quarta-feira, 29 de agosto de 2007

A Parábola da Grande Montanha

Era uma vez um grupo de alpinistas cujo objetivo era escalar a Grande Montanha. Esses alpinistas, porém, queriam fazê-lo de forma diferente dos demais. Ora, até aquele dia, todos os que tinham conseguido escalar com segurança a Montanha, chegando ao seu cume, tinham seguido um manual escrito por várias antigos alpinistas que, depois de suas longas experiências com a Montanha, foram orientados por Ela (sim, a Montanha) a descreverem-na para a posteridade por meio desse Manual. Essas orientações colocadas no Manual foram ditadas pela própria Montanha àqueles primeiros alpinistas, porque Ela queria ser escalada por todos os alpinistas e então explicou com prazer como fazê-lo com segurança. Mas não revelou tudo sobre si mesma. Só o essencial para a escalada segura.
Assim, os primeiros alpinistas registraram apenas os detalhes suficientes para qualquer outro alpinista que viesse depois deles pudesse conhecer bem a Grande Montanha o suficiente para escalá-la sem problemas. Todos que seguiam o Manual se maravilhavam como ele era preciso e, ao segui-lo à risca, no meio da trajetória, tinham suas próprias experiências com a Grande Montanha, decorrentes da obediência às orientações do Manual. Alguns destes resolveram depois até escrever sobre o Manual, dizendo o quanto ele era perfeito e indicando os pontos favoritos deles no Manual, bem como aqueles pontos que consideravam de grande importância. Escreveram seus guias do Manual. Porém, esses alpinistas faziam questão de frisar que seus livros eram só um auxílio para as pessoas que queriam estudar o Manual, e que o mais importante mesmo era as pessoas estudarem o Manual e seguirem-no ao pé da letra em sua escalada.
Além disso, apesar de para uns alguns pontos favoritos não serem os mesmos para outros, e alguns pontos considerados importantes não o serem para todos, todos que seguiam o Manual eram de comum acordo de que (1) o Manual era perfeito e que (2) havia alguns pontos bem específicos do Manual que eram, sem dúvida, fundamentais, indispensáveis, os mais importantes de todos os pontos do Manual. Com esses pontos específicos, todos concordavam, todos eram de comum acordo. Ao ponto de dizerem que, se esses pontos não fossem observados pelos alpinistas, poderiam levá-los a um desastre. Aliás, isso era até muito fácil de entender, já que no próprio Manual havia essa orientação sobre a importância e a indispensabilidade desses pontos específicos.
Porém, os alpinistas novos não levaram a sério essa recomendação e começaram a escalada desprezando muitos pontos fundamentais do Manual, valorizando só aqueles que lhes pareciam importantes. E alguns deles nem se importavam mesmo com o Manual. Diziam que o mais importante era curtir a escalada sem se importar com as regras do Manual de escalada, mesmo que o próprio Manual dissesse que havia pontos dele que não poderiam ser desprezados, pois eram orientações fundamentais deixadas pela própria Montanha. Alguns desses novos alpinistas chegaram até a propor uma revisão na interpretação sobre quais pontos seriam mesmo os mais fundamentais. E se alguém lhes alertava do perigo de fazerem isso, diziam que essas pessoas estavam influenciadas pelo que diziam os livros sobre o Manual que haviam sido escritos.
Entretanto, no final das contas, aqueles novos alpinistas se perderam na escalada. Mesmo assim, orgulhosos, alguns deles propuseram a seguinte explicação: "Na verdade, quem disse que esse não é o caminho certo para o cume da Grande Montanha?" Ao que alguém replicou: "Mas pelo Manual não parece ser?" Ao que responderam: "E quem disse que os alpinistas que escreveram esse Manual entenderam direito quando a Grande Montanha disse como era o Seu cume e como chegar a ele? Eles podem ter se confundido. Deve haver contradições no Manual, já que quem o escreveu foram alpinistas diferentes em épocas diferentes que puderam ter entendido as palavras da Grande Montanha de forma diferente. As únicas coisas que o Manual diz do qual podemos estar seguros é que isto é mesmo a Grande Montanha e ela tem um cume. Só isso. No mais, é curtir a escalada sem ficar muito preso a interpretações literalistas acerca do que diz o Manual sobre o caminho para o cume. E mesmo que isso aqui não seja o caminho certo para o cume, tenho certeza de que ainda estamos em direção a ele e já já chegaremos ao cume".
E todos ficaram à vontade naquele lugar pensando que estavam no caminho certo para o cume ou, pelo menos, a meio caminho para achá-lo. Alguns alpinistas que passavam por perto dali até alertaram aqueles alpinistas "muito inteligentes" que desprezavam os que eram literalistas no entendimento do Manual. Porém, aqueles alpinistas "muito inteligentes" não deram bola para eles.
"O quê? Isso aqui não é o caminho para o cume nem a direção certa para ele? Que nada! Quem disse que estamos errados? O Manual? Vocês é que ficam muito presos a uma interpretação literalista do Manual. Estão influenciados por esses livros sobre o Manual que escreveram tempos atrás. Lembrem-se que esses guias discordam entre si em alguns pontos! Nada garante que vocês estão certos. Além do mais, estamos bem aqui!"
Alguém até explicou: "Mas todos que conhecem o Manual concordam que vocês estão no caminho errado. Isso porque trata-se de um erro fundamental, não de pontos secundários do Manual. Aliás, leiam o Manual! Ele é claro quanto a isso. Por exemplo, no capítulo..."
"Não! Não me venha com essa! Nós conhecemos bem o Manual! Continuem seus caminhos e deixem a gente curtir a escalada do jeito que a gente bem entende."
E por ali ficaram. Até quando, ainda não se sabe.

