim, nacionalista. E, por isso, foi chamado covardemente de comunista em seu governo democrático, por defender frentes estadistas da economia e defesa da economia nacional como a lei que proibia a remessa de lucros para fora do país.
Enfim, apesar de longo, não tenho como não deixar de dizer que seu artigo é superficial e míope, no mínimo. Por fim, você sabe que não sou comunista. Sou cristão
Abraços!
Meu querido Pastor, já estava com saudades de suas postagem. Sou muito feliz pela sua amizade querido Pastor!Um grande abraço e apaz do Senhor!
A Paz do Senhor.
A verdade é extensa, mas ela se faz extremamente necessária para que possamos entender melhor toda a maldade que se esconde por trás de um movimento que se encontra "mascarado" entre os nossos governantes, inclusive e principalmente os atuais, remanescentes de um movimento que não quer reconhecer ao Deus soberano ao qual todo "pó" humano prestará contas!
Vou inclusive republicá-la em meu blog, com as devidas referências, a meu modo, mas tentando ser o mais justo possível com as fontes.
Que o Senhor continue lhe abençoando!
Ah, outro importante ponto até mencionado por alguns.
Como foi a reação dos evangélicos a ditadura?
Sofreram também perseguições? Essas perseguições, se houveram, chegam perto das perseguições sofridas na URSS?
Que o Senhor continue lhe abençoando!
Vergonhoso e repleto de erros históricos este post. Em primeiro lugar, chamar Jango de comunista é um ataque ao conhecimento histórico de qualquer brasileiro com mediana cultura política.
O presidente Jango era um típico populista gaúcho, cria de Getúlio Vargas, sendo um grande latifundiário no Rio Grande do Sul. As reformas de base propostas por Jango eram absolutamente necessárias devido às fortes desigualdades sociais existentes em nosso país. A maior prova disso, é que parte delas foi levada a cabo pelos governos do PSDB e PT.
Outra coisa, a pior coisa para um historiador é interpretar a história de forma anacrônica, isto é, importando exemplos de outras épocas e localidades. Isso se dá a respeito do assunto comunismo. Falando claramente, por que nenhum evangélico fundamentalista e de direita, como o senhor Silas Daniel, cita que foi um deputado comunista, o escritor Jorge Amado, que apresentou uma emenda para a constituição de 1945 defendendo a plena liberdade de culto em nosso Brasil, chocando-se com a pretensão do clero católico-romando conservador que tinha como finalidade obter vantagens constitucionais? Simples, porque não interessa! Importam as atrocidades cometidas no leste europeu como regra para todos os casos. Nunca comentam os pronunciamentos de Partidos Comunistas da Itália e Espanha, por exemplo, divulgados em plena década de 60, portanto antes do colapso do chamado socialismo real, mudando de forma radical sua postura para com a fé religiosa, conclamando a união entre marxistas e cristãos a fim de solucionar o problema da desigualdade social.
Finalizando, duvido que o autor tenha lido alguma coisa escrita pelo próprio Moltmann a respeito de sua teologia da esperança. Afinal, fundamentalistas só lêem na integra o que gostam. Aquilo que não bate com seus pensamentos é contemplado com a resenha da resenha. Finalizando, fica a pergunta, será que esta resposta será respondida?
André.
Parabéns pelo texto!
Queremos outros do mesmo kilate!
Parece que há um ensaio de tomada do poder novamente pelos comunistas, evidenciado pelas ações anti-família e anti-igreja.
Aproveito para deixar umas perguntas, pois sou ignorante em direito, mas que podem ser pertinentes:
- Porque será que há tantos comunistas como professores de faculdade? Será que o edital do concurso prevê comunista como pré-requisito?
- Pela lei 8666, seria possível dirigir o concurso de pessoal especializado para determinadas pessoas?
Caro Bruno, a Paz!
Sei que você nunca foi comunista, mas também sei da sua simpatia pela esquerda, e que o impediu de perceber alguns erros em seu discurso contra meu artigo.
Em primeiro lugar, você parte do princípio de que não posso usar como fonte o jornal “O Globo” porque este sempre apoiou a Ditadura e teria agido assim por supostamente ter sido “financiado por dinheiro internacional” para tal. Não quero nem entrar nesse mérito. Citei matérias da época publicadas pelo jornal “O Globo” (tão criticado até hoje pelas esquerdas) justamente por uma razão: Porque, com a publicação das obras “A Revolução Impossível” (1994), do historiador Luís Mir, e “O Apoio de Cuba à Luta Armada no Brasil” (2005), da historiadora Denise Rollemberg, professora da Uerj, aquelas denúncias que o jornal “O Globo” fez em 1961 e reforçou em 1963 se mostraram TODAS verdadeiras. Detalhe: Luís Mir é comunista há mais de 30 anos e Rollemberg já afirmou ser de esquerda. Esse é o ponto.
Em segundo lugar, é absurdo o critério de que eu não poderia levar em conta um artigo da revista “Seleções” por ser “uma publicação internacional” (!), e por ser esse artigo baseado em um livro “publicado pelo Exército Brasileiro” (!). Caro, por esse mesmo critério, eu poderia dizer então que ninguém pode aceitar nenhum artigo, livro, depoimento ou coisa parecida de alguém da esquerda só porque foi produzido por alguém da esquerda. Quer dizer que se o conteúdo partir de quem lutou contra a Ditadura e foi contra o Golpe de 1964, ele é automaticamente fonte confiável, e se não partiu desse grupo automaticamente não o é? Um historiador, assim como um jornalista, precisa e deve ouvir todos os lados. Pois bem, citei Luís Mir e Rollemberg, os dois de esquerda, e ambos confirmam em suas obras os relatos de “O Globo” e outros relatos mencionados no meu artigo.
(Continua...)
(Continuando...)
Em terceiro lugar, você diz: “É mais do que sabido, com reconhecimento da própria Casa Branca, o apoio financeiro, e até mesmo militar, dos EUA à implantação de ditaduras em diversos pontos do mundo. O que foi, inclusive, reconhecido pelos EUA no período que hoje chamamos de Détente, da Guerra Fria, período este (Coincidência?) em que a ditadura brasileira começou a enfraquecer”.
Pois bem, vou repetir aqui algo que disse em um dos primeiros parágrafos do ponto 1 do artigo: “O mundo vivia a Guerra Fria. A União Soviética e seus satélites apoiavam e financiavam a implantação do comunismo no mundo, e os Estados Unidos lutavam para impedir essa expansão, apoiando todos quantos se opusessem aos movimentos de guerrilha revolucionária comunista nos seus respectivos países”. Ou seja, ninguém aqui está dizendo que os EUA não apoiaram ditaduras na América Latina. Agora, é preciso dizer as coisas pela ordem: Não foram os Estados Unidos que saíram pelo mundo instaurando ditaduras, fazendo com que os grupos de esquerda, reativamente, criassem guerrilhas para derrubar essas ditaduras. Foi a URSS e seus satélites que apoiaram, financiaram, treinaram e armaram grupos de esquerda para implantar o comunismo em vários países e, então, os EUA reagiram apoiando quem se opusesse a esses grupos, o que resultou nas ditaduras. E mais: as guerrilhas que lutavam antes e durante as ditaduras não lutavam, nenhuma delas, pela redemocratização de seus países, mais pela substituição dessas ditaduras pela ditadura deles, comunista.
E sobre a participação dos EUA no Golpe de 1964, esta foi zero (aguarde o segundo artigo da série, onde falo sobre o assunto, como prometi). Os EUA apoiaram o Golpe (como não poderia ser diferente), mas não o idealizaram nem financiaram. Pensaram até em ajudar no que fosse possível caso ocorresse, mas nem foi necessário. O próprio povo brasileiro, com a ajuda dos militares, o fizeram. Os EUA obviamente apoiaram a Ditadura Militar que a seguiu, como fizeram com outras em outros países, como não poderia ser diferente, devido à compreensão de que é preferível um mal menor a um mal maior - é preferível uma ditadura militar anti-comunista do que uma ditadura comunista. Lembre-se: Era a Guerra Fria. O contexto era outro.
(Continua...)
(COntinuando...)
Em quarto lugar, sobre sua colocação de que “[o] movimento [comunista] nunca recebeu apoio da maioria da população (como você mesmo disse) e nunca chegou, de fato, a criar uma base realmente perigosa para a nação; se essa base comunista fosse de vulto, teria obviamente reagido ao Golpe de 1964”, ela contém um erro de raciocínio. Ela pressupõe que se ninguém tivesse feito nada, Jango, Brizola e sua trupe comunista não teriam implantado seu “mundo ideal” no Brasil. Ora, é exatamente o contrário: se o Golpe não acontecesse, os comunistas teriam implantado seu “mundo ideal”! Só não implantaram porque houve o Golpe! Eles eram fortes e tinham muitos simpatizantes, só não eram os mais fortes nem a maioria. Ainda bem! Foi por isso que o contra-golpe (Golpe de 1964) vingou.
Em quinto lugar, Vargas não era a direita brasileira. Vargas era um fascista, um nacional-socialista. O fascismo surgiu dentro do comunismo. Mussolini, criador do fascismo, antes de fundá-lo era presidente do Partido Comunista da Itália. Ele rompeu com o partido e fundou sua corrente – o fascismo -, que se caracterizava justamente por ser um socialismo nacionalista e populista, que defendia o estatismo na área econômica e social, o culto à nação e o pragmatismo em todas as áreas (pragmatismo este usado como justificativa para o uso sem contenção da violência pelo Estado e a implantação de regimes ditatoriais). O fascismo é uma seita de dentro do comunismo que lutou contra o comunismo, mas como uma outra opção a ele, e não como uma versão da direita. Suas políticas eram socialistas. Leia o livro do cientista político e historiador americano Jonah Goldberg, intitulado “Fascismo de Esquerda” (pelo conteúdo do livro, o melhor título seria “Fascismo é de esquerda”, mas saiu “Fascismo de Esquerda”), e as obras do filósofo e historiador alemão Eric Voegelin, que já estão sendo publicadas no Brasil já há alguns anos. E sobre o nacional-socialismo (nazismo) alemão, outra dissidência do socialismo e que as esquerdas, querendo diminuir o número de cadáveres e crimes do seu lado, desde o final da Segunda Guerra Mundial o chamam de “radicais de direita” (o que já entrou no imaginário popular), leia essas mesmas obras e assista ao documentário “The Soviet Story”, produzido pelo Parlamento Europeu. Tenho essas obras e esse documentário em casa. Se quiser, empresto.
Sobre o Plano Cohen, ele foi criado originalmente com o caráter preventivo e de estudo, para simular como é que se daria uma revolução comunista no Brasil (justamente por causa da tentativa de revolução comunista em nosso país dois anos antes – a Intentona de 1935, que matou quase mil pessoas), mas foi usada por Vargas e os integralistas em seus interesses golpistas. Vargas, repito, era um fascista. Era fã de Mussolini e Hitler. O movimento integralista, que produziu o estudo denominado “Plano Cohen”, era fascista. Fascista não é “ultra-direita”. Fascista é seita da esquerda.
(Continua...)
(Concluindo...)
Quanto ao general Lott (e não Lotta), é verdade que era nacionalista, mas aliou-se posteriormente aos comunistas. Ele fez bem em impedir o movimento contra a posse de Juscelino e Goulart. Porém, lembre-se: a oposição da direita não era por causa de Juscelino, mas de Goulart, que foi logo escanteado por Juscelino quando este assumiu a presidência. Logo que assumiu, Juscelino e seu partido se uniram à direita, enquanto Goulart e os comunistas criavam dificuldades para o governo de Juscelino. Na minha resposta ao comentário do André (mais abaixo), falo sobre isso. Ainda sobre o Lott, ele uniu-se aos comunistas durante o mandato de Juscelino (lembre-se sobre a “Frente de Novembro”, liderada por Jango, Lott e Prestes), inclusive lançando-se candidato a presidente em 1960 com o apoio do Partido Comunista do Brasil, tendo Jango como seu vice.
Por fim, não ignorei, como você diz, “o fato das multinacionais estarem insatisfeitas com a lei que queria proibir a remessa de lucros para o exterior”, pois até disponibilizei o link do vídeo com Jango falando na ONU sobre esse assunto em 1962. Agora, quer saber o que acho sobre esse assunto da remessa de lucros para o exterior? O mesmo que a maioria das pessoas da época: Jango estava errado. Ele poderia propor que as empresas enviassem apenas parte do seu lucro para fora, e não o grosso (o que, aliás, Jango acabou aceitando, assinando um acordo em Washington sobre isso no final de 1962), mas impedir que remetesse o lucro para fora? E ainda mais desapropriar filiais de empresas multinacionais no país sem indenização só porque elas mandavam o grosso do seu lucro para o exterior? Isso não! Isso é assalto.
Quanto ao “suborno direto norte-americano”, “a elite importadora brasileira”, falo disso no próximo artigo. Em relação à Petrobrás, a crítica que se fazia a ela naquele momento é que deveria ser empresa de capital misto (tendo o país como majoritário nas ações, óbvio). Enquanto isso não aconteceu, a Petrobrás não deu o salto que poderia dar, porque o Estado não tinha condições de investir nela para isso e a empresa também se tornara um cabide de empregos, sendo pesada ao Estado. Nas décadas seguintes, porém, a posição pró-capital misto venceu e a Petrobrás deu, finalmente, um salto, o maior “boom” de sua história, que prossegue até hoje.
Ah, sim: como você sabe, sou cristão.
Abraços!
Caro Lucivaldo, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. É um prazer tê-lo como amigo também.
Forte abraço!
Caro Lucas, a Paz!
Obrigado pelas palavras de apreço. Você tem total liberdade de reproduzir esse artigo em seu blog (citando, claro, devidamente a fonte).
Quanto à pergunta sobre eventuais perseguições a igrejas durante a ditadura, isso não aconteceu. Muito ao contrário. As igrejas eram respeitadas e vistas com apreço. Agora, alguns poucos evangélicos ligados a grupos de esquerda, como Ação Popular, dentre outros grupos - ou evangélicos que individualmente deram algum apoio às esquerdas revolucionárias nesse período -, foram perseguidos. Mas, trata-se de um número muitíssimo pequeno.
Abraço!
Caro André,
Em primeiro lugar, que história é essa de “anacronismo”? Que “anacronismo” estou usando? Que história é essa de que só estou usando exemplos “importados de outras épocas e de outros lugares”? A Intentona de 1935 foi no Brasil e o seu líder, Luís Carlos Prestes, era aliado de Jango desde o final dos anos 50, defendendo fervorosamente com ele a “cubanização” do Brasil durante a presidência deste. E que história é essa de que não posso usar exemplos do que os comunistas fizeram em outros lugares NA MESMA ÉPOCA para dizer o que eles fariam no Brasil se chegassem ao poder? Aliás, a partir do momento que Cuba patrocinava o golpe de Jango, armando, financiando e treinando as Ligas Camponesas do comunista Francisco Julião (apoiada fervorosamente por Jango) bem como Brizola e seu exército (que este chamava de “vanguarda do movimento revolucionário a exemplo da Guarda Vermelha da Revolução Socialista de 1917 na União Soviética”, o que demonstra a ignorância dele, porque em 1917 existia apenas a Rússia, e não já a URSS), como não posso ligar o que aconteceu em Cuba com o que Jango e Brizola estavam querendo fazer no Brasil, ainda mais quando o próprio Brizola afirmava que o que havia em Cuba era o que ele e Jango queriam para o nosso país? Não precisa fazer ginástica interpretativa. Basta ler o que Brizola escreveu sobre o seu movimento em suas “Instruções”. Ele afirma expressamente que queria fazer no Brasil o que os irmãos Castro e companhia fizeram em Cuba. Está lá!
Outra coisa: não estou usando como exemplo apenas o que aconteceu no Leste Europeu. Citei ao todo URSS, China, Argélia, Coréia do Norte e Cuba. E poderia citar qualquer outro país comunista, porque TODOS ELES foram assassinos (China? Matou 70 milhões. URSS? Mais de 40 milhões. Cuba? Cerca de 100 mil, sendo 17 mil por fuzilamento. Camboja? Mais de 3 milhões. E a lista prossegue...), sendo igualmente anti-liberdade religiosa, anti-liberdade de expressão, anti-liberdade de imprensa etc. Aliás, nem me detive falando da URSS, China ou Coréia do Norte. Somando tudo o que falei sobre esses casos no meu texto, não dá quatro linhas. Deti-me, sim, em um exemplo bem próximo: Cuba. E por uma razão muito simples: desde 1960, era ele o principal financiador dos grupos que lutavam pela implantação do comunismo no Brasil. E quem confessa isso é a própria esquerda!
Quanto aos comunistas na Itália e na Espanha, só não fizeram o mesmo porque nunca tomaram o poder, embora tentassem, inclusive usando sua prática mais usual: o terrorismo. Vide Cesare Battisti, um maravilhoso exemplo do comunismo italiano e que é adorado pelas esquerdas do Brasil (que, como não poderia ser diferente, estão fazendo de tudo para que esse criminoso fique livre e por aqui).
E não existe essa de “socialismo real” e “socialismo utópico”. Por acaso existe “liberalismo econômico real” e “liberalismo econômico utópico”? Já imaginou se quando o capitalismo desse errado os defensores do capitalismo falassem que a coisa só deu errado porque não era o “capitalismo utópico”? Essa é uma falácia chinfrim. Com ela, querem dizer o seguinte absurdo: “Puxa, gente, matamos mais de 120 milhões de pessoas, todos os governos nossos foram demoníacos, mas dêem mais uma chancezinha pra gente, porque, afinal, o socialismo ainda não era aquilo...”. Em todos os países onde essa praga chamada socialismo foi implantada, só trouxe tragédias. Ainda hoje, o socialismo, em sua versão bolivariana, está desestabilizando a América Latina (Venezuela, Bolívia, Equador, Nicarágua, Paraguai etc). E se considerarmos o socialismo só do papel (“O Manifesto do Partido Comunista” e as obras de Gramsci, por exemplo), já é estarrecedor! Não quero para o nosso país nem o que está no papel nem o que já saiu do papel.
(Continua...)
(Continuando...)
Sobre Moltmann: Caro, não li todos os livros dele, mas só o que li de sua obra já foi o suficiente para não gostar. Inclusive, já escrevi sobre algumas das razões pelas quais não gostei da obra de Moltmann em um dos capítulos do meu livro “A Sedução das Novas Teologias” (CPAD), lançado em janeiro de 2008. Mas, se você quer conhecer a culpa que Moltmann tem na formação da “esquerda cristã”, posso apresentá-la em sintéticas palavras.
Vamos lá: Moltmann, em busca de uma teologia própria, diferente, original (Ah, essa mania dos teólogos liberais...), concebeu uma teologia cujo conceito de esperança se tornasse a base de sua interpretação da Bíblia e da História. A esperança seria o elemento hermenêutico de sua teologia. Como ele mesmo escreveu, “deixei de teorizar sobre a esperança para teorizar a partir dela”. Dizia ele que sua proposta era “toda a teologia sob um único enfoque” (no caso, a esperança). Estou citando Moltmann textualmente. Pois bem, nessa sua nova interpretação da Bíblia e da História, ele colocou a esperança como “o motor da História” e concluiu que as eventuais insatisfações que o homem tem com o “status quo” nada mais são do que a esperança movendo-o para mudar os contextos à sua volta rumo ao final da História, quando o novo mundo, o mundo ideal, prometido por Deus desde o Antigo Testamento, terá sido conquistado.
Escreve Moltmann em “Teologia da Esperança”: “Quem espera em Cristo, não pode mais se contentar com a realidade dada, mas começa a sofrer devido a ela, começa a contradizê-la. Paz com Deus significa inimizade com o mundo, pois o aguilhão do futuro prometido arde implacavelmente na carne de todo presente não realizado. Se diante dos olhos tivéssemos só o que enxergamos, certamente nos satisfaríamos, por bem ou por mal, com as coisas presentes, tais como são. Mas o fato de não nos satisfazer, o fato de entre nós e as coisas da realidade não existir harmonia amigável é fruto de uma esperança inextinguível. Esta mantém o ser humano insatisfeito até o grande cumprimento de todas as promessas de Deus”.
Em sua teologia, Moltmann se alinhou à visão de História do hegelianismo, ou seja, a História como um processo, dando as mãos ao marxismo e à visão revolucionária. Ele confunde a presunção humana sobre o que é melhor para o mundo com o desejo de Deus, o plano de Deus, para um mundo melhor, sendo o homem o agente desse processo de transformação, que é “movido pela esperança”. É o casamento entre a visão revolucionária e a teologia. Aliás, por ocasião do lançamento de sua obra “Teologia da Esperança” (1964), Moltmann saudou como acontecimentos positivos no mundo, por estarem exatamente alinhados à sua nova visão teológica, a Revolução Cubana e o marxismo reformista de Praga.
Não é à toa que todos os estudos sobre a Teologia da Libertação reconhecem a Teologia da Esperança como uma de suas precursoras e inspiradoras. Inclusive, o papa alemão Bento 16 criticou recentemente, em sua Encíclica “Spes Salvi”, de 2005, a Teologia da Esperança do alemão Moltmann como heresia, como cruzamento forçado entre marxismo e teologia.
(Continua...)
(Continuando...)
Mas, você disse ainda que eu errei ao afirmar que Jango não era pró-comunismo. Pois bem, vamos aos fatos.
Quando Vargas, depois da Greve dos 300 mil de 1953, escolheu Jango para suceder José Segadas Viana como ministro do Trabalho, o fez exatamente sob o argumento de que “Jango tem boa reputação entre os comunistas e os líderes operários, o que nos abrirá a possibilidade de o governo ganhar a confiança desses setores” (Fonte: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil [Cpdoc] da Fundação Getúlio Vargas). Não é interessante? “..tem boa reputação entre os comunistas...”. E não é engraçado que, quando Goulart assumiu a pasta, foi criticado pela imprensa, que o chamava exatamente de um homem “com fortes laços com o operariado”, “simpático ao peronismo argentino” e “defensor de uma república sindicalista”, “defensor de uma república do operariado”. Foi chamado ainda de “ministro dos trabalhadores, e não do Trabalho”, “insuflador de greves” e “pregador da luta de classes”. Que fama! A coisa só acalmou quando, em 17 de junho de 1953, no seu discurso de posse como ministro do Trabalho, Jango afirmou que iria guiar-se “pelos postulados democráticos”, garantiu “não promover um programa de agitação”, e acrescentou: “Não passa de torpe intriga o boato de que sou contra o capitalismo”. Goulart afirmou ainda, no mesmo discurso, que ele apenas achava que os capitalistas deveriam estar “dando sempre às suas iniciativas um sentido social, humano e patriótico”. Ah, esses “podres capitalistas”...
Em 1954, o “não agitador” Jango propôs o aumento do salário mínimo em 100%, isto é, de 1.200 cruzeiros para 2.400 cruzeiros, e, no mesmo dia que apresentou a medida, colocou antecipadamente seu cargo à disposição de Vargas caso sua proposta sofresse grande oposição. Oposição? Nada mais óbvio! Tratava-se de uma proposta impossível de ser implementada, e o próprio Jango sabia disso. Sua atitude, em vez de ajudar, criava uma crise e, ao mesmo tempo, fomentava sua imagem populista e demagógica de “defensor e mártir dos operários”. Já na primeira hora, o ministro da Fazenda, Osvaldo Aranha, chamou a proposta de “absurda”, lembrando que desestabilizaria as contas do governo e muitas empresas. Jango apresentou a proposta em 22 de fevereiro de 1954 e, no mesmo dia, como era de se esperar, Vargas (que gostava dele) o destituiu do cargo, colocando em seu lugar Hugo de Faria. O que aconteceu? Os sindicalistas levantaram-se contra o governo por causa dessa decisão, e Hugo de Faria, pressionado, passou a defender Jango e a fazê-lo abertamente seu conselheiro. Aí, Getúlio, em seu discurso de 1 de maio de 1954 (menos de 70 dias após a destituição de Jango), para solucionar a crise entre o governo e os sindicatos de trabalhadores causada pela saída de Jango ao defender uma aumento de 100% do salário mínimo, anunciou... o aumento do salário mínino em 100%, como idealizado por Jango! E Getúlio ainda chamou Goulart de “um infatigável amigo e defensor dos trabalhadores brasileiros”. Tudo o que Jango queria. Porém, o resultado prático é que muitos empregadores se encontraram sem condições de arcar com os custos decorrentes do aumento do salário mínimo em 100%, o que resultou em uma nova onda de greves no país.
No final, sobrou para Getúlio, que ficou isolado. Sem o apoio do empresariado, da maior parte da imprensa e da classe média, e sendo atacado pelo doido do Carlos Lacerda (que ganhou força depois de um atentado contra ele), sua única saída estava no apoio dos sindicalistas. Sua única saída estava na implementação de um governo ao estilo Peron: apoiado pelos sindicalistas. Porém, os sindicalistas não tinham poder suficiente para sustentar sozinhos um presidente contra os demais setores da sociedade. Final da história? A gente já sabe. Getúlio não agüentou a pressão e se matou. Pensou, assim, entrar para a História com a imagem de “Pai dos Pobres”. E conseguiu.
(Continua...)
(Continuando...)
Mas, continuemos a trajetória do Jango que “não era pró-comunismo”...
Nas eleições presidenciais de 1955, Jango era tão “anti-comunista”, que bastou o PSD aprovar a proposta do PTB da composição de uma chapa com Juscelino para presidente e Jango como seu vice em 18 de abril de 1955 para que Luís Carlos Prestes, presidente do Partido Comunista do Brasil, no mesmo dia, enviasse uma carta à assembléia do PSD (lida para toda a assembléia) elogiando a escolha de Jango como vice e propondo “uma aliança e ação conjunta entre pessedistas e comunistas”. Não é engraçado? Por que será? Será que Jango e os comunistas... Não, não pode ser. Jango não era pró-comunistas, não é mesmo?
Não é curioso que, no acordo PSD-PTB para formar a chapa Juscelino-Jango, ficou definido, a pedido do PTB, que o presidente nacional do PTB – que, “por acaso”, era o próprio Goulart – “seria o responsável pela indicação do ministro do Trabalho, dos presidentes das autarquias ligadas à pasta e do primeiro escalão da Previdência Social, além de controlar a política sindical em geral”? Pois é. Porém, apesar do acordo, Kubitschek confiava tanto em Jango que, logo que assumiu a presidência, quebrou imediatamente o acordo PSD-PTB construindo sua própria alternativa para os sindicatos através de uma aliança direta com eles. Dizia Juscelino que “os trabalhadores não precisam de intérpretes” – ou seja, de Jango. “Juscelino negociou nomes de sua própria confiança para ocupar o Ministério do Trabalho, gerando uma disputa que se refletiria em todas as nomeações ocorridas para o cargo. (...) Goulart só viria a adquirir pleno controle sobre o ministério durante a gestão de João Batista Ramos, o último dos três ministros do período” (Fonte: Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil [Cpdoc] da Fundação Getúlio Vargas).
Só um detalhe: apesar das tentativas de Juscelino, a maioria esmagadora dos sindicalistas continuou pró-Jango.
Continuemos.
Em novembro de 1956, Goulart, como presidente da chamada “Frente de Novembro” (que congregava petebistas, comunistas, nacionalistas radicais seguidores do general Lott - a chamada Frente Parlamentar Nacionalista, que era “contra o imperialismo e o capital estrangeiro”), promoveu e organizou dezenas de comícios e passeatas de auto-promoção do seu movimento. Repito: movimento este que congregava petebistas e comunistas.
Durante a gestão de Goulart como presidente do PTB, este, para fortalecer a aliança entre os comunistas e o PTB, lançou candidatos do Partido Comunista do Brasil sob sua legenda (já que o PCB era ilegal no país desde a Intentona de 1935). Aliás, em 1963, Luis Carlos Prestes se gabava abertamente de ter dezenas de comunistas no Congresso e de ter Goulart como seu aliado ideológico.
Já em 1957, Jango sofreu forte oposição dentro do PTB, tendo sua liderança desafiada pelo deputado federal Fernando Ferrari. O congressista acusava Goulart de seguir outra orientação ideológica e “capitalizar a legenda de Vargas para vantagens eleitorais de curto prazo”. Foi assim que surgiu, dentro do PTB, a facção auto-intitulada “Grupo Compacto”, que procurava manter uma linha de independência face ao comando de Goulart. Ela daria noutro partido: o Movimento Trabalhista Renovador, fundado em 1959 e que lançou Ferrari à vice-presidência em 1960.
Em 1959, a aliança PSD-PTB (que já começara a esfacelar-se desde que Juscelino assumira) foi dissolvida e a razão oficial do fim da aliança foi exatamente porque o PTB, liderado por Goulart e Brizola, direcionava suas atividades políticas para o Partido Comunista e suas bases populares, o que levou o PSD a se afastar dos trabalhistas, procurando alianças com a UDN.
(Continua...)
(Continuando...)
Ainda em 1959, foi realizada na Praça da Sé, em São Paulo, o Comício do Feijão, manifestação promovida em protesto contra a política econômica do governo Juscelino. E quem promovera a manifestação? Jango, o vice, e Brizola, seu cunhado. Assustado, Juscelino convocou os ministros Henrique Lott (Guerra), Francisco Correia de Melo (Aeronáutica), Jorge Matoso Maia (Marinha), Fernando Nóbrega (Trabalho) e Carlos Cirilo Júnior (Justiça) e pediu a preparação de um plano de prevenção e repressão ao movimento liderado por Brizola e Jango. Juscelino também divulgou uma nota oficial onde criticava “as agitações em curso”. A nota omitia nomes, mas todos os jornais da época identificaram os agitadores facilmente: Brizola e Jango, os idealizadores da manifestação. Eram, conforme os jornais destacavam, “os conspiradores contra a ordem pública”.
