terça-feira, 23 de dezembro de 2008

O melhor vinho está garantido!

Há quatro anos, mais precisamente em 22 de dezembro de 2004, uma descoberta em Israel ganhou as principais páginas em jornais de todo o mundo: a arqueóloga israelense Yardena Alexander descobrira as ruínas da aldeia de Caná da Galiléia, em mais um achado que corroborava ainda mais a autenticidade histórica da narrativa bíblica sobre Jesus. Até então, alguns céticos duvidavam da existência de uma aldeia com esse nome naquela região do Oriente Médio.
Caná é uma aldeia bíblica mencionada em relatos marcantes das Sagradas Escrituras.
Foi em Caná que Jesus teve um encontro com um oficial de Herodes que estava com seu servo enfermo em Cafarnaum (Jo 4.46). O oficial, que pode ter sido o procurador Cuza (Lc 8.3) ou o colaço Manaém (At 13.1), ou uma autoridade menos conhecida, demonstrou uma fé marcante que extraiu elogios do Senhor. A fé daquele homem em Jesus fez com que o Mestre curasse seu servo à distância.
Era de Caná um dos principais discípulos de Jesus – Natanael (Jo 21.2), cujo nome significa “dom de Deus”. Ele era um judeu muito correto, tendo sido identificado pelo Mestre como “um verdadeiro israelita em quem não há dolo” (Jo 1.47). Apesar de a região da Galiléia ser conhecida na época como um lugar de libertinagem e profundas trevas espirituais, Caná era um lugar onde ainda havia algumas pessoas íntegras. Natanael era uma delas.
Mas, o principal acontecimento de Caná, que fez com que ficasse conhecida em todo o mundo, foi o fato de ali Jesus ter operado seu primeiro milagre, transformando água em vinho durante uma festa de casamento. Curiosamente, nos escombros de Caná, a equipe da arqueóloga israelense encontrou também jarros de pedra do mesmo tipo dos usadas no milagre. Nessas talhas cabem centenas de litros, como no registro bíblico (Jo 2.6).
O milagre em Caná foi tão importante que o apóstolo João o incluiu em seu Evangelho como um dos “sinais”, forma como ele designou os principais milagres de Jesus, que evidenciam Sua divindade (Jo 2.11; 20.30,31).
E pensar que tudo começou com um convite.
Certo dia, um casal, provavelmente gente próxima a Natanael (já que a aldeia era pequena) e amiga de Maria, mãe de Jesus (pois ela soube em primeira mão quando acabou o vinho da festa), resolveu convidar o Mestre e seus discípulos para suas bodas. João faz questão de frisar isso: “Jesus também foi convidado, com os seus discípulos, para o casamento” (Jo 2.2). Este foi o primeiro grande acerto dos noivos: convidar Jesus para sua festa.
Conta-nos a Bíblia que, a certa hora da festa, o vinho havia acabado, preocupando os organizadores das bodas, mas Jesus evitou um vexame para o casal. Jesus salvou a festa! Ele transformou água em vinho. Mas, não em qualquer vinho. Segundo o mestre-sala da festa, Jesus produziu “o melhor vinho”. Eis aqui a primeira grande lição sobre como devemos lidar com as celebraçãos da vida: Jesus nunca deve estar ausente de nossas festas.
O Mestre não deve ser só anelado avidamente em meio às borrascas da vida. Sua presença é indispensável também em nossas celebrações. Ele é - e quer ser de fato em nossas vidas - Deus dos vales e montes; Ele quer ser o nosso Senhor e Amigo tanto no "vale da sombra e da morte" quanto nos vértices e ápices da nossa vida.
Eis aqui um convidado que nunca deve ser esquecido em nossas celebrações: Jesus. Simplesmente, festa sem Jesus não é festa.
Quando Ele é excluído das celebrações de nossa vida, o prazer da vida se torna fugaz, rarefeito. Mas, se Ele está presente, o prazer da vida subsiste a todas as intempéries.
Sua presença é indispensável em qualquer circunstância, tanto em meio à dor mais lancinante quanto em momentos de júbilo e fervor.
Ainda que surjam as dificuldades, e elas vêm; ainda que o “vinho” acabe por um momento, restando apenas “água”, Jesus tem o poder de salvar a festa, transformando a água em vinho muito superior.
Lembremo-nos que o milagre só foi possível porque Jesus estava lá. Sem Jesus, não há milagre. Sem Jesus, a festa da vida perde a graça. É nEle que reside a graça, o sabor, o gosto e o prazer da existência. Ele é a Vida!
Uma das características marcantes do milagre do convidado especial é sem dúvida o fato de aquele vinho produzido milagrosamente ter sido considerado pelo experiente mestre-sala, o dirigente da cerimônia, o melhor que ele havia experimentado. “E lhe disse: Todos costumam pôr primeiro o bom vinho e, quando já beberam fartamente, servem o inferior; tu, porém, guardaste o bom vinho até agora” (Jo 2.10). Essa passagem nos traz grandes lições. Aliás, todos os milagres que Deus faz trazem lições.
Você nunca vai ver Deus fazendo um milagre em sua vida sem, com isso, estar ensinando alguma coisa. Milagres não são caprichos divinos. Não são atos de Deus para impressionar as pessoas. Eles são ingredientes da pedagogia divina. São atos pedagógicos de amor. São "sinais"!
Ora, Deus é todo-poderoso, onisciente, onipresente e auto-suficiente, mas Ele só age conforme o seu caráter, que é santo. Deus só age a partir de princípios. Ele não dirige o Universo irresponsavelmente.
Deus criou leis naturais, como a da gravidade, para que houvesse ordem no Universo. Se uma dessas leis é quebrada, quem a quebrou sofre as conseqüências. Por causa da lei da gravidade, não posso saltar de um avião sem pára-quedas, porque certamente morrerei. Portanto, Deus só pode fazer um milagre, uma intervenção que quebre as próprias leis que Ele criou, por um motivo pedagógico, edificante, nunca por mero capricho.
Deus só faz milagres para trazer lições. Ele move céus e Terra para abençoar seus filhos, edificá-los, amadurecê-los, fazê-los confiarem mais nEle, buscá-lo e crescerem espiritualmente.
Em suma, tudo o que Deus faz tem por objetivo não apenas a Sua glória, mas também nos fazer crescer. O milagre em Caná da Galiléia é um exemplo disso.
Quais as lições desse milagre?
A primeira aponta para o sacrifício de Cristo. O bom vinho representa o Evangelho, as Boas Novas de Salvação (Mt 9.17). Ele também representa o sangue de Cristo, que nos purifica de todo pecado (Mt 26.27-29 e 1Jo 1.7). A transformação de água em vinho fala da transformação que o Espírito Santo opera em nossas vidas através do Evangelho de Cristo (2Co 5.17). Essa é a lição básica desse milagre.
Agora, há outras lições nele. Se observarmos cada passo do milagre, o processo que Jesus utilizou para operá-lo, o ato dos serventes e o resultado do milagre, aprenderemos algo sobre o melhor de Deus para nossas vidas.
Você quer o melhor para a sua vida? Você quer “o melhor vinho”? Só uma pessoa que não é sadia psicologicamente, só um sadista, vai querer o pior para si. Todos, em são juízo, querem o melhor. Porém, como termos certeza de que obteremos o que realmente seria o melhor para nossas vidas?
Em primeiro lugar, com os serventes que obedeceram Jesus para que a festa fosse salva, aprendemos que ser obediente à ordem de Jesus é requisito indispensável para recebermos o melhor de Deus.
Deus tem o melhor para nós, Ele quer nos dar o melhor, e o melhor está disponível. Basta apenas agir corretamente para que experimentemos o melhor do Senhor. Como costumo dizer, fique à vontade na vontade de Deus.
Em segundo lugar, com a expressão do mestre-sala (“Deixaram o melhor vinho para o final!”), aprendemos também que o melhor de Deus para nossa vida está no fim. Ou seja, se você quer o melhor de Deus, você tem que ir até o fim com Ele.
Não pare. Persista. Vá até o fim!
Se Jesus está nas celebrações da nossa vida, se Ele faz parte delas, Ele com certeza trará o melhor ao final de cada experiência. Com Ele, cada capítulo de nossa vida, por mais que às vezes tenha um ou outro “momento de suspense” ou sobressaltos, sempre termina com final feliz. E mesmo que aconteça de, aqui na Terra, todo o roteiro da sua vida ser eventualmente o mais terrível possível devido às circunstâncias da existência, o seu capítulo final será, sem dúvida, extraordinário, o melhor do melhor: a Eternidade com Deus.
O final com Deus sempre é melhor, muito melhor.
Com Ele, cada lágrima e suor valem a pena. Viver nunca é debalde ao Seu lado. É sempre ganho; e o morrer, superávit.
Dizendo de outra forma: Quem não está nEle pode ter tudo, mas não tem nada; quem está nEle pode não ter nada, mas tem tudo.
Portanto, não devemos nos aprisionar no hoje. Devemos prosseguir, porque Deus tem o melhor para nós mais à frente. Sua vida não é um arquivo estanque; é uma obra em aperfeiçoamento, e Aquele que a começou é fiel para aperfeiçoá-la.
“Melhor é o fim das coisas do que o princípio delas” (Ec 7.8) e “a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até se tornar dia perfeito” (Pv 4.18).
Persista em fazer o que vale a pena: a vontade de Deus. E, nos momentos difíceis, Deus não vai simplesmente transformar “limão em limonada”. Creia que Ele vai transformar água em vinho! Do pior Ele vai extrair o melhor para você.
Na festa da vida, o normal, aos olhos humanos, é começarmos com o melhor vinho e terminarmos com o inferior. Por exemplo e principalmente: começamos com saúde, terminamos cansados e alquebrados pelo peso dos anos. O homem exterior se corrompe com o tempo. É inexorável. Porém, para quem tem Jesus nas celebrações da vida, não só na velhice há frutos - bem como se é viçoso e florescente -, mas também, na Eternidade, ao terminarmos nosso combate, constatamos que, o tempo todo, Deus havia reservado para nós o melhor vinho de Sua safra para o desfecho. O vinho das Bodas do Cordeiro!
Venha o que vier sobre sua vida, aconteça o que acontecer, o que importa é que Deus está com você e o melhor vinho está garantido!
Sim, o melhor vinho está garantido! O melhor vinho está garantido!
Creia, vá em frente e celebre!
Boas festas!