21 comentários:

Anônimo disse...

Bom dia, Silas!

Gostei demais dessa parábola. Posso destacar um tópico que chamou minha atenção? ”...os alpinistas novos não levaram a sério essa recomendação e começaram a escalada desprezando muitos pontos fundamentais do Manual, valorizando só aqueles que lhes pareciam importantes”.
Certa vez o Pr. Caio Fábio disse algo que até hoje reverbera em meu coração: ”A Bíblia é a mãe de todas as heresias que estão por ai”.
Amado, que jamais venhamos a desprezar os pontos fundamentais do Manual do Senhor Jesus que morreu por nós. Que venhamos a ser verdadeiros alpinistas caminhando sempre em direção à Grande Montanha.

nEle, que nos deixou o excelente Manual,
Flamir

Pastor Geremias Couto disse...

Meu amigo Silas:

Pelo menos a idéia da montanha lá do meu post evoluiu para essa excelente parábola. Parabéns pela coerência da abordagem!

Volto a reafirmar que algumas pessoas, por não compreenderem bem a armadilha preparada pelos teístas abertos, tentando provocar um conflito entre calvinistas e arminianos como cortina de fumaça para a sua própria heresia, estão entrando na onda e repetindo velhos e superados conceitos há muito clarificados por ambas as correntes teológicas.

Nesse sentido, a sua parábola também responde a altura aos que estão entrando por este caminho!

Um abraço

Silas Daniel disse...

Bom dia, Flamir!

Em parte, concordo com a frase do Caio Fábio (mesmo que não concorde com muitas coisas que ele afirma). Só não diria que a Bíblia é a mãe de "todas" as heresias, mas da maioria, em certo sentido, sim. Mas não porque há um problema na Bíblia. Ela, obviamente, não é a culpada da história. O problema está nos intentos de quem se aproxima dela, das verdadeiras intenções de quem a usa. Logo, a melhor frase seria: "A maioria das heresias que vemos hoje usam desonestamente a Bíblia como seu álibi". Perceba que eu disse "a maioria", porque há seitas no meio cristão que não se apóiam na Bíblia, mas em outros livros, e ainda se chamam de "cristãs".