Do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil [Cpdoc] da Fundação Getúlio Vargas, seguem mais informações sobre aquele ano: “Depois desse episódio, Goulart anunciou a adesão do PTB à candidatura Lott, que foi lançada em 4 de junho de 1959 em reunião pública na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio, e homologada pelo PSD no mês de dezembro. Como Lott declarasse que só deixaria a pasta da Guerra a fim de se desincompatibilizar depois que o PTB homologasse a sua candidatura, Jango e Brizola lideraram um movimento entre os petebistas no sentido de ser adiada a convenção nacional do partido, fixada para 6 de fevereiro de 1960. Pretendiam com isso pressionar o governo federal a aprovar a lei orgânica da Previdência Social, a regulamentação do direito de greve e outras medidas que vinham há anos sendo barradas pelo PSD no Congresso. Jango não teve êxito em seus objetivos, já que o governo manteve-se alheio às suas pretensões e Lott decidiu exonerar-se do cargo no dia 11 de fevereiro de 1960. Finalmente, no dia 18 de fevereiro, foi realizada a convenção petebista que homologou a chapa Lott-Goulart para as eleições deste ano. Manifestando-se contrários à orientação do partido de apoio à candidatura Lott, os diretórios regionais de Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul declararam-se dissidentes. Dessa forma, o lançamento oficial da candidatura Lott pelo PTB não eliminou as restrições feitas a seu nome”.
Detalhe: Luís Carlos Prestes escreve um livro, publicado em 1960 pela Editorial Vitória, meses antes da eleição e intitulado “Porque os comunistas apóiam Lott e Jango”. Que título interessante, não? Pois é, os comunistas apóiam a e votam em peso na chapa Lott-Jango.
Em 3 de outubro, realizaram-se as eleições às quais concorreram as seguintes chapas: Henrique Teixeira Lott e Goulart apoiados pelo PTB-PSD, Jânio Quadros apoiado pela coligação UDN-PL-PTN-PDC, tendo para vice-presidente dois nomes : Mílton Campos, candidato da UDN e do PL, e Fernando Ferrari, candidato do PTN e PDC e do Movimento Trabalhista Renovador (MTR). O quadro de candidaturas foi completado com o lançamento de Ademar de Barros para a presidência na legenda do PSP.
Jânio venceu com 5,6 milhões de votos, obtendo uma diferença sobre o segundo colocado, marechal Lott, de quase dois milhões de votos. O resultado para a vice-presidência foi a eleição de João Goulart com 4,5 milhões de votos, diferença de 300 mil votos em relação ao candidato udenista Mílton Campos. Embora vencendo nacionalmente, Goulart foi derrotado no Rio Grande do Sul por Ferrari e em São Paulo, Guanabara e Minas Gerais por Mílton Campos.
(Continua...)
(Continuando...)
Sobre o que acontece depois de Jango eleito, já escrevi no artigo: Ligas Camponeses de Julião com apoio de Jango, China e Cuba; Brizola e seu exército apoiado por Cuba etc. Ao que já escrevei, enfatizo ainda:
1) Em seu discurso por ocasião do encerramento do I Congresso Camponês, realizado em Belo Horizonte (MG) em novembro de 1961, Jango afirmou que não só era premente a realização da reforma agrária, como também declarou a impossibilidade de sua efetivação sem a mudança do princípio constitucional que exigia indenização prévia em dinheiro para as terras desapropriadas. Não é interessante? Como Jango não era comunista?
2) Jango, quando presidente, defendeu a desapropriação e estatização de empresas estrangeiras no Brasil sem pagar indenização. Podemos chamar Chavez, Evo Morales e Rafael Correia de seus discípulos.
3) Durante o governo Jânio, Jango defendeu e se empenhou pessoalmente no restabelecimento das relações diplomáticas com URSS e China, rompidas desde 1947 e 1949 respectivamente. Após a deposição de Jânio, Jango efetivou esse restabelecimento oficialmente, em novembro de 1961. E manifestou oficialmente seu apoio à ditadura comunista de Cuba em janeiro de 1962, fazendo oposição aos Estados Unidos.
4) O povo saiu contra Jango às ruas em 1964 acusando-o de comunista: 600 mil em São Paulo antes do Golpe e mais de um milhão nas ruas do Rio de Janeiro durante a deposição. Será que houve alguma “alucinação coletiva”... Afinal, Jango não era pró-comunistas, não é mesmo? Será que foi um engano coletivo da maioria da população brasileira?
Finalmente, sobre o comunista Jorge Amado, reconheço seu esforço em defender a liberdade religiosa em nosso país. Porém, seu comportamento não pode ser considerado como padrão, pois os seus colegas comunistas eram, em sua quase totalidade, materialistas antiteístas, rechaçando a religião. Ademais, em todos os países onde os comunistas tomaram o poder houve perseguição religiosa. E com um detalhe: logo que assumiram, suas cartas magnas falavam, todas elas, de "liberdade religiosa", que nunca existiu.
Caro Marco Teles,
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Brevemente publicarei a segunda e última parte do artigo. Sobre o tal "ensaio comunista" em nossos dias, o que há, na verdade, é um projeto lento e continuado de implantação dos ideais da esquerda via processo democrático. Não existe mais isso de "tomar o poder pelas armas". Usa-se, hoje, o método gramsciniano, de criar uma hegemonia ideológica de esquerda com o passar dos anos para, então, via processo democrátrico, assumir o poder e, aos poucos, implantar ideais de esquerda no país, como que por anestesia. Na Venezuela, Equador, Bolívia e outros países, o processo foi mais rápido porque usaram a chamada democracia direta e plebiscitária, deixando de lado, o máximo possível, a democracia representativa. Aqui, no Brasil, graças a Deus, o processo é mais lento porque prevalece a democracia representativa.
Sobre suas perguntas, eu diria que é a tal da hegemonia gramsciniana. Foi um processo de anos formando gerações simpáticas aos ideais de esquerda nas escolas. No mais, há um movimento chamado "Escola sem Partido" que luta pelo que você propõe: escolas sem pregação ideológica de esquerda. O endereço é www.escolasempartido.org
Abraço!
Caro Silas, a Paz
Em primeiro lugar disse que para escrever um artigo que realmente esclarecesse a sua miopia em relação a este assunto levaria tempo. Expus apenas alguns pontos históricos - que agora confirmo pela sua resposta – realmente não estão claros para você. Em primeiro lugar, não disse que você não pode usar O Globo e outros meios informativos como fonte. O problema é que você os usa como argumento central de sua tese, sem contrabalanço, como verdade absoluta. Algo extremamente perigoso, seja para o jornalismo, seja para a história.
Lembro ainda ao irmão que apenas disse que as tais fontes citadas - como “O Globo”, “Seleções” e “Exército Brasileiro” - são o suficiente para colocar um ponto de interrogação enorme contra suas argumentações, mas não para rechaçá-las por completo e de imediato. Isso quem interpretou mal foi você. Portanto, não subestime meu interesse na História que “ouve todos os lados”.
E mais, as obras de Luís Mir e Denise Rollemberg (que também possuo exemplares) apenas confirmam os intuitos do grupo comunista brasileiro – que era minoria e sem apoio da população – eram planejados às escondidas. Apenas isso! Não significa que eles realmente tinham força para tomar a nação e impor a grande maioria da população suas vontades. Até porque a maioria da população era contrária ao comunismo (fato). O que você não percebeu é que esses historiadores chegam a retomar a memória comunista brasileira com um certo orgulho, meio que para dizer “olha, eles lutaram, sim.”. Até porque, lutaram mesmo! (continua)
A diferença é que o Globo, a Seleções e outras mídias apoiadas pelo capital estrangeiro exacerbaram esses acontecimentos como se isso realmente fosse algo de vulto, extremamente perigoso, extremamente incontrolável. E os historiadores que você citou não afirmam isso!!!!! Leia novamente.
Ora, a própria intentona comunista não deixou de ser um fiasco, rapidamente desarticulado. Farrapos, Canudos e outros foram muito mais significativos. Esse é o ponto! Não havia razões realmente fundamentadas para o Golpe de 1964. O dito “iminente perigo comunista” teve uma dimensão alardeada que não era real. Não significa, entretanto, que o movimento não existia ou que não tinha pretensões armadas, mas não era desse tamanho cornetado pelo O Globo. É por isso que multidões saíram às ruas, é óbvio, pois a maioria esmagadora era contra o tal iminente perigo comunista. Você sabe que movimentos semelhantes desse jornal acontecem até hoje (homossexualidade natural, politicamente incorreto, luta contra o diploma de jornalismo, perseguição aos evangélicos). E essa visão é fortemente defendida por uma gama de historiadores sérios tão extensa que seria trabalhoso demais colocar aqui (mas se você quiser, posso indicar dezenas, em trabalhos científicos. Me dê apenas duas semanas, já disse que estou muito ocupado. No carnaval, posso fazer uma lista, com trabalhos muito interessantes).
Outro erro seu ao interpretar o que escrevi foi dizer que pressuponho “que se ninguém tivesse feito nada, Jango, Brizola e sua trupe comunista não teriam implantado seu ‘mundo ideal’ no Brasil. Ora, é exatamente o contrário: se o Golpe não acontecesse, os comunistas teriam implantado seu ‘mundo ideal’! Só não implantaram porque houve o Golpe!”. Olha, isso é um achismo absurdo de sua parte!!! Em primeiro lugar, não disse que ninguém deveria ficar de braços cruzados em relação aos comunistas. O comunismo deveria ser, sim, desarticulado. E, para isso, não havia necessidade de Golpe Militar. Brizola poderia ser processado por formação de quadrilha, importação ilegal de armas, perturbação da paz, entre outros. A voz de prisão existe para que mesmo???? O que é errado é acabar com a democracia para “protegê-la”. E, mais uma vez, se havia um grupo forte de comunistas, por que este não reagiu ao “contra-golpe”? Simples, porque o movimento contava com pessoas influentes, mas não tinha base popular para isso. Quer que eu explique??? Bom, após o Golpe, por exemplo, Brizola se exilou no Uruguai, estabeleceu contato com Fidel Castro e criou o Movimento Nacionalista Revolucionário. Queria montar uma frente libertadora nacional com a ALN, VPR, PC do B e o MR8. O maior deles era a ANL com cerca de 250 membros!!!! 250 membros, nossa, quanta expressão, não? A movimentação de maior “perigo” só veio a ocorrer entre 1968 e 1971, depois que as frentes ganharam mais adeptos, por causa da truculência dos militares. No entanto, a essa altura, o movimento já não era restrito aos comunistas, pois universitários se uniam, assim como nacionalistas. Mesmo assim, o movimento reuniu apenas 1416 homens (é, realmente, olha aí o “perigo comunista” só o exército de Santa Cruz acabariam com eles). Uma figura influente do grupo era o ex-capitão do exército Carlos Lamarca. No entanto, eles nunca passaram dos 1416 homens. Mas eles fizeram algumas ações de sucesso, como assalto a bancos, seqüestros de embaixadores, aviões e diplomatas. Mas foram massacrados.
Enfim, o que você quer endossar aqui é a mesmíssima versão histórica dada pelo exército brasileiro... mais caducada, impossível. Mais uma vez, não havia esse “perigo iminente” como o Globo e o exército afirmam. Porcamente comparando, é como se o comunismo no Brasil fosse uma espécie de Inconfidência Mineira. Ou seja, tinha elementos da elite, influentes, mas sem apoio popular. Pomba, só conseguiram reunir 1416 homens com a ajuda de nacionalistas e universitários.
(continua)
Outro erro crasso é você dizer que os EUA “não saíram por aí implementando ditaduras”. Saíram sim. Assim como é verdade que a antiga URSS e seus satélites “apoiaram, financiaram, treinaram e armaram grupos de esquerda para implantar o comunismo em vários países”.
Temos que entender que o comunismo nunca foi anseio da maioria dos países da América Latina (e me refiro, inclusive, a população, que não queria o comunismo). O principal anseio histórico desse povo era (e sempre foi) a democracia, a liberdade, e a maioria estava disposta a lutar por isso. Mas os EUA não estavam interessados em garantir a real liberdade desses povos, mas sim em garantir os interesses de suas multinacionais. O que isso significa? Significa que eles poderiam ter apoiado legitimamente o interesse da maioria da população dessas nações, fortalecendo o capitalismo com a democracia. Mas isso não era o suficiente (e é daí que surge o antiamericanismo na região). Ora, a população estava atônita!!! De um lado os malditos comunistas; de outro, a espoliação norte-americana. Afinal, eles não estavam interessados em trazer o desenvolvimento para a região, mas torná-la estupidamente dependente. Política de dependência fortemente implantada no governo Dutra (a dependência econômica), mas que recebeu forte “contra-ataque” pelos nacionalistas, como Vargas. Daí o interesse pela ditadura, pois seria a forma arbitrária de garantir seus interesses econômicos na região. E a desculpa comunista era algo extremamente útil de ser usar. Ora, Inglaterra, França e diversos países da Europa resistiram ao comunismo preservando a democracia e se tornando economicamente independentes, apesar do Plano Marshall. O Brasil e a América-latina tinham as mesmas condições. Agora, você diz que vai escrever um artigo sobre a suposta participação zero dos EUA, o que pode se tornar um grande pastelão de sua parte. Conceda-me também duas semanas e te envio diversos trabalhos contundentes mostrando justamente o contrário. Peço-te ainda uma coisa, envie seu trabalho a todas as editoras do país para que retirem dos livros escolares o fato de que os EUA realmente participaram. E mais, envie também às universidades, aos doutores, inclusive de outros países da América-latina. Não vale dizer que se eles rechaçarem é porque são comunistas...
E outra, é interessante ver como você usa o Globo quando este lhe parece atender suas teorias e, logo depois, rebatê-lo quando apoiou o Barack Obama. É claro que ele iria apoiar o Barack Obama, pois é liberalista, privatizador. E é por isso que apoiou a ditadura! Claro, só virou mega empresa com a Time... Interesses privados, sabe?
(continua)
Outro erro histórico aqui foi o de confundir estadismo com comunismo e ainda dizer que o fascismo é filho do comunismo. Não poderia ser para menos, sua base está ancorada na obra “o Fascismo de Esquerda” do conservador Jonah Goldberg (claro, né), que chega a acusar até mesmo a Hillary Clinton de seguir princípios fascistas (sic). Enim, Por alentada que seja, a obra não é nem um apanhado teórico, nem uma investigação histórica. É apenas uma intervenção no longo e aguerrido debate americano entre liberais e conservadores. Livre para rotular, Goldberg segue a lógica do insulto até cair, amiúde, no ridículo. Assim, que a Revolução Francesa tenha sido violenta e homicida, não basta, como quer o autor, para caracterizá-la anacronicamente como pecado original e raiz do fascismo. Enfim, o que mais posso dizer???? Ah, eu também tenho esse livro. E repito, não é um livro científico. É apenas uma bravata emocional. Goldberg estava cansado de ser criticado pelos seus opositores, então resolveu rebater os insultos nesse livro. É uma obra panfletária e altamente reducionista... Leia a Era dos Extremos, de Eric J. Hobsbawm: o breve século XXI. É bem melhor e é científica. Se quiser, te empresto!
Já sobre o historiador Eric Voegelin, você acaba também usando-o a seu bel prazer... Eu teria que escrever um artigo somente sobre o nazismo para você entender que a roupagem socialista do nazismo se devia ao contexto histórico, já que o capitalismo norte-americano era mal visto desde a época da crise de 1929. Mas, apesar disso, o Nazismo ainda tinha o capitalismo e a propriedade privada como base. Tanto que França e Inglaterra adotaram a política de apaziguamento em relação a Hitler e Mussoline, pois ambos constituíam um certo muro contra os ideais comunistas, que queriam invadir a Europa.
Com isso entra em xeque, mais uma vez, você querer afirmar que o fascismo é “seita” de esquerda. Além disso, constitui visão reducionista demais querer dividir as ideologias governistas em apenas duas áreas: Esquerda e Direita. Como se não houvesse outras alternativas possíveis. Você cai nesse reducionismo porque é inundado pela cultura conservadora norte-americana, que tem aquela velha história do Bem contra o Mal. Cientificamente, você peca muito nesse quesito. E, por isso, não consegue separar estadismo de socialismo ou comunismo. Bom, pelo menos você não confunde socialismo com cristianismo, como fazem muitos cristãos. No mais, Vargas era fascista-nacionalista? Sim, era. Não disse o contrário... Mas ele era capitalista, sim. Defendia o latifúndio, a propriedade privada, sendo ao mesmo tempo um estadista. Ele não era “fã” de Hitler, não. Tanto que usou os EUA para conseguir implantar a primeira siderúrgica do país, a CSN, encerrando suas relações com a Alemanha. O que ocasionou o ataque de Hitler e a entrada imediata do Brasil na Guerra.
(continua)
Quanto a sua posição em ser favorável à remessa de lucro para o exterior é aí que entra o meu esquerdismo. Sou nacionalista e isso não me torna um comunista. E mais: o pensamento da época era totalmente favorável ao envio de lucros para o exterior. Ora, se a riqueza é produzida aqui, então deve ficar aqui. Nacionalismo é isso. Gosto do Lula, mas ele ainda poderia ser mais nacionalista. Está com saudade de FHC?? Vote no Serra, em quatro anos estaremos atolados com o FMI mais uma vez. A Petrobrás será privatizada, os concursos terão queda de 90%, o consumo irá despencar e o fantasma da ALCA ressurgirá.
Para finalizar, volto a afirmar que seria necessário um artigo científico para rebatê-lo de forma eficaz, com consulta bibliográfica séria. E não um texto que acabei de escrever em meia-hora. Mas resolvi fazê-lo apenas para demonstrar como suas argumentações possuem colunas escancaradas. Cuidado com o estilo panfletário e reducionista, muito comum aos jornalistas. Apanhei no primeiro ano de mestrado. No mais, cuidado com o autodidatismo. Ele é bom, mas tem limites. Há certa febre, atualmente, entre os “colunistas da internet” em querer saber mais do que doutos em áreas específicas. Não entre nessa. Pela minha pequena caminhada, seu texto seria escorraçado em qualquer banca, pois tem um viés claramente reducionsita. Do tipo: “é assim porque fulaninho disse que é e o jornalzinho publicou que é, portanto, temos aí a Grande Verdade, veja no link, e nesse outro aqui também”.
Abraços
Caro amigo e irmão Silas Daniel. Como seria de se esperar, o colega cita dados fortemente influenciados por sua ideologia sócio-política. Realmente, chamar um grande latifundiário do sul do Brasil de comunista é um erro crasso. Em segundo lugar, o amigo coloca todo o espectro de esquerda sob o jugo do comunismo de viés stalinista ou maoísta, não reconhecendo nuances como social-democracia, trabalhismo, anarquismo, luxemburgusimo e o próprio trotskismo. Como bom conservador, lê a realidade resumida em a ou z, não admitindo as nuances próprias da vida. No caso, ou se é paladino do liberalismo econômico, que tem levado o mundo ao empobrecimento, crescimento das desigualdades ano após ano e a sucessivas crises como a recente que assolou todo o globo, ou se advoga o comunismo autoritário de orientação soviética.
Também não li nada em sua resposta a respeito da lei aprovada na constituinte de 1946, de autoria do comunista Jorge Amado( PC do B), advogando a firme liberdade religiosa em nosso país, liberdade, esta, que corria forte perigo devido à crescente influência do clero ultramontano.
A respeito dos pronunciamentos dos PCS italianos e espanhóis, mais um vez o amigo usa de preconceito, querendo, novamente, praticar o anacronismo histórico. Como pode adivinhar que tais partidos no poder teriam uma política diferente de seus pronunciamentos?
Ora bolas, estes pronunciamentos foram feitos em plena década de 60, auge do poderio político e militar da URSS! Desta forma, torna-se claro a liberdade e divergência diante de Moscou. Em um discurso realizado em Bérgamo, no ano de 1963, Palmiro Togliatti, proclamou a seguinte noção que seria aceita como clássica do Partido Comunista Italiano:
1- No que se refere ao desenvolvimento da consciência religiosa, não aceitamos a concepção ingênua e errônea segundo a qual o progresso do conhecimento e a mudança da estrutura social bastariam para determinar modificações radicais nela. Esta concepção, que provém da filosofia das luzes e do materialismo do século XVIII,não resistiu à prova da história. AS RAIZES DA RELIGIÃO SÃO MAIS PROFUNDAS.
2- Não é certo que a consciência religiosa seja necessariamente um obstáculo para a compreensão e realização dos deveres e perspectivas( da construção do socialismo) e para a adesão a este. PELO CONTRÁRIO, PENSAMOS QUE A ASPIRAÇÃO A UMA SOCIEDADE SOCIALISTA, NÃO SÓ PODE ABRIR CAMINHO NOS HOMENS QUE TÊM UMA FÉ RELIGIOSA, MAS TAMBÉM QUE SEMELHANTE ASPIRAÇÃO PODE ENCONTRAR UM ESTIMULANTE NA PRÓPRIA CONSCIÊNCIA RELIGIOSA QUANDO ESTA ENFRENTA OS PROBLEMAS DRAMÁTICOS DO MUNDO CONTEMPORÂNEO.
3- A realização do comunismo, isto é, de uma sociedade sem classes, ao libertar crentes e não crentes do jugo do sistema capitalista, conferirá uma realidade prática aos valores morais que são comuns à concepção cristã e à concepção marxista da sociedade e do homem.
- NÃO SÓ A CONSCIÊNCIA RELGIOSA SERÁ RESPEITADA, MAS TAMBÉM HAVERÁ DIANTE DELA UM TERRENO DEMOCRÁTICO REAL DE DESENVOLVIMENTO, ONDE TODOS OS VALORES HISTORICAMENTE POSITIVOS PODERÃO SER EXPRESSOS E DAR A SUA CONTRIBUIÇÃO AO PROGRESSO DA NAÇÃO.
Temos acima una nota oficial do Partido Comunista Italiano, a atual Oliveira, ou Partido Democrático de Esquerda. Agora, querer citar o exemplo de Batistini, que nunca teve ligação oficial com a esquerda majoritária, sendo, inclusive condenado por integrantes da mesma, é sim um anacronismo histórico.
CONTINUAÇÃO
Ainda na mesma década de 60, o Partido Comunista Espanhol, elaborou um documento semelhante ao seu congênere italiano. Santiago Carrillo, líder máximo do partido espanhol, deu boas vindas aos cristãos de forma oficial ao partido e Manuel Azcárate, secretário executivo do mesmo, rejeitou publicamente a clássica teoria marxista da religião por ser dogmática e unilateral.
Falando sobre Moltmann e teologia. É curioso como vocês, fundamentalistas, adoram rotular as pessoas como " liberais". Chamar Moltmann de liberal é pior do que chamar Jango de um perigoso stalinista. Vejamos o que diz Roger Olson, um batista conservador sobre Moltmann:
" A maior parte de seus escritos - Moltmann e Pannenberg- foi traduzida para o inglês e eles conquistaram boa reputação na América do Norte como os principais TEÓLOGOS PROTESTANTES MODERADOS- um meio termo entre o liberalismo e o conservadorismo. Consideram suas abordagens básicas da teologia "criticamente ortodoxas" por respeitarem a grande tradição da doutrina cristã da igreja primitiva e da Reforma, mas rejeitam o confessionalismo mecânico e o conservadorismo máximo".
Isto é ser liberal, Silas ? Um sujeito como Moltmann, ordenado pastor pela Igreja Reformada e que confere papel central a escatologia e a ressurreição de Cristo é liberal? Por Deus, Harnack deve estar rindo neste momento. Resumindo, para todo o bom fundamentalista, qualquer pessoa que divirja em um simples pontinho é chamado de liberal!
Ah, já que toquei no assunto escatologia. Sedução das novas teologias ? Então me prove, dentro da tradição clássica cristã, onde foi ensinada esta verdeira heresia chamada dispensacionalismo pré-milnenista! Lendo teólogos como Agostinho, Ambrósio, Crisóstomo, os grandes credos clássicos da igreja cristã ( Nicéia, Calcedônea, Constatinopla) e, posteriormente, reformadores como Lutero, Bucer, Calvino e etc, não encontrei nada a respeito de heresias homéricas, como : arrebatamento da igreja, grande tribulação, Anti-Cristo como dominador do mundo, sete dispensações e outras bobeiras que assolam o grosso da igreja evangélica brasileira. Até mesmo grupos que não gozam de minha simpatia, como os puritanos ingleses, eram pós-milenistas. Teólogos bem conservadores, como Jonatahn Edwards, por exemplo, ficaram bastante preocupados com a influência pré-milenista dispensacionalista, fruto dos devaneios de homens como Darby e seu fiel escudeiro, Scofield, autor da péssima bíblia de estudos que carrega seu nome, agora reeditada no Brasil e até com uma herdeira piorada, a famigerada Dake Não seria esta uma nova teologia, irmão Silas ?
Resumindo, a teologia cristã clássica, no quesito escatologia, caminha entre o pós-milenismo e o amilenismo, teoria última defendida por Moltmann. Inclusive, até reformados conservadores consideram o pré-milenismo como erro bastante grave, já que quebra completamente a noção de pacto entre Deus e a humanidade.
Sem contar a verdadeira inércia que tal teologia causa no engajamento social do cristão. Ah, me esqueci, para vocês engajamento social é coisa de " comunista " e não adianta fazer nada em prol do sofredor, pois o mundo só deve piorar até a volta de Cristo. E viva as desgraças ! Triste Fundamentalismo.
Aguardo publicação e tréplica.
Respeitosamente
André
Antonio Ferro "E sejamos mutuamente abençoados pela interação!" Atravéz de um outro Blog; fiquei desejoso de ler sua matéria, creio que senti segurança em sua escrita, passarei a ser seu leitor; lembrei-me dos Valentes de Davi 2 Cr. 12.32 "destros na ciência dos tempos," Creio que muito contribue seus comentários, certamente refletiremos! Abraço
Só uma pequena correção. Citei como fonte interessante o livro "A Era dos Extremos, de Eric J. Hobsbawm: o breve século XXI". É claro que não é século XXI, mas XX. Perdão, escrevi muito rápido. E em relação aos 1416 guerrilheiros, são aqueles que pegaram nas armas. Os que realmente estavam dispostos a morrer pelo comunismo ou pela liberdade democrática no Brasil. Mas é notório que em 1970 boa parte da populãção brasileira já havia mudado de opinião em relação à ditadura, devido aos crimes cometidos pela mesma.
Paz do Senhor!
Estou fazendo em meu blog uma pesquisa de opinião sobre o tempo em que estamos vivendo (dizem que é de unção, milagres, etc. Será?)
Peço que participe.
Basta deixar um comentário sobre o assunto na postagem mais recente.
Obrigada e que Deus abençoe!
Paz do Senhor, pastor Silas. Gostei da matéria. A respeito da sua matéria sobre o golpe de 1964 eu queria deixar a pesquisa que o Instituto Ibope fez às vésperas do movimento e que se encontra no arquivo da UNICAMP.
O Ibope creditava ao presidente João Goulart um apoio significativo dos eleitores da maior cidade do País: o governo era considerado ótimo por 7% dos quinhentos entrevistados, bom por 29% e regular por 30%; era mau apenas para 7%, péssimo para 12% e 9% não sabiam responder. Foram índices colhidos na capital paulista entre 20 e 30 de março, sob encomenda da Federação do Comércio do Estado de São Paulo e que avaliou as expectativas da opinião pública sobre aquele governo. os últimos dez dias de governo civil. (...) A pesquisa mencionada no início, aparentemente, visava perscrutar junto à população o impacto de uma derrubada do governo. Uma maioria acima de 80% dos entrevistados tinha conhecimento dos recentes decretos de João Goulart, que determinavam a encampação das refinarias de petróleo, a desapropriação das terras que margeiam açudes, ferrovias e rodovias federais, e o tabelamento dos aluguéis – medidas aprovadas por 64% e reprovadas por 20%. A encampação de empresas particulares era considerada vantajosa para o país por 47% e desvantajosa por 28%; por outro lado, a entrada de capitais estrangeiros era defendida por 46%e rejeitada por 33%.
No campo político, 80% dos paulistanos eram contra a legalização do Partido Comunista do Brasil e 57% viam o comunismo aumentando no país; 32% temiam o regime como um perigo imediato, 36% como um perigo futuro e 19% não o consideravam um perigo. Sobre os propósitos de João Goulart diante das eleições presidenciais, então marcadas para 1965, 45% estavam certos de que o presidente pretendia realizá-las normalmente, sem interferir; 22% desconfiavam que Goulart queria mudar a Constituição para se candidatar; e 12% achavam que ele preparava um golpe para se tornar ditador. Entre os presidenciáveis da época, Carvalho Pinto liderava as intenções de voto com 24%, acossado por Juscelino Kubistchek com 22%, vindo depois Carlos Lacerda (16%) e Adhemar de Barros (9%).
http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/jornalPDF/204pag03.pdf acesso 02/01/10, 19:11.
Vê-se assim que a população queria as reformas embora rejeitasse o modelo comunista. O regime de 1964 baniu do governo um presidente legalmente eleito e não fez nenhuma reforma a fim de impedir o avanço dos movimentos de esquerda, além de reprimir qualquer forma de contestação política, das mais radicais às mais moderadas. Limitou-se apenas a uma repressão sistemática.