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Em debate no Brasil: Criacionismo nas aulas de Ciência e a falácia da "nudez artística"

Nas últimas semanas, debates interessantes, que envolvem valores e temas que prezamos, têm acontecido em nosso país na área cultural. Porém, infelizmente, devido às minhas muitas ocupações, ainda não tive tempo de escrever a respeito (Como prometido, as análises sobre os dois temas já se encontram no espaço de comentários desta postagem). Entretanto, como já há muita informação interessante sobre essas discussões disponível na Internet, apresento a seguir, à guisa de introdução e análise sobre o assunto, alguns desses links para, posteriormente, postar no espaço de comentários minha tradicional longa análise sobre os dois casos.
O primeiro debate diz respeito à condescendência da mídia com a chamada “nudez artística”. O debate foi encetado não por um evangélico ou católico conservador, mas, o que era inesperado, por um consagrado ator "global": Pedro Cardoso. Ele combate explícita e contundentemente a indústria da pornografia no meio cultural, que tem suas atividades eufemizadas sob o conceito nebuloso de “nu artístico”. Um link interessante sobre o assunto pode ser encontrado no blog do irmão Valmir Milomem.
A íntegra do manifesto de Pedro Cardoso pode ser encontrada em seu blog. Lá você encontrará também a série de emails que ele trocou com o diretor e a editora da maior revista pornográfica publicada no Brasil quando da tentativa destes de entrevistá-lo para falar sobre seu manifesto. Nesses emails, Cardoso expressa sua crítica a tal revista pela sua proposta editorial e por insistir em não se identificar como pornográfica.
O detalhe é que, semanas antes, Cardoso já havia dado entrevista interessante ao jornalista Roberto Dávila em que, em dado momento, criticou a Editora Abril pela contradição ética de ter uma revista que defende tanto a ética na política (a revista Veja), mas, ao mesmo tempo, publicar a versão brasileira da maior revista pornográfica do mundo. Trechos da entrevista estão acessíveis na Internet aqui. É importante dizer que não concordo com alguns posicionamentos do ator em relação a determinados assuntos, mas seus argumentos contra a indústria da pornografia no meio cultural e sua denúncia quanto à eufemização da pornografia no meio artístico são, sem dúvida alguma, precisos e acertados.
Devido a essa crítica articulada de Cardoso e à repercussão em seu blog dos emails trocados com o pessoal da tal “revista de adultos”, a Editora Abril usou a revista Veja desta semana para tentar responder a Cardoso. E não foi uma pequena resposta. Simplesmente, a peça é o assunto principal da atual edição de Veja – a matéria de capa. O que não ajudou, por dois motivos. Primeiro, os contra-argumentos da revista são pífios (Leia-os aqui, e uma análise interessante sobre alguns desses argumentos neste link. Lembrando que, brevemente, no espaço de comentários desta postagem, pretendo inserir ainda uma análise de minha lavra sobre tais argumentos); e em segundo lugar, a importância que a Editora Abril deu às críticas de Cardoso demonstra que o grupo foi realmente abalado por elas.
Outro debate interessantíssimo tem acontecido desde o final de novembro, quando Marcelo Leite, colunista de Ciências da Folha de São Paulo, criticou abertamente a Universidade Presbiteriana Mackenzie, uma das mais respeitadas instituições de ensino universitário no país, por ensinar tanto o evolucionismo como o criacionismo nas aulas de ciências. O artigo da Folha de São Paulo está acessível aqui e com mais detalhes aqui.
O jornal Estado de São Paulo também repercutiu o assunto agora há pouco, lembrando que colégios adventistas e batistas fazem o mesmo. A matéria do Estadão está aqui.
A essas instituições, meus parabéns pela decisão, que em nada fere a Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira, além de ser extremamente salutar. Escrevo mais sobre o assunto também brevemente no espaço de comentários desta postagem.