Tem gente que, ao criar suas seitas no meio protestante, para legitimar suas convicções absurdas, criaram livros que, aos olhos deles, são tão importantes quanto a Bíblia (os mórmons são um exemplo clássico). Outros publicaram traduções falsas da Bíblia para justificar suas crenças claramente antibíblicas (as testemunhas de jeová). Agora, tirando casos desses dois tipos, as outras seitas que existem no meio cristão usaram realmente a Bíblia como seu suporte, mas, para isso, tiveram que "chutar" todos os critérios sadios da Hermenêutica Bíblica, da Exegese, etc. É gente que, desonestamente, descaradamente, manipula os textos bíblicos (desprezando os contextos de algumas passagens, desprezando a homogeneidade da Bíblia, desprezando o significado real de algum vocábulo ou fazendo uma leitura mentirosa e forçada mesmo de um texto que não precisaria nem de muita análise para ser compreendido perfeitamente).

Em outras palavras, as heresias que se apóiam na Bíblia para se legitimarem não são apenas má compreensão de textos bíblicos, não são apenas um problema de raciocínio equivocado, mas, acima de tudo e principalmente, são um reflexo do coração de quem propõe essas interpretações equivocadas. Com certeza, a heresia revela muito do coração do herege.

Um abraço!

Silas Daniel disse...

Pastor Geremias,

Sinceramente, ao elaborar essa parábola, não havia pensado naquela bela ilustração de Deus no cume da montanha de que o irmão falou. Por incrível que pareça! Digo "por incrível que pareça" porque, analisando bem agora, essa ilustração se encaixa mesmo perfeitamente com a outra!

Na ocasião, estava com dezenas de idéias borbulhando na cabeça e, no final, aconteceu de surgir essa parábola, que quando comecei a escrever não era nem sobre uma montanha, mas, na minha última revisão, acabou se tornando.

Na minha metáfora, Deus é a própria montanha e o conhecimento pleno dEle só teremos quando chegarmos no cume da montanha (no Céu). Na metáfora do irmão, Deus não é a montanha: Ele está no cume da montanha vendo os caminhos que os homens tomam para chegar a Ele. Porém, se fundirmos as duas idéias o resultado é muito bom: Deus lá de cima, do cume da montanha, vendo os caminhos que os alpinistas tomam para chegar ao topo da montanha. É uma ilustração perfeita, pois incluiria também a idéia da onisciência de Deus.

Na próxima vez que precisar de uma ilustração sobre o assunto em um debate, pretendo fazer a fusão das duas idéias (com a permissão do irmão, claro). É possível?

Um abraço!

Anônimo disse...

Silas,

De fato, expôr um texto isoladamente pode gerar alguns conflitos. Ao citar que "A Bíblia é a mãe de todas essas heresias que estão por aí" dita pelo Caio, foi em relação a uma mensagem que ouvi em que ele aborda, de maneira ampla e profunda, todas as sutis manipulações dos textos bíblicos gerando as mais variadas maluquices existentes por aí (Teísmo Aberto, por exemplo). Como vc bem disse, pessoas que desprezam os contextos de algumas passagens, desprezam a homogeneidade da Bíblia, desprezam o significado real de algum vocábulo. Na mensagem, o Caio não generaliza, apenas enfoca a Bíblia como gênesis (no caso mãe). E muitos – entendi assim –, beberam dessa fonte, mas não mergulharam fundo nesse rio de águas cristalinas. Pelo contrário, eu diria que são como aquelas árvores cujas raízes não se aprofundaram de forma saudável, consequentemente a boa sombra e os bons frutos não existem. O que o Caio quis dizer, para encerrar esse "babado", é que a Bíblia realmente foi o início de tudo para muitos (ele nominou várias seitas) que, infelizmente, achavam que conheciam bem o Manual. "Continuem seus caminhos e deixem a gente curtir a escalada do jeito que a gente bem entende."

Um grande abraço,
Flamir

Silas Daniel disse...

Flamir,

Imaginei que ele quisesse dizer nesse sentido, só tive o cuidado de explicar melhor a idéia, já que ela poderia não ficar muito clara para muitos e também porque, na necessidade de dar ênfase a essa importante reflexão, ele acabou (creio que involuntariamente) generalizando ao usar o termo "todas". Por isso disse que concordava em parte com essa declaração dele. Está tudo explicado, amigo.

Outro abraço!

Pastor Geremias Couto disse...

Caro Silas:

Fique à vontade para fazer a junção de sua parábola com a minha ilustração. É assim que as idéias vão sendo enriquecidas.