A pesquisa também explica porque os supostos democratas cassaram não somente Luiz Carlos Prestes, mas também o ex presidente JK que tinha chances reais de ser reeleito presidente, anátema para os militares golpistas ligados à UDN que por duas vezes promoveram algazarras (Jacareacanga em 1956 e Aragarças, 1959). Isso porque o golpe não queria somente banir os comunistas, mas também os grupos políticos que democraticamente governavam o país no período de 1945 – 1964, a despeito de toda a ferocidade golpista dos udenistas. Assim, o golpe de 1964 não tinha nada de democrático já que ele interferiu num processo político sob o qual os militares e seus aliados udenistas sabiam claramente não ter chances reais de chegar ao poder pelo voto popular. E para demonstrar que os militares queriam mesmo o regime de exceção, que queriam a ditadura, basta só lembrar, como relata Carlos Castelo em Os Militares no Poder, acerca do progressivo endurecimento do regime entre 1964 – 1965, na medida em que ficou evidenciado que eles não conseguiriam impor seus candidatos pelas urnas: Jânio Quadros, cassado pelos militares (ele era comunista?) conseguiu eleger o brigadeiro Faria Lima para a prefeitura de S.Paulo em 1965. E Juscelino Kubitschek, mesmo cassado, também elegeu dois antigos aliados para governos – chaves: Negrão de Lima (Guanabara) e Israel Pinheiro (Minas). Não é a toa que o AI – 2 foi editado logo após as eleições de 1965.
Além disso, como Hélio Silva já relatou em seu livro sobre o governo João Goulart na coleção Os Presidentes, também fazendeiros e filhos de famílias influentes da elite brasileira se organizaram em grupos armados de enfrentamento dos grupos organizados por Brizola, como relata Aristóteles Drummond, um dos organizadores desses grupos.
Concordo com o senhor que os grupos de esquerda queriam um estado autoritário, porém, e a bibliografia sobre o regime militar me subsidia para dizer isso, os militares de forma alguma realizaram um movimento democrático. Queriam, isso sim, impor pela força uma mudança nos quadros institucionais vigentes com o afastamento do PSD e do PTB do poder em detrimento da UDN que como o Ibope mostra, tinha poucas chances eleitorais em 1965. Agora, e as exceções do regime? As famílias que tiveram seus filhos mortos pela exação, e muitas das quais sem vinculação alguma com o PC como o deputado Rubens Paiva, não tem o direito de enterrar seus mortos? E não porque eles fosse um primor de virtude, mas porque tal é decente e cristão. Além disso, com o esfacelamento da liderança política cassada pelos militares, ficamos a mercê desse lixo político que assumiu o poder a roldão do movimento militar. O regime militar deixou o país em estado calamidade pública. E em todos os setores. Quem disse isso? O Lula? O José Dirceu? Não. Quem disse isso foi Teotônio Vilela que foi senador da ARENA, no programa Canal Livre, da TV Bandeirantes de novembro de 1982, disponível no Youtube. Chama atenção nesse programa que ele aconselhava os partidos de oposição em pensarem como atravessar o caos (isto é, o Regime Militar).
Pastor Silas, as Ligas Camponesas surgiram em Pernambuco já na década de 40 como Edgard Carone relata em A República Liberal (Instituições e Classes Sociais, 1945 – 1964S.Paulo, DIFEL, 1976). A Liga de Iputinga foi declarada de utilidade pública em 1947. O envolvimento de Francisco Julião com as Ligas começou somente em 1955 quando este movimento já existia no Nordeste, ou seja, não foi criado por ele. A Liga de Galiléia foi fundada em decorrência da alta mortalidade infantil e para questionar o pagamento do foro, não tinha projeto revolucionário. Onde o senhor leu isso? Quais as fontes bibliográficas que o senhor trabalhou para dizer que os cubanos influenciaram esse movimento coisa que nem os militares na época conseguiram provar? Assista Cabra Marcado para Morrer, de Eduardo Coutinho e o senhor vai descobrir que até evangélicos participavam desse movimento.
Também concordo com sua condenação da ditadura de Fidel Castro, porém, até hoje não vi uma manifestação do senhor contra a ditadura argentina que matou em 6 anos 30 mil pessoas e causou o exílio de centenas de milhares de outras. As mães da praça de Mayo continuam exigindo o direito de enterrar os seus mortos. A ditadura argentina foi amplamente apoiada pelos EUA, gostaria de saber a sua opinião sobre essa que foi a mais violenta das ditaduras do continente. E Pinochet? E Strossner? Para mim o comunismo e o fascismo se igualam porque são movimentos que violam as liberdades humanas. A ditadura brasileira foi também uma ditadura filo fascista porque foi deflagrada por um general que no passado militara no movimento integralista (Olímpio Mourão Filho) e teve simpatizantes do fascismo tupiniquim no ministério como os ministros Gama e Silva (ministro da Justiça de Costa e Silva) e Alfredo Buzaid (ministro da Justiça de Médici). A Tradição Família e Propriedade, que apoiou o regime militar, também era liderada por um ex integralista católico (Plínio Correia de Oliveira). Como posso dizer que um movimento desses era democrático?
Caro amigo Bruno,
Infelizmente, sua paixão pela esquerda o tem levado àquilo de que você tem me acusado injusta e insistentemente (e que tenho relevado pacientemente) nas suas intervenções sobre esse assunto: miopia.
O jornal “O Globo” não é usado como argumento central do meu artigo. Ter que explicar isso aqui mais uma vez chega a cansar. Volto a repetir: só citei aquelas matérias de 1961 e 1963 de “O Globo” porque suas denúncias são confirmadas na íntegra pela própria esquerda nos livros de Rollemberg e Mir. Tire os textos de “O Globo” e o argumento permanece. A força de citar as denúncias de “O Globo” está justamente no fato de que tais acusações já há alguns anos são confirmadas como verdadeiras pela própria esquerda em sua literatura, e não só pelos historiadores que não são de esquerda. Da mesma forma, você esquece (ou prefere esquecer) que apresento o editorial de “O Globo” publicado após a deposição de Jango logo depois de citar igualmente na íntegra DOIS editorias de “O Correio da Manhã” do mesmo período, e o faço justamente porque “O Correio da Manhã”, considerado à época um dos maiores jornais do país, fez ferrenha oposição à Ditadura Militar. A leitura é clara: mesmo o jornal “O Correio da Manhã”, que foi oposição à Ditadura Militar ao ponto de fechar devido à censura, apoiou a deposição de Jango tanto quanto “O Globo”. E mais: tanto quanto todas as demais mídias da época, como fiz questão de exemplificar citando na sequência os trechos de editoriais e matérias de mais oito jornais da época: “Jornal do Brasil”, “O Estado de Minas”, “O Estado de São Paulo”, “Folha da Tarde”, “A Razão”, “O Povo”, “Tribuna da Imprensa” e “O Dia”. Tão somente para não tornar o primeiro artigo dessa série maior do que já estava, citei ao fim apenas trechos das matérias desses outros jornais, mas tive ainda o cuidado de disponibilizar os links de cinco matérias da célebre revista “O Cruzeiro” sobre o movimento de 1964. Tudo isso apenas a título de demonstração do fato sabido de todos que estudaram sobre o período (ou viveram-no) de que a única mídia que não apoiou o movimento de 1964 foi o jornal “Última Hora”; TODAS as demais apoiaram a deposição de Jango.
Ademais, as informações contidas no trecho que cito do artigo publicado na revista “Seleções” não traz nenhuma informação contestada pelas esquerdas. Ninguém contesta que a UNE, que na época tinha cerca de 100 mil associados, publicava um jornal marxista que pregava a implantação do comunismo no Brasil, recebia anualmente 150 milhões de cruzeiros do governo federal e muitos de seus membros fizeram cursos e treinamentos na URSS, China e Cuba visando a implantação do comunismo no país. Ninguém contesta também que Jango era o maior latifundiário do Brasil, possuindo em seu nome mais de 7,7 mil quilômetros quadrados de terra, angariando esse patrimônio via corrupção. Tais fatos foram divulgados à exaustão à época.
Em segundo lugar, você chama de “achismo” a minha afirmação de que se ninguém tivesse feito nada o comunismo seria implantado no Brasil, porque, segundo você, bastava prender Brizola, Julião e desarticular a esquerda. Mas, caro Bruno, como fazer isso se era o presidente do Brasil quem apoiava e defendia Julião e Brizola, acobertando seus crimes contra a nação? Conta Rollemberg que, quando Jango recebeu documentos que mostravam o financiamento e treinamento de Cuba às Ligas Camponeses, simplesmente ele acobertou o caso e mandou todas as informações levantadas para... Fidel Castro! Como fazer isso, se o presidente do Brasil e Brizola defenderam juntos, em palanque, em 13 e 17 de março de 1964, reforma agrária sem indenização, desapropriação de empresas, nova Constituição segundo os ideais deles e, conforme palavras do próprio Brizola sob os aplausos de Jango, “fechamento do Congresso Nacional”? E quem foi que apoiou os militares de esquerda rebeldes, desrespeitando uma decisão do Supremo Tribunal Federal, que havia condenado seus atos ilegais? O presidente da República!
(Continua...)
(Continuando...)
Você ignora solenemente o cerne do problema, e que levou ao golpe: não tratava-se simplesmente de Brizola e Julião terem montado e armado sua turma, mas de o presidente da República estar apoiando-os, acobertando seus crimes e materializando, contra a vontade da maioria da população brasileira, as medidas deles para o país. Caro, se os militares não apoiassem o golpe, sabe o que aconteceria nas ruas do Brasil? Uma guerra civil! Leia as matérias dos jornais à época. Haveria derramamento de sangue nesse país, de milhares de mortos nas ruas. Se os militares não apoiassem a deposição, como o povo queria, ainda que não houvesse a implantação do comunismo no Brasil, seria ao custo de milhares de mortos. Quem viveu a época sabe disso.
Agora, você me fala de Brizola DEPOIS DO GOLPE não ter conseguido nem mil pessoas para levar adiante sua proposta de implantação do comunismo no Brasil como prova de que os comunistas não eram tantos assim. Graças a Deus, isso só foi possível porque os militares, DURANTE O GOLPE, desarticularam a rede de mais de 50 mil militantes da brigada de Brizola (que ele chamava de “Exército Popular de Libertação”) espalhados pelo Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Guanabara, São Paulo e Minas Gerais, assim como prenderam e exilaram os milhares de Julião em Pernambuco, Goiás, Minas Gerais etc. Uma coisa é antes do golpe, outra é depois do golpe. Você fala de 1.416 terroristas depois do golpe para argumentar sobre o apoio a Jango, Brizola e Julião antes do Golpe. São coisas diferentes.
Outra coisa: você minimiza as ações do terrorismo de esquerda, que provocou o AI-5. Você ignora (ou prefere ignorar) as ações do terrorismo de esquerda no Brasil ANTES DO AI-5. Além de os comunitsas terem matado cerca de mil pessoas em 1935 na Intentona, o terrorismo de esquerda já havia matado, só de 1964 a 1968, exatas 19 pessoas, assaltado dezenas de bancos e roubado dezenas de carros, além de ter deixado gente paraplégica (um deles, um civil, vive até hoje em São Paulo), gente sem perna, gente sem mão, devido a bombas em atentados. Detalhe: 9 desses primeiros 19 mortos antes do AI-5 eram civis e nenhum dos outros 10, que eram militares, morreu em confronto. Foram explodidos ou capturados e mortos a coronhadas. Isso ANTES DO AI-5, antes de qualquer truculência. Só no ano de 1968, nos meses que antecederam o AI-5, foram 12 assassinatos. Quando o país caminhava para a abertura, o regime endureceu por causa desses criminosos terroristas, cujos manuais de guerrilha, que ficaram para a posteridade, afirmam explicitamente que NÃO LUTAVAM PARA TRAZER DE VOLTA A DEMOCRACIA, MAS PARA IMPLANTAR UMA DITADURA COMUNISTA NO BRASIL. Todos eles. Na segunda parte do meu artigo, vou citar cada um dos atentados ANTES DO AI-5, juntamente com o nome de todos os mortos, assaltados e aleijados pelos terroristas ANTES DO AI-5.
Finalmente, sobre a questãos dos Estados Unidos e as ditaduras: você não entendeu nada do que eu disse. Eu não disse que negava que os Estados Unidos financiaram e apoiaram ditaduras (releia o que eu disse) – Frisei até que já havia dito isso no artigo! –, somente lembrei que os EUA fizeram isso DEPOIS da URSS começar a apoiar, financiar, treinar e armar grupos de esquerda para implantar o comunismo em vários países. A ação dos EUA foi uma reação à URSS. A URSS tinha um plano de implantação do comunismo no mundo e os EUA reagiram a isso.
(Continua...)
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Vamos a outro ponto agora. Bruno, você acha absurdo a filial de uma empresa multinacional que já paga impostos em nosso país e abre milhares de portas de emprego aqui mandar boa parte do seu lucro para a matriz, só investindo na filial daqui o necessário para o seu próprio desenvolvimento e expansão por aqui? Você acha que o Brasil pagou o FMI no governo Lula só porque era governo Lula? Você ignora que o Brasil só pôde pagar o FMI durante o governo Lula porque seguiu à risca o mesmo modelo econômico ao qual xingava tanto, mesmo sabendo que esse modelo era bom para o Brasil (o crescimento econômico que o Brasil experimentou foi justamente dentro desse modelo)?
Quanto a FHC e Serra, me espanta sua pergunta. Você me conhece. Você sabe que não sou fã de nenhum dos dois nem do PSDB. Quando voto, voto naquele que, a meu ver, é menos ruim. Por exemplo, é certo que em Dilma eu não voto! Se acontecer de votar no Serra, será sem satisfação, apenas por não ter melhor opção. A não ser que anule meu voto (raramente o faço; só o fiz uma vez).
Sobre a perda de popularidade do regime militar: começou só no início dos anos 80, devido à crise econômica e à demora do regime em voltar a democracia plena depois de promulgada a Lei de Anistia.
Sobre o nazismo não ser socialista: Nazismo é exatamente a contração de Nacional Socialismo. Os nazistas defendiam sua própria visão de socialismo, só substituindo a luta de classes pela luta de raças. Na Alemanhça de Hitler, o poder total foi dado ao Estado; como na União Soviética, a propriedade era privada “de jure” e estatal “de facto”; a propriedade tornou-se apenas uma permissão do Estado que poderia ser confiscada quando o Estado desejasse, e sem direito a indenização; e o Estado nomeava e mudava todos os dirigentes das empresas, determinava o que seria produzido, o quanto seria produzido, quando seria produzido, por qual método, para quem seria produzido, para quem o produto seria vendido e o preço dos produtos.
Leia a seguir um trecho de um discurso de Adolf Hitler, citado pelo seu célebre biógrafo John Toland, em sua obra “Adolf Hitler: The Definitive Biography”, de 1976: “'Nós somos socialistas, nós somos inimigos do atual sistema econômico capitalista para a exploração dos economicamente fracos, com seus salários injustos, com sua indecorosa avaliação do ser humano de acordo com a riqueza e a propriedade em vez de sua responsabilidade e desempenho, e nós estamos todos determinados a destruir esse sistema sob todas as condições”.
Quando Hitler rompeu com os comunistas na Alemanhã disse que estava dando “fim a esses socialistas para que o verdadeiro socialismo viva”. Leia mais de Hitler: “Quem quer que esteja preparado para fazer da causa nacional a sua própria, em tal extensão que saiba não haver maior ideal que a prosperidade de sua pátria; quem quer que haja compreendido nosso estupendo hino nacional, ‘Deustchland über Alles’, para significar que nada neste vasto mundo ultrapassa, a seus olhos, a Alemanha, povo e terra – esse homem é um socialista” (“Ascenção e queda do III Reich”, pág. 139).
(Continua...)
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Hitler explica em carta a seu colega Strasser, depois de romper com os colegas soviéticos, que o socialismo ideal que ele pregava deveria se concentrar na luta entre classes raciais superiores e inferiores, e não entre classes econômicas: “Sou socialista, mas de um gênero de socialismo diferente daquele do vosso rico amigo Reventlow. Eu fui um trabalhador dos mais comuns. Não toleraria que o meu motorista comesse pior do que eu. Mas a vossa variedade de socialismo é apenas marxismo. A massa de trabalhadores quer apenas pão e divertimento. Jamais compreenderão o sentido de um ideal, e não podemos ter a esperança de conquistá-los para uma causa. O que temos que fazer é selecionar, numa nova categoria de senhores, homens que não se deixarão governar, como vós, pela moral da piedade. Aqueles que governam devem saber que têm o direito de governar porque pertencem a uma raça superior. Devem manter esse direito e consolidá-lo de maneira implacável. (…) O que pregais é liberalismo, nada mais que o liberalismo. Existe apenas uma espécie de revolução possível, e ela não é nem econômica, nem política, nem social, mas racial, e será sempre a mesma coisa: a luta entre as classes inferiores e as raças superiores que estão no poder. Se, algum dia, a raça superior esquecer essa lei, estará acabada! Todas as revoluções – e eu estudei com dedicação e cuidado – foram raciais…” (Diálogo entre Hitler e O. Strasser narrado por Otto Strasser em “Hitler and I”, Londres, Jonatham Cape, 1940, pág. 114, conforme citado em “Os fascismos”, de Thierry Buron e Pascoal Gauchou, obra da Zahar Editora, edição de 1980, págs. 105 e 106).
Na obra já citada de Toland, encontramos mais afirmações de Hitler sobre seu socialismo, tais como: “Eu não sou apenas o vencedor do marxismo. Se se despoja essa doutrina de seu dogmatismo judeu-talmúdico, para guardar dela apenas o seu objetivo final, aquilo que ela contém de vistas corretas e justas, eu sou o realizador do marxismo” (Pág. 211); “Eu aprendi muito do marxismo, e eu não sonho esconder isso. O que me interessou e me instruiu nos marxistas foram os seus métodos. Todo o Nacional Socialismo está contido lá dentro. (…) O Nacional Socialismo é aquilo que o marxismo poderia ter sido se ele fosse libertado dos entraves estúpidos e artificiais” (páginas 211 e 212); “Os ensinamentos da revolução, eis todo o segredo da nova estratégia. Eu os aprendi dos bolchevistas e não tenho vergonha de dizer isso” (Pág. 26); “É por isto que lhes digo que o Nacional Socialismo é um socialismo em devir, que não se completa nunca, porque seu ideal se desloca sempre” (Pág. 214).
E, por favor, compre e adquira o DVD “The Soviet Story”! Ele se baseia em arquivos (textos, documentos e imagens – fotos e vídeos – que até então eram desconhecidos, até que foram abertos, nos últimos anos, arquivos preciosos do Leste Europeu referentes às décadas de 30 em diante. Trata-se de um documentário oficial produzido pelo Parlamento Europeu. Vale a pena!).
(Continua...)
(Concluindo...)
Sobre o fascismo e a esquerda, favor ler Eric Voegelin, Hayek (“O Caminho da Servidão”) e Mário Ferreira dos Santos (“Análise de Temas Sociais”). Quanto a Goldberg, ele não faz insultos. Li o livro todo e não vi insultos em nenhuma parte. Ele não fica fazendo “gracinhas”, “piadinhas” ou coisa do tipo. Todas as suas afirmações são feitas com seriedade e sustentadas com fontes. Ele critica a esquerda americana sem baixar o nível. Agora, “Era dos Extremos” de Hobsbawn? Não precisa emprestar. Tive que adquirir e ler aquele troço para fazer trabalho na faculdade. Prefiro mil vezes “Tempos modernos” e “Os Intelectuais”, ambos de Paul Johnson. Quanto a Hobsbawn ser científico, discordo. Só se você achar que para ser científico tem que ser marxista. Como bom comunista de carterinha que Hobsbawn sempre foi (desde a juventude membro do Partido Comunista) e fã do carniceiro Che Guevara, ele usa e defende o materialismo histórico e dialético de Marx como único método de entendimento da História. Aliás, já notou que ser científico hoje, em Ciências Humans, é usar o materialismo histórico e dialético?
Bruno, você já notou que a maioria esmagadora dos professores das faculdades é de esquerda? Que os livros indicados nas universidades são ideologicamente de esquerda? Que a história é sempre interpretada conforme a ótica da esquerda? Você sabe por que as universidades são hoje assim? Já leu sobre a Escola de Frankfurt e sobre o método gramsciniano?
Medite um pouco nisso.
Abraço!
P.S.: No calor do debate, às vezes posso ter falado alguma coisa em algum tom que não gostaria de imprimir. Destaco isso porque o irmão é meu amigo e não quero que confunda diferenças em torno desse assunto com amizade, ok? Aliás, acho que ficou claro que (1) não desaprovo o apoio à revolução de 1964 (e você desaprova) e (2) repudido a Ditadura Militar – que veio depois (e que você também desaprova), embora eu entenda as razões pelas quais a igreja evangélica não se empenhou em alguma oposição ao regime mesmo sendo ela uma defendesora da democracia. Além disso, repudio quem torturou na repressão tanto quanto o terrorismo de esquerda (razão pela qual defendo que ou a Lei de Anistia permaneça ou acabe por inteiro – e não só para um lado –, o que faz com que os dois lados – quem torturou e matou na cadeia e quem fez terrorismo, matou e torturou em nome do ideal comunista – paguem. Particularmente, prefiro que permaneça a Lei da Anistia e que os arquivos sejam abertos só para memória, e não para julgamento de um lado ou de outro). Saliento sinteticamente esses meus posicionamentos sobre o assunto para que nós não venhamos a nos estender em longos textos de um lado e do outro quando, mui provavelmente, discordamos apenas no periférico e não no essencial.
Nobre pastor Silas Daniel, a Paz do Senhor Jesus
Meu nome é Ivanete e sou membra da Assembléia de Deus em Jaguaré, Espírito Santo. Conheço todas as tuas obras publicadas pela CPAD e gosto muito de ler seus artigos em periódicos da nossa Casa Publicadora. A minha oração é para que o Senhor continue te usando poderosamente através da Santa Palavra de Deus.
Pastor Silas, o motivo pelo qual lhe escrevo este e-mail é para solicitá-lo, dentro de suas possibilidades, algumas dicas sobre como começar a escrever a história de minha congregação e a biografia de alguns pastores que lideraram a mesma. Eu, juntamente com alguns irmãos, estou querendo registrar a história de fundação até o momento atual de nossa igreja, mas não sei como e por onde começar.
Por isso, venho lhe pedir uma orientação sobre quais sãos os primeiros passos para começar essa empreitada. Desejo saber também quais são os fatos relevantes que devem ser registrados etc.
Temos ainda alguns pastores vivos que presidiram nossa igreja. Assim, queria saber também quais são as perguntas que posso fazer a cada um deles de forma a escrever uma biografia sobre a vida e o ministério de todos eles. Querido pastor, se não for pedir muito, você poderia elaborar algumas dessas perguntas para mim?
Pastor Silas, desde já agradeço sua atenção e estarei aguardando sua resposta pelo meu e-mail ivanete.musica@hotmail.com
Atenciosamente,
Ivanete.
Caro André,
Falei de Jorge Amado sim! Puxa, André, você não teve paciência de ler tudo que escrevi. Mas, não há problema. Reproduzo aqui o que gravei na resposta da semana passada: “Finalmente, sobre o comunista Jorge Amado, reconheço seu esforço em defender a liberdade religiosa em nosso país. Porém, seu comportamento não pode ser considerado como padrão, pois os seus colegas comunistas eram, em sua quase totalidade, materialistas antiteístas, rechaçando a religião. Ademais, em todos os países onde os comunistas tomaram o poder houve perseguição religiosa. E com um detalhe: logo que assumiram, suas cartas magnas falavam, todas elas, de ‘liberdade religiosa’, que nunca existiu”.
Bem, sobre sua conjectura acerca da minha orientação política, pouparei você de tentar adivinhá-la. É simples:
Em primeiro lugar, não tenho simpatia nenhuma pela ideologia de esquerda porque o sistema socialista é absolutamente incompatível com a democracia. A democracia é uma instituição que consiste, essencialmente, na defesa das individualidades, enquanto o socialismo desrespeita as individualidades em prol de um ideal coletivista, o que a faz só poder ser implantada e subsistir via totalitarismo. Aliás, já dizia Alex Tocqueville, cientista político francês, no século 19, e com acerto: “A democracia e o socialismo não têm nada em comum além de uma palavra: igualdade. Mas, eis a diferença: enquanto a democracia procura igualdade na liberdade, o socialismo procura igualdade nas restrições e servidão”.
Não precisa de nenhuma ginástica intelectual para identificar que uma distribuição igualitária da renda é incompatível com a liberdade. Para que um país seja socialista, é preciso que todo o povo aceite espontaneamente o socialismo, o que é impossível. Todos precisariam se submeter ao sistema; se não, o governo teria que usar a coerção. É por isso que o socialismo, todas as vezes em que foi implantado, o foi via totalitarismo. Aliás, os socialistas nunca esconderam o uso da força como imprescindível para implantação do socialismo, pois sabiam que é impossível a totalidade de um povo aceitar um sistema desses. A maioria esmagadora, por razões óbvias, nunca aceita. Por isso os mais de 40 milhões de mortos na URSS, os 70 milhões na China, os cerca de 100 mil em Cuba, os milhões em Camboja e Coréia do Norte etc. A estratégia gramsciniana, porém, propõe uma outra alternativa (utilizada no Brasil e em outros países): uma revolução cultural lenta e progressiva de décadas, via escolas e faculdades, fazendo com que as próximas gerações sejam formadas por gente simpática ao socialismo e preconceituosa em relação ao liberalismo econômico.
A idéia de Gramsci era criar uma hegemonia cultural de esquerda para que, com o passar do tempo, a maioria dos formadores de opinião fossem simpáticos à esquerda, a maioria dos jornalistas nas redações fossem simpáticos à esquerda, a maioria da população, e, assim, fossem eleitos democrática e majoritariamente candidatos de esquerda, fazendo com que, aos poucos, a direita de fato diminuísse ao ponto de praticamente desaparecer, sendo a divisão entre esquerda e direita substituída lentamente pela divisão entre “esquerda carnívora” versus “esquerda herbívora” (ou light), e os pouquíssimos da direita, para sobreviver, se contentassem em formar a base de apoio da “esquerda light”, que seria o maior nível de “direitismo” aceito em uma hegemonia de esquerda. Então, via hegemonia cultural de esquerda e aparelhamento de Estado, o socialismo se instalaria em um país.
(Continua...)
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O problema dessa estratégia de Gramsci é que, no final, ela falha, porque à medida que o processo se afunila em uma sociedade, o socialismo terá que chegar aos “finalmentes”, implantando a distribuição igualitária de renda, e aí, mesmo entre os anestesiados, surgiriam protestos. O socialismo mantido por meios democráticos é simplesmente impossível. É por isso que, sabendo que o socialismo é incompatível com a democracia, teóricos de esquerda que tentaram permanecer de esquerda sem deixar de serem democráticos fizeram verdadeiras ginásticas nas últimas décadas em seu empenho em dar um novo sentido ao termo socialismo, no qual a idéia e os ideais de socialismo pudessem ser associados sem problema ao conceito de democracia, conquanto a teoria marxista-leninista nunca tenha previsto essa associação em suas obras. O máximo que esse movimento da social-democracia, com nomes como Norberto Bobbio e Ralph Miliband, conseguiu foi, na prática, transformar, com certa vergonha, a social-democracia em mais uma nome para a democracia liberal. Miliband chegou a arrancar risos entre acadêmicos liberais nos anos 90 ao escrever que “A democracia socialista teria as características da democracia liberal, incluindo o domínio da lei, a separação dos poderes, liberdades civis, pluralismo político e uma sociedade civil vibrante”. É a vergonha de dizer que não era mais socialista... Hobsbawn chegou a ser mais sincero, ao dizer que não havia essencialmente diferença alguma entre a democracia liberal e a tal social-democracia. Perguntou ele retoricamente: “Será que existe realmente uma linha separando economias mistas não-socialistas das socialistas? E, se houver, onde deve ser traçada e o que distinguiria as sociedades do lado socialista das que estão do lado não-socialista?”.
Dessa forma, o socialismo passou a ser em nossos dias apenas um movimento que objetiva a dita “justiça social” (termo cujo conceito é de uma elasticidade ímpar), deixando de lado sua definição clássica sobre forma de produção, que só subsiste entre os socialistas puristas.
Portanto, quando o discurso de alguém da esquerda se resume apenas em apresentar idéias funcionais para ajudar no melhor tratamento de questões sociais, não vejo problema algum. O problema começa quando se começa a pregar o sistema socialista como o melhor para o país. E quando falo de propostas funcionais para a área social, não estou sugerindo aqui que só as esquerdas tenham sugestões e dedicação a essa área. Infelizmente, criou-se na cabeça das pessoas essa idéia sem sentido de que preocupação com o social é exclusividade das esquerdas. Nunca foi. Primeiro, preocupar-se com o problema das pessoas tem a ver com o caráter da pessoa. Segundo, ano após ano, pesquisas têm mostrado que, para frustração dos fãs de estereótipos e mitos ideológicos de esquerda, quem mais se interessa em ajudar na área social e mais investe nessa área não são grupos ou pessoas ligadas ideologicamente à esquerda, mas, muito ao contrário, defensores do liberalismo econômico (Leia a obra “Who Really Cares: The Surprising Truth About Compassionate Conservatism”, lançada em 2006 e de autoria de Arthur Brooks, professor da Universidade de Syracuse). Detalhe: a pesquisa fala não só em liderança em termos de valores pecuniários investidos, mas de quantidade de pessoas e grupos dos dois lados envolvidos em causas sociais. Friso isso porque alguém pode pensar que trata-se de uma maioria apenas em termos de valores financeiros investidos e não também em quantidade de pessoas envolvidas.