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

O sentido do termo vingança na Bíblia


Tanto no Antigo quanto no Novo Testamentos, encontramos muitas passagens que falam de vingança como algo positivo, notadamente as passagens que se referem à vingança divina – fato que, às vezes, causa uma certa estranheza no leitor hodierno da Bíblia. Isso porque o termo vingança traz à nossa mente naturalmente a idéia de algo que não tem um valor ético louvável. Como, então, entender essa discrepância?
Como entender o fato de que, diferentemente do que aprendemos e está incutido em nossa mente, o termo vingança denota, em boa parte do texto bíblico, exatamente um valor correto? Por que, na maioria das vezes em que surge no texto sagrado, ele está carregado de um valor ético positivo e não de um sentido reprovável? Será que, no original das Sagradas Escrituras, os termos que ali aparecem para se referir à vingança, na verdade, não tratam exatamente de vingança?
A resposta é não. Por exemplo: o termo vingança aparece cerca de 70 vezes no Antigo Testamento e em todas elas o vocábulo usado no original é nãqam, que significa exatamente... vingança!
Como, então, é possível um sentido diverso?
O problema é que tem havido, nos últimos anos, principalmente depois que mergulhamos na "Era do Império do Politicamente Correto”, um mal-entendido em relação ao sentido e ao uso originais do termo vingança. A questão é que, eclipsados pela influência da onda do "politicamente correto", não percebemos que o termo vingança, em si mesmo, originalmente, não denota nenhum valor ético negativo. Sim, porque vingança, em si, nada mais é do que castigar ou punir alguém de quem recebemos uma lesão real, seja ela uma lesão em palavras ou atos. Lembremos que se não há lesão real, não há razão de ser para a vingança. Vingar é literalmente defender, indenizar, compensar, desafrontar, isto é, responder justa e proporcionalmente a uma lesão genuína. Em suma: vingar é fazer justiça. Quando um criminoso é condenado pelo seu crime, o lesado e a sociedade são vingados.
Entendido isso, vingança só se torna um mal quando é (1) fruto de um senso distorcido de justiça, (2) aplicada desproporcionalmente e (3) aplicada pelos meios e pelas pessoas erradas.
Em nossos dias, porém, o termo vingança é usado majoritariamente para designar a idéia de fazer justiça pelas próprias mãos, sem um julgamento justo e sem regras que respeitem os direitos do acusado. Ora, assim como toda a sociedade ocidental, a Bíblia condena esse tipo de coisa. Aliás, a sociedade ocidental condena esse tipo de vingança porque seu sistema jurídico foi erigido sobre os princípios judaico-cristãos.
Em síntese: o problema não está no uso do termo vingança na Bíblia, mas naquilo que aprendemos a visualizar quando ouvimos ou pensamos o termo vingança. A resistência que surge na nossa cabeça em relação ao uso desse termo se deve apenas à forma como o entendemos hoje. Quando lemos "vingança", imaginamos mero revanchismo, resposta ilegal ou desproporcional a um ataque justo ou injusto que sofremos; isto é, retribuir uma maldade com outra maldade. Mas, na maioria esmagadora das vezes em que o termo aparece na Bíblia, o sentido não é esse. Nesses casos, fala-se de vingança no seu sentido correto, primário, que é fazer justiça.
Em Apocalipse 6.10, por exemplo, vingança é vingança mesmo, a ser executada pelo Justo Juiz – Deus – como Ele promete.
Porém, por outro lado, é importante frisar duas coisas.
Em primeiro lugar, a Bíblia, de forma geral, desestimula os servos de Deus a buscarem vingança aqui na Terra. Em lugar disso, estimula os servos de Deus a exercerem o poder do perdão – e isso não só no Novo Testamento, mas no Antigo também (Lv 19.18). Isso porque o perdão exerce um poder transformador enorme tanto sobre a vida de quem é o ofendido quanto de quem é o ofensor. Sobre o ofendido, tem o poder de curar a ferida aberta; e em relação ao ofensor, tem o poder de fazer com que reflita sobre seus atos, caia em si, arrependa-se e mude seu comportamento. O amor constrange. O amor transforma. Mas, para isso, deve ser um perdão, um amor, não só em palavras, mas também em obras (Rm 12.20), o que só é possível pela ação do Espírito Santo em nossas vidas (Rm 5.5).
Por outro lado, em segundo lugar, quando Deus diz para seus filhos preferirem sofrer o dano em vez de procurar repará-lo, não está desautorizando de forma geral a reparação legal, muito menos a reparação via justiça secular em casos graves, mas querendo dizer que nunca devemos fazer justiça com as nossas próprias mãos e que devemos relevar as injustiças e maus tratamentos do cotidiano, que sofremos eventualmente no dia-a-dia. E mais: que devemos também confiar que o Senhor, que é o Justo Juiz, e que também foi ofendido por aquela ofensa ou ataque a seus filhos, irá vingar (julgar, compensar, reparar, punir, castigar) o mal feito a seus filhos.
Há também o fato, frisado nas Sagradas Escrituras, de que, independente de a punição secular ser dada ou não ao ofensor, o cristão ofendido deve sempre perdoar o ofensor e não retribuir o crime com outro crime, a maldade com outra maldade, o erro com o erro. Não retribuir o mal com o mal não quer dizer que, cometido um crime contra mim, minha família ou próximos, não devo denunciar o crime para que o criminoso seja preso e condenado pelos seus crimes. Não retribuir o mal com o mal quer dizer: “Não haja com ele da mesma forma que ele agiu com você. Não retribua maldade com maldade, injustiça com injustiça. E, apesar de tudo, não guarde mágoa ou rancor, mas perdoe e siga em frente”.

A vingança divina

Como já ressaltamos, quando a Bíblia usa o termo vingança, inclusive em relação a Deus, trata-se de vingança mesmo, porém não em sua forma equivocada, mas na forma correta: fazer justiça.
Inclusive, entendida à luz da santidade e justiça divinas, e contrabalançada com a misericórdia, a vingança de Deus é mais do que justa – é moralmente uma necessidade.
A vingança de Deus é uma atitude moralmente correta, pois Ele se vinga como paladino do Seu povo (Sl 94) e para castigar quem rompe Sua aliança (Lv 26.24,25), visando a estes um fim proveitoso (Hb 12.5 e Sl 119.71). Além do mais, Deus não é um Papai Noel, passando a mão na cabeça de todos. Por outro lado, nunca devemos olhar para a vingança de Deus deixando de lado Seu propósito de manifestar misericórdia. Enfatiza o apóstolo Paulo que devemos considerar tanto a bondade como a severidade de Deus (Rm 11.22). Como afirmou certo teólogo, “Ele é o Deus da ira a fim de que sua misericórdia faça sentido”. Deus não é um papai bonachão, mas também não é um déspota iracundo. Deus é paciente, Ele é "tardio em irar-se" (Nm 9.17; Sl 103.5; 145.8; e Jn 4.2) e longânimo (Êx 34.6).
A ira divina não é como a humana, posto que não leva Deus a ações insensatas, impulsivas ou imorais. Lembremos que o Justo Juiz é sábio e onisciente, justo e santo. Sua ira é uma manifestação de seu caráter, portanto é uma ira justa. O teólogo britânico James Packer lembra que “a ira de Deus é sempre judicial. A essência da ação de Deus na ira é dar aos homens aquilo que escolheram. Os homens é que escolhem a ira de Deus”.
Deus, o perfeito Juiz, retribui o bem com o bem e o mal com o mal. Ele estaria contrariando seu caráter de santidade e justiça caso permitisse que o pecado e a rebeldia ficassem sem castigo. “Então, por que às vezes Ele se demora em executar seu juízo?” Essa é uma outra questão. Não temos certeza de quando Ele executará, mas que o fará, sim. Além disso, o Juízo Final nada mais é que a execução final e definitiva do juízo de Deus sobre os ímpios.

A vingança por mãos humanas

Por fim, considerarei agora, mais detidamente, a vingança por mãos humanas.
Interessante que daquelas cerca de 70 vezes a qual nos referimos em que o vocábulo nãqam (vingança) aparece no Antigo Testamento, na maioria delas o homem é a causa secundária. Deus é que aparece como a origem (Ez 25.14; Js 10.13; Dt 32.35,41 e Nm 31.2-3). A Bíblia adverte que os homens não podem tomar vingança das próprias mãos (Lv 19.18; Dt 32.25). O próprio Deus (Dt 32.35) e Paulo (Rm 12.19) advertem contra termos um espírito vingador.
Por causa de versos que falam de um ódio justo contra os inimigos de Deus, tendemos a achar que o Antigo Testamento ensina que sempre se deve odiar os inimigos. Paulo, ao citar Provérbios 25.21-22 (Rm 12.20), mostra o contrário. Os antigos hebreus, como muitos cristãos hoje, aplicaram erradamente a doutrina da vingança divina, usando-a como desculpa para alimentar seu forte ressentimento. Jesus, em Mateus 5.43-45, 19.19 e Marcos 12.13, está referendando Levítico 19.18.
Quanto à instituição do vingador de sangue, durante a implementação da Lei Mosaica, era algo de natureza estritamente legal que supria uma necessidade de justiça numa sociedade tribal. O olho por olho não era para ser praticado por particulares, mas só depois de um processo judicial e com a sanção divina. As cidades de refúgio representaram um aperfeiçoamento, proporcionando justiça em casos de homicídio involuntário (Nm 35.9-28).
Ou seja, a Bíblia não condena o fazer justiça, mas apenas (1) o fazer justiça pelas próprias mãos, (2) sem ser pelas vias legais (3) e, mesmo que seja pelas vias legais, atribuindo ao culpado uma punição desproporcional. Mas, não só isso: exorta-nos a não guardarmos mágoa ou rancor, mas perdoarmos e seguirmos em frente.
(A pedido de alguns leitores, segue bibliografia que serviu de base para o conteúdo desta reflexão: Dicionário Internacional de Teologia do Antigo Testamento, vários autores; O Conhecimento de Deus, James Iann Packer; Os Atributos de Deus, A.W.Pink; e o artigo A Vingança e a Bíblia, de minha autoria, publicado no jornal Mensageiro da Paz de outubro de 2001).