A propósito, estou sentindo falta do Bruno... Ele enriqueceu o debate.

Um abraço.

Silas Daniel disse...

Pastor Geremias,

Thank you very much!

About Bruno: É verdade, as colocações dele foram pertinentes para o enriquecimento do debate. Espero que ele apareça mais vezes.

Um abraço!

Eliseu Antonio Gomes disse...

Silas

Gostei bastante do seu estilo de escrever. A clareza é estupenda.

Já coloquei seu blog na lista dos que lá já estão indicados no meu. E pode ter a certeza que me ganhou como um leitor diáro desse espaço virtual.

Abraço e fique com Deus.

Unknown disse...

Infelizmente o Manual tem sido desprezado de duas formas no meio evangélico.
a) Os novos liberais- infelizmente há uma proliferação de cursos teológicos que não valorizam a ortodoxia doutrinária. Recentemente conversei com um jovem seminarista que estuda em um seminário conservador, mas um dos seus professores é um típico liberal. O professor daquele rapaz diz que não se pode considerar a queda de Adão como literal.
b) os neo-pentecostais ou suprapentecostais- no meio evangélico, de norte a sul, a mensagem bíblica, evangélica, ortodoxa, doutrinária e teológica é coisa do passado. Hoje (vejo isso quase todos os domingos), só se prega sobre vitória, conquista, sonhos de Deus. A bíblia é mero enfeite de púlpito. Lamentável.

Um abraço,

Gutierres Siqueira
www.teologiapentecostal.blogspot.com

Silas Daniel disse...

Eliseu, obrigado por suas palavras! Na medida do possível, procuro dar o melhor de mim aqui.

Sempre procuro abordar da forma mais clara possível os temas levantados neste blog e, por meio da interação, tornar as nuances de cada tema ainda mais compreensíveis, para enriquecimento e edificação de todos que passam por aqui.

Fique à vontade para participar dos debates neste blog. Na interação, somos mutuamente edificados!

Um abraço!

Silas Daniel disse...

Infelizmente, Gutierres, estamos diante desses dois males: o do extremismo liberal e o do extremismo neopentecostal.

Que Deus nos dê graça para fazer diferença nesta geração, aproveitando todas as oportunidades que temos para pregar a Palavra de Deus em toda a sua integridade!

ALTAIR GERMANO DA SILVA disse...

A paz do Senhor!

Convidamos o amado irmão para fazer parte da “União de Blogueiros Evangélicos”.

Trata-se de um espaço virtual e democrático onde seja possível unir blogueiros cujos blogs falam eminentemente sobre o Cristianismo e sobre a Palavra de Deus.

Diálogo, trocar idéias, debates e, sobretudo, divulgação de seus trabalhos e blogs são alguns dos objetivos da UBE.

A idéia surgiu de conversas on line entre o Pr. Altair Germano (BLOG DO PR. ALTAIR GERMANO), Pr. Esdras Bentho (TEOLOGIA COM GRAÇA) e o Irmão Valmir Milomem (E AGORA, COMO VIVEREMOS?).

Acesse o blogueirosevangelicos.blogspot.com e saiba mais.

Ore, divulgue e participe!

No amor de Cristo,

Pr. Altair Germano

Silas Daniel disse...

Ok, pastor Altair. Vou dar uma olhada no blog da UBE. Desde já, parabéns pela iniciativa de vocês!

Victor Leonardo Barbosa disse...

Olá pastor Silas,
parabéns pelo artigo, e obrigado por ter dado uma passada lá pelo GQL, obrigado pelo comentário.
O senhor definiu realmente o que o liberalismo é, infelizmente muitos estão indo ´por esse caminho, que naverdade é uma corda bamba para aqueda no abismo.
Deus nos guarde!!!
Abraços e Paz do Senhor!!!

Victor Leonardo Barbosa disse...

Acabei de ver esse texto postado pelo senhor no blog do Ed rene Kivitz.
É, bem que ele está precisando. Viu a parábola da bola?
Abraços pastor Silas e Paz do Senhor!!!

Carlos Roberto, Pr. disse...