(Continua...)
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Em segundo lugar, considero o liberalismo econômico a melhor alternativa, mas isso é bem diferente de achá-lo perfeito. Longe disso. Não sou do tipo que oferece encômios ao “deus mercado”. Não sou da “religião do liberalismo econômico”. Deus só há um, a quem rendo toda honra, toda glória, todo louvor e toda a minha vida. O apoio natural que dou ao liberalismo econômico se dá pela sua funcionalidade. O liberalismo econômico é o único sistema que funciona. Tem imperfeições, como qualquer sistema humano tem, mas é o único que funciona. E como cristão que sou, sempre defenderei uma regulação do mercado – no sentido ético – e o império das leis.
E em terceiro e último lugar, como cristão, sou socialmente conservador. Não sou e nunca fui liberal socialmente. Por via das dúvidas, explicito o que é conservadorismo social: não sou a favor do aborto, nem da legalização de drogas etc.
Bem, explicado isso, vamos a outros pontos.
Sobre o pronunciamento dos PCs italiano e espanhol, você os trata como se os PCs italianos sempre tivessem essa posição. Aquele pronunciamento do PC italiano, bem como seu congênere espanhol, foi uma REVISÃO dos posicionamentos até então seguidos por esses PCs. Os comunistas do PC italiano e do PC espanhol tinham originalmente em seus projetos políticos oficiais a tomada do poder pelas armas. Só depois foi que abandonaram as armas.
O que você apresenta não é o comunismo como ele é, mas os comunistas italianos e espanhóis em sua fase de reforma para serem aceitos, abandonando a revolução pelas armas e o antiteísmo, tão somente porque perceberam que, se não o fizessem, continuariam sendo impopulares em seus países. Aliás, o dissidente italiano Gramsci já havia “cantado a pedra anos antes”. Na cadeia, Gramsci chegou rápido à conclusão de que a revolução pelas armas era impossível e o antiteísmo, que é um dogma fundamental do comunismo, afastava o povo do Partido Comunista Italiano.
Então, estrategicamente, eles abandonaram o antiteísmo e a luta armada. Foi só em 1948, depois de décadas de existência, que o PCI anunciou o fim da estratégia da tomada de poder pelas armas e, em 1956, anunciou que tentaria assumir o poder pelas vias democráticas. Porém, nem todos os comunistas aderiram à proposta, que foge dos dogmas originais do comunismo. Puristas criaram então as Brigadas Vermelhas e os Proletários Armados pelo Comunismo (PAC), a qual pertenceu Battisti.
Dizer que as Brigadas Vermelhas e o PAC de Battisti não representavam o movimento comunista italiano (só porque eram mais puristas ideologicamente que o PCI, usando a violência para a tomada de poder) é um erro e uma tentativa de passar a impressão de que “o comunismo de verdade não é assim”. Ou seja: “Veja, eles fizeram isso lá atrás, mas depois mudaram. Comunismo não é tão mau assim. Só os loucos puristas continuaram na luta armada...”. Ademais, sempre se viu com suspeita esse anúncio de novo posicionamento do PCI, porque mesmo este dizendo que havia rompido com a visão da luta armada e de antiteísmo do Partido Comunista da URSS (PCUS) – o qual o PCI passou a criticar para dizer que havia rompido com os soviéticos –, o PCI, bem como o PCE, CONTINUARAM RECEBENDO MILHÕES do criticado PCUS. Curioso, não? Os “moderados” PCI, PC francês, PCE e PC dos EUA receberam dezenas de milhões de dólares do governo soviético mesmo depois de dizerem que “romperam com os ideais de Moscou”. De 1971-1990, só o PCI teria recebido 47 milhões, o PC francês 50 milhões e o PC dos EUA, 42 milhões. A fonte é “Histoire de l'espionnage mondiale”, volume 2, p. 268 e 269; obra de autoria de Genovefa Étienne e Claude Moniquet, publicada pela Éditions du Félin em 2001.
(Continua...)
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Só mais uma coisinha sobre o PC da Espanha: décadas antes de anunciarem seu arrependimento e mudança, os comunistas do PC espanhol chacinaram milhares de padres e católicos em geral e destruíram centenas igrejas nos quatro meses que antecederam a Guerra Civil Espanhola. Foram 160 igrejas incendiadas, 270 assassinatos, 345 greves e o fechamento de 10 jornais. O historiador Hugh Thomas, no segundo volume de sua célebre obra “A Guerra Civil Espanhola”, publicada pela Editora Civilização Brasileira, escreveu sobre aqueles dias: "Em tempo algum no curso da história da Europa, talvez mesmo de todo o mundo, viu-se um ódio tão apaixonado à religião e suas obras". Só na Diocese de Barbastro os comunistas do PCE, auxiliados por seus colegas anarquistas, mataram 123 dos 140 ministros católicos que ali residiam. Só não mataram todos porque os outros 17 conseguiram fugir.
A obra de Thomas fala de “espancamentos brutais, vazamento os olhos, mutilações, queimaduras com cigarros, choques elétricos. (...) Aos frades de Cernera arrebentaram-lhes os tímpanos enfiando-lhes nos ouvidos contas de rosário. Muitos padres foram queimados vivos, outros foram enterrados com vida depois de terem sido obrigados a cavar suas sepulturas. A uma senhora, mãe de dois jesuítas, enfiaram pela boca um crucifixo. Não foram poucos os casos de pessoas atadas a um veículo e arrastadas por ele até morrer”.
Esse comunistas espanhóis...
Mais dois relatos (há de se ter um pouco de estômago para lê-los):
“Carlos Bosch Massó de Riudarenas foi aprisionado na noite de 22 para 23 de setembro de 1936 juntamente com suas irmãs, uma delas religiosa dominicana e a outra solteira. Tais foram os horrores praticados com as jovens que Carlos Bosch pediu para ser morto para não ver o que ocorria. Um bolchevista aproximou-se dele e arrancou-lhe os olhos com um punhal, gracejando: ‘Agora, olharás e não verás’".
“O coadjutor claretiano Fernando Saperas foi preso a 18 de agosto de 1936 por uma patrulha de milicianos de Cervera. Ao exigirem que blasfemasse, confessou ser religioso. Então, os algozes resolveram, antes de matá-lo, forçá-lo a pecar. No próprio carro, despiram-no e começaram a pressioná-lo para que consentisse em cometer ações infames. O religioso resistiu heroicamente. Tentaram primeiro embriagá-lo e, não logrando seu intento, conduziram-no a uma casa de prostituição, onde procuraram coagi-lo física e moralmente. As próprias prostitutas revoltaram-se com a atitude dos marxistas e os expulsaram. Daí se dirigiram para outras casas de prostituição. Saperas dizia que o matassem, mas que jamais pecaria. Essa tortura atroz durou 15 horas. Fernando Saperas finalmente foi conduzido ao cemitério de Tárrega e lá fuzilado”.
Uma prática muito comum dos comunistas durante a Guerra Civil Espanhola foi a profanação de sepulcros. Em 20 de julho de 1936, eles invadiram diversos conventos femininos, abriram os sepulcros e expuseram os cadáveres das religiosas nas portas de suas igrejas.
Vamos aos dados finais: Durante a Guerra Civil Espanhola (julho de 1936 a abril de 1939 – ou seja, 2 anos e 9 meses), foram assassinados pelos comunistas e anarquistas espanhóis 6.861 religiosos, sendo 12 bispos, 4.184 padres, 300 freiras e 2.363 monges. O historiador Anthony Beevor fala de 13 bispos, 4.184 padres, 283 freiras e 2.365 monges. Ah, sim: foram destruídas cerca de 20 mil igrejas na Espanha. Até algumas das pouquíssimas igrejas protestantes da Espanha entraram na mira por tabela.
Eis a história dos comunistas na Espanha (E com isso não estou sugerindo que concordo com a ditadura de Franco, que matou cerca de 60 mil pessoas. Tenho asco da ditadura fascista do carniceiro Franco, assim como repudio e rechaço veementemente os carniceiros comunistas da Espanha. Aqui, nada de “dois pesos duas medidas”).
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Sobre Moltmann não ser liberal, mas “moderado”: Caro, não raciocínio na lógica hegeliana “tese + antítese = síntese”. Se Moltmann não é conservador, logo... não é conservador! Nunca fui fã dessas gradações criadas pela turma simpática ao / condescendente com o liberalismo: “Fulano é meio-conservador”; “Beltrano é meio-liberal”; “Cicrano é 70% conservador e 30% liberal”, “Zazá é 57,9% liberal e 42,1% conservador” etc. Com isso não estou dizendo que não haja nada de aproveitável nos denominados “moderados” (leia-se “liberal light”). Há, mas isso não me leva a aliviar ou eufemizar seus erros, ainda mais quando estes erros levaram muita gente a caminhos extremamente reprováveis; nem me leva a deixar de chamá-los pelo seu nome (li-be-ra-lis-mo).
A Teologia da Esperança é mistura forçada entre teologia e marxismo. O seu mal não foi só por ter influenciado a herética Teologia da Libertação (aliás, Gustavo Gutiérrez, autor do livro “Teologia da Libertação”, de 1971, confessadamente cita, nessa sua obra, o livro “Teologia da Esperança” de Montmann, publicada em 1964, como sua inspiração), mas por ser ela mesma uma distorção da escatologia bíblica. Montmann submeteu sua teologia ao materialismo histórico e dialético marxista, fazendo forçosamente as promessas de Deus relativas ao total estabelecimento do Reino de Deus na Terra no futuro como sendo uma referência à utopia marxista do fim do processo histórico. Por isso muitos de seus seguidores, como os liberacionistas, afirmavam com todas as letras: “Lutamos pelo estabelecimento do Reino de Deus na Terra, e entendemos que este Reino é socialista”.
Aliás, nos primeiros contatos entre Montmann e os liberacionistas, ele criticou alguns deles por não serem suficientemente marxistas em sua teologia. Disse Montmann recentemente em uma entrevista: “Houve um ponto de conflito não com Gutiérrez, mas com outros teólogos: o modo como usavam o marxismo era tão superficial, no meu entendimento de Marx e da realidade, que escrevi a alguns deles e isso provocou conflitos, depois ultrapassados”. Veja: Montmann entrou em atrito (passageiro) com alguns dos primeiros adeptos da Teologia da Libertação apenas porque, no início, alguns deles ainda adotavam um “marxismo superficial”!
A escatologia de Montmann é herética, porque faz do homem o construtor do fim da História. Em Montamnn, não é Deus quem estabelece o Reino de Deus na Terra depois do fim dos reinos humanos, mas é o próprio homem que o faz “movido pela esperança”. Enfim, Montmann prega a esperança da instauração de um mundo perfeito pela atividade humana, com os seres humanos vistos como construtores do fim da História. Assim, a esperança bíblica do Reino de Deus foi substituída pela esperança do reino do homem, pela esperança de um mundo melhor pelas mãos humanas e que seria o verdadeiro “Reino de Deus”.
A nossa bendita esperança é o próprio Deus, o único que pode dar aquilo que, sozinhos, não podemos conseguir: o estabelecimento final do Reino de Deus. Logo, enquanto estou aqui na Terra, faço minha parte como sal e luz deste mundo, e o faço (1) movido pelo amor de Deus e (2) consciente de que não sou eu quem vai estabelecer definitivamente o Reino de Deus na Terra, mas, sim, Deus. Apenas procuro ser bênção para minha geração, mas sem cair em nenhuma tentação boba de missão messiânica coletivista. É Deus o Senhor e construtor da História, e não eu.
(Continua...)
(Continuando...)
Sobre a ressurreição de Jesus como pilar da teologia de Moltmann: Caro André, Montmann diz que não importa se a ressurreição ocorreu mesmo ou não, mas só a crença nela, e justifica dizendo: “Porque o homem não pode viver sem esperança”. Todas as vezes em que ele foi perguntado sobre se crê mesmo na ressurreição de Jesus (e fazem essa pergunta a ele quase sempre em entrevistas justamente pela forma ambígua como aborda essa doutrina em sua obra “Teologia da Esperança”), Montmann afirma que particularmente crê na ressurreição de Cristo, mas que o mais importante para o cristianismo e o mundo é a mensagem da ressurreição de Jesus e não se essa ressurreição de fato aconteceu ou não. Para ele, o mais importante é a metáfora da esperança contida na história da ressurreição de Jesus: Depois do sacrifício, vem a ressurreição; logo, depois do nosso esforço como construtores da História, virá o mundo novo e melhor.
Citemos Montmann textualmente em “Teologia da Esperança”: “A questão não é se essa proclamação (da ressurreição) é correta no sentido histórico, mas se e como a proclamação é legitimada e necessariamente instada a ser vivida pelo evento do qual fala. (...) O evento da ressurreição de Jesus dentre os mortos é um evento que deve ser entendido somente no modo de promessa. Por conseguinte, o registro da ressurreição sempre terá que ser lido escatologicamente à luz da questão ‘O que posso esperar?’”.
Enfim, para Montamnn, o Deus das Escrituras e a fé não são fundamentais, mas só a esperança que, nesse caso, é a esperança do homem por uma nova e melhor ordem mundial. Sintética e teologicamente falando: Em Montmann, a esperança é mais importante do que a fé. Entendeu?
Esses são os erros de Moltmann em sua “Teologia da Esperança” que, ao lado do Evangelho Social e da Teologia da Libertação, influenciaram muitos cristãos nos anos 60 e 70 a enveredarem por caminhos equivocados na área política-ideológica. Alguns evangélicos entraram até na guerrilha com Montmann na cabeça.
Isso, caro André, não tem nada a ver com ser amilenista, pós-milenista, pré-milenista, pré-tribulacionista, midi-tribulacionista e pós-tribulacionista. Desnecessariamente, você se prende a essas rusgas em torno de pontos doutrinários periféricos, e que acabam sendo cortina de fumaça para o cerne da questão em torno da escatologia de Montmann. Aliás, aproveito para lembrá-lo (ou informá-lo, se você não sabe) que já escrevi aqui, neste blog, em 2008, em resposta a uma pergunta sobre escatologia bíblica (e já disse também em meu livro “A Sedução das Novas Teologias” e ministrando em um seminário teológico promovido por uma faculdade evangélica) a obviedade de que, apesar de ter meu posicionamento definido em relação à Grande Tribulação e ao Milênio (e que se alinha ao posicionamento de minha denominação), esses não são pontos doutrinários fundamentais da fé cristã. Caro, muitos irmãos em Cristo calvinistas, que se opõem a Moltmann, são amilenistas. O problema de Moltmann não está nesses “a”, “pós”, “prés” e “midi”, mas no que consiste seu entendimento sobre o estabelecimento final do Reino de Deus na História, sobre o que é e como se dará, bem como o uso que faz da doutrina da ressurreição de Cristo.
(Continua...)
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Mas, os erros de Moltmann não são só esses. Quando critiquei sua teologia em “A Sedução das Novas Teologias” não foi pelo conteúdo marxista de sua teologia, que nem é tão nova (já tem quase meio século). O foco em meu livro era outro. Cito-o na introdução do capítulo sobre Teísmo Aberto por ser a teologia de Montmann uma das bases desse modismo teológico liberal (a outra é a Teologia do Processo).
Para Moltmann, Deus tem um futuro cheio de possibilidades pela frente; Ele se arrisca, sofre mudanças e é vulnerável. Todas essas visões são comuns no Teísmo Aberto (ou Teologia Relacional) e foram herdadas de Moltman e Pannenberg por Pinnock, John Sanders e outros defensores da Teologia Relacional. Pinnock, inclusive, já admitiu isso em entrevista.
Em seu "O Deus crucificado" (1972), Moltmann enfatiza a imanência divina em detrimento da transcendência divina, apresentando Deus como um ser passível, que não está além do tempo, mas sempre nele e, por isso, deve ser entendido como “um sofredor de amor”. Para Moltmann, a imutabilidade de Deus deve ser reinterpretada, não significando uma imutabilidade literal, mas apenas possível e não usufruída por opção própria de Deus. Para ele, “Deus só não pode ser forçado a mudar ou a sofrer alguma coisa externa a Ele mesmo, mas isso não exclui duas outras possibilidades: Deus é livre para mudar a Si mesmo e, mais significativamente ainda, Ele é livre para permitir a Si mesmo ser modificado pelos outros, permitir outros fazerem-no sofrer”. Diz ele ainda, em "A Igreja no Poder do Espírito" (1975), que “o futuro está aberto tanto para Deus quanto para os homens”.
E como se não bastasse tudo isso, o teólogo alemão afirma ainda que a missão da Igreja deve ser reinterpretada, não devendo mais ficarmos insistindo na mensagem da “Salvação espiritual, individual e pessoal”. Moltmann assevera que a principal função da Igreja não é a mensagem da remissão dos pecados, mas, sim, “a realização da esperança da justiça, a socialização da humanidade e a paz para toda a criação”. Ele declara ainda que esse “outro lado da missão cristã”, que deve ser considerado principal, tem sido relegado pelo cristianismo nos últimos tempos.
(Continua...)
...Depois de tudo isso...
Jesus ainda salva!!!
Que o Senhor continue abençoando a cada um.
(Concluindo...)
Penúltimo tópico: Apesar de eu ter pacientemente provado a você, por fatos da época elencados em profusão e com detalhes, que Jango era pró-comunismo, você prefere não só continuar abrigando essa quimera de que ele não o era (o que é um direito todo seu) como também classificar-me como tresloucado por prová-lo (aí me ofende)?
Se Jango não era comunista por ser um latifundiário (que aumentou suas terras quando chegou ao poder), Fidel também não o é por ser o maior latifundiário de seu país (aliás, Fidel é o sétimo estadista mais rico do mundo, com fortuna de 900 milhões de dólares; tão rico como eram Stalin, Lênin, Mao etc).
Ademais, o Partido Comunista entrara na ilegalidade no Brasil desde a Intentona de 1935 e o ÚNICO partido que disponibilizava sua legenda para que os membros do PC se lançassem candidatos nas eleições era o PTB sob a ordem do seu presidente Jango. Mas, “Jango não era pró-comunismo”.
Todas as vezes que Jango se lançou candidato foi com o apoio do Partido Comunista; e já bem antes, quando foi escolhido ministro do Trabalho por Vargas, o foi pelo apoio que dava e recebia dos comunistas, segundo palavras do próprio Vargas. Mas, “Jango não era pró-comunismo”.
Jango defendeu, como presidente do país, a legalização do PC no Brasil. Mas, “não era pró-comunismo”.
Jango soube do financiamento, treinamento e armamento de Cuba para as Ligas Camponesas do deputado comunista Julião, e encobriu tudo (como o livro da professora Rollemberg, que é de esquerda, já citado em meu artigo, conta com detalhes). Mas, “Jango não era pró-comunismo”.
Brizola, cunhado de Jango e sua mão direita, formou e mantinha o chamado “Exército Popular de Libertação”, com aquelas “lindas” instruções que você deve ter lido no artigo, mas... “Jango não era pró-comunismo”.
Jango anunciou em comício, em 13 de março de 1964, que seu governo desapropriaria terras e empresas sem pagar indenização, mas... “Jango não era pró-comunismo”. E Brizola, no mesmíssimo comício, afirmou que, depois de criada a nova Constituição brasileira proposta por seu cunhado Jango, o Congresso seria fechado, sendo substituído por “assembléias de operários, camponeses e sargentos do Exército” (a substituição da democracia representativa pela democracia direta e plebiscitária liderada pelo proletariado), e Jango bateu palmas para Brizola na hora, mas... “Jango não era pró-comunismo”.
Enfim, vou parar por aqui essa recapitulação para não ser exaustivamente repetitivo.
Finalmente, caro André, você acha que, para mim, engajamento social é comunismo?
Veja como são as coisas: Você não me conhece, não leu meus livros e, mesmo assim, se arvora no direito de, do alto de seu total desconhecimento da minha pessoa e do meu pensamento, fazer julgamentos a meu respeito, usando como base para isso seus estereótipos ideológicos de que só quem se preocupa com o social e com engajamento social é o pessoal que é de esquerda.
Caro, já escrevi sobre a necessidade de engajamento social da Igreja várias vezes. Meu primeiro artigo publicado no jornal “Mensageiro da Paz”, órgão oficial da denominação a qual pertenço, foi sobre engajamento social da Igreja (isso há 12 anos) e o último capítulo do meu último livro (e que ocupa dezenas de páginas da obra) é exatamente sobre o tema “Só uma fé engajada e sob o poder do Espírito Santo pode impactar a sociedade”. Indico lê-lo.
Cara irmã Ivanete, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Verei no que posso ajudar a irmã nessa árdua mas prazerosa tarefa de que foi incumbida (Sei como é cansativo, mas recompensador, fazer pesquisas históricas - e, em muitos casos, mais recompensador ainda [devido à edificação] no caso de pesquisas relativas à história de igrejas). Breve entrarei em contato com a irmã. Quanto ao meu e-mail, ele é: silas.daniel@cpad.com.br
Abraço!
Caro Silas Daniel, a paz.
Acredito que o colega não compreendeu nada a respeito da teologia de Moltmann, ou se a compreendeu, fez questão de deturpá-la a fim de denegri-la ao grande público, geralmente néscio em assuntos teológicos.
Antes de analisar o pensamento teológico de Moltmann, gostaria de saber por que o irmão não respondeu a respeito da verdadeira inovação que é a chamada escatologia pré-milenista?! Por que não citou apenas um teólogo clássico que ensinasse tamanha heresia ou disparate? Obviamente, não vou considerar meus irmãos pentecostais como hereges pelo fato de seguirem esta teologia sem base alguma. No entanto, o companheiro adora denominar como heréticas certas linhas teológicas, mas a sua visão escatológica também poderia ser considerada como tal , já que nunca fez parte do credo tradicional cristão.
Voltemos a Moltmann. O teólogo reformado alemão nunca ensinou que o reino escatológico de Deus seria implantado por esforço humano. Tal idéia era defendida pelo liberalismo clássico alemão, escola repudiada por Moltmann. Para ele, o reino seria implantado EXCLUSIVAMENTE POR OBRA DIVINA, cabendo a humanidade, através de uma radical transformação social, apenas refletir de forma imperfeita o que seria esta nova era. Para Moltmann, a esperança de um novo céu e uma nova terra impulsiona o ser humano a lutar por um futuro totalmente novo, tendo a ciência de que qualquer atividade humana não passará de um prelúdio imperfeito.
Vejamos o próprio Moltmann;
" Como resultado desta esperança no futuro de Deus, este mundo presente se torna livre aos olhos do crente de todas as tentativas de auto-rendenção e auto-produção através de obras, e se torna aberto a um mistério amoroso de auto-doação no interesse de uma humanização das condições e nos interesses da realização da justiça, à luz da justiça VINDOURA DE DEUS".
Este claro trecho de sua magna obra, " Teologia da Esperança", desmente de forma enfática este grande equivoco, deixando claro que não será nenhuma obra humana que implantará o reino de Deus na terra. O cristão deve lutar pelo máximo de justiça, inclusive dialogando com marxistas, pelo fato de se sentir incomodado pela atual situação de miséria que reina no mundo, tendo sempre em mente que seus esforços, por mais importantes e revolucionários que sejam não serão responsáveis pela implantação do reino.
Para confirmar o que afirmo baseado no próprio Moltmann, prestemos atenção no que nos diz o professor Roger Olson;
" Jurgen Moltmann tornou-se famoso com a publicação de seu livro programático Teologia da Esperança em 1964. Nele, enfatizou a revelação como promessa e a salvação como obra histórica de Deus pertencente ao futuro. Colocou o reino de Deus no centro de suas reflexões teológicas, MAS EVITOU A IDÉIA LIBERAL DE IDENTIFICAR O REINO DE DEUS COM UMA SOCIEDADE HUMANA. Em vez disso, o teólogo alemão argumentou que SOMENTE DEUS PODE CONCRETIZAR SEU REINO E ASSIM O FARÁ, e que Deus deve ser entendido como o " poder do futuro" que irrompe na história impelindo-a para uma nova era de paz e justiça que só pode ser prevista por quem faz parte da história".
CONTINUAÇÃO
Claro, não ? A teologia de Moltmann é tão mais próxima da ortodoxia clássica cristã, se comparada à herética teoria dispensacionalista, pois guarda muitas semelhanças com o pós-milenismo e amilenismos clássicos. Vejamos.
- Para a teologia pós-milenista, o reino será implantado de forma definitiva por Deus, cabendo aos crentes, porém, aperfeiçoá-lo da melhor forma possível antes que Cristo volte, ressuscite os mortos, promova alguma espécie de julgamento final e reine para sempre. Uma leitura atenta de “Teologia da Esperança" notará, com pequenas diferenças, obviamente, grandes semelhanças com esta escola.
- Já o amilenismo é muito parecido com o já citado pós-milenismo, apenas não aceitando a idéia de um milênio literal. Moltmann, pelo fato de negar a literalidade deste suposto milênio, também guarda semelhanças com esta escola.
A ortodoxia de Moltmann é atestada pelo Rev.Oadi Salum, mestre em teologia sistemática e professor no Seminário Presbiteriano do Sul;
" Ao contrário de Charles Dodd e Oscar Culmann, Moltmann concebia o reino de Deus como uma realidade exclusivamente futura. A esperança do povo de Deus está posta no Reino de Deus que há de vir. Vive à Igreja a espera deste reino".
A acusação de que a teologia de Moltmann seria ligada à teologia do processo, também conhecida como teísmo aberto também não procede. Apenas uma leitura preconceituosa da obra de Moltmann chegaria a tal conclusão. Inclusive, pastor Silas, retirar textos do contexto, postando apenas pequenos fragmentos, não elucida nenhum tipo de conhecimento.
Novamente, recorro a Olson :
" O apelo da teologia escatológica, para muitos jovens pensadores protestantes nas décadas de 1970 e 1980 encontra-se em oferecer uma alternativa tanto ao teísmo cristão clássico, com seu Deus estático que a tudo controla, QUANTO À TEOLOGIA DO PROCESSO, COM SEU DEUS IMPOTENTE E EM DESENVOLVIMENTO. A teologia escatológica era um novo paradigma por considerar o relacionamento de Deus com o mundo. Esse paradigma se baseia na autolimitação divina pela qual Deus decide livremente permitir que o mundo da natureza e da história o afete, SEM PERDER A MAJESTADE SOBRE ELE. A existência de Deus não é consumida no relacionamento com o mundo. Mas como Deus criou o mundo e lhe deu liberdade, precisa operar nele sem dominá-lo. NO FIM, DEUS VIRÁ AO MUNDO E ANULARÁ TODO O PECADO E MAL E AQUI HABITARÁ.
Mesmo fugindo do teísmo patriarcal clássico e baseado nas idéias de teólogos como Basílio Magno, Gregório de Nazianzo e outros grandes vultos da teologia grega, Moltmann diverge, e muito, da fraca teologia do processo, pois a mesma ensina que Deus seria " surpreendido " pelos acontecimentos no universo, não tendo o controle final da história.Portanto, completamente diferente do ensinamento de Moltmann
Termino por aqui. Um solidário abraço. Aguardo seus comentários. E, neste ano, Marina Silva no primeiro turno e Dilma no segundo. Direita no Brasil, nunca mais !
André
Caro amigo e pastor Silas Daniel
Fazia alguns dias que não entrava em seu blog. Mas vejo que as coisas por aqui estão caminhando muito acima da média, com uma discussão de nível.
Parabéns pela relevante discussão e pela capacidade de argumentar com aqueles que lhe opõe!
Um abraço
Pr Silas Daniel, texto altamente esclarecedor, necessário a todos que prezam pela verdade dos fatos. Leitura obrigatória àqueles que não aguentam mais o doutrinamento esquerdista em todas as áreas da nossa sociedade.
Aguardo ansioso a continuação.
No Amor de Cristo,
Fredy.
Caro André,
Roger Olson conservador? Desde quando? Olson é da “patotinha” teológica de Stanley Grenz (que Brian McLaren, o “guru” da Igreja Emergente, confessa em seus livros mais de uma vez que foi o seu mentor). Os dois são co-autores de vários livros e partilham da mesma visão teológica. Quando adquiri, em 1999, o livro “Revisioning evangelical theology – a fresh agenda for the 21st Century” (1993), de Grenz, meu conceito dele e de Olson, que já era fraco, foi definitivamente para o espaço. O homem simplesmente propõe no livro a revisão da doutrina da autoridade da Bíblia e de quais devem ser os pilares da teologia cristã, uma mudança total nas fontes de reflexão da teologia cristã e, por fim, como resultado desse processo, uma revisão da teologia cristã como um todo, da identidade cristã, do que é espiritualidade e até do que é a igreja. Ufa! Só isso!
Não que os livros de Olson e Grenz não tenham nada de bom, mas de conservadores eles nunca tiveram nada. Eles fazem parte, declaradamente, da chamada “Esquerda cristã dos Estados Unidos”. E tanto Grenz como Olson são (como não poderia deixar de ser para gente da esquerda cristã) fãs de Moltmann e de Pannenberg. Grenz, por exemplo, foi discípulo aplicado do teólogo liberal alemão Hans Wilhelm Frei (que depois se autodenominou pós-liberal) e do próprio Wolfhart Pannenberg, que, ao lado de Moltmann detém a paternidade da denominada Teologia da Esperança. Grenz, inclusive, escreveu uma obra em homenagem a seu mentor: “Reason for Hope: The Sistematic Theology of Wolfhart Pannenberg”, lançada em 1990.