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

"Drops" da semana: destaques da próxima edição do jornal "Mensageiro da Paz" e da revista "Obreiro", e o tema da próxima postagem

Caros irmãos e amigos,

A próxima edição do jornal Mensageiro da Paz traz matérias e artigos especiais sobre o sucesso da Conferência Pentecostal na Região Centro-Oeste, os primeiros e muitos frutos do Projeto Minha Esperança Brasil, o que há de positivo e negativo na eleição de Obama à presidência dos EUA, uma reflexão sobre a crise econômica à luz da cosmovisão cristã, descobertas arqueológicas que mais uma vez corroboram aos céticos a veracidade da narrativa bíblica, além de matérias sobre os principais eventos denominacionais no país.
A revista Obreiro, por sua vez, a partir de sua edição do primeiro trimestre de 2009, que começa a circular já agora, no início de dezembro, passa a ser toda temática, e o tema de estréia desse novo formato da revista é A Bíblia é a Palavra de Deus. Abordando o assunto, temos artigos do saudoso Carl Henry, James Iann Packer, Antonio Gilberto, Esequias Soares, José Gonçalves, Claudionor de Andrade etc. Imperdível.
Lembrando ainda que semana que vem estaremos postando novo artigo, abordando um tema proposto por um dos leitores deste blog: "A questão da vingança à luz da Bíblia".
Abraços a todos!

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A vitória do "Messias" midiático: reflexões sobre a eleição de Barack Hussein Obama


Como era de se esperar, Barack Hussein Obama, ungido "Messias" pela imprensa internacional e por 10 em cada 10 pensadores liberais, foi eleito esta semana presidente dos Estados Unidos da América, provocando o júbilo efusivo de milhões de liberais em todo o mundo. Nunca uma eleição para presidente dos EUA foi tão celebrada pela imprensa internacional como esta. Não precisamos ir longe. Só como amostra, vejamos, por exemplo, algumas manchetes e editoriais das principais mídias impressas do Brasil.
Jornal O Globo: "Mundo celebra a nova cara dos EUA" (manchete), "A mudança chegou" (título do caderno especial) e "Momento mágico" (editorial). Um outro periódico do Rio, o jornal Extra, ligado ao grupo Globo, estampou em sua capa os dizeres: "Oba!!!ma".
No jornal Folha de São Paulo: "Vitória histórica de Obama afasta conservadores e derrota racismo" (sic). É isso mesmo que você leu. Essa foi a manchete do jornal. Numa só frase, a síntese de três idéias absurdas: (1) conservadores são maus; (2) conservadores são sinônimo de racismo (já desfizemos essa falácia na postagem do dia 5 de outubro); e (3) a crença idiota de que os EUA viviam até hoje sob um regime parecido com o apartheid, sendo Obama o novo Nelson Mandela. Só ingênuos e preconceituosos caem nessa falácia. Ora, o racismo já foi vencido nos EUA há muito tempo, só existindo ainda ali entre uma minoria ínfima e marginalizada de excêntricos, doentes sociais. Não foi Obama que derrotou o racismo. Afirmar o contrário é forçar uma grotesca mentira.
Numa frase: Não foi a vitória de Obama que derrotou o racismo; o racismo é que já fora derrotado há muito tempo, por isso um Obama pôde ser eleito (e mesmo sob fortes acusações, que só não tiraram sua vitória por fatores que ainda mencionaremos). Os 46% de americanos que não votaram em Obama não o fizeram pela cor da pele, mas por outras razões (e fortes!) já frisadas neste blog. Fazer desses 46% racistas é de uma estupidez sem tamanho.
Que é significativo um negro (ou mestiço, como queiram) ter sido eleito presidente de um país que, num passado recente, sofria com forte racismo, isso é verdade. Por esse ângulo específico, de ser mais uma demonstração ao mundo de uma mudança que já ocorreu há tempos no país, a vitória de Obama é positiva. O que é ignorância é vê-la como uma vitória dos anti-racistas sobre os racistas. Isso, sim, é que é uma estupidez.
Nos EUA, só quem usou o discurso de voto racial nessas eleições foram os militantes de movimentos negros (Louis Farrakhan, Jesse Jackson, Jeremiah Wright, os rappers etc). Somente. Mas, boa parte da mídia daqui e de outros lugares do mundo comprou esse discurso; e ainda agora, às vezes, ela age quase como se fosse o voto desses movimentos que tivesse elegido o novo presidente. Nesse caso, a lógica é pior ainda. Todos os eleitores negros daquele país representam só 13% da população. Não há como alguém ser eleito só com os votos deles. Foram mais de 40% dos brancos dos EUA que elegeram Obama. Logo, que racismo é esse?
Ainda na Folha: "Vitória de Barack Obama detém hegemonia conservadora dos EUA" (título do caderno especial). Nos artigos e matérias, vê-se a tese implícita (e às vezes explícita) de que a vitória de Obama é boa porque representa uma vitória sobre essa espécie de "cancro" da sociedade ocidental, que insiste ainda em viver, chamada conservadores. Agora a situação estaria melhor, dizem, porque foi eleito, conforme ressalta a própria Folha, um candidato "liberal e progressista" que está, inclusive, "mais à esquerda" até mesmo "dentro de seu próprio partido". Ah, há também, na capa de Folha, uma foto de um cartaz em Roma com a foto de Obama e o título em letras garrafais: "O mundo mudou".
E só para dizer que não citei uma revista semanal, menciono a revista Época de 4 de novembro, última edição antes do pleito. Na capa, a chamada é "Por que o mundo quer Obama". Ela traz o seguinte subtítulo: "O que o primeiro negro a um passo da Casa Branca representa para a economia global, para o futuro do planeta e para a sua vida". Dentro da revista, o título "A História quer Obama" e um artigo do antiteísta Christopher Hitchens para Época com o título "A guerra de Sarah Palin contra a ciência" e com a declaração: "O Partido Republicano deixou a Casa Branca ao alcance de uma fanática religiosa e ignorante". Para "variar", pior do que Hitchens, só Arnaldo Jabor. Leia aqui: http://www.midiasemmascara.org/?p=392
Bem, estou só mencionado alguns dentre inúmeros casos. Quem tem acompanhado os telejornais e lido a chamada Grande Imprensa tem visto o frenesi apaixonado e febril da mídia pela vitória de Obama, bulício este analisado com discernimento pela jornalista britânica Melanie Phillips em sua coluna de hoje na quase bicentenária revista The Spectator (http://www.spectator.co.uk/melaniephillips/2576106/freedom-now-stands-alone.thtml). Nela, Phillips ressalta que a mídia e a entourage intelectual de nossos dias está em verdadeiro êxtase e frenesi porque Obama representa aquela mudança pregada pelos promotores da "guerra cultural" por que passa o Ocidente e da qual esse grupo faz parte. Por isso, para a analista britânica, a forma como se deu a vitória de Obama, um defensor de valores sociais liberais, alguém que esposa a agenda da chamada "esquerda chique", e num país como os EUA, onde ainda há um forte conservadorismo, é sinal de que o Ocidente está perdendo. Sim, já que, uma vez que o Ocidente foi construído sobre os valores judaico-cristãos, perder esses valores é decaracterizar o Ocidente. Melanie Phillips está absolutamente certa.
"E Obama não é cristão?" Não cristão no sentido das Sagradas Escrituras. Ele é um "cristão" típico da pós-modernidade. O tipo de cristianismo que Obama defende é aquele em que, por exemplo, (1) eutanásia, aborto, destruição de embriões para produção de células-tronco e homossexualismo não são pecados, como ele mesmo já afirmou repetidas vezes, (2) e no qual a fé cristã, para não "estagnar", para se tornar menos "engessada", deve aprender com as demais religiões. Já escrevi sobre isso no post de 5 de outubro, mas, se alguém quer mais referências, há um livro novo no mercado brasileiro, intitulado O Deus de Barack Obama, que se propõe a explicar o porquê de tantos jovens nos EUA se identificarem com Obama. Explica o livro:
"Com relação à religião, a maioria dos jovens dos Estados Unidos tem uma postura pós-moderna, o que significa dizer que eles encaram a fé de um modo parecido ao jazz: informal, eclético e, muitas vezes, sem um tema específico. Basicamente, costumam rejeitar uma religião organizada, privilegiando uma mescla religiosa que funcione para eles. Para esses jovens, não há nada de mais em construir a própria fé juntando tradições de religiões totalmente diferentes, e muitos formam sua teologia da mesma maneira como pegam um resfriado: por meio de contatos casuais com estranhos. Portanto, quando Obama fala de questionamentos sobre certos dogmas de sua fé cristã, da importância da dúvida na religião ou de seu respeito por religiões não cristãs, a maioria dos jovens imediatamente se identifica e simpatiza com sua fé não tradicional como base para sua política com tendência de esquerda — e também para a deles”. Leia mais sobre o assunto no blog do irmão Valmir Milhomens: http://comoviveremos.com/2008/11/05/o-deus-e-a-fe-de-barack-obama/
Não é à toa que o pastor convidado por Obama para fazer a oração de abertura (tradição nas convenções dos dois maiores partidos dos EUA) da Convenção do Partido Democrata no final de agosto foi o emergente Donald Miller, autor do best seller Blue Like Jazz, lançado no Brasil com o título Como os pingüins me ajudaram a entender Deus. Miller é um dos maiores ícones do chamado "cristianismo pós-moderno" nos EUA e admirado principalmente pelos jovens. O "jazz" do título original de seu livro tem a ver com a comparação que o autor de O Deus de Barack Obama faz entre o jazz e o "cristianismo pós-moderno".
Isto é, o "ungido" foi beneficiado pela convergência dos acontecimentos que moldaram a atual conjuntura econômica, política, social, filosófica, religiosa e psicológica dos EUA, devidamente aproveitada pela militância engajada, devotada, persistente e incansável de seus fiéis seguidores na mídia e fora dela.