Olá Pastor Silas Daniel!
A Paz do Senhor!
Parabéns pelo texto!
Estou feliz com os homens que Deus tem presenteado seu povo, nesse caso mais especificamente as Assembléias de Deus, com capacidade para instruir, entre os quais incluo o irmão.
Muito obrigado.
Desde o primeiro acesso, já inclui seu blog nos meus favoritos.

Silas Daniel disse...

Olá, Victor!

Desculpe só estar respondendo suas mensagens agora. É que passei o dia inteiro ontem viajando de carro: 400km até Itaperuna, onde estou pregando em um Congresso de Jovens. Só hoje é que tive um tempinho para ver os comentários.

Originalmente, havia postado essa parábola em forma de comentário no blog do Ed René, pois a Parábola da Bola, que é uma bela metáfora, não abarca determinadas nuances e, por isso, pode ser mal interpretada a favor do pessoal adepto do Teísmo Aberto (e essa foi a intenção lá). Por isso publiquei a Parábola da Grande Montanha (que criei) lá no "outra espiritualidade", para falar metaforicamente dessas nuances esquecidas, para fazer o pessoal que entra lá refletir nelas. A parábola foi também uma forma de chamar a atenção para essas nuances sem parecer acintoso (afinal, estava entrando no blog deles). Em seguida, senti de postá-la aqui em meu blog também.

Gostou da ilustração do Flamir sobre a Teologia Liberal? Eu achei perfeita, por isso resolvi colocá-la para ilustrar a minha nova postagem, de 31 de agosto.

No mais, mais uma vez parabéns pelo artigo lá no GQL, Victor!

Um abraço!

Silas Daniel disse...

Pastor Carlos Roberto,

Obrigado por suas palavras! Pela graça de Deus e pela interação com os amados irmãos, perseguimos a relevância neste espaço.

Deus continue abençoando sua vida e ministério!

Um abraço!

Pastor Geremias Couto disse...

Caro Silas:

Trago para cá o comentário que fiz no blog "Outra Espiritualidade" sobre a parábola da bola. Veja:

"Interessante a parábola da bola!

"A única coisa que ficou faltando em toda a história foi que os 10 homens focaram a diversidade nas possíveis diferentes cores da bola, mas se esqueceram da coisa mais importante: a bola era a bola!

"Se a bola fosse quadrada, não seria bola! Se fosse longitudinal, não seria bola! Se fosse em forma de pêra, como o pião, não seria bola! Se fosse na forma de arco, não seria bola!

"Ela era a bola porque subsistia na forma de bola! Com todos os atributos próprios da bola!

"Por isso, as crianças podiam usá-la como bola!"

Silas Daniel disse...

Pastor Geremias, excelente observação!

A Parábola da Bola, como afirmei acima para o Victor, é uma bela parábola. Por sinal, ela não é original, pois já ouvi essa parábola há alguns anos sendo usada por alguém como ilustração de uma mensagem. Acho uma boa parábola, que traz uma bela lição, mas o grande problema é que, por não abarcar certas nuances imprescindíveis sobre o relacionamento com Deus (que deve se dar a partir de um conhecimento claro de quem é o Deus da Bíblia, se não podemos, sem perceber, estar adorando um "Deus" que nada tem a ver com o Deus da Bíblia), ela pode se tornar perigosa, podendo ser usada irresponsavelmente para justificar atitudes espirituais divorciadas do padrão bíblico.

Mesmo assim, dentro da própria Parábola da Bola, dá para ressaltar algumas coisas ainda, como o irmão frisou brilhantemente. As crianças só puderam brincar com a bola porque sabiam que ela era uma bola, com todos atributos naturais de bola. Se nao tivesse esses atributos naturais, não seria mais bola.

O Teísmo Aberto, como sabemos, diz que Deus não tem uma "onipotência exaustiva" nem uma "onisciência exaustiva", logo Deus não seria Deus, porque se Deus não tem mais todo o poder, não é mais onipotente; e se Ele não conhece mais tudo exaustivamente, não é mais onisciente. A "Bola" não seria mais "Bola". O Deus do Teísmo Aberto não é o Deus da Bíblia.

Brilhante detalhe ressaltado!