Aliás, é incrível como você não percebeu nas próprias citações que faz de Olson sobre Moltmann o tratamento que ele dá à ortodoxia cristã em contraste à heterodoxia explícita do alemão. E ainda diz que eu estou distorcendo Moltmann para os meus leitores! Caro, você é que caiu no “conto” do Olson! Mas, não se preocupe. Eu te ajudo a discernir o engodo. Já disseco para você a falácia dele ponto a ponto. Porém, antes de fazê-lo, para que você, ainda deslumbrado pelos argumentos falaciosos do Olson, não seja levado a pensar que rebater Olson é “uma ousadia” do pastor Silas, quero lembrá-lo que o que afirmo sobre Moltmann não é meramente uma opinião pessoal minha ou uma espécie de “dislexia” que me acometeu ao ler os textos do alemão. A não ser que tenha ocorrido alguma “dislexia” coletiva, porque entenderam exatamente o mesmo que eu ao lê-lo gente como Robert P. Lighter (mestre e doutor em Teologia e professor emérito de Teologia Sistemática do Dallas Theological Seminary e do Baptist Bible College in Nova Iorque, nos EUA), Klaus Kock (alemão, pastor luterano, mestre e doutor em Teologia e professor emérito de Antigo Testamento e História Antiga das Religiões da Universidade de Hamburgo, na Alemanha), Norman Geisler (mestre em Teologia e doutor em Filosofia nos EUA), Stanley Horton (mestre e doutor em Teologia nos EUA), Tony Lane (D.D. pela Universidade de Oxford e professor de História da Teologia em Londres), Rousas John Rushdoony (pastor presbiteriano e mestre em Teologia e Educação nos EUA), Greg Bahnsen (pastor presbiteriano, mestre em Teologia e Divindade, filósofo com especialização em Teoria do Conhecimento e professor de Apologética e Ética do Reformed Theological Seminary nos EUA), Abraão de Almeida (teólogo especialista em Escatologia e Teologia Contemporânea, e pastor e professor de Teologia nos EUA), Solano Portela (mestre em Teologia pelo Biblical Theological Seminary nos EUA), Joseph Ratzinger (doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Freising, Alemanha, e mais conhecido como papa Bento 16), dentre outros.
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Como todo teólogo liberal “light” (aquele que tergiversa seu liberalismo e por isso é classificado como “moderado”), Moltmann faz afirmações à primeira vista ortodoxas que, ao serem explicadas, revelam-se absolutamente liberais (E Olson e Grenz, como seus discípulos, há muito tempo vão pelo mesmo caminho).
“Como assim?”
Exemplo: Quando uma pessoa usa o termo “amor”, mas não no sentido bíblico do termo “amor”. Você ouve e diz: “Que lindo! Que bíblico!”. Aí, é preciso que a pessoa descreva o que entende por amor para que entendamos que, de fato, a pessoa não está se referindo ao amor bíblico. Eis um caso: Moltmann fala que a ressurreição é central para a fé (e a esperança). Soa, num primeiro momento, um alinhamento à afirmação paulina acerca da importância da ressurreição de Jesus para a fé cristã e a doutrina bíblica. Porém, quando Moltmann fala sobre a ressurreição, diz que ela é importantíssima, mas apenas como metáfora e prefiguração da mensagem de esperança, pois não é tão importante se Jesus ressuscitou mesmo, de fato, mas apenas a mensagem da história da ressurreição. Ora, Paulo diz que “se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa fé”!
Da mesma forma, Moltmann diz que é Deus quem estabelecerá o Reino de Deus, mas, quando o perguntamos “Como?”, ele responde que esse estabelecimento do Reino se dará pela atividade dos homens de bem, tendo a Igreja na linha de frente, construindo o futuro. Ou seja, Deus estabelecerá seu Reino... pela doação (para usar um termo moltmanniano) dos homens!
Moltmann afirma em sua “Teologia da Esperança” que o homem não deve olhar o futuro passivamente, mas participar ativamente na sociedade, no sentido de escrever o futuro. E enfatiza ainda que a tarefa da Igreja não é apenas se informar sobre o passado para mudar o futuro, mas também fazer com que “o futuro se apodere do indivíduo e lhe impulsione a agir de modo concreto para mudar o seu próprio futuro. O presente em si mesmo não é importante. O importante é que o futuro se apodere da pessoa no presente”. Diz Moltmann que “o futuro significa liberdade e liberdade é relatividade”. É o que Gibellini, em sua “Teologia do Século XX” (1998, Loyola), chamou de “eclesiologia messiânica de Moltmann”, na qual a Igreja se vê como o instrumento para realizar a promessa de Deus juntamente com “todos os homens de bem”. Aliás, Moltmann chama a Igreja de “povo messiânico que está na linha de frente para mudar a história”.
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Para Moltmann, o principal propósito da Igreja é ser “o instrumento por meio do qual Deus trará a reconciliação universal e social”. Inclusive, caro André, observe atentamente a oração de Moltmann que você citou: “Como resultado desta esperança no futuro de Deus, este mundo presente se torna livre aos olhos do crente de todas as tentativas de auto-redenção e auto-produção através de obras [ou seja, o crente não vê mais a possibilidade de os homens se salvarem praticando obras que seguem o seu próprio conceito e a sua própria lógica de redenção], e se torna aberto a um mistério amoroso de auto-doação no interesse de uma humanização das condições e nos interesses da realização da justiça à luz da justiça vindoura de Deus [isto é, o crente agora passa a se doar em prol da “humanização das condições” com o propósito de concretizar os “interesses de realização da justiça” que toma como padrão “a justiça vindoura de Deus”, isto é, a justiça de Deus como prometida, como anunciada como algo que se realizará no futuro]”. Quando Moltmann fala de “justiça vindoura de Deus” (um termo bíblico), infelizmente, não está usando o termo no mesmo sentido das Escrituras. O termo, para Moltmann, não se refere a Deus fazer justiça por suas próprias mãos, mas à justiça de Deus que será implementada no futuro por meio da “auto-doação no interesse de uma humanização das condições e nos interesses da realização da justiça”. E mais: Moltmann, quase que invariavelmente, menciona a justiça futura de Deus tendo como diapasão para o conceito de justiça nada menos nada mais que a justiça social do marxismo. Ele usa termos bíblicos, mas com significados diferentes.
Outro exemplo dessa prática de Moltmann? Quando ele usa a expressão de Jesus “orai e vigiai”. Ele a usa com outro significado, no sentido de termos uma vida devocional religiosa sem deixarmos de estarmos atentos para “o grito dos oprimidos do mundo” e “engajados” na luta social. Ora, quando Jesus disse “orai e vigiai”, falou no sentido de nos prepararmos espiritualmente (“orai”) e, ao mesmo tempo, estarmos atentos às ciladas das tentações (“vigiai”) para não cairmos nelas. Orar e vigiar, disse Jesus, é “para não cairdes em tentação”. Não estou dizendo com isso que o cristão não deve se preocupar com questões sociais; só estou lembrando que (1) “orai e vigiai” não tem nada a ver com isso e (2) mostrando como Moltmann muda os significados de expressões bíblicas para adaptá-las a algum conceito que favoreça de alguma forma o discurso marxista. Até mesmo o explícito sentido de “orai e vigiai” foi alterado para favorecer o discurso marxista.
Ou seja, a meta do futuro de Moltmann NÃO É a plena manifestação da glória de Cristo, mas a edificação da utopia na Terra PELAS mãos humanas. Deus estabelecendo o seu Reino pelas mãos humanas. Deus contando com a parceria do homem para construir o futuro. Deus cumprindo seu desejo manifesto para o futuro (a promessa) via uma parceria com o homem. De acordo com Moltmann, o Reino de Deus se introduz na Terra por meio da revolução dos homens cheios de esperança (utopia) para realizar a promessa de Deus. Outra coisa: na Bíblia, o Reino de Deus é descrito como celestial, enquanto, para Moltmann, esse Reino é uma realidade terrenal e tangível.
Combatendo exatamente a teologia de Moltmann, escreve Stanley Horton: “O Reino não virá através dos esforços humanos. A Bíblia demonstra que a nossa única esperança é que Deus intervirá, pronunciará o seu juízo contra o sistema mundial, e enviará Jesus de volta à Terra para estabelecer o seu governo e tornar eterno o trono de Davi” (“Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal”, pp. 626 e 627).
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Randall E. Otto, pastor da Igreja de Cristo da Unidade Reformada nos EUA e mestre em Teologia, frisa com razão que Moltmann “nega o sobrenatural e não considera a história bíblica como história formal, negando o conceito bíblico do cumprimento da esperança que a Bíblia oferece”. Lembra ele ainda que isso acontece justamente porque Moltmann “impõe à Bíblia um conceito de história que se deriva do marxismo revisionista” (“God and History in Jurgen Moltmann”, pp. 379,384).
Ademais, Moltmann ensina que, uma vez que Deus tenha entrado no tempo, Ele passou a ser um ser temporal, sujeito a riscos como todos os demais seres, e isso nada mais é do que um conceito da Teologia do Processo. Sim, o Deus da Teologia da Esperança não é plenamente igual ao Deus preconizado pela Teologia do Processo, mas aquele repousa sobre muitos conceitos equivocados que também compõem a compreensão de Deus da Teologia do Processo. Aliás, Clark Pinnock, teórico do Teísmo Aberto (versão moderna da Teologia do Processo), já afirmou mais de uma vez em entrevista que herdou conceitos do Teísmo Aberto também de Moltmann e Pannenberg.
A chave central para entender a teologia futurista de Moltmann é justamente sua idéia de que Deus está sujeito ao processo temporal. E nesse processo, caro André, Deus acaba não sendo plenamente Deus, porque, como define Moltmann, ele é “parte do tempo que avança para o futuro”. Aliás, você nunca ouviu falar no conceito de “Deus finito” de Moltmann? É por isso que professor Robert Lighter afirma que a teologia de Moltmann é, na prática, uma espécie de panteísmo. Como o padre jesuíta Pierre Teilhard de Chardin (panenteísta), Moltmann afirma também que Deus tornou-se finito e temporal, e assevera que Deus está em constante processo evolutivo. Como já observou alguém: “Se no Monte Sinai Deus disse a Moisés ‘Eu sou o que sou’, Moltmann não permitiu que Deus lhe dissesse o mesmo”.
O próprio Roger Olson, na citação que você reproduz dele sobre a teologia de Moltmann, afirma que “Deus deve ser entendido como ‘o poder do futuro’ [aquele ser poderoso que propõe e anuncia um novo futuro] que irrompe na história [quer dizer, irrompe no agora, como tantas vezes frisa Moltmann] impelindo-a [impelindo a história] para uma nova era de paz e justiça QUE SÓ PODE SER PREVISTA POR QUEM FAZ PARTE DA HISTÓRIA”. Sim, porque, para Moltmann, Deus só pode prever a história se Ele impeli-la para o que Ele quer para ela, e Ele só pode impeli-la para o que Ele quer para ela se Ele entrar na história, sujeitando-se ao temporal. É o tal conceito moltmanniano de “Deus finito”, que Olson não acha nada demais, dizendo, com todas as letras: “...uma nova era de paz e justiça só pode ser prevista por quem faz parte da história”. Eis o tão “ortodoxo” Olson! Aquele que vê Moltmann como uma “alternativa ao teísmo clássico cristão”, como se o teísmo clássico cristão fosse uma heresia. QUALQUER ALTERNATIVA AO TEÍSMO CLÁSSICO CRISTÃO (CHAMADO EM SEU COMENTÁRIO PEJORATIVAMENTE DE “PATRIARCAL”) É UMA HERESIA.
Você me cita Olson depreciando o teísmo cristão clássico e exaltando o conceito de “Deus finito” de Moltmann e ainda me diz que acredita que Olson é conservador?
Lá vai mais de Olson (exatamente conforme você o cita): “A teologia escatológica era um novo paradigma [Ah, essa mania liberal de buscar novos paradigmas, novos modelos e padrões, por estarem cansados da “hermética” e “engessadora” ortodoxia bíblica...] por considerar o relacionamento de Deus com o mundo. Esse paradigma se baseia na autolimitação divina [Como esse homem ama mesmo o “Deus finito” de Moltmann!] pela qual Deus decide livremente permitir que o mundo da natureza e da história o afete [A Teologia do Processo e o Teísmo Aberto – não à toa chamado também de Teologia Relacional – assinariam embaixo], sem perder a majestade sobre ele”.
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Deixei o melhor para o final: “...sem perder a majestade sobre ele”.
Ah, esses joguinhos de palavras dos liberais “light”... Como é que é? “Olha, Deus se autolimitou, Ele já não é plenamente Deus – é agora o ‘Deus finito’ –, mas não se preocupem! Mesmo não sendo mais soberano e imutável, Ele ainda exerce influência suficiente sobre os acontecimentos para poder garantir um futuro que idealizou e anunciou como seu alvo para o final da história”. Ah, ainda bem! Podemos ficar tranqüilos porque esse Deus não é mais Deus, mas não perdeu a majestade sobre a natureza!
E prossegue nosso “conservador” Olson, procurando tranqüilizar o leitor quanto aos desvios do “moderado” Moltmann: “A existência de Deus não é consumida no relacionamento com o mundo”. Ou seja: “Calma gente! Calma gente! Ainda sobrou alguma coisa de Deus nessa história! Ele não é mais soberano, não é mais infinito, não é mais imutável, mas ainda existe! Pelo menos ainda existe. Sua existência não foi consumida nesse relacionamento com o mundo. É verdade que não é mais o Todo-Poderoso, mas ainda tem uma forte influência sobre a natureza e a história, ainda exerce uma majestade sobre essas coisas, uma quantidade suficiente de força para conseguir um final melhor. Ele não é lá tão impotente como o Deus da Teologia do Processo”.
Mas, Olson: Qual a razão de Deus agora ser sujeito ao temporal, não ser mais soberano, não ser mais infinito, não ser mais imutável – e é verdade que não é impotente, mas também não é onipotente? Por quê? Explica-nos o “conservador” Olson: “Como Deus criou o mundo e lhe deu liberdade, precisa operar nele sem dominá-lo”. Ah, que lindo! Que Teologia Reformada! Calvino, Lutero, Owen, Kuyper e companhia batem palmas eufóricos diante de tão maravilhosa doutrina reformada! Os arminianos clássicos também! Arminius, do seu lugar de descanso, entrou em êxtase após ouvir tal declaração!
“Deus PRECISA operar nele (no mundo) SEM DOMINÁ-LO”.
“Viu, gente? Nada do teísmo cristão clássico, nada desse teísmo ‘patriarcal’, que apresenta Deus como Senhor da História, soberano, que tem absolutamente tudo sob controle, que governa a História, que não é afetado pelo mundo, que é imutável, infinito, transcendente, domina e governa todas as coisas, administra as liberdades de suas criaturas, não é sujeito ao tempo e estabelecerá o Seu Reino sem ajuda alguma humana. Esse teísmo, podem ficar tranqüilos, não é o teísmo de Moltmann. E também não é plenamente igual à Teologia do Processo porque Deus ainda tem alguma potência para conseguir um final melhor em parceria com os homens imbuídos de sua mensagem de esperança. Ele é ‘moderado’”.
E no final? Diz nosso “conservador”: “No fim, Deus virá ao mundo e anulará todo o pecado e mal e aqui habitará”. Aí, você volta para aquela pergunta: “Mas, Olson: Como será essa vinda de Deus ao mundo? Ela é resultado de algum processo histórico?” Nosso “conservador” poderia citar aquelas palavras do próprio Moltmann: Sim, será o final de um processo que se dará devido ao “mistério amoroso de auto-doação no interesse de uma humanização das condições e nos interesses da realização da justiça à luz da justiça vindoura de Deus”.
Na teologia de Moltmann, “a eternidade se perde no tempo”, “o futuro é a natureza essencial de Deus”, “Deus não revela quem Ele é, mas, sim, quem Ele será no futuro”, “Deus está presente apenas em suas promessas” e “Deus só está presente na esperança”, porque todas as afirmações que fazemos sobre Deus “são produto da esperança”. Ou seja, em Moltmann, Deus só será Deus plenamente quando cumprir suas promessas e com isso estabelecer o Seu Reino. Isto é, em Moltmann, Deus não é absoluto hoje; Ele está determinado pelo futuro que é o seu alvo.
(Continua...)
(Continuando...)
Como destaca Abraão de Almeida em “Teologia Contemporânea”, na Escatologia de Moltmann, Deus entrou no tempo e, por isso, o futuro se tornou algo a ser construído tanto para o homem como para Deus. E arremata ainda: “Para Moltmann, a Escatologia não significa a previsão tradicional da Segunda Vinda de Jesus. Moltmann interpreta-a como aberta ao futuro, aberta à liberdade do futuro”.
O professor Robert Lighter, nas páginas 54 e 55 de sua obra “The God of the Bible and Other Gods”, escreve: “Dento do contexto geral da nova teologia liberal, tem se levantado a Teologia da Esperança. Na superfície, parece que os proponentes dessa teologia estão procurando enfatizar o que a Bíblia ensina sobre os eventos futuros. No entanto, esse não é o caso. A Teologia da Esperança vê Deus como sujeito ao tempo e ao processo do tempo. (...) As pessoas não são encorajadas a crer na sabedoria e no poder de Deus, mas instadas a participar na reestruturação da sociedade para ajudar Deus na consumação de todas as coisas”.
O téologo alemão Klaus Kock, em sua obra “The Rediscovery of Apocalyptic” (1972), ressalta que a esperança pregada por Moltmann em sua célebre obra “Theology of Hope: On The Ground and the Implications of a Christian Eschatology” (publicada em 1964 na Alemanha e em 1967 nos EUA, e que trouxe à luz a sua teologia pela primeira vez), se afasta do entendimento bíblico da História e, portanto, “acaba separando totalmente a salvação [bíblica] da criação” (pp.107,108).
Pois é.
No mais, você continua se apoiando na tese manca de que, porque o pré-milenismo seria supostamente uma “heresia”, quem é pré-milenista não pode criticar a teologia herética de Moltmann. Caro, uma pessoa não é herege porque ela crê que Jesus vem antes, durante ou depois da Grande Tribulação; ou porque crê que o milênio é literal ou não etc. Alguém pode ser calvinista ou arminiano e não ser um herege. Alguém pode ser pré-milenista, pós-milenista, amilenista, pré-tribulacionistas, midi-tribulacionista ou pós-tribulacionista e não ser um herege. Agora, quando o que está sendo atacado não é uma doutrina secundária, mas primária da fé cristã, aí, sim, a coisa é grave. E Moltmann cai nisso, ao, por exemplo, (1) apresentar um “Deus” que choca-se com o Deus da Bíblia; (2) ao apresentar um conceito marxista de Reino de Deus que não é o da Bíblia; e (3) ao relativizar a importância da ressurreição de Cristo como um fato.
Sobre o pré-milenismo: É equivocado pensar, como se tem popularizado, que os cristãos da Igreja Primitiva não criam em um milênio literal. Muitos estudos provam que sobretudo os cristãos da Ásia Menor criam em uma milênio literal e eram pré-milenistas. Um estudo importante sobre o assunto, e ainda não publicado no Brasil, é “The Apostle John and Asia Minor as a Source of Premillennialism in the Early Church Fathers”, de autoria do teólogo norte-americano Larry Crutchfield. O estudo mostra que só foi a partir de meados do segundo século d.C. que alguns cristãos passaram a crer que Cristo, ao voltar, não estabeleceria um reino literal de mil anos na Terra. O renomado teólogo pentecostal Stanley Horton destaca também esse fato ("Teologia Sistemática, uma perspectiva pentecostal", CPAD).
Foram as conjunturas culturais, políticas e sociais que se sucederam nos séculos seguintes que produziram essas divergências doutrinárias secundárias na área escatológica. Mas, o mais importante é frisar que alguém pode ser pré-milenista, pós-milenista, amilenista, pré-tribulacionistas, midi-tribulacionista ou pós-tribulacionista e não ser um herege. Por quê? Porque tratam-se de pontos doutrinários secundários dentro da Escatologia Bíblica. Pontos primários dela são vida após a morte, existência de Céu e Inferno, condenação eterna para os não-salvos, vida eterna com Deus para os salvos, Segunda Vinda de Jesus e ressurreição dos justos, por exemplo. Agora, quando o que está sendo atacado não é uma doutrina secundária, mas primária da fé cristã, aí, sim, a coisa é grave.
Caro Edson, a Paz!
Sobre a pesquisa que você cita, no site da Unicamp, eu já a conhecia, ela é real, mas tem dois problemas. O primeiro é que foi realizada só em São Paulo. Ora, para representar o pensamento do país à época, teria que ter sido realizada em todos os Estados ou no mínimo nos principais. Deixe-me dar dois exemplos que denotam o problema de tomar os resultados dessa pesquisa como representando o pensamento de toda a nação à época:
(1) Se os paulistas colocaram cerca de 600 mil pessoas nas ruas em março de 1964 contra Jango, o Rio de Janeiro, por ocasião da deposição, contou com a maior manifestação pública de celebração à queda de Jango, com cerca de 1 milhão de pessoas nas ruas, segundo relatos dos jornais da época. E antes da deposição, já havia colocado cerca de 300 mil pessoas na rua em manifestação contra Jango. E detalhe: a população do Rio era menor que a de São Paulo.
(2) Sabe-se que no Rio de Janeiro, e muito mais ainda em Minas Gerais, a oposição a Jango era maior do que em São Paulo.
Bem, mas, em segundo lugar, essa pesquisa, além de ter sido realizada só em São Paulo, não apresenta um resultado convincentemente favorável a Jango. Ao contrário: ela traz um resultado ambíguo. Se não, vejamos.
(1) Ela apresenta, ao todo, 66% da população de São Paulo considerando o governo Jango como ótimo, bom ou regular; 19% da população considerando-o mau ou péssimo; e 9% que não sabiam responder. Só que, somando tudo, não dá os esperados 100%, mas 94%. Nunca entendi essa pesquisa e nunca me souberam responder o porquê desse desaparecimento das respostas (ou não respostas) de 6% dos entrevistados. Que pesquisa é essa, cujo somatório geral das porcentagens das respostas dadas e não dadas dá 94% e não 100%? Onde estão os 6% finais?
(2) A pesquisa aponta que mais de 80% da população tinham ciência dos recentes decretos de Jango e que, frente a eles, eram contrários às desapropriações de terras só 20%; à não-entrada de capitais estrangeiros, 33%; à desapropriação de empresas só 28%; e à legalização do Partido Comunista, 57%. Isso dá uma média de 34% de oposição aos decretos de Jango. Porém:
a) A pesquisa não levou em conta outras duas medidas que haviam sido anunciadas em praça pública pelo presidente e que não poderiam deixar de ser alvo de perguntas na pesquisa: (I) marcar nova assembléia constituinte para mudar a Constituição; e (II) a substituição, após a promulgação da nova Constituição, da democracia representativa pela democracia direta, plebiscitária e do proletariado.
b) A mesma pesquisa que dá uma média de 50% de aprovação às medidas anunciadas por Jango contraditoriamente afirma que 32% temiam o governo Jango como um perigo imediato, 36% como um perigo futuro e só 19% não o consideravam um perigo. Ué, então como suas medidas tinham uma média de 50% de aprovação?
(Continua...)
(Continuando...)
Finalmente, há uma coisa que você esquece: foram feitas outras pesquisas e que foram além de São Paulo. Por exemplo, uma realizada pelo mesmo Ibope e em oito capitais do país de 9 a 26 de março de 1964, que mostrou que 49,8% da população apoiavam Jango enquanto 41,8% eram contra o governo. Só 8,4% eram indiferentes. Ou seja, o país estava dividido, com cerca de 42% querendo a saída de Jango. Lembrando ainda que nos últimos dias a pressão da população contra Jango aumentou, depois das marchas em São Paulo e Rio de Janeiro contra o governo poucos dias antes do golpe.
Sobre a ditadura argentina: eu já falei dela e a condenei aqui, neste blog, no espaço de comentários em postagem do início de 2009 que tratou da polêmica em torno do único caso de tortura autorizado por três secretários do governo Bush durante seu mandato, e sobre o qual Obama silenciou em vez de cobrar o julgamento dos agentes da CIA envolvidos. Ademais, os mortos pela ditadura de Cuba foram cerca de 100 mil ao todo. 17 mil foram só por fuzilamento. Inclusive, já havia feito o acréscimo dessa informação no texto antes de o irmão postar sua participação aqui. Como já disse, aqui não há “dois pesos, duas medidas”. Já disse, inclusive, neste espaço de comentários, que condeno tanto os militares que torturaram e executaram durante a ditadura militar brasileira (ou de Pinochet, ou de Strossner etc) como os guerrilheiros que torturaram e mataram para implantar a ditadura do proletariado em nosso país (e nos outros).
Sobre JK, ele só foi cassado um ano depois da revolução de 1964 e só depois que protestou contra aquilo contra o qual eu também protestaria se estivesse no lugar dele: o golpe dentro do golpe, ocorrido em 1965. Durante a revolução de 1964 e antes do golpe dentro do golpe (que abordarei, como prometido, na segunda parte desse artigo), JK, Carlos Lacerda e os demais apoiaram fervorosamente os militares. Inclusive, JK fez campanha para Castelo Branco no Congresso Nacional e votou em Castelo na eleição indireta de abril de 1964 para escolher quem assumiria o mandato “tampão” até a posse do novo presidente em janeiro de 1966, que deveria ser eleito em eleição direta a ser realizada normalmente em 1965. Antes do golpe dentro do golpe, as eleições de 1965 continuaram de pé e tinham como candidatos JK, Lacerda e o governador de Minas Gerais. Só depois que as coisas mudaram em 1965, e as eleições diretas foram então suspensas, foi que JK, Lacerda e companhia protestaram e foram cassados. Inclusive, foi só a partir daí que todos os partidos tiveram seus registros cassados, passando a haver somente dois partidos: Arena e MDB. Até 1965, os partidos continuavam normalmente e, inclusive, ocorreram eleições diretas para governador em 1965, antes das eleições presidenciais diretas daquele mesmo ano (que seriam canceladas). Mas, esse é outro assunto. Não misture a Revolução de março de 1964 com o que se seguiu a partir de meados de 1965 (você misturou isso várias vezes em seu texto). A revolução de 1964 foi para manutenção da democracia. O que aconteceu a partir de 1965 foi um desvio da revolução.
Os radicais de direita (direita armada – era minoria em relação à esquerda armada) se armaram reativamente para lutar contra o exército que Brizola montou, mas foram desarticulados pelos militares logo após o golpe de 1964. Um dos benefícios de as Forças Armadas terem aderido à revolução foi justamente o fato de que elas impediram que houvesse uma guerra civil no Brasil. Os radicais de direita se lembravam dos cerca de 1 mil motos em Natal, Recife e Rio durante a Intentona de 1935 e, por isso, diante da formação dos exércitos de Brizola e Julião, se prepararam para o combate. Mas, este não aconteceu por causa da ação dos militares e todos os radicais armados dos dois lados foram desarmados.
(Continua...)
(Concluindo...)
Sobre as Ligas Camponesas, eu não disse que Julião as criou, mas que ele era o seu líder. E mais: as Ligas Camponesas surgiram bem antes ainda, Edson. Mais precisamente, na década de 30, tendo sido criadas por membros do Partido Comunista do Brasil. Em 1945, elas foram extintas e, então, surgiram novas ligas, inicialmente pacíficas, até serem contaminadas pelos comunistas. A de Iputinga nasceu pacífica. Foi só depois de o comunista Julião assumir a liderança das Ligas que estas mudaram seu foco para a guerrilha. Essa mudança começou exatamente em 1961. E as fontes (Não sei porque você perguntou por elas se no artigo cito-as) são as obras já mencionadas dos dois esquerdistas Denise Rollemberg e Luís Mir. Sobre o filme “Cabra Marcado para Morrer”, não o vi, mas já havia lido o anglicano Robinson Cavalcanti (ideologicamente ligado às esquerdas) mencionando-o e frisando o fato de que alguns evangélicos faziam parte do grupo. Caro Edson, se ainda havia evangélicos lá depois que o grupo começou a receber dinheiro de Cuba (de 1961 a 1964), a se armar, a treinar com os comunistas chineses e cubanos, e a invadir terras dos outros, o comportamento destes (se envolvidos nisso tudo) tem a minha total repugnância. Evangélico não é guerrilheiro e fora da lei, assaltando o que é dos outros, nem luta pela implantação da ditadura do proletariado, como as Ligas começaram a defender no início dos anos 60 com Julião.