Entendendo o resultado

Ninguém esperava um resultado diferente nas eleições americanas, principalmente depois que a crise econômica estourou, pulverizando em poucos dias a vantagem que John McCain tinha sobre Obama durante as duas primeiras semanas de setembro e estabilizando o candidato democrata à frente nas pesquisas. A crise econômica foi, sem dúvida, um dos principais fatores determinantes. De meados de setembro para cá, depois que ela explodiu, Obama não apenas voltou a tomar a dianteira: ele não a largou mais. É verdade que, nesse período de disparada, ainda chegou a oscilar por três vezes, ficando em uma oportunidade rigorosamente empatado com McCain (ambos com 46% das intenções de voto), empatando tecnicamente há duas semanas (46% a 43%) e ficando incrivelmente com apenas um ponto à frente de McCain numa das pesquisas diárias da semana passada, em censo do Instituto Zogby. Mas foram só lampejos decorrentes dos ataques que sofreu nas últimas semanas, com acusações fortíssimas pesando contra ele (a relação com Bill Ayers e o processo de Phillip Berg, por exemplo).
No final, o que valeu mais não foram as fortes acusações que pesavam contra o democrata, nem as melhores propostas ou a maior experiência de McCain, mas o clima de protesto diante da crise e contra um presidente republicano que tem o segundo maior índice de rejeição da história daquele país (só 24% dos americanos o apóiam). Prevaleceu a eficiência do marketing e do discurso retórico de “esperança” para uma nação atingida em cheio pelo caos econômico (quase 2 milhões de americanos despejados de suas casas por inadimplência, 40% da população endividada, milhões de desempregados). Em suma: o que prevaleceu foi a catarse do ressentimento em relação ao governo que atravessou duas guerras e está enfrentando uma crise econômica colossal. Aliás, convenhamos: esta foi a eleição presidencial mais fácil para os democratas em todos os tempos. Toda a conjuntura social, política e econômica do país concorria a favor deles.
Para que você entenda melhor: Quem elege o presidente dos EUA não são os republicanos ou os democratas, posto que praticamente se equivalem em quantidade de seguidores. Se os democratas fossem maioria esmagadora, ou os republicanos, todas as eleições nos EUA já estariam decididas antes mesmo das campanhas começarem. As campanhas seriam meras formalidades. A verdade é que 80% dos eleitores americanos se dividem praticamente meio a meio entre republicanos e democratas. O último levantamento sobre a quantidade de eleitores filiados aos dois partidos revela que, hoje, 42% dos eleitores americanos registrados seriam democratas e 38%, republicanos. Ou seja, a diferença numérica entre eles é de apenas 4%. Por sua vez, os eleitores filiados aos partidos independentes chegariam a apenas 9%. Isso significa que, teoricamente, 89% dos eleitores americanos são votos certos para seus respectivos partidos (na verdade, os independentes não são tão fiéis a seus partidos; entretanto, por outro lado, o número de democratas e republicanos que viram a casaca é ínfimo). Resta ainda, contudo, 11% de eleitores americanos que não têm preferência partidária e que mudam sua preferência conforme a onda. Ou seja, são estes 11% – que representam milhões de eleitores – que decidem a vitória para um lado ou para o outro; são eles que definem para que lado a balança vai pesar mais, além, claro, do poder que cada partido demonstrará, no dia do pleito, de mobilizar seus próprios filiados para votar (lembremos que o voto, nos EUA, não é obrigatório).
Em 2004, a maioria dos americanos sem partido votou em Bush e o Partido Republicano conseguiu mobilizar mais seus seguidores do que os democratas. Em 2008, desta vez foi a vez de os democratas conseguirem mobilizar mais seus seguidores do que os republicanos e de convencerem a maior parte daqueles 11% a votarem em Obama.
Bem, mas como os democratas conseguiram mobilizar tanta gente e convencer a maioria desses 11% de eleitores sem partido? E mais: o que isso nos ensina sobre a conjuntura política e espiritual do final dos tempos? É o que analisaremos a seguir.

A crise leva as pessoas a serem mais coração do que razão

Recentemente, vi um analista político secular afirmando que as pessoas mais racionais em suas análises naturalmente percebiam que McCain seria melhor opção que Obama, já que, além de também representar mudança (McCain é um republicano progressista que sempre defendeu uma ruptura com o modelo de governo da "Era Bush"), é também muito mais experiente que o democrata, entende melhor de política externa e apresentou propostas mais viáveis (as propostas dos dois candidatos eram, no geral, parecidas, com algumas poucas divergências profundas - e ambos tinham também os tradicionais exageros de promessa de campanha -, mas as propostas de McCain eram, em certos pontos, claramente melhores).
Porém, conforme frisou aquele analista, as pessoas, em meio à crise, passaram a ser mais coração do que razão, e para quem é mais coração do que razão, Obama era o candidato que se tornava mais atraente às pessoas, já que, além de ter uma excelente retórica, ser mais jovem, bonito e alto (é o terceiro presidente mais novo da história dos EUA), enquanto McCain é idoso e com problemas de saúde, o democrata contou com um marketing muito forte (nunca visto antes em uma eleição), sendo apresentado como uma espécie de símbolo de protesto. Em outras palavras, as pessoas votaram mais em uma idéia e em uma mensagem do que em propostas concretas; canalizaram para Obama, como um símbolo de seu protesto, os anseios de mudança que desejavam - anseios estes catalisados pela explosão da crise econômica em meados de setembro. E aí, quando isso acontece, pouco importa se o símbolo é um candidato inexperiente, sob fortes acusações ou sem as melhores propostas.
Em uma frase: a crise foi o maior cabo-leitoral de Obama. Foi ela que fez os americanos serem mais coração do que razão na hora do voto, porque a crise leva as pessoas a serem mais coração do que razão.
Claro que, para que pudesse capitalizar votos quando a crise econômica estourou, Obama - cuja campanha tinha como mote "mudança" - teria que, antes, conseguir cristalizar em torno de si a imagem de uma mudança realmente relevante, mais do que a que McCain estava esposando. Lembremos que o candidato eleito nas prévias do Partido Republicano era o mais progressista de todos os nomes republicanos e que o discurso de campanha dele, antes e depois da vitória nas prévias, enfatizava constantemente isso.
Obama e sua campanha precisavam diminuir a todo custo a imagem de progressista do candidato republicano. E foi o que fizeram. Insistiram nisso o tempo todo. Tentaram, o máximo possível, colar em McCain a imagem de “continuação da Era Bush”. E não é que, por mais absurdo que seja afirmar que McCain seria uma continuação da “Era Bush”, os democratas conseguiram levar muitos americanos a pensarem assim? Mas, como conseguiram?
Realmente, a tarefa não era fácil. Como levar o americano a pensar que John McCain representava "a continuação da Era Bush", se ele sempre foi oposição a Bush no Partido Republicano e foi o congressista republicano que mais votou contra o governo Bush? Obama, carregando na tinta, dizia que McCain votara "95% das vezes a favor do governo", quando fora 89% das vezes, algo próximo da média dos congressistas democratas. Eles votaram, em média, 80% das vezes a favor do governo Bush. Os republicanos, 95%. Ademais, McCain tem no currículo vários projetos seus importantes aprovados como legislador, enquanto Obama, que tanto prega mudança, nunca teve um projeto seu aprovado. Apenas votou 100% conforme a orientação do seu partido. Nunca rompeu com a liderança do seu partido em qualquer questão de qualquer natureza, nem escreveu nenhum projeto de lei em quatro anos como senador. E queria mudança!
Como, então, Obama conseguiu?
O próprio McCain ajudou-o sem querer. Quando o republicano viu sua liderança nas pesquisas ser ameaçada pelo democrata depois da explosão da crise econômica em setembro, McCain tomou uma medida muitíssimo arriscada, uma medida que, se desse certo, o consagraria; se não, "adeus eleição".
Em 20 de agosto, antes da Convenção do Partido Democrata, McCain estava 5 pontos à frente de Obama (http://www.estadao.com.br/internacional/not_int227515,0.htm). Então, veio a Convenção Democrata, encerrada em 28 de agosto, e Obama voltou a subir, empatando tecnicamente com McCain com uma leve vantagem de 3 pontos. Mas, na semana seguinte, vem a Convenção Republicana e McCain volta a ultrapassar Obama, e em todas as pesquisas, ficando dez dias à frente do democrata. Em 7 de setembro, a pesquisa US Today/Gallup chega a apontar McCain 10 pontos à frente de Obama (http://time-blog.com/real_clear_politics/2008/09/usa_todaygallup_mccain_10.html). Foi só em 18 de setembro, com a explosão da crise, que Obama voltou a subir e a ultrapassar McCain (http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/mundo/conteudo.phtml?tl=1&id=809480&tit=Apos-piora-na-economia-pesquisas-mostram-Obama-a-frente-de-McCain).
Vendo o que estava acontecendo, McCain tentou reverter o quadro de forma errada. Tentou passar a imagem de pró-ativo, suspendendo a campanha dele temporariamente para participar das negociações no Congresso em favor da aprovação do pacote salvador do governo Bush. Medida arriscada que, no começo, deu certo. Quando McCain suspendeu a campanha para negociar, Obama, que já havia disparado 9 pontos à frente de McCain pelo Gallup logo que a crise estourou, perdeu os 9 pontos de vantagem em apenas três dias, segundo o mesmo Gallup. Em 26 de setembro, os dois estavam rigorosamente empatados com 46%. Porém, à medida que as negociações não prosperavam, McCain voltou a cair. Ou seja, era melhor não ter se envolvido nas negociações. Como Obama, deveria se postar apenas como um crítico à distância. McCain pensava, como a maioria do mundo pensou, que o pacote do governo seria logo aprovado, o que capitalizaria sua imagem de líder e negociador (e, no caso, em momentos difíceis), mas não foi o que aconteceu. As negociações duraram mais de suas semanas. Assim, Obama pôde usar algo para questionar a capacidade de liderança de McCain e "linká-lo" à propalada ineficiência do atual governo nas negociações. E insistiu: "Ele é mais do mesmo". Resultado? O democrata disparou nas pesquisas e não largou mais a dianteira.
O próprio Instituto Gallup, na sua avaliação feita hoje sobre a corrida eleitoral americana, reconhece que foi a crise econômica que tirou McCain da liderança, ressuscitou Obama nas pesquisas e o levou solidamente à vitória (http://www.gallup.com/poll/111742/Obamas-Road-White-House-Gallup-Review.aspx). Ontem, o Gallup já ressaltara que 86% dos americanos estão insatisfeitos com a situação do país e 62% colocam a crise econômica como a principal razão para sua insatisfação. Por isso, mesmo após as denúncias das últimas semanas, Obama se manteve à frente, apenas oscilando um pouco em alguns momentos devido à intensidade das denúncias, como falamos de início.
Portanto, não é verdade, como alguns tontos dizem, que McCain perdeu porque “escolheu uma péssima vice”. Tremendo equívoco. E não estou afirmando isso por mera simpatia em relação a Sarah Palin por ela ser uma evangélica conservadora. O "Efeito Palin" ajudou McCain, sim, conquistando o apoio dos republicanos conservadores, que estavam reticentes em relação a McCain por ele não ser conservador em todas as questões. Tanto ajudou McCain que, logo seu nome anunciado, iniciou-se uma campanha avassaladora da mídia democrata americana contra Sarah (tentando criar e colar nela defeitos que a mídia enfatiza em Bush) e, mesmo com essa contra-campanha, ela continuou no auge. Algumas das maiores audiências da tevê americana neste ano foram o discurso de Palin na Convenção Republicana, sua entrevista à CBS, seu debate com Joe Binden (mais assistido do que todos os debates entre Obama e McCain) e até a sua participação bem-humorada no Saturday Night Live.
Para quem acha que Sarah não ajudou: antes de escolhê-la, McCain não tinha tanto apoio dos evangélicos dos EUA, como já lembramos. As pesquisas da época apontavam que boa parte deles estava indecisa, desanimada e falava que não iria votar. Pois bem, segundo li hoje, comprovando as previsões, um levantamento da CNN mostra que 74% dos evangélicos que foram às urnas votaram em McCain contra apenas 24% que votaram em Obama. O respeito que McCain demonstrou aos conservadores durante a campanha, sua ênfase nos pontos comuns e principalmente a escolha de Sarah ajudaram McCain. Mas não foram suficiente. Só o voto dos evangélicos não elege o presidente. Em 2004, isso funcionou, mas, frise-se, combinado com o apoio da maioria daqueles 11% de que já falei e com uma grande mobilização dos republicanos liderada pelo excelente estrategista da campanha de Bush, Karl Rove.
Agora, se alguém afirma que a escolha de Sarah só ajudou McCain nesse sentido (de atrair o apoio de evangélicos desanimados com as eleições), aí podemos concordar. Sarah, por exemplo, não conseguiu atrair a maioria do voto feminino para McCain. Entretanto, também é errado afirmar que Sarah afastou de McCain muitos eleitores que antes pensavam em votar nele. Outra falácia midiática. Antes de Sarah, as pesquisas já mostravam que a maioria das eleitoras simpatizava com Obama. E os poucos republicanos que declararam-se insatisfeitos com a escolha de McCain são ínfima minoria no partido, além do que todos os analistas da imprensa secular daqui e de lá que citaram Sarah em artigos como "uma escolha ruim", "uma escolha que me afastou ainda mais de McCain", já eram obamistas antes de McCain eleger Sarah, e estavam apenas usando-a como um argumento a mais contra o republicano. McCain perdeu os votos que estava agregando em torno de si por outros motivos, os quais já elencamos aqui.
Por fim, se Sarah só afastava eleitores em vez de agregar, como tentava vender a imprensa obamista, por que todas as vezes que a víamos em ação nas ruas ela arrastava mais multidões do que McCain e o próprio Obama? "Do que Obama?" Sim. Você sabia que ela arrastou mais pessoas às ruas do que o "ungido"? Pois é, o ranço e a perseguição da imprensa obamista a ela escondem-nos essas informações. Aqui vai uma nota que mui provavelmente você, leitor, desconhece. Trata-se de uma notícia que nenhuma mídia brasileira divulgou, seja jornal, revista, televisão, rádio ou internet, e que mostra muito como Palin conseguiu agregar a McCain um grande número de eleitores, especialmente evangélicos: o maior recorde em um comício de rua desta eleição presidencial não é de Obama, mas de Sarah. Em 22 de setembro, Sarah Palin, que até o final da campanha continuou arrastando multidões em suas comícios de rua, fez campanha sozinha para McCain na Flórida, arrastando uma multidão de 60 mil pessoas! O máximo que Obama tinha levado às ruas durante toda a sua campanha foi quase 50 mil pessoas, e isso já faz meses (Obama só falou a mais gente em três oportunidades que não contam: em Berlim; no discurso de apresentação da Convenção do Partido Democrata, que foi em um estádio; e no discurso da vitória da madrugada de hoje. Nenhum desses casos vale como medição, porque não são comícios de rua em campanha nos EUA).
O discurso de Obama a 50 mil pessoas foi foto de capa de vários jornais do Brasil, como o jornal O Globo, aqui do Rio. Já o recorde estabelecido por Palin não provocou nem uma notinha de uma linha em qualquer lugar perdido dos jornais. O detalhe é que, no mesmo dia, Joe Binden, vice de Obama, esteve na Flórida também em campanha e levou apenas 2 mil pessoas. Engraçado que McCain chegava a fazer comícios na rua para até 500 pessoas, enquanto os comícios de Sarah geralmente não tinham menos que 5 mil pessoas.
"Mas, pastor Silas, como essa multidão nos comícios de Sarah não se refletiu em uma vitória apertada? Obama ganhou esmagadoramente!"
Em termos de delegados conquistados, que é o que vale mais lá, sim, é verdade; mas, em termos de número de votos, não foi uma vitória avassaladora. É verdade que Obama-Binden conquistou mais de 360 delegados e McCain-Palin, 162. Porém, McCain-Palin venceu em 22 Estados e Obama-Binden, em 28, e com vitória apertada em muitos deles. E no número total de votos, a chapa Obama-Binden foi eleita com 52,6% dos votos e a McCain-Palin teve honrosos 46,1%.
Bem, finalmente, dentro deste primeiro ponto, quero ressaltar ainda que o que aconteceu nesta eleição exemplifica muito bem o que irá acontecer quando do advento do Anticristo. Ei! Não estou dizendo que Obama é o Anticristo! Só estou dizendo que o que aconteceu a Obama agora é um exemplo do contexto a partir do qual o Anticristo se levantará: forte crise econômica, guerras, clima de desesperança, anseio por mudanças profundas, a busca por um "líder salvador", messianismo, quase que unanimidade internacional em torno do "líder salvador", inclusive por parte da mídia etc. Os ingredientes são os mesmos. Ou seja, esse contexto da eleição de Obama é uma amostra clara do contexto político e espiritual que deve permear o mundo quando do advento do Anticristo. As pessoas apoiarão o Anticristo porque, desesperançadas, tendem a ser mais emoção e feeling do que razão.