Outra coisa: Como você, sou totalmente contra o fascismo – aliás, contra qualquer movimento anti-democracia. O fascismo, é importante que seja dito, não surgiu na direita, mas dentro da esquerda. Trata-se de uma rebelião que houve dentro das esquerdas após a Segunda Guerra Mundial e que passou a defender o estatismo, um nacionalismo radical e um regime totalitarista de governo em oposição tanto a ideais radicais comunistas como aos ideais dos defensores da democracia em geral. Favor ler os teóricos Jonah Goldberg, Mário Ferreira dos Santos e Hayek, que tratam desse assunto. Finalmente: você cai noutra confusão ao confundir integralistas com a revolução de 1964. Primeiro, os integralistas apoiaram em peso o golpe de 1937 de Getúlio, que depois se opôs a eles (Getúlio que, em discurso em 1940, declarou ser fã dos governos de Mussolini e Hitler, mas depois mudou de idéia, se opondo aos fascistas e nazistas). Em segundo lugar, em 1964, o movimento integralista não mais existia no Brasil. O movimento acabou ainda durante a ditadura de Getúlio. E em terceiro lugar, o movimento de 1964 teve como alguns de seus apoiadores ex-integralistas (que, inclusive, repugnavam – todos eles - o integralismo da juventude – como é o caso do jurista Miguel Reale), mas ele não foi liderado por ex-integralistas. São duas coisas totalmente diferentes.
Abraço!
Pastor Silas
Não sou comunista, nem faço parte de nenhum partido político, sou cristão como o senhor é, mas veja...
Não se pode ler a história, e escrevê-la, do jeito que o senhor está fazendo. A menos que se tenha um objetivo desde o início: defender (justificar) um posicionamento duvidoso, criando uma versão dos fatos que se adequem a esta finalidade.
Veja só: quando se faz uma pesquisa (séria) de cunho histórico, uma série de critérios tem que ser observados: as fontes, o contexto histórico geral, a micro história e sua relação com a macro história, tipo, não é só pegar uma dúzia de supostos fatos e montar um quebra cabeças qualquer...Isso não é história, é qualquer outra coisa.
Dizer que Jango era comunista revela, no mínimo, ignorância a respeito do termo comunismo. Parece coisa de "teoria da conspiração", o cara era comunista sim, mas em segredo, sabe? Algo assim...As reformas de base não eram coisa de comunista, eram necessárias a um país em atraso como o Brasil. Não é porque um político apóia ou recebe apoio de movimentos de esuqerda que ele se torna comunista. Esse é um erro crasso de leitura da história. Dizer que as medidas de Jango transformariam o Brasil em uma Cuba é viagem.
Chamar o golpe de 64 de contra golpe é um insulto. Os grupos que pegaram em armas só o fizeram depois do golpe. Esse papo de: haviam feito vítimas antes de 64 não pode ser provado, é uma invenção que tenta justificar o golpe.
O golpe de 64 aconteceu no contexto da guerra fria, onde todos os países da América do Sul passaram por golpes militares, todos eles com o apoio dos Estados Unidos, todos eles, com o interesse de "proteger o país do comunismo" acabaram com a democracia, com as liberdades individuais, torturaram, perseguiram, e mataram. E isso não foi desvio, foi regra, em todos os golpes ditatoriais da América do Sul.
Foram golpes sim, golpes militares, onde governos democráticos, eleitos pelo povo, foram derrubados, seus líderes cassados, e todos os que resistiram ao golpe foram mortos.
(continuando)
Os defensores do golpe dizem que o Brasil se tornaria um país comunista, e para isso usam os exemplos de China, Cuba, e Rússia. Veja:
Como se deu a revolução nesses países? Devem existir condições objetivas e subjetivas para a revolução. Tais condições não havaiam no Brasil. Nada parecido. E outra:
Qual era o grupo que faria a revolução no Brasil? Não havia no Brasil partido comunista forte para isso. A intentona de 35 prova isso...Dizer que Cuba estava por trás dos comunistas no Brasil também é viagem. Cuba é uma ilha, alvo de bloqueio econômico desde 62, lutando pela própria sobrevivencia. Como poderia coordenar uma revolução comunista no Brasil? O fato de guerrilheiros terem sido treinados lá não muda isso...
Agora um detalhe: no Chile, o governo de Allende buscou uma transição democrática para o socialismo. O governo de Allende tinha amplo apoio popular, sobretudo de camponeses e trabalhadores das fábricas e indústrias. Porém, os ricos do Chile não se agradaram de suas medidas. Os grandes produtores começaram a boicotar o governo, bem como a imprensa, e setores ligados aos grupos que vinham expoliando o povo chileno há séculos. Resultado: golpe militar. Uso de violencia, armas, mortes, morte de Allende, quando o palácio do governo foi bombardeado. Perseguições, torturas e mortes de milhares de pessoas, em decorrência do golpe de Pinochet.
Vai chamar o gople chileno de contra golpe? Vai dizer que ele defendeu os interesses do povo ( que apoiava allende e que sofreu duramente nos anos que se seguiram ao golpe)?
Vai negar que o governo democrático, eleito pelo povo e apoiado pelo povo, foi deposto arbitrariamente, com uso da mais pura violéncia, e com a benção do Tio Sam?
Isso não foi exceção á regra, foi a prática comum na América Latina, nos anos 60 e 70.
Escrever sobre história não é preparar um sermão para a igreja, não é escrever um texto jorbalístico. É preciso usar método, é preciso estudo, para não escorregar em cascas de banana e cair nas esquinas perigosas da história.
Meu objetivo não foi defender a esquerda, mas trazer ao seu conhecimento minha frustração ao ver um homem de Deus defendendo algo insano como um golpe militar e uma ditadura sangrenta (não adianta dizer que não, os dois estão interligados, são o mesmo processo), usando pra isso uma leitura míope e parcial da história.
Lamento muito que nosso conatato tenha sido este.
Abraços!
Graça e Paz!!!
Outra coisinha: dizer que o fascismo surgiu dentro das esquerdas depois da II guerra mundial, é dose...
O partido fascista italiano surgiu por volta de 1919, o nazismo (que é um tipo de fascismo) surgiu na mesma época. Como se pode dizer que o fascismo surgiu depois da II guerra mundial? Por acaso a Itália não era fascista? Qualquer pesquisa (até no google) vão mostrar o contrário. A menos que o senhor tenha uma definição própria de fascismo, que contrarie não só os maiores cientistas políticos do mundo, como os próprios fascistas. Não acho difícil, uma vez que o senhor demonstrou nos seus textos que tem uma definição própria de comunismo, que contraria não só oq os estudiosos do assunto dizem, como também oq os comunistas dizem (e dizzeram nas obras de Marx, por exemplo) sobre si mesmos.
Associar nazi-fascismo e esquerda também é insultar qualquer pessoa que estude estes movimentos. Leia Mein Kampf de Hitler. Ele dizia que sua missão pessoal (que ele acreditava ter sido dada por Deus) era combater os judeus e os marxistas, que ele considerava degenerações da humanidade. É só ler o livro principal do Hitler pra se perceber que ele odiava o comunismo. E na Itália de Mussolini houve o mesmo. A prisão e a morte de todos os líderes comunistas, fechamento do PCI e tudo mais...O fascismo é um movimento de extrema direita, nunca esteve ligado à esquerda.
Só um detalhe, pra evidenciar isto: o comunismo é contra o Estado, considerando o Estado uma instituição que serve à burguesia. O fascismo exalta o Estado. O comunismo visa a união da classe trabalhadora, independente de suas pátrias: o fascismo é extremamente nacionalista; o comunismo é contra a propriedade privada: o fascismo não tem nada contra a propriedade privada.
Os regimes nazi-fascistas europeus contaram com amplo apoio das elites locais, coisa que não aconteceria se fossem de esquerda. Isso é história.
Citei isso sem usar juízos de valor, só mostrando como o senhor viajou na maionese, em sua cruzada contra a esquerda, tentando demonizá-la, chega mesma a negar a realidade, dizendo que o fascismo tem relação com a esuqerda...só se for a relação de antagonismo...
Abraços!
Caro Thiago,
Escrevi que foi depois da Segunda Guerra? É o que dá ter de escrever uma maçaroca de texto tarde da noite para apresentar fatos que deveriam ser conhecidos de todos (poupando-me trabalho), mas, infelizmente, são desconhecidos pela maioria esmagadora desta nova geração, que, justamente por isso, reage com estranhamento quando se depara pela primeira vez com essa informações que lhe foram renegadas em sala de aula pelos seus professores com viés de esquerda (uma definição quase redundante do professorado brasileiro nas escolas e universidades não só de hoje, mas de já alguns anos).
Vamos lá: o fascismo é uma dissidência DE DENTRO DA ESQUERDA nascida depois da PRIMEIRA Guerra mundial.
Veja como são as coisas, Thiago: No senso comum, o que as pessoas pensam sobre o fascismo? Que surgiu com um bando de radicias de direita na Itália, sob a liderança de um radical de direita chamado Mussolini, que criara o tal movimento, que era anticomunista e totalitário - portanto, conclui-se, "de direita". Aí você vai estudar a história do fascismo e fica sabendo que Mussolini, fundador e teórico do fascismo, nunca pertenceu a nenhum grupo de direita, mas era comunista, membro e líder do Partido Comunista Italiano, quando, depois da Primeira Guerra Mundial, rompe com o PC para fundar, ele mesmo, uma terceira corrente que era tanto anticomunista quanto antidemocracia liberal, passando a perseguir os dois grupos. E fica sabendo ainda que esse movimento defendia o estatismo como sistema político e econômico (em contraposição ao liberalismo político e econômico da chamada direita) e um Estado totalitário, isto é, um Estado mandando em tudo (aliás, o termo ´"totalitário" foi criado pelo próprio Mussolini para definir uma política em que o Estado deveria estar presente em todas as áreas da vida da nação, regendo-a). Fica ssabendo ainda que o "capitalismo" defendido por Mussolini era o chamado "capitalismo de Estado", onde o Estado interfere e manda na economia, em total contraposição ao liberalismo econômico, que, por definição, é contra toda e qualquer intervenção do Estado na economia.
Interessante, não é? Agora, pergunte-se: Por que não disseram isso a você? Por que só disseram que surgiu na Itália um tal de Mussolini, que perseguiu comunistas e instaurou um regime totalitário? Por que não informaram que ele sempre fora comunista, nunca tendo pertencido a nenhum grupo de direita, e era exatamente da direção do PC italiano quando resolveu romper com o PC para fundar o fascismo, que perseguiu tanto comunistas como democratas liberais? Por quê?
E por que não informaram que a política econômica e de governo dele nunca teve nada a ver com os liberalismos econômico e político, mas era capitalismo de Estado, onde o Estado é quem manda na economia (aliás, manda em tudo, daí o termo "Estado totalitário")?
Ah, e o nazismo não tem também nada a ver com a esquerda... Caro, sabe o que significa "nazismo"? Nazismo é a contração de duas palavrinhas: "Nacional SOCIALISMO". O partido liderado por Hitler, e que chegou ao poder, era o "Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães". Caro Thiago, disseram isso a você? Disseram a você que o que Hitler pregava era um socialismo onde a luta de classes econômicas do marxismo era substituída pela luta de classes raciais inferiores contra superiores?
(Continua...)
(Continuando...)
O partido de Hitler chamava-se Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães; Hitler pregou contra o sistema capitalista e a favor do socialismo, defendendo, como Mussolini, uma "economia de Estado"; seu sistema de governo e econômico se chamava "Nacional Socialismo"; no seu governo o poder total foi dado ao Estado como na União Soviética; no seu governo, os funcionários do Estado só poderiam ser membros do partido, como também na URSS; no seu governo, a propriedade tornou-se apenas uma permissão do Estado que poderia ser confiscada quando o Estado desejasse, e sem direito a indenização; Hitler sempre afirmou que quase tudo que havia no seu Nacional Socialismo ele aprendeu dos bolcheviques; no seu governo, o Estado nomeava e mudava todos os dirigentes das empresas, determinava o que seria produzido, o quanto seria produzido, quando seria produzido, por qual método, para quem seria produzido, para quem o produto seria vendido e o preço dos produtos; mas... Você acha que o nazismo não era um movimento da esquerda!
Quando Hitler voltou-se contra os comunistas em seu regime, o fez não pregando contra o socialismo, mas dizendo que O VERDADEIRO SOCIALISMO ERA O DELE. Sua frase famosa nessa época foi: "Morte a esses socialistas para que O VERDADEIRO SOCIALISMO VIVA NA ALEMANHA". A diferença entre o socialismo de Hitler e o socialismo marxista, como ele tantas vezes afirmou, é que o socialismo dele era racial, e não baseado em luta de classes econômicas. Ele pregava o sistema socialista, mas era contra o socialismo marxista, que é baseado na luta de classes. Seu socialismo, repito, era baseado na luta entre classes raciais superiores e inferiores, tese inspirada na corrente ideológica denominada darwinismo social. E como na sua época, após a Primeira Guerra Mundial, o povo alemão (a tal "raça ariana") estava pobre e os judeus (a suposta "raça inferior") era rica, e já havia o preconceito alemão aos judeus de séculos baseado no estereótipo vindo desde a Idade Média do "judeu usurário", seu discurso ganhou apoio popular. Quando Hitler assumiu o poder, ele chegou a atingir 82% de popularidade em seu país.
Sobre esse assunto, indico a você assistir o documentário "The Soviety Story", produzido com o apoio do Parlamento Europeu, e que está à venda na internet. Eu mesmo adquiri o vídeo no site oficial do filme. Demora uns cinco a sete dias para chegar, porque vem da Europa, mas vale a pena. Fique tranquilo porque o filme vem com várias opções de legenda, inclusive em português.
(Continua...)
(Continuando...)
Agora, você ainda me acusa ingenuamente de "criar uma versão dos fatos"! Não, caro: estou tão comente citando fatos, e fatos que são omitidos deliberadamente por quem quer criar a sua "versão da história". Essa coisa de omitir fatos por conveniência para criar uma versão é próprio das esquerdas. Aliás, quem foi que criou o termo "construir a verdade a partir de uma revisão da história" (Que foi usado, ipsis litteris, pelo governo federal no texto do terceiro PNDH, promulgado em 21 de dezembro de 2009, e que aparece justamente no tópico que se referia à Lei de Anistia cair só para um lado, quando, se cair, deveria cair para os dois lados). O termo foi criado por teóricos de esquerda! Agora, pergunto: Que história é essa de "construir a verdade"? Verdade não é construída; verdade é aceita ou não. Verdade é verdade.
Eu não omito fatos para que sobrem somente aqueles relatos que favoreçam uma visão de mundo. Eu coloco todos os fatos na balança.
Thiago, o que acho mais engraçado em alguns críticas sabe o que é? É que elas não só acusam muitas vezes a pessoa do que ela não faz como ainda acusam a pessoa do que quem está acusando faz. Aliás, foi Lênin quem disse: "Acuse-os do que você faz" (Recurso usado constantemente pela turma da esquerda). Pois bem, você me acusa de ignorar "alguns critérios de uma pesquisa séria". E cita quais seriam: "...as fontes, o contexto histórico geral, a micro história e sua relação com a macro história, tipo, não é só pegar uma dúzia de supostos fatos e montar um quebra cabeças qualquer...Isso não é história, é qualquer outra coisa".
Sobre fontes: em todo o meu texto, não só mencionei fontes dos dois lados como só publiquei relatos de fontes que se opuseram a Jango que SÃO CORROBORADOS pela própria esquerda (As obras dos historiadores esquerdistas Denise Rollemberg e Luís Mir).
Sobre ignorar "o contexto histórico geral, a micro história e sua relação com a macro história". Ué, mas não é exatamente isso que eu fiz? Comecei falando sobre Guerra Fria, o que estava acontecendo no mundo após a Segunda Guerra Mundial e especificamente na América Latina até chegar ao Brasil, começando pela conjuntura no nosso país antes dos anos 60 até chegar à conjuntura social e política dos anos 60.
E você ainda chama os FATOS que menciono no textos como "SUPOSTOS FATOS", mesmo sendo todos eles reconhecidos pela literatura da própria esquerda, e que nem se quisessem poderiam negá-los hoje porque já fazem parte do acervo histórico sobre a época.
E mais: Quem disse que eu disse que Jango era "comunista em segredo"? Jango nunca negou seu apoio aos comunistas, algo reconhecido pelo próprio Getúlio (que não gostava dos comunistas), e sempre foi reconhecido pela imprensa e a sociedade da época como de esquerda, o que nunca negou. Apenas, por razões de sobrevivência política (o comunismo era odiado pela maioria esmagadora da população, ainda mais desde a Intentona), nunca se disse um esquerdista carnívoro (comunista), mas herbívoro, mas também nunca deixou de ajudar os comunistas em tudo o que pôde (Prestes, Brizola, Julião) e, quando em 13 de maço de 1964 anunciou suas reformas socialistas, apenas foi fiel a tudo aquilo que todo mundo já sabia: sempre foi pró-comunismo. Sempre. Foi fiel a toda a sua trajetória.
Sobre as reformas de base de Jango, caro Thiago, eram reformas COMUNISTAS. O Brasil precisava de reformas, mas não daquele tipo: desapropriar terras e empresas sem pagar indenização (fim da propriedade privada - o governo é que definiria a função da propriedade "pelo bem do país"), fazer nova Constituição para, entre outras coisas, acabar com a democracia representativa. Isso é COMUNISMO.
(Continua..)
(Continuando...)
Mais: É UM FATO que o Golpe de 1964 foi um contra-golpe. O que Jango propôs explícita e altissonantemente em seu comício de 13 de março de 1964 era um GOLPE contra a democracia. Caiu do poder por causa disso.
Outro ponto: os grupos de esquerda não pegaram em armas só depois do golpe. Eles o fizeram BEM ANTES. Eles usaram-nas em 1935 MATANDO CERCA DE MIL PESSOAS em Natal, Recife e Rio de Janeiro; e estavam armados até os dentes mais uma vez, de novo, e bem antes de março de 1964, desta feita com as Ligas Camponesas de Julião, o exército de Brizola e a turma de Prestes. Seu desprezo em relação a esses fatos é um verdadeiro insulto à memória das vítimas dos comunistas no Brasil.
De 1961 a 1964, quando se rearmaram mais uma vez, só não usaram suas armas (a não ser para invadir terras no Nordeste) porque não precisaram: Jango, que estava do lado deles, estava no poder e eles criam que ele teria forças suficientes para conseguir fazer a revolução almejada.
Outra coisa: Volto a frisar o que já disse aqui em uma quantidade de vezes que já perdi a conta: Os golpes e ditaduras anti-comunistas na América Latina só aconteceram por causa das tentativas de implantar o socialismo nos países dessa região. Foram reações. O próprio Allende, um Hugo Chavez de sua época, declarou que transformaria seu país num país socialista, só que foi derrubado do poder antes.
Odeio ditaduras. Ojerizo o que fizeram Pinochet e companhia limitada, mas não porque foram anti-comunismo, mas porque foram ditaduras; porque mataram gente, torturaram gente e cercearam liberdades. Rechaço essa turma. Agora, há gente que é contra esses carniceiros só porque eles eram anti-comunistas, e por isso os criticam (com razão), mas, numa demonstração do que acham mesmo da democracia, batem palmas para Fidel (que, aliás, foi mais carniceiro do que todos eles - matando cerca de 100 mil, sendo 17 mil só por fuuzilamento) e batem palmas para a China (que matou 70 milhões). Repito: aqui não há "dois pesos e duas medidas".
Veja, você acha que porque alguém foi eleito democraticamente não pode ser deposto do poder se setntar contra a ordem do país. Ainda que tente implantar o socialismo no país, desrespeitando a Constituição, dando um golpe estando assentado no poder, ninguém pode fazer nada, só porque foi eleito democraticamente. Ou seja, para você, socialismo não é um mal. Aliás, segundo seu próprio exemplo, Allende não estava fazendo nada demais, só estava querendo implantar o socialismo no Chile. Só esses "burgueses" de sempre - os empresários, toda a imprensa, a ordem dos advogados daquele país e as igrejas - eram contra. Allende tinha apoio do povo simples (Tão difícil de ser manipulado!) e trabalhadores. Ou seja: "Isso não é um mal!".
(Continua...)
(Concluindo...)
O socialismo é absolutamente incompatível com a democracia. E não precisamos nem entrar no campo da análise lógica de como seria a aplicação dessa teoria (o que já nos daria um cenário terrificante). Basta ver o que fez o socialismo onde foi implantado. Diga-me um único país que não sofreu atrocidades depois que se tornou socialista. Rússia, países do Leste Europeu, Camboja, Cuba, um dos Vietnãs, Alemanha Oriental, Coréia do Norte, pode citar qualquer um. E hoje, veja o que está acontecendo nos países da América Latina onde estão querendo implantar ideais do socialismo: veja a Venezuela de Chavez, o Equador de Rafael Correa, a Bolívia de Morales, o Paraguai de Lugo etc. Foram todos eleitos democraticamente. E não estou a defender golpe de Estado nesses países. Não! Até desejo que as pessoas desses países do nosso continente (Venezuela, Equador, Bolívia etc) experimentem bem o que são os ideais socialistas para, quando eles não aguentarem mais essas coisas e finalmente essa turma do Foro de São Paulo ser retirada do poder, serem curados totalmente da mentalidade pró-esquerdismo que foi criada nas últimas décadas em nosso continente devido às ditaduras anti-comunistas do passado que tivemos por aqui. Um dos reflexos dessa mentalidade pró-esquerdismo na América Latina é, por exemplo, a crença estúpida de que não ser socialista é mal porque "ditadura é coisa da direita". O indivíduo que pensa assim deveria se perguntar quantos países não-socialistas temos no mundo e quais deles são ditaduras. E logo depois se perguntar quais são as únicas ditaduras que temos no mundo (somente as socialistas e as islâmicas). E mais: se perguntar quantos governos socialistas da história foram ditaduras. Resposta: Todos. Pois é, mas "ditadura é de direita"...
Finalmente, concluo constatando que, além dos disparates que você disse, você ou não leu todo o meu artigo ou leu e não entedeu nada, porque eu NÃO DISSE que defendo a ditadura militar, mas que entendo porque a igreja evangélica não quis fazer nenhum movimento de oposição à ditadura, apesar de defender a democracia. Eu não eufemizo, mas chamo as coias pelos seus nomes: eu disse em meu texto que a ditadura cometeu CRIMES, e manifestei mais de uma vez meu REPúDIO aqui, neste espaço de comentários, pelas torturas e os assassinatos da ditadura. Só disse que era condescendente em relação à revolução de 1964, não ao que sucedeu a ela a partir de meados de 1965. São coisas totalmente distintas.
Enfim, caro Thiago, para usar uma metáfora culinária sua, você deslizou bonito na "maionese" vermelha...
Pastor e amigo César Moisés,
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Pela graça de Deus, fazemos o que podemos. Abraço!
Caro Lucas Marin,
Obrigado pelas palavras de apreço e motiivação. Abraço!
Caro Fredy,
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Que bom que este artigo tem sido esclarecedor e bênção para a sua vida. A segunda parte dele pretendi publicar neste final de semana, mas, como acabei dedicando-me muito na moderação e interação dos comentários, e estarei um tanto ocupado nas próximas horas deste sábado e no domingo, terei que adiar a publicação da segunda parte do artigo. Só mais alguns dias e o concluo e publico. Abraço!
Caro Silas.
Realmente seu texto é muito bom. Pessoas sem conhecimento teológico devem acreditar piamente em seus argumentos. Admiro sua retórica!
Encerro minha participação neste blog. Realmente, o colega não compreendeu absolutamente nada de Moltmann. Posso citar mais trechos de suas obras, assim como opiniões de gente como Alister MacGrath e etc..
A respeito da HERESIA ALIENANTE do pré-milenismo, vc a defende apenas usando meras hipóteses. É engraçado, uma pessoa que se considera a defensora da " sã doutrina" não citou nenhum escritor patrístico, nenhum concílio chave do cristianismo que ensinasse tamanho disparate. Por fim, os teólogos citados pelo amigo são todos fundamentalistas, distantes até mesmo do conservadorismo clássico cristão. Agora, me perdoe, citar Abraão de Almeida como fonte é até cômico. Finalizando, continuem orando para que o templo sionista seja reerguido no local da mesquita de Omar, como foi noticiado na capa do " Mensageiro da Paz". Ah, tenho certeza que entre Moltmann e esta bobeira pré-milenista, Calvino ficaria com o primeiro. Arrebatamento, deixados para trás, Anti-Cristo, desvaneios de uma teologia manca.
André
Obviamente não vai influenciar em nada, mas abaixo um texto muito interessante de Jorge Pinheiro intitulado : Teologia da Esperança Versus Teísmo Aberto
André
http://jorgepinheirosanctus.blogspot.com/2008/12/teologia-da-esperana-versus-teologia.html
Um pequeno trecho do link sugerido.
Box
Teísmo aberto ou teologia do sentimento de culpa norte-americano
O Teísmo aberto é uma teologia que faz um balanço do conceito da onisciência de Deus, na qual se afirma que Deus não conhece o futuro completamente, e pode mudar de idéia conforme as circunstâncias. Seus teólogos afirmam também que o termo “todo-poderoso” não pode ser extraído do contexto bíblico, pois a tradução original da palavra da qual é traduzida tal expressão se perdeu ao longo dos séculos.
Assim, o Teísmo aberto diz que Deus se relaciona com o ser humano, conhece o futuro, mas não todo ele, pois esse futuro ainda não teria existência na presença de Deus, dado o livre arbítrio do ser humano concedido por Deus. Para o Teísmo aberto, Deus é todo-poderoso por seu despojamento, visto que mesmo tendo ausência de controle sobre as escolhas humanas, é capaz de governar o futuro prometido. Ou seja, porque Deus não se preocupa em estar no controle de suas criaturas é que ele demonstra estar realmente no controle.
O Teísmo aberto tem origem na Teologia do processo. Surgido na década de 30, a Teologia do processo teve como principais representantes Charles Hartshorne, Alfred North Whitehead e John Cobb. Trouxe para a teologia o panenteísmo, que faz a aproximação dos pensamentos teísta e panteísta. O termo Teísmo foi cunhado pelo adventista Richard Rice em 1979, quando publicou pela Review and Herald Publishing, o livro "A Abertura de Deus: a Relação entre a Presciência Divina e o Livre-arbítrio" (The Openness of God: The Relationship of Divine Foreknowledge and Human Free Will).
John MacArthur, no ensaio Megamudança Evangélica diz que o ensino teve origem com Robert Brow, em suas preleções em praça pública. Apesar das origens na Teologia do processo, na década de 1930, e das afirmações de John MacArthur, em 1990, essa leitura teológica divulgou-se meio evangelical a partir de 1986, através de Clark Pinnock, num ensaio denominado "Deus Limita seu Conhecimento" [God Limits His Knowledge]. Clark Pinnock e John Sanders tornaram-se os principais defensores dessa leitura teológica.
O professor Luiz Sayão, da Faculdade Teológica Batista de São Paulo, afirmou na revista Enfoque Gospel, que o Teísmo aberto “representa uma reação exagerada contra o calvinismo”.
Moltmann e os teólogos da esperança, contrários ao Teísmo aberto, afirmam que Deus está fora do tempo e do espaço, acima de toda materialidade, e se revela ao humano vindo do futuro escatológico. Por isso, não há como Deus desconhecer aquilo que se dá no mundo material.
A apologética do Teísmo aberto, de teólogos norte-americanos cheios de sentimentos de culpa pelos erros da política externa dos EUA, procura livrar Deus de qualquer responsabilidade diante das maldades do Império. É uma teologia pragmática, que acaba por desconhecer a própria teologia, em especial o trabalho gigantesco de Jürgen Moltmann.
André
respondendo...
Pastor, sou totalmente contra o comunismo. Sou por causa de seus princípios filosóficos. Não é por que comunismo é anti democrático, por que não é. Não é pq o comunismo tem a ver com matanças e sangue, por que não tem. Não é por conta dos regimes chinês, cubano, ou soviético, pq estes regimes nunca foram comunistas.
Esta discussão está além dos seus estudos e do seu texto. Quem estuda o comunismo está discutindo em um outro nível. Quem conhece o pensamento de Marx sabe muito bem apontar os desvios e os erros práticos dos regimes que eu citei.
Sou contra o comunismo pq ele é oposto aos princípios cristãos, que dizem que Jesus é o Senhor absoluto, que morreu na cruz por nossos pecados, e o comunismo anula o papel de Deus na história. O comunismo é baseado no materialismo dialético, que é antagônico à visão de mundo cristã. O comunismo propõe a mudança do mundo através de uma revolução social e econômica, e a Bíblia não nos manda levar a cabo tal revolução. Creio que a sociedade melhora quando o homem conhece Jesus, e que as coisas fazem sentido quando nós conhecemos Jesus, autor e consumador da nossa fé. Nesse ponto penso que concordamos.
Sobre Mussolini e o fascismo, conheço muito bem a história. Não é "oq não me contaram". Conheço a história bem mais doq possa parecer. Afinal, 4 anos de graduação e 2 de mestrado nos ensinam umas poucas coisinhas. O fascismo é um movimento de extrema direita, anti comunista. Capitalismo de Estado não é socialismo. Não tem nada a ver.
A mesma coisa em relação ao nazismo. O termo nazi vem do alemão national sozialisten, nacional socialismo, mas isso não quer dizer que seguia qualquer princípio socialista.
continuando...
na minha adolescência eu não gostava de crente, ouvia dizer que eles eram, isso e aquilo...e vivia falando mal da Bíblia. Aí sabe oq aconteceu? Eu conheci os crentes. E conheci a Bíblia.
Tipo, antes meu referencial de igreja cristã era a católica. Pq? Pq dizia-se que era a verdadeira igreja cristã, dizia-se que tinha sido fundada por Jesus e eu não conhecia a Bíblia. Aí eu conheci Bíblia, e oq a Bíblia diz a respeito de igreja. Sba eoq eu descobri? Que apesar do que era dito sobre o catolicismo, aquele não era o verdadeiro cristianismo bíblico.