O maior poder de marketing e uma estratégia de mobilização jamais usados na História, e com o apoio maciço da mídia americana e internacional
O maior apoio já dado pela mídia americana e a internacional em relação a um político em toda a História ocorreu nesta eleição, em favor de Barack Hussein Obama. Era extremamente comum a maior parte da mídia dos EUA e do mundo até mesmo ocultar ou minimizar deliberadamente as acusações fortes que pesam contra o democrata.
Uma pesquisa recente mostrou que 204 jornais dos EUA declararam apoio explícito a Obama antes do pleito, enquanto só 100 apoiaram McCain, e com um detalhe: dos que apoiaram Obama, a maioria era de grandes jornais (The New York Times, Washington Post, Los Angeles Times etc). Todos os "jornalões", exceto um, apoiaram o democrata. O único "jornalão" americano a apoiar McCain foi o Wall Street Journal.
Além de Obama ter arrecadado mais de 600 milhões de dólares (um recorde fruto da onda messiânica), que possibilitaram que comprasse meia hora de três das maiores redes de televisão do país para passar sua propaganda eleitoral, enquanto McCain só tinha dinheiro para propagandas de cinco ou três minutos, alguns centros de pesquisa independentes e um analista da ABC destacaram a "obamização militante" da mídia americana. Leia aqui http://www.newsmax.com/insidecover/media_study_mccain/2008/10/22/143199.html?s=al&promo_code=6DF8-1, aqui http://abcnews.go.com/print?id=6099188 e aqui http://www.ornery.org/essays/warwatch/2008-10-05-1.html. Até mesmo o colunista ateu e liberal Diogo Mainardi, que torcia pela chapa McCain-Palin (uma exceção à regra) por vê-la com as propostas mais coerentes, reconheceu a irracionalidade desse colossal apoio midiático pró-Obama em artigo no qual, em tom de ironia, faz graça com sua tristeza pela derrota da chapa republicana (Leia aqui: http://veja.abril.com.br/idade/podcasts/mainardi/integra_061108.html).
Obama teve praticamente todo o mundo midiático ao seus pés, lutando pela causa liberal, que foi fortalecida por duas guerras e uma crise econômica que ocorreram durante o governo de um conservador.
Essa quase perfeita harmonia e apoio da mídia a um político defensor da causa liberal também é uma amostra de como será possível, mais à frente, uma conjuntura liberal que propiciará o advento do Anticristo.
Enfim, o século 21 começou apontando a formação de uma nova conjuntura no mundo, cuja textura ideológica, política e social não é novidade para quem já conhece os vaticínios bíblicos sobre o Final dos Tempos.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Sobre cardápio do programa "Resposta Fiel" desta semana, moderação de comentários, atualizações pedidas sobre caso Obama e próximas postagens

Caros,

Passei cinco dias afastado deste blog em meio a uma maratona de compromissos para pregar no interior do Ceará, Campo Grande (MS) e interior de São Paulo. Em alguns lugares desse percurso da maratona, a conexão de Internet do meu laptop não estava boa, por isso demorei a moderar os comentários. Só pude fazê-lo ontem à tarde. Hoje, porém, já há mais comentários para moderar e interagir, o que farei aos poucos, uma vez que estou também com pouco tempo esta semana. Preciso, inclusive, recuperar alguns comentários enviados pelos amados irmãos da Faculdade Evangélica de São Paulo e que, por distração, acabei não publicando. Antecipadamente, obrigado pelas palavras de apreço e motivação.
Bem, por toda essa conjuntura, não foi possível divulgar o programa Resposta Fiel da semana passada. Quanto ao programa desta semana, ele aborda os temas "Supersticiosidade entre evangélicos" e "A questão da vingança à luz da Bíblia". O programa estará no ar às 22h de hoje e terá os seus tradicionais reprises na quinta-feira, às 17h, e no domingo, às 12h. O link para assistir ao programa é www.cpad.com.br/radioweb
Esta semana ainda, antes de publicar a próxima postagem (o que deverei fazer até semana que vem), estarei publicando, a pedido de alguns leitores, novas e atualizadas informações relativas ao conteúdo da postagem "Porque não sou pró-Obama", e que serão inseridas no espaço de comentários daquela postagem (de 5 de outubro).
Brevemente também novidades sobre a próxima edição da revista Obreiro, que está muito interessante.
P.S.: Desculpem a minha demora em moderar os comentários e interagir com eles esta semana. Desde quinta-feira, 30 de outubro, estou em Cuiabá por ocasião da Conferência Pentecostal do Centro-Oeste, evento que faz parte das comemorações do centenário das Assembléias de Deus no Brasil. Só devo estar de volta ao Rio no domingo. Devido a tudo estar muito corrido por aqui (a programação aqui é literalmente o dia todo: manhã, tarde e noite), só consegui arranjar um tempinho hoje (1 de novembro) de manhã cedo para moderar os comentários, como podem ver; mas ainda falta interagir com eles, o que prometo fazê-lo até domingo (ou seja, amanhã) ou, no mais tardar, segunda-feira. Enquanto isso, podem continuar enviando seus comentários. Até lá.