São coisas diferentes, mas a premissa serve. Pra falar sobre comunismo é preciso conhecê-lo. Oq o senhor disse no texto é aceito pelo povão, mas quem estuda o assunto sabe que as coisas não são assim não.
Dizer que o nazismo é socialista pq ele se diz socialista, é dizer que um espírita (que "se comunica" com mortos e crê na reencarnação) é cristão, pq ele se diz cristão. Pra mim não é, pq a Bíblia nos mostra como os cristãos devem agir e pensar.
Então, quer conhecer o nazismo? leia sua obra mais importante, o Mein Kampf. Quer conhecer o comunismo? leia no mínimo o manifesto (de 1948), onde os comunistas se apresentam e dizem quais suas propostas para a sociedade.
Digo pra ler, não pra aderir. Pelo menos pra conhecer e evitar falar certas coisas inadequadas.
continuando...
não vou explicar pra vc oq é nazismo, oq é fascismo, oq é socilismo e oq é comunismo, pq, não sei se o senhor sabe, mas há uma diferença entre socilismo e comunismo. Mas eu conheço cada uma destas ideologias (de estudar) e sei quais são as diferenças e que as duas primeiras são de extrema direita. E veja, não sou eu quem cria conceitos. Os conceitos de esquerda e direita, capitalismo e socialismo e quetais, existem dentro da ciência política há décadas, e embora existam divergencias de detalhes entre os vários autores,em essência sabe-se oq é cada coisa.
Sobre as "vítimas do comunismo antes de 64", viagem total.
Na sua resposta o senhor nem observou oq foi colocado por mim.
A esquerda não é homogênea. Não há unidade de comando, muito menos unidade de pensamento. O senhor sabe quantas dissidencias havia dentro da esquerda no Brasil, nos anos 60? O senhor saberia me dizer (sem pesquisar no google) o nome de cada grupo armado que atuou no pós 64, quais seus líderes, suas práticas e quais suas ligações com o movimento de 35 e com as ligas camponesas? Me mostra isso...Me mostra qual a ligação da VPR com Franscisco Julião.
Não concordo com o maniqueísmo que é feito na política, onde se demoniza a esquerda e se diz que a direita (ou o capitalismo) são adequados a sociedade, por conta de seus valores.
Não é a orientação política que define o caráter, nem quem é bonzinho ou malvado, ou quem está certo e errado.
(continuando)
entendo o posicionamento do senhor. O senhor acha que a esquerda é uma furada, e que qualquer medida para impedir um governo de esquerda é justificável, pq esquerda é sinônimo de ditadura, censura, perseguição e exílio (onde foi que vimos isso na história do Brasil mesmo?). Por isso o senhor chama o golpe de 64 de contra golpe, pq violência preventiva se justifica. Sei que quanto a isso nunca chegaremos a um acordo, então, mudemos de tópico.
Sobre a participação da igreja, de fato a igreja não devia lutar contra a ditadura, pq a função da igreja não é fazer revolução social ou política. de fato a igreja na época antiga não lutou contra o império romano, nem quando perseguida, nem tentou tomar o poder político em Jerusalém, nem lutou contra a escravidão que havia em Roma. E isso é plenamente compreensível. Penso que, para explicar a posição da igreja durante o período do golpe não é preciso exaltar o golpe, mascarar as intenções sombrias da junta, e fazer a caveira dos comunistas.
Sou contra o comunismo pq seus princípios não combinam com minha fé. Sou contra o comunismo pq ele acaba favorendo o aborto e o homosexualismo, pq ele é contrário à família, pq sua ética e moral são diferentes da cristã. Enfim, sou contra por questão de princípios.
Uma pessoa alheia à política, ou um empresário (burguês) também pode ser adúltero, imoral, ateu, pró-aborto e quetais. Independente da visão políitca. Uma igreja cristã também pode ser perseguida num país capitalista. E por aí vai...O comunismo tem estes princípios errados, que eu comentei, mas não foi ele quem criou, ou não são exclusivos do comunismo. Por isso não sou maniqueísta.
O capitalismo mata diariamente milhões de fome, exclue diariamente milhões da comunidade humana, coisifica, humilha,persegue, diminui o ser humano, transformando-o em mercadoria. Por isso não vou dizer qual é pior...Minha luta não é política, mas espiritual (Ef 6:12, 2Co 2:4).
Não vou dizer que o militar morto em uma ação de um grupo armado era mais humano doq um estudante de esquerda morto sob tortura no DOPES, ou dizer que a vida de um vale mais doq a do outro, essas coisas...Ambas as mortes são lamentáveis. São seres humanos que prederam suas vidas.
Por isso, apesar de minha repulsa aos princípios comunistas, repudio o golpe de 64, repudio a ditadura, as torturas e as mortes de centenas de pessoas, em sua maioria operários, estudantes e políticos que tinham famílias e não tinham sequer antecedentes criminais.
Muito respeitosamente, Thiago José, professor de História
Abraços!
Graça e Paz!
Pastor Silas,
A paz do SENHOR.
Interessante artigo e o senhor foi brilhante nas interações em seus comentários. Entendo, que qualquer oposição mais forte dos evangélicos nos anos da ditadura poderia ser interpretado como conluio e/ou conivência com os grupos revolucionários esquerdistas . Porem, assim como há tempo de calar, há o tempo de falar. E, no entanto infelizmente vejo que os evangélicos (pelo menos a maioria) não perceberam que o “tempo de falar” chegou.
Escrevi há alguns dias, sobre os nossos políticos, ao Pastor Geremias do Couto, que faz parte do Conselho Político da CGADB, os questionamentos foram o seguinte: o que os políticos que tiveram a indicação da Convenção Geral já fizeram? Como eles são escolhidos? Por onde eles andam? Quem são eles? O que já foi aprovado que tiverem iniciativa deles e beneficiou a população? Onde está força da “bancada evangélica”? Como eles deixaram que leis como a famigerada PL 122 estejam na eminência de ser aprovada ? O Pastor Geremias prometeu escrever um artigo a respeito e estou aguardando.
Recentemente vi a propaganda de Antony Garotinho e fiquei triste com sua aliança com o PT. Embora ele não sendo assembleiano, teve e de certa forma ainda tem o apoio da denominação. Ele fazia uma oposição forte e contundente contra a esse governo e agora mendiga pelo apoio de Lula.
Por que não criar logo um partido que tenha princípios cristãos e que não negocie com políticos inescrupulosos e corruptos? Porque grupos como o Mst e os Gayzistas, apesar de defenderem ideais espúrios e são minoria em relação aos evangélicos, tem mais força política?
Pastor, ainda pode ser feito alguma coisa? Ou no resta apenas, como o cantor Lazaro, cantar “ainda bem que vou morar no céu”?
Em Cristo,
Joabe
Querido amigo
A Paz do Senhor!
Parabens pelo artigo.
O grande mérito da Ditadura Mililitar foi ter impedido a instalação do comunismo no Brasil.
O demérito foi colocar no mesmo bojo dos comunistas pessoas de bem, amantes da liberdade que eram contra a ditadura, mas não eram comunistas.
A liberdade de expressão e de pensamento, aprodução intelectual e o desonvolvimento do país sofreram uma grande golpe.
Abraços e Saudades!
Jossy
A propósito Silas,
o Estatuto do PSB dis claramente que o pastido tem por objetivo a implantação do Socialismo no Brasil.
Na eleição de 2002 Garotinho concorreu por esse partido. Temos vários deputados da AD nesse partido. O que dizer a respeito?
Infelizmente, depois de ler tantos discussões e "achismos". Sigo o conselho de Ricardo Gondim: "Não discutam com quem “se acha”.
Infelizmente, dentro de nossa Assembléia de Deus está cheio destes "se achões". Se fecham em suas teologias ortodoxas inflexíveis. Incapazes até mesmo de acabar com o nepotismo vingente, porfias partidárias, e rachas convencionais de nossa instituição.
Silas por favor...
Hoje não temos em nossa instituição uma pessoa com o gabarito de Moltmann. Por isto, por favor! Fácil é escrever contra a teologia da libertação, difícil é agir como eles agiram diante da ditadura.
Por favor, não perca seu precioso tempo em me responder!
Caro André,
Obrigado pela sua manifestação fervorosa de apreço pela Teologia Pentecostal bem como pelo pré-milenismo. Ademais, eu, Robert P. Lighter, Klaus Kock, Norman Geisler, Stanley Horton, Tony Lane, Rousas John Rushdoony, Greg Bahnsen, Abraão de Almeida e Joseph Ratzinger devemos ser mesmo um bando de burros e disléxicos diante dos fãs de Moltmann. Estes é que são ortodoxos. Nós, coitados, somos uns tremendos ignorantes.
E como você disse, esse negócio de Arrebatamento, Anticristo, Templo de Jerusalém reconstruído deve ser tudo uma grande "bobagem", não é mesmo?
Obrigado por ser tão claro.
Caro Thiago,
Comunismo não é e nunca foi antidemocrático? O "Manifesto Comunista" defende a democracia? É, pensando bem, a expressão comunista "ditadura do proletariado" deve ser uma referência a um sistema democrático, não é mesmo?
O "Manifesto Comunista" (que você é que sem dúvida não leu - se não, não teria gravado aqui esse erro crasso), é de 1848, e não de 1948. E ele prega, com todas as letras, a revolução pelas armas. E para não deixar dúvidas do que estava dizendo, escreveram Marx e Engels no último capítulo de seu "Manifesto": "Os comunistas não têm porque esconder suas idéias e intenções. Declaram abertamente que seus objetivos só podem ser alcançados derrubando pela violência toda a ordem social existente. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!”
Que "lindo", não?
Aliás, em qual país comunista do mundo existe democracia? Coréia do Norte? Cuba? China?
E o irmão continua zombando dos cerca de mil mortos pelas mãos dos comunistas no Brasil antes de 1964: "...viagem total...". Eis o seu apreço pela história! Todos os grupos de guerrilha durante o regime militar eram comunistas abertamente e pregavam a derrubada dos militares para a implantação da "ditadura do proletariado". NENHUMA GUERRILHA NO BRASIL LUTOU PELA DEMOCRACIA, NÃO IMPORTA QUAL VERTENTE COMUNISTA PROFESSAVA. TODAS AS SUAS CARTILHAS AFIRMAM QUE LUTAVAM PELA IMPLANTAÇÃO DE UMA DITADURA COMUNISTA. TODAS! As cartilhas deles estão aí até hoje, disponíveis para consulta, para provar isso.
Outra coisa: Ao defender o liberalismo econômico, cunhado de capitalismo pelos comunistas alemães no século 19, não se está dizendo aqui que esse sistema seja perfeito. Ele é imperfeito pelo simples fato de ser humano, e inclusive por isso deve ser aplicado observando regras éticas, justas e precisas. Já disse aqui: (1) O mercado não é nenhum deus; livre mercado é bom, mas quando existe sob regras éticas claras; (2) E o mercado sozinho não resolve tudo. Por isso são necessárias políticas sociais, e não meramente assistencialistas (pois isso é um mero paliativo), mas políticas que ajudem, sim, concretamente, aqueles setores menos favorecidos para que todos na sociedade possam entrar no livre mercado. Já o comunismo é uma ABERRAÇÃO. Sua mera aplicação é uma VIOLÊNCIA contra a sociedade.
(Continua...)
(Continuando...)
Só mais uma coisa: ser de direita (no sentido econômico) não é ser conservador. O conservador é, via de regra, de direita economicamente, mas sem dar ao mercado o "status" de solucionador de todos os problemas, e conservador na área social. Exemplo: nos EUA, tanto o Partido Democrata como o Republicano são, em linhas gerais, de direita economicamente, mas o primeiro é de esquerda socialmente (liberalismo social - "social liberalism") enquanto o segundo é de direita socialmente (conservadorismo social - "social conservatism"). Aqui, no Brasil, só temos politicamente apenas uma direita liberal socialmente. Já há algumas décadas que desapareceram os políticos de direita que são conservadores sociais.
E caro Thiago, ninguém precisa fazer a caveira dos comunistas. Eles já fizeram mais de 100 milhões de caveiras vítimas de suas atrocidades. Basta apresentar o comunismo como ele é, sem carregar nas tintas. Mostrar os fatos. Só apreentá-los. O comunisno do papel é terrificante. O do fora do papel, ainda mais abissal. Os fatos são uma demonstração acachapantemente.
Ademais, mais uma vez você mistura as coisas. Já disse e repito: Sou contra a ditadura que se instalou neste país pelos militares, assim como sou contra a guerrilha que queria derrubar os militares para implantar a sua ditadura por aqui. O movimento cívico, que transformou-se em um movimento cívico-militar no final de março de 1964, NÃO QUERIA UMA DITADURA. É esta uma das verdades mais escamoteadas até hoje! Só houve fim das eleições diretas e censura um ano depois. O que os militares fizeram meses depois de Castelo Branco assumir o "mandato tampão" que duraria até às eleições diretas programadas para 1965 (que tinham Juscelino, Lacerda e o governador de MG como candidatos) foi um golpe contra o movimento de derrubada de Jango, golpe este que acabou tendo como álibi, como seu justificador, exatamente a guerrilha, que deixara já à época vítimas fatais pelo chão de nosso país, sobretudo em São Paulo. A guerrilha foi uma tragédia por duas razões: primeiro, pelas suas atividades em si e, segundo, porque esticou o "mandato tampão" de Castelo e, mais à frente, levou ao AI-5 em dezembro de 1968, quando o número das vítimas fatais das guerrilhas já era de duas dezenas, além de outras dezenas de feridos e amputados. A ditadura levou dez anos (de 1968 a 1978) para acabar com todas as guerrilhas, mas a um custo altíssimo: extensão do regime, tortura e censura. Foi só depois de desarticuladas todas as guerrilhas que veio a Anistia e a abertura paulatina do regime até a democracia plena.
E mais: para sua informação: (1) A MAIORIA DAS CERCA DE 200 VÍTIMAS DA GUERRILHA NO BRASIL NÃO FOI DE MILITARES, MAS DE CIVIS (SE QUISER CITO OS NOMES E AS OCUPAÇÕES DAS VÍTIMAS); E (2) A MAIORIA ESMAGADORA DAS CERCA DE 300 VÍTIMAS FATAIS DA DITADURA MILITAR ERAM LIGADOS À GUERRILHA.
Caro professor Thiago, por favor, informe-se melhor.
Sobre "Mein Kampf": Caro, em sua obra Hitler critica tanto o socialismo marxista quanto o capitalismo. Por quê? Já expliquei a você, mas se quiser repito: a única diferença do socialismo de Hitler para o socialismo marxista era que o nacional-socialismo substituía a luta de classes pela luta entre raças. Só isso. O resto é absolutamente igual, o que Hitler e seus colegas afirmaram inúmeras vezes (e o próprio regime nazista era uma prova disso). Hitler diz expressamenbte em "Mein Kampf" que o socialismo marxista é um mal como o capitalismo. Ele afirma que o marxismo “é uma ideia tão judaica como o próprio capitalismo”. Está lá!
(Continua...)
(Concluindo...)
Outra coisa: você inverte as coisas: o que prevalece entre o "povão" não é a idéia de que o fascismo e o nazismo são de esquerda, mas justamente que são de extrema-direita! O que não é "povão", o que pouca gente já parou para atentar, é que o fascismo e o nazismo são seitas advindas DA ESQUERDA, E NÃO DA DIREITA. Vou me repetir de novo: O fascismo foi fundado na Itália por Mussolini, que era da direção do Partido Comunista italiano quando rompeu com ele justamente para fundar o fascismo. O fascismo na Itália recebeu no começo o apoio de gente da direita justamente porque opunha-se às greves comunistas e pregava a ordem. Porém, essa "ordem", logo que instaurada, causou dissensões, porque era uma "ordem" via um Estado forte e a supressão de liberdades. Boa parte da direita chiou, mas já era tarde. E sobre o nazismo, repito também: Assista "The Soviety Story", documentário premiado e produzido com o apoio do Parlamento Europeu. Eu poderia me alongar aqui repetindo coisas que já disse e acrescentando outras, quando basta você pelo menos assistir a esse documentário, que traz documentos que recentemente vieram ao lume após a abertura dos arquivos do Leste Europeu há poucos anos, para que tenha uma noção do que estou falando. Ademais, leia Eric Voegelin, Hayek, Mário Ferreira dos Santos, José Osvaldo de Meira Penna e Jonas Goldberg, cujos livros já citei neste espaço de comentários interagindo com outros leitores.
Enfim, caro Thiago, sei que você é crente como eu e teme a Deus, como eu também temo. Apenas ainda não percebeu o que já percebi: o que é realmente o comunismo. Quando isso acontecer, teremos mais uma afinidade, além de sermos filhos do mesmo Pai celestial.
Abraço!
Caro Joabe, a Paz!
O pastor Geremias, como membro do Conselho Político, tem muito mais propriedade para falar sobre esses assuntos levantados pelo irmão do que eu. Quanto a Garotinho, que eu saiba, ele não tem mais o apoio da denominação (CGADB) como em 2001, e já não o tem há um bom tempo.
Abraço!
Caro irmão e amigo Jossy, a Paz!
Primeiro, prazer revê-lo aqui! Segundo, você resumiu em poucas linhas tudo o que penso sobre o regime militar neste país. Assino embaixo, só com uma minúscula ressalva: o Brasil experimentou um período de crescimento nos anos 70, o maior de sua história, com o país crescendo 15% ao ano. Para se ter uma idéia, em 1964, o Brasil era a 46a economia do mundo; enquanto em meados dos anos 70 - isto é, em pouco mais de 10 anos -, já era a 8a!
Porém, esse crescimento veio abaixo com a crise do petróleo e a criação de nada menos nada mais que 200 estatais durante o governo Geisel (que teve muitas virtudes, como ter retomado a abertura do regime logo depois das guerrilhas desarticuladas, mas pisou na bola pela quantidade de estatais criadas em seu governo durante uma crise econômica e por ter patrocinado... a guerrilha de esquerda em Angola! - algo estranhamente contraditório para o regime militar brasileiro, que, excetuando esse estranho episódio - sempre foi anticomunista). O caos econômico nos anos 80 foram decorrência da crise internacional nos anos 70 e das decisões internas (criações de centenas de estatais) tomadas no final dos anos 70.
Sobre haver políticos crentes filiados ao PSB, que prega ainda em seu estatuto a proposta jurássica e absurda da implantação do socialismo no Brasil, isso se deve mais ao oportunismo político desses irmãos em busca de um partido forte em suas regiões para se eleger do que a razões ideológicas. Tenho amigos crentes que são filiados ao PSB, mas que não defendem nada da pregação ideológica que aparece no estatuto oficial do partido. Essa é uma questão para se pensar, sem dúvida, mas o que vejo, por ora, é mais conveniência política do que conversão ideológica. Como o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaaf, que filiou-se recentemente ao PSB, mas não há quem possa afirmar que ele seja, de fato, socialista.
Abraço!
Escrevi 1948? Foi um erro provocado pela falta de atenção. Marx nasceu em 1818 em Triers e morreu em 1883 em Londres, jamais poderia ter escrito o manifesto no século XX. Mas depois que vc falou que o fascismo surgiu depois da II guerra, em algumas postagens anteriores, poderia ser um pouco mais compreensivo não é?
Não vou mais ficar discutindo...Sei do que eu falo, e o senhor também sabe, então não é necessário perdermos tempo aqui...
deixei claro para o senhor que não sou comunista, e que a transformação social que busco, é através do evangelismo.
Eu li Mein Kampf todinho (fiz uma monografia sobre sionismo e formação do Estado de Israel) e sei que o q tem lá não tem nada a ver com marxismo. E sei disso pq eu sei exatamente doq trata o marxismo. A proposta comunista é o fim da propriedade privada, do Estado e do casamento monogâmico. Tem isso no Mein kampf? Não estou defendendo Marx, só mostrando as diferenças.
A ditadura do proletariado seria um governo da maioria (os trabalhadores, que produzem o conteúdo material da riqueza social), e é um período de transição para o comunismo, onde não haveria nem Estado, nem política, nem classes, nem dominação. Seria a sociedade dos produtores livremente associados. Onde o livre desenvolvimento de cada pessoa seria a condição para o livre desenvolvimento de todos.
Veja só, para entender a obra de Marx é preciso entender seus pressupostos básicos. A obra de Marx não tem sua centralidade na política, mas no trabalho. O trabalho é a categoria fundante do ser social, e é a partir do trabalho que Marx formula suas teorias.
É por isso que o comunismo é simplesmente uma sociedade onde ninguém explora o trabalho de outro, onde os produtores possuem o controle da produção, e se associam livremente.
Esses é o ponto básico do pensamento marxiano. AS raízes dos problemas e a proposta de solução. É por isso, caro pastor, que o senhor comete equívocos comuns a todos aqueles que querem escrever sobre um assunto sem de fato conhecê-lo. Não obstante sua inteligencia e suas pesquisas, o senhor não consegue ver além do fenômeno, sua análise não ultrapassa o nível das aparências, pq é o limite da perspectiva gnosiológica que o senhor adota (com ou sem consciência). Por conta disso, não pode chegar na essência do problema, e suas conclusões são erradas.
Marx adotou a perspectiva ontológica, e apenas por meio de um estudo de fundamentação ontológica é possível entender o pensamento social marxiano.
Por isso é como se falássemos idiomas diferentes, pq nossa fundamentação é diferente.
Abraços!
Graça e Paz!!!!!!!
Caro Vitor Hugo,
"Se achar", virtudes da teologia da libertação, Moltmann, "ortodoxia flexível"...
Ok, não vou responder.
Caro Tiago,
Releia o que escrevi. Não me referi à data equivocada que você deu à publicação do “Manifesto Comunista” como sendo erro crasso, imaginando justamente ser fruto de distração. Referi-me à sua afirmação de que o comunismo é democrático como um erro crasso. Esse, sim, é o absurdo.
Sobre “Mein Kampf”, quem disse aqui que o que há lá tem a ver com marxismo? Já disse e vou repetir: em sua obra, Hitler não condena o socialismo, mas o socialismo marxista; e condena tanto o socialismo marxista quanto o capitalismo. A única diferença entre o socialismo marxista e o socialismo de Hitler e seu partido é que o socialismo destes é baseado não na luta de classes, mas na luta entre raças. No nacional socialismo alemão, a propriedade é privada de “jure”, mas não de “facto”. Isto é, com a ascensão do nazismo ao poder, as pessoas passaram a ser apenas mordomos das propriedades que estavam em seus nomes, pois estas, de fato, pertenciam ao governo; durante o regime nazista, o próprio texto da lei dizia que o governo tinha total direito de desapropriar qualquer coisa que bem entendesse, de qualquer pessoa física ou jurídica, sem indenizar e para dar o destino que bem quisesse, sem restrições. Isso não só estava no plano de governo do Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, escrito e lançado por Hitler em 1920, como foi aplicado “ipsis literis” depois de Hitler ascender ao poder. Além do mais, como já disse aqui e volto a lembrar, no regime nazista, era (1) o Partido que dominava o Estado e (2) era o Estado-partido quem determinava o que as empresas deveriam produzir, quanto deveriam produzir, para quem deveriam produzir e o valor dos produtos. Se alguma empresa se negasse a seguir a determinação do Partido, era desapropriada e o governo colocava lá outra pessoa, porque a propriedade do meio de produção era, de “facto”, do governo.
E caro Tiago, a ditadura do proletariado não tem absolutamente nada a ver com democracia. Como o próprio nome já diz e o próprio Marx definiu, a ditadura do proletariado consiste na expropriação de todos os meios de produção, na destruição de todos que se opõem ao regime comunista e no fim da liberdade de expressão (liberdade esta que existe só para os apoiadores do comunismo). Ademais, caro Tiago, democracia não é governo da maioria. Governo da maioria e governo da minoria são ditaduras. Democracia é governo de todo o povo, maioria e minoria, onde todos os setores do povo têm voz e representatividade, e onde a lei protege a ambos. Essa interpretação bizarra de democracia simplesmente como governo da maioria, como democracia plebiscitária, defendida por Rousseau, foi o que produziu a sangrenta Revolução Francesa (como confessou o próprio Robespierre) e depois os seus filhotes: o comunismo, o fascismo e o nazismo. Graças a Deus que não foi o conceito esdrúxulo de democracia de Rousseau que prevaleceu no mundo ocidental, mas, sim, o conceito anglo-saxão de democracia representativa, correto e coerente. Democracia, repito, é governo de todo o povo, onde todos os setores do povo têm voz e representatividade. É governo onde as leis garantem à minoria os mesmos direitos da maioria, onde nem a maioria nem a minoria têm sua voz tolhida. É governo onde não há espaço nem para a ditadura da maioria nem para a ditadura da minoria.
(Continua...)
(Concluindo...)
Ademais, um lembrete: Depois da Revolução Russa, Lênin teve que rever o conceito de ditadura do proletariado de Marx, substituindo-o pela ditadura do partido, o que foi seguido por todos os demais regimes comunistas do mundo. Sabe por quê? Porque nunca, em época nenhuma, os proletários, em sua maioria, quiseram o comunismo. A maioria dos proletários, em todos os lugares, nunca aceitou o comunismo. E sem a maioria armada a favor do comunismo, não há que se falar de ditadura do proletariado. Na Rússia, na China, em Cuba, em Camboja, no Vietnã, na Coréia do Norte etc, os comunistas se depararam com essa dura verdade e, então, tiveram que prender, matar e torturar proletários para manter o regime, e conseqüentemente substituir a ditadura do proletariado pela ditadura do partido. Gramsci pensou até numa outra saída para chegar a uma ditadura do proletariado: uma revolução cultural lenta e gradual para tentar criar uma geração simpática ao comunismo, para tentar criar essa maioria pró-comunismo, para tentar criar uma hegemonia comunista via hegemonia cultural comunista. Aliás, o próprio Lênin em seus escritos, bem antes de Gramsci, chegou a sugerir isso também como estratégia de implantação do comunismo noutros países, mas essa idéia só foi desenvolvida e ganhou corpo mesmo com Gramsci.
Que a obra de Marx tem sua centralidade no trabalho não está a se questionar aqui. A questão é o desdobramento equivocado que ele dá à sua idéia e a partir de uma interpretação equivocada do trabalho (interpretação esta que o economista austríaco Eugen Von Boehm-Bawerk tornou em pó em sua obra de vários volumes “O Capital e o Juro”, de 1884). Como você lembra bem, a teoria marxista tem no trabalho apenas o seu ponto de partida para envolver política, economia, valores culturais e até religião. Enfim, todos os aspectos da sociedade. O trabalho é só o ponto de partida para propor a destruição de toda a sociedade como a conhecemos hoje, substituindo-a por uma utopia totalitária e castradora de direitos e da vocação empreendedora do ser humano. No comunismo, caro Tiago, não existe associação livre. Ela é imposta. Quem não quiser se associar é preso, torturado e, se não “reeducado”, logo exterminado.
O marxismo, em seu ponto de partida teorético, apresenta até alguns problemas reais (misturado com farsas, como no caso dos Blue Books da Inglaterra mencionados distorcidamente em “O Capital” – os livros estão acessíveis a qualquer um no Museu Britânico e seu conteúdo desdiz a exposição que Marx faz deles em sua obra), mas mesmo apresentando alguns problemas reais, dá respostas erradas a todos esses problemas. Ele propõe como solução o extermínio de um grupo visto como mal (a burguesia e tudo que a representa – valores, instituições, religião, família tradicional, democracia representativa etc) e a imposição “goela abaixo” de um sistema.
Ademais, sobre essa confusão que você fez com o uso das chamadas interpretação gnoseológica e interpretação ontológica na hora de tentar rotular o método de análise do comunismo que utilizo: Caro, não interpreto os fatos baseado em meras condições subjetivas, mas em condições objetivas também! Se isso não ficou claro a você até aqui, sinceramente, não sei como remediar esse sua “dislexia”.
Hehehehehe
Confusão? Não é confusão só por que você não entende, ou não consegue debater nestes termos. Estude um pouco, caro pastor, aí você entenderá o que eu escrevi e poderá escrever algo realmente coerente, ao invés de partir pra um ataque pessoal.
Não rotulei seu método de análise do comunismo, porque o senhor não fez análise nenhuma.
Um detalhezinho: o termo ditadura do proletariado não aparece na obra de Marx. Se aparece, me mostre por favor, indicando em qual obra, página e quetais.
Quem usou o termo foi Engels, e depois quem fez largo uso foi Lênin.
Sobre o termo democracia, sugiro um pequeno estudo de História.
Democracia, termo grego que significa povo no poder, ou poder do povo, nunca existiu, nem nunca vai existir no mundo dos homens. A democracia grega excluía do poder quase 90% da população de Atenas, onde só participava da democracia quem fosse cidadão, ou seja, ateniense, homem, adulto, e proprietário. Escravos (que eram maioria), mulheres, estrangeiros e crianças não tinham voz nem vez.
Essa é a democracia em suas origens, o poder de uma minoria, sobre a maioria esmagadora da população.
A democracia moderna é uma criação burguesa que fica no plano das ideias, mas não se concretiza. Os homens são, supostamente livres e iguais, mas essa liberdade e igualdade formais não são reais. Ou o senhor acredita que um cortador de cana de uma usina tem as mesmas possibilidades do dono da indústria?
Ou será que o cara que trabalha na montagem de automóveis tem a mesma condição do dono da empresa?
A democracia burguesa mascara a realidade de desigualdade e escravidão que existe na relação de trabalho. Ou o senhor acha que é de boa vontade que um trabalhador se sacrifica em uma indústria, ganhando um baixo salário, para o enriquecimento de outra pessoa?
No processo de trabalho o trabalhador vende sua força de trabalho (porque precisa disso para sobreviver) para o empregador, que extrai do trabalhador o conteúdo material da riqueza social e paga pra ele um salário que é muito inferior ao que ele rende, e tem como objetivo garantir que ele continue vivo em condições de ser explorado. É o que se chama trabalho alienado, ou trabalho abstrato. O trabalho como mercadoria, subsumido ao capital. O trabalho deixa de ser o fundamento ontológico do ser para ser a prisão do trabalhador.
Isso é fato. Socialização da produção, privatização do produto. A maioria trabalha para o enriquecimento da minoria. A lei geral da acumulação de capital.
Uma realidade encoberta pelo conceito fajuto e falacioso de democracia.
De fato, o marxismo rejeita a democracia burguesa, por que ela é falsa. Por que não existe de fato poder do povo. É impossível, em uma sociedade regida pelo capital, um governo onde as necessidades reais das pessoas sejam atendidas. Os interesses do capital sempre prevalecem no modo de produção capitalista, e isso é fato. Qualquer economista sabe disso, qualquer empresário sabe disso.
O senhor falou sobre mortes de opositores. Qualquer regime, em qualquer lugar, demanda a caça dos opositores. Foi por isso que o governo ditatorial no Brasil matou os comunistas. Pq eram opositores do regime. Isso acontece independetemente do regime.
Hoje em dia o capital faz suas vítimas. Hoje em dia ele mata milhões de fome, coisifica, desmoraliza, tira a dignidade do ser humano...
(continuando)
Em oposição à falsa democracia, a democracia burguesa, Marx cria o conceito de emancipação humana. A emancipação política existe, consiste na liberdade e na igualdade formais. A emancipação humana é o ser humano realmente livre e igual. A superação do capital e o fim da sociedade de classes. A "passagem do reino da necessidade para o reino da liberdade".
Caro pastor, seus textos são de quem nunca leu Marx, a não ser os comentadores burgueses e os livros didáticos de ensino médio, e está totalmente alheio ao universo categorial marxiano.
De fato, ninguém precisa conhecer Marx, muito menos aceitá-lo, mas quando alguém se propõe a escrever sobre um assunto, é preciso que se tenha um conhecimento mínimo.
Do contrário fica embaraçoso.
(não se irrite comigo, por favor. Estou encarando isso como um exercício)
Abraço!
Graça e Paz!!!
Caro Tiago,
Como você “viaja”!
Usar a democracia grega como parâmetro do que seja a verdadeira democracia é uma bizarria! Não se pode falar de democracia genuína em termos dos antigos gregos, pois nessa área eles têm o mérito apenas de terem sido aqueles que primeiro lançaram uma espécie de sistema de governo do povo, algo que além de ser incipiente e imperfeito em seu sistema de funcionamento era limitado em seu alcance devido ao contexto cultural da época.
Tomar a democracia grega como parâmetro definidor do que é genuinamente democracia é como chamar o 14-Bis de Air Bus, Boeing, caça, jato supersônico ou foguete espacial. É como tomar o primeiro tijolo com sendo já a casa construída, o esboço como sendo já a obra completa. A democracia grega foi apenas o primeiro rascunho, uma democracia incipiente que serviu de base sobre a qual foi construída e desenvolvida a democracia. Além do mais, eu não dei nem margem para que alguém imaginasse que quando eu falava em democracia estaria tomando a vetusta democracia grega como referência, pois falei de democracia já em termos plenos. Falei de DEMOCRACIA REPRESENTATIVA, também conhecida como democracia liberal.
O problema da democracia grega não era o fato de que só cidadãos podiam participar dela (O que é legítimo!), mas, sim e essencialmente, o critério absurdo para definir quem poderia ser considerado cidadão. Por considerar a escravatura ainda normal, por não considerar mulheres como cidadãos, e por não conceder pelo menos um mínimo de direitos de cidadania ao estrangeiro (como as democracias modernas fazem hoje), a democracia grega era imperfeita. Seu sistema de funcionamento para os seus cidadãos, mesmo sendo ainda necessitado de aperfeiçoamento, é até hoje exemplar, constituindo-se a base da democracia moderna (o cidadão pobre tinha os mesmos direitos do cidadão rico, podendo participar em iguais condições da política – nada de aristocracia; havia e se celebrava a isonomia; havia justiça igualitária; os políticos deveriam ser questionados pelos seus atos etc). O problema maior é que ela só considerava como cidadãos os homens, e somente aqueles homens nascidos de pais atenienses.
A democracia plebiscitária de Rousseau, por sua vez, é uma distorção do princípio do sistema democrático, pois substitui a discussão das questões por todos os setores da sociedade representados (discussão esta que ocorre dentro de princípios regimentais que devem ser claros e justos) pela mera votação plebiscitária, onde não há discussões, mas simplesmente votações diretas, onde a maioria sempre vence a minoria, onde as questões nunca são arbitradas por meio da razão e depois de muita discussão, e onde não há critérios onde a minoria, mesmo em casos de perder em algumas questões, continue com direitos inamovíveis no mesmo status da maioria. Na democracia plebiscitária, não há garantia de governo limitado e de proteções de direito, nem há as restrições ao poder total da maioria via o controle constitucional. Isso só existe na democracia representativa, também conhecida como democracia liberal ou democracia anglo-saxã, que se baseia na tradição judaico-grega-cristã, diferentemente da democracia plebiscitária de Rousseau, absolutamente contra a tradição judaico-grega-cristã, e que inspirou o fascismo, o nazismo e o comunismo.
(Continua...)
(Continuando...)
E sobre o argumento de Marx de que a democracia liberal é uma espécie de “ditadura da minoria sobre a maioria”, e que você reproduz em sua fala, trata-se de uma charlatanice de Marx sem tamanho! Os países onde a população mais simples tem ascendido mais socialmente são justamente os países onde há a democracia liberal. E todos os países que tentam sabotá-la de alguma forma têm experimentado o oposto. Esse argumento de Marx é só uma de uma série de charlatanices marxianas quase sem fim. Quer conhecer a verdadeira história de boa parte desses engodos? Leia, por exemplo, “Os Intelectuais”, do historiador Paul Johnson. Um amigo meu, que depois de eu citar esta obra aqui se interessou em comprá-la, disse por e-mail que a última tiragem dela havia se esgotado recentemente, mas que estavam para fazer uma nova tiragem. Quem sabe você não aproveita e encomenda um exemplar para você?
Ademais, caro Tiago, sinto dizer, mas como historiador você está muito mal informado. Marx nunca usou o termo “ditadura do proletariado”?!? O primeiro a usar o termo foi exatamente KARL MARX! Engels apenas o seguiu. Na Carta a Joseph Weydemeyer, de 5 de março de 1852, um dos mais célebres documentos teóricos do comunismo, escreve e explica Marx que “A luta de classes conduz necessariamente à DITADURA DO PROLETARIADO” e que essa ditadura é necessária para se chegar “a uma sociedade sem classes”.
Antes de usar o termo pela primeira vez, Marx usava o termo “dominação do proletariado”, que aparece no “Manifesto Comunista”, de quatro anos antes, e para descrever a mesma coisa. Aliás, quando usa esse termo em o “Manifesto”, faz questão de explicar que a “dominação do proletariado” consiste na “derrubada violenta da burguesia” e que “o proletariado de cada país deve, antes de tudo, exterminar a burguesia em seu território”. E para não deixarem dúvidas do que estão dizendo, no final do “Manifesto”, afirmam Marx e Engels: “Os comunistas não têm porque esconder suas idéias e intenções. DECLARAM ABERTAMENTE QUE SEUS OBJETIVOS SÓ PODEM SER ALCANÇADOS DERRUBANDO PELA VIOLÊNCIA TODA A ORDEM SOCIAL EXISTENTE. Que as classes dominantes tremam diante de uma revolução comunista. Os proletários nada têm a perder nela a não ser suas cadeias. Têm um mundo a ganhar. Proletários de todos os países, uni-vos!”
(Continua...)
(Concluindo...)
Tiago, você já afirmou aqui, em sua defesa tresloucada do comunismo, absurdos como:
1) Comunismo não é ditadura, mas democracia;
2) Que o comunismo não matou ninguém no Brasil antes de 1964, quando matou no Rio, Natal e Recife cerca de mil pessoas na Intentona de 1935.
3) Depois, que não se pode ligar as guerrilhas de esquerda pós-1964 ao grupo da Intentona de 1935 e às guerrilhas das Ligas Camponesas de 1961 a 1964, quando o líder das guerrilhas das Ligas Camponses, Francisco Julião, era deputado do Partido Comunista, de Luiz Carlos Prestes, que por sua vez foi líder da Intentona de 1935; e Julião tinha como secretário-executivo das Ligas Camponesas quando estas foram desarticuladas pelos militares em 1964 exatamente o senhor Alípio de Freitas, igualmente membro do Partido Comunista de Luis Carlos Prestes, e o senhor Alípio foi quem fundou, logo depois do fim das Ligas, o grupo terrorista Ação Popular, a primeira guerrilha de esquerda a matar e mutilar pessoas depois da derrubada de Jango em 1964. Sem esquecer que é uma falácia chinfrim dizer que o fato de algumas daquelas guerrilhas não serem da mesma matiz do panteão comunista (pois algumas delas saíram de dentro das outras) não significa que não representavam o comunismo.
4) Que Marx nunca se referiu à “ditadura do proletariado”, e que esse termo é uma invenção de Engels e só ele falou sobre o termo.
E você ainda diz que eu NÃO LI Marx! Além de você me ofender acusando-me de mentiroso, basta constatar alguns dos seus deslizes aqui para concluir que VOCÊ É QUE NÃO LEU MARX. Tenho em casa o “Manifesto Comunista” e “O Capital”. “O Manifesto” já li todo mais de uma vez, há mais de 12 anos. “O Capital” li todo só uma única vez (leitura chatíssima) e há poucos anos. Fora essas obras, o que li de Marx e Engels são citações de obras dos próprios em outros livros que falam sobre eles e que são tanto da lavra da patotinha comunista como da anticomunista. Não preciso inventar que li essa ou aquela obra deles. Para quê? Só falo do que sei. Do que não sei não falo. E o que sei, pelo que li deles mesmos, é que o comunismo é uma das maiores aberrações já inventadas pelo homem sobre a face da Terra, como expus aqui. E tanto o que está no papel, escrito por eles mesmos e pelos que os sucederam (e que analisei aqui na interação com meus leitores), como o que está na história (URSS, China, Cuba, Camboja, Vietnã, Coréia do Norte etc) estão aí para provar contundentemente isso.
E você ainda me faz gracinha dizendo que minha interpretação foi “gnoseológica e não ontológica”, e que, portanto, não teria feito análise nenhuma sobre o comunismo!?!?! Coitado de mim... Na minha enooooorrrrmeee paciência, ainda respondo o ululante de que considerei tanto o OBJETO em apreço, em todas as suas nuances, como as CONDIÇÕES SUBJETIVAS – as duas coisas - e você ainda diz que não entendi nada??!?? Tiago, você sabe mesmo o que é interpretação gnoseológica e interpretação ontológica? Você não sabe nem do que está falando! E ainda me vem com risinho enlatado (“Hehehe”) e com história de não ficar irritado. Me poupe!
Não queria terminar esta conversa assim, mas, Tiago, diante de suas "viagens", EU TENHO MAIS É O QUE FAZER do que ficar conversando com gente que quer se passar por alguém que sabe de uma coisa que não sabe.
Por isso, sugiro que não encare isso como um exercíco, mas como um aprendizado (pouco me importo se você vai me julgar arrogante ou não por ter dito isso: suas afirmações me mostram que é o certo a dizer).
Fique com Deus.
Amigo,
a honra é minha poder falar com voce.
Que Deus o abeçôe em suas serenas e fundamentadas colocações.
Vejo com preocupação a proximidade de alguns irmãos de idéias marxista e desse socialismo falido e desmascarado e, pior, anticristão.
A despeito disso, não vejo alternativa na Direita Raivosa e corrupta deste país.
O momento é de fortalecermos nossa consciência, tendo o autêntico cristianismo como o´Soberano informador de nossa visão de mundo.
Devemos também tero cuidado de não cairmos no abismo da Direita Cristã Americana que por lá esteve muitas vezes de braços dados com a discriminação racial e outrs tragédias sociais.
Mas faço coro contigo no entendimento de que o socialismo nunca deu certo nem dará certo nem lugar nenhum do mundo.
Cuba é uma tregédia, Coréia do Sul nem se fala. Agora vemos a Venezuela enveredar pelo mesmo caminho.
Deus guarde nosso país.
Não resta dúvida de que toda honra e toda glória pertence a Deus.Mas eu não poderia deixar de fazer valer o que diz a Palavra de Deus que devemos dar honra a quem de direito. Portanto, caro pastor Silas Daniel, fiquei deverasmente alegre ao ler o seu livro:"As seduções das novas teologias". E lhe dizer que se o livro encerrasse nas palavras de aprensentação do pastor Ciro Zibordi, já me dava por satisfeito. Que Deus na sua infinita misericórdia continue capacitando o senhor nesse ministério da Palavra. Porque, realmente, o senhor como também os renomados pastores que já tive a oportunidade de ler seus livros tais como:Pr. Ezequias Soares, Pr. Ciro Zibordi, Pr. Geremias do Couto, Pr. Claudionor de Andrade e Pr. Marcos Tuler e os demais primam pela ortodoxia doutrinária. Aquela ilustração da "rã na chaleira" foi de mais para explicar o momento que o cristianismo no Ocidente está vivendo. E o capítuilo 02 com o tema: A Igreja emergente e seus pressupostos enganosos" foi de uma maestria tão completa pois abordou vários assuntos como: sexo, música, homossexualidade, denominacionalismo,evolucionismo,cosmovisão e etc. Já tive a oportunidade de ler pelo menos dois livros de sua autoria: "Reflexões sobre a alma e o tempo", "Como vencer a frustração espiritual". Só ainda não li o livro de "Habacuque" porque não tem aqui na CPAD de Belém-Pa.Aliás, só foi possivel eu comprar esse livro seu, em virtude de ter visto a divulgação dele no mensageiro da paz.Caro pastor, só resta agradecer a Deus e a sua pessoa por ter nos presenteado com essa obra de tamanha relevância para a nossa vida espiritual. Gostaria de saber se o senhor leu esse comentário quer fiz em seu blog, e aproveitar para lhe convidar a ver o meu blog:http://rocha-discipulandovidas.blogspot.com . Eu já tive a honra de ter sido publicado o meu trabalho que realizo aqui em Belém que é o Curso Básico de Discipulado, foi publicado na revista ensinador cristão Ano 06 nº 24 página 46 com o tema Discipulado em ação. Sou um leitor assiduo das publicações da CPAD. Hoje, na igreja que eu me congrego, sou o zelador e também professor de EBD, aos sábados para os adolescentes e aos domingos para os jovens e adultos. Eu estou desempregado, eu vendo minhas apostilas que dou estudo nas igrejas e com o dinheiro eu compro os livros inclusive os seus.Muito obrigado mesmo, por esse presente que o senhor nos deu por meio da leitura desse livro. Espero resposta de sua parte.
Pr. Silas,
O tema levantado pelo senhor é de muita importância haja vista termos passado mais de vinte e cinco anos sob a batuta de militares que estupraram, mataram, sequestraram e assassinaram cidadãos brasileiros, que em alguns casos, nada tinham haver com movimento político algum. Isso é um fato! Com respeito a voce chamar o Presidente Jango, democraticamente eleito, diga-se de passagem, de "comunista", tal assertiva é ridícula e desviada da verdade, pelo que concordo plenamente com o comentário do André. Jango nunca foi comunista e sim populista, assim como seu exemplo Getúlio Vargas.
Com respeito a Igreja Evangélica se eximir de um embate com os militares, nada mais inteligente, pois naquele momento necessitavamos, como necessitamos da expansão do evangelho e não de engajamento político.
Agora, a sua reiterada defesa dos EUA sobre o fato de que o citado país não interviu diretamente no golpe militar, golpe, porque tinhamos um governante legalmente eleito, neste caso vejo que o senhor está mal intencionado.
"Seguindo essas mesmas linhas, numa reunião de
embaixadores americanos na América Latina, em
1950, Kennan observou que a maior preocupação da
política externa norte-americana deve ser “a proteção
das nossas (isto é, da América Latina) matériasprimas”.
Devemos, portanto, combater a perigosa
heresia que, segundo informava a Inteligência
americana, estava se espalhando pela América Latina:
“A ideia de que o ‘governo’ tem responsabilidade
direta pelo bem do povo”. (Noam Chomski, O que o Tio Sam Realmente Quer)
Caro Jossy,
Só uma observação: a discriminação racial nos Estados Unidos não é, historicamente, uma marca da chamada "Direita Cristã". Isso é o que nos fazem crer por aqui. A chamada "Direita Cristã" nos EUA sempre esteve mais associada ao Partido Republicano e, historicamente, os ditos cristãos que eram racistas nos EUA eram ideologicamente ligados aos Democratas. Somente nos últimos 40 anos (a partir dos anos 70) os Democratas mudaram radicalmente o seu perfil em relação à questão racial, e hoje os negros nos EUA são mais ligados a eles. Porém, lembre-se que:
1) O partido que mais lutou pelos negros na História dos EUA foi o Partido Republicano.
2) O Partido Republicano, com o qual a "Direita Cristã dos EUA" sempre se identificou mais durante a história, foi criado em 1854 por militantes antiescravidão exatamente para fazer oposição aos escravocratas e lutar por mais direitos para as mulheres. O Partido Democrata, ao contrário, fundado em 1792, era totalmente pró-escravatura e contra mais direitos para as mulheres.
3) O primeiro presidente que lutou pelo fim da escravatura nos EUA foi Abraão Lincoln, o primeiro presidente republicado da história dos EUA. Ele lutou por e conseguiu dar fim à escravatura.
4) Foram os republicanos que propuseram e lutaram no Congresso pela 13ª emenda, que aboliu a escravidão; pela 14ª, que garantiu a proteção igualitária a negros e brancos; e pela 15ª, que deu direito de voto aos afro-americanos.
5) Em 1868, o slogan do Partido Democrata era: “Este é um país de homens brancos: deixem os brancos governarem”; e em 1898, na cidade de Wilmington, na Carolina do Norte, democratas assassinaram republicanos negros no que foi o único golpe de estado da história dos Estados Unidos.
6) Em 1922, os senadores do Partido Democrata sabotaram uma tentativa dos republicanos de fazer passar uma lei que tornava o linchamento um crime federal.
7) O único presidente dos EUA a nomear um membro da Ku-Klux-Klan (grupo fundado no século 19 por seguidores do Partido Democrata) para a Suprema Corte foi o democrata Franklin Delano Roosevelt. O nome do nomeado era Hugo Black, um dos antigos líderes da KKK. Por sua vez, o presidente republicano George Bush (pai) foi o primeiro a nomear um juiz negro – Clarence Thomas – para a Suprema Corte dos EUA, e o presidente republicano Dwight Eisenhower (que em seu governo enviou tropas para assegurar que a segregação acabasse nas escolas de Little Rock, Arkansas) foi quem ordenou a completa desegregação das Forças Armadas dos EUA.
8) A Lei dos Direitos Civis de 1964 foi aprovada por 82% dos republicanos, enquanto só 64% dos democratas votaram a favor dela, e foi o presidente Richard Nixon o primeiro a implementar as chamadas “leis de ação afirmativa”.
9) Até o governo Obama, o governo que mais teve negros e hispanos no alto escalão foi o governo do republicano George Bush (filho): Condoleeza Rice (cujo nome foi cogitado para entrar na chapa republicana como candidata a presidente ou como vice, mas não vingou porque ela mesma não quis), Colin Powell, Alberto Gonzalez e Carlos Gutierrez.
(Continua...)
(Concluindo...)
Enfim, as coisas nem sempre são como nos contam. E sobre a "direita raivosa" aqui do Brasil, desconheço-a (penso que você está se referindo no sentido de quadros políticos). Não há nenhum partido de direita no Brasil, no sentido tradicional, como havia no Brasil até o início dos anos 60, quando se dissolveu. Não temos nenhum político que seja ao mesmo tempo conservador socialmente e liberal economicamente (características da direita clássica). Hoje, só há no Brasil políticos defensores do liberalismo social. Até poucos anos, como não havia mais diferença na área social ideologicamente falando, usava-se só a diferença entre visões econômicas para diferenciar direita e esquerda no Brasil. Assim, DEM e PSDB seriam de direita enquanto PT e outros, de esquerda. Só que, hoje, em termos de visões econômicas, são todos muito iguais. E na área social, tirando alguns poucos filiados desses partidos, são todos liberais socialmente. É por isso que Lula, dias atrás, se disse feliz porque, nesta eleição presidencial, não haveria nenhum candidato realmente de direita, só de esquerda. Ele está certo nesse ponto. Direita, direita mesmo, clássica, não há no Brasil há décadas.
Ainda sobre "raiva", onde estão os "raivosos" de direita nas ruas, tevê e jornais? O que vejo direto é a raiva das invasões do MST, das passeatas da UNE, das manifestações da CUT e de grupos sindicais, todos grupos ideologicamente de esquerda. Não há manifestações nas ruas promovidas pela direita; a maioria dos formadores de opinião na imprensa, no teatro e na televisão não é de direita; e a maioria dos professores na academia, que formam gerações de profissionais há anos, é de esquerda. Onde está a escandalosa "direita raivosa"? Só se for em blogs isolados de um ou outro exagerado e/ou exaltado, mas, no dia-a-dia, seja nas ruas, na tevê, na televisão e na rádio, e na maioria da internet, o que vejo é a onipresente esquerda em suas muitas nuances: desde a face "light", com o qual dá para dialogar, até a "hardcore", que é muito, muito raivosa.
Forte abraço!
Irmão Ananias, a Paz do Senhor!
Obrigado pelas palavras de apreço e motivação. Que alegria saber que os meus livros têm sido bênção para sua vida! Sobre o livro "Habacuque", uma nova tiragem dele deve estar saindo até junho pela CPAD.
Deus o abençoe!
Lucmoraes,
Sua postagem é um belo exemplo do que chamo de "dislexia premeditada". Deixo-a aqui como exemplo. Muitas das coisas que você afirma aqui já as respondi nas interações acima, mas você age como se eu não as tivesse respondido. E ainda afirma que a coisa é como você diz que é simplesmente porque você diz que é: "É fato e pronto". Infelizmente, Lucmore, algo não é fato só porque eu acho e digo que é fato. São os atos e as afirmações dos personagens históricos, e os acontecimentos constatados e demonstrados, que provam se é fato ou não uma determinada coisa.
Sobre a não participação dos EUA na Revolução de 1964, não escrevi nada a respeito ainda, mas você disse que insisto nisso "reiteradamente". Já disse: vou escrever sobre isso na segunda parte deste artigo - e, como sempre, com dados e fatos descritos detalhadamente e sustentados com documentos inquestionáveis (alguns usados... pela própria esquerda!), e não lendas e mitos difundidos pela esquerda, que tenta reescrever a história a seu bel prazer.
E que história é essa de que estou defendendo a Ditadura Militar? Já disse mais de uma vez aqui que sou compreensivo, sim, com a Revolução de 1964 em sua proposta inicial, embora não achasse a melhor saída para o problema real que precisava ser resolvido naquela época; mas, nunca fui e não sou favorável ao que se seguiu depois e que é chamado historicamente de "golpe dentro do golpe", ou seja, a reviravolta que implementou a Ditadura de fato. São duas coisas separadas. Esta foi um desvio daquela, e as esquerdas têm muita culpa nisso, pois foram elas que deram ocasião ao surgimento da Ditadura Militar e lhe deram álibi para durar tanto, ao tentarem e insistirem em provocar o caos no país.
Lucmore, o fato de os militares terem torturado pessoas e matado quase 300 de 1968 a 1978 não torna os terroristas de esquerda menos maus porque torturaram também pessoas e mataram "só" umas 200 de 1966 a 1978. Ambos cometeram atrocidades, só que um lado fez isso atiçado pelo outro, que, declaradamente, queria derrubar o regime para implantar a sua própria ditadura, de esquerda, como, aliás, os manuais de todos os grupos terroristas de esquerda no Brasil nos anos 60 e 70 afirmavam unanimemente. Nenhum deles lutava pela volta à democracia. NENHUM!
Ambos os lados - militares e guerrilheiros - mancharam as mãos de sangue. Com o detalhe também que a maioria esmagadora das vítimas dos militares eram guerrilheiros que morreram em combate, em resposta aos tiros que eles mesmos deram; enquanto a maioria das vítimas dos terroristas era de... CIVIS! Inclusive, no segundo artigo, como prometi, vou citar os nomes das vítimas.
Finalmente, sua intervenção neste espaço é uma amostra também de quais têm sido as fontes de informação e formação da visão de mundo de boa parte dos jovens de hoje. Você me cita... Noam Chomsky!!! Sabe o que acho dos escritos de política do anarco-socialista Noam Chomsky? Lixo, puro entulho. Chomsky é um anti-americano que lucra com o anti-americanismo. Ele considera terrorismo "ato de resistência" e combate ao terrorismo "terrorismo de Estado"; elogiou os atentados de 11 de setembro de 2001 contra os EUA; defende tiranias terceiro-mundistas como a de Caracas e é um antissemita travestido de anti-sionista. Enfim, um lixo só. Porém, é esse tipo de gente que forma a opinião de muitos jovens de hoje sobre o mundo!
Como dizia Cícero, "Oh, tempos! Oh, costumes!"
Obrigado Silas.
Voce tem feito um excelente trabalho esclarecedor.
Apenas menciono que a Direita brasileira nada tem a ver com a Americana. A Direita daqui é essencialmente corrupta e inimiga das liberdades individuais.
Doutra parte, a máscara da esquerda brasileira caiu quando vemos sua solidariedade a ditadores e traidores da democracia como Hugo Chaves e companhia.
Todo Estado democrático, como é sabido, só existe de fato com os três poderes em pé de igualdade e a imprensa é livre (livre para se expressar e aguentar as consequencias de eventuais excessos), e é exatamente isso que estão querendo demolir.
Não acho que o Serra seja o melhor para o Brasil, mas acho que ele foi muito feliz ao comparar o Lula a Luis XIV. Aquele discurso de "nunca na história desse país" só ratifica isso. Pra quem não conhece Luis XIV dizia "Eu sou o Estado". Na cabeça dele é como se tudo antes foi uma grande m... e ele é uma espécie de messias dos pobres e oprimidos (aliás, quem da patotinha dele é pobre), e até já se comparou a Jesus Cristo e Tiradentes. Só faltava ele comparar a Dilma com a virgem Maria.
Pra mim toda essa história de que o capitalismo é mau e só o socialismo vai trazer poder ao povo é uma grande balela para enganar os incautos.
Existe um ditado que diz: o homem é lobo do homem.
Tanto faz se é capitalismo, socialismo ou qualquer outro ismo que vierem a inventar, o fato é que a miséria humana é, como a própria expressão diz, fruto das ações humanas.
Mas é típico dos comunistas cuspirem no prato que comeram. O PT pegou a economia sem aquela inflação draconiana, fruto dos "bandidos" tucanos, aproveitaram o cenário mundial favorável e surfaram na onda. Mesmo assim a saúde continua uma m..., a educação nem se fala, e apagão, incapacidade total de lidar com os desastres naturais (sem contar os que foram tragédias anunciadas)... Só que a culpa é que cortaram a CPMF, mas vejam só, a arrecadação de impostos subiu muito além da inflação do período, entre outras coisas.
Existem avanços, claro que sim, mas como pegaram o Ricupero em off (do FHC): o que é bom o governo mostra, o que é ruim o governo esconde.
Mas com o PT tá tudo azul, céu de brigadeiro, o que tem de ruim é culpa do FHC. E quanto ao Collor e o Sarney: amnésia oportuna. Militares: todos bandidos. Guerrilheiros: heróis nacionais. (se mataram, roubaram ou estupraram, foi por uma boa causa)
Comunismo e democracia são absolutamente antagônicos, pois a democracia não suporta grilhões.
Comunismo é igualdade social, a maior balela da história, ou alguém acha que o Lula vai fazer reforma habitacional no seu triplex (aliás, como é que alguém que não trabalha há décadas tem uma coisa dessas?), ou então que os guardiões do regime vão comer arroz e feijão com o proletariado?
Não concordo com empresas explorando empregados, formas de opressão social, racial, religiosa ou qualquer coisa do tipo, mas dos males o menor, já que nesse cenário não tem outro jeito.
Voto pela liberdade, onde seja possível lutar por melhores condições de vida através das instituições democráticas, e não ficar a mercê de pessoas que se intitulam "defensores do povo" ditando o que é bom e o que é ruim segundo sua própria visão de mundo.
Uau! Que maravilha! Isto é mais do que um post, é um testemunho histórico. Parabéns!
Abraços sempre afetuosos.
Fábio.
parabéns por falar a verdade tão alterada em nosso país. Também luto para que o passado não seja mudado ao bel prazer dos canalhas que, hoje, ocupam o poder, destruindo a família, a moral, a honra, o patriotismo, a honestidade de caráter e, pior ainda, tentando remover a crença em Deus, último alento dos brasileiros.
http://www.polestrare.org
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