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Drops da semana: cardápio do programa "Resposta Fiel", destaques da edição de novembro do jornal "Mensageiro da Paz" e notas sobre "Obama-mania"

Caros,

Desculpe o atraso com os drops desta semana. Estive a semana inteira trabalhando no fechamento da edição de novembro do jornal Mensageiro da Paz, por isso o atraso nos drops. Bem, vamos aos registros de hoje:
Inicialmente, por falar do jornal Mensageiro da Paz, a edição de novembro do MP traz como matéria de capa uma reflexão sobre a atual crise financeira mundial e como ela está relacionada aos vaticínios bíblicos sobre o final dos tempos. Há também um artigo do escritor e comentarista americano Charles Colson sobre as lições que esta crise financeira nos passa. Destaque ainda para uma matéria sobre a perseguição que os cristãos estão sofrendo na Índia por parte dos hindus e para os artigos sobre a Bíblia e a Ciência, dons ministeriais e liturgia.
O programa Resposta Fiel desta semana aborda os temas angelolatria e tolerância cristã à luz da Bíblia. A última reprise do programa vai ao ar domingo, 19 de outubro, às 12h. O link para assistir ao programa é www.cpad.com.br/radioweb
Há novidades sobre a “Obama-mania” registradas no espaço de comentários da postagem do dia 5 de outubro. Para ir direto, clique aqui: http://silasdaniel.blogspot.com/2008/10/porque-no-apio-obama.html

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Drops da semana: programa "Resposta Fiel" na Paraíba, Santa Catarina e Rondônia

No programa Resposta Fiel desta semana, falo sobre a história e os erros do Movimento Católico Carismático e, no quadro de perguntas-e-respostas, sobre a questão do aborto à luz da Bíblia. A última reprise do programa vai ao ar domingo, às 12h. Para ouvir o programa, o endereço é www.cpad.com.br/radioweb
Alô, irmãos da Paraíba! A programação da Rádio Web CPAD está sendo retransmitida desde terça-feira integralmente pela Rádio Rede AD Brasil de João Pessoa - 96,1 FM. Obrigado aos irmãos paraibanos que nos enviaram mensagens carinhosas sobre o programa Resposta Fiel pelo e-mail da rádio. Abraço também aos irmãos das ADs em Cacoal (RO) e Joinville (SC), que estão retransmitindo o programa em suas respectivas rádios.
Obs.: A terceira nota que estava aqui foi inserida, com mais informações, no espaço de comentários da postagem abaixo, de 5 de outubro - "Quatro razões porque não sou pró-Obama" -, por ser uma continuidade do assunto da referida postagem e por lá termos espaço mais conveniente para expandi-la.

domingo, 5 de outubro de 2008

Quatro razões porque não sou pró-Obama: valores, casos muitíssimo comprometedores, retórica vazia e messianismo

De alguns dias para cá, alguns leitores têm me pedido para que fale sobre o que acho do candidato democrata Barack Hussein Obama. Como o assunto envolve princípios e valores, e muitos leitores insistem para que fale algo sobre o assunto, atendo finalmente aos pedidos.
Bem, por que não apóio Obama?

Questão de princípios

Em primeiro lugar, porque John McCain pode ser até liberal em alguns pontos, mas mesmo assim é extremamente mais conservador do que Obama. O senador democrata é liberal demais. Ele é mais liberal até do que Hillary Clinton, sua oponente nas prévias do seu partido. E o abismo de valores entre Joe Binden e Sarah Palin, vice de McCain, é ainda maior.
Obama é a favor do aborto por qualquer motivo e em qualquer fase da gravidez. Leia aqui: http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2008/04/01/AR2008040102197.html
Obama não só é a favor da união civil homossexual como é contra a emenda constitucional que explicita a impossibilidade do “casamento” homossexual e afirmou recentemente que colocará “todo o peso de seu governo” para aprovar leis nos EUA “contra a homofobia” nos mesmos moldes das aprovadas na Europa e no Canadá. Leia aqui http://www.wnd.com/index.php?fa=PAGE.view&pageId=58317 e aqui http://www.onenewsnow.com/Election2008/Default.aspx?id=208420
Aliás, sabe o que Obama disse recentemente sobre a Bíblia e o homossexualismo? Que a Bíblia não condena o homossexualismo (sic). E acrescentou: “Se as pessoas acham isso controverso, então eu diria a elas apenas para irem ao Sermão da Montanha, que eu, em meu pensamento, por minha fé, acho mais central que alguma passagem obscura na Carta de São Paulo aos Romanos”. Não acredite em mim. Leia você mesmo aqui: http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u378105.shtml
Espantado com a ignorância do candidato democrata em relação à Bíblia? Infelizmente, tal ignorância é um padrão hoje entre a maioria dos políticos do Partido Democrata ao ponto de já ter virado chacota entre os articulistas republicanos. Citarei só um texto mais recente, e repleto de casos, da jornalista e comentarista política Ann Coulter, autora de best sellers nos EUA. O artigo está traduzido para o português aqui http://juliosevero.blogspot.com/2008/09/obama-lcifer-da-minha-turma.html e, para entender melhor alguns pontos dele, leia as notas de rodapé do artigo, também em português, aqui http://antenacrista.blogspot.com/2008/10/obama-lucfer-da-minha-turma.html (Depois de ler todo o artigo de Coulter, você vai entender o porquê do título forte: “Obama: Lúcifer é da minha turma”. E quem quiser ler o original em inglês, o link é http://townhall.com/Columnists/AnnCoulter/2008/09/17/obama_lucifer_is_my_homeboy
Como se não bastasse tudo isso, Obama é ainda a favor da legalização de drogas, da eutanásia e da destruição de embriões para a manipulação de células-tronco embrionárias. Então, como cristão, como posso apoiar Barack Obama? Só porque não gosto muito de Bush? Mas quem disse que McCain é Bush? (Já falamos sobre isso em post passado, do dia 11 de setembro – leia também os comentários).

Questão de credibilidade

Em segundo lugar, não apóio Obama porque há denúncias gravíssimas sobre a conduta dele e que atentam fortemente contra a sua credibilidade para ser presidente de um país, porém pouca gente sabe disso no Brasil porque a mídia brasileira é pautada pela mídia democrata norte-americana, que é majoritária nos EUA. Os democratas dominam as mídias televisiva (CNN, ABC, CBS, NBC etc) e impressa (The New York Times, Washington Post, Times, Newsweek etc) naquele país. Os republicanos só dominam a mídia radiofônica, mas ninguém no Brasil ouve as rádios dos EUA. É justamente por isso que a mídia brasileira está, por exemplo, saturada de fofocas sobre Sarah Palin, enquanto casos grotescos, gravíssimos, sobre Obama são deliberadamente omitidos. Exemplos de omissões? Vamos a alguns deles.
Desde fevereiro deste ano, um cidadão homossexual de Minnesota, chamado Larry Sinclair, que foi amigo de Obama, move uma ação contra ele e o Partido Democrata. O motivo? Ele sofreu ameaças após revelar que consumiu cocaína e teve relações homossexuais com o senador em novembro de 1999.
"O quê?!?"
É isso mesmo que você leu. E Obama já confessou que as drogas foram um problema em sua juventude.
Em sua autobiografia A Audácia da Esperança, já prevendo que alguém poderia descobrir alguma coisa sobre o seu problema com vícios, Obama já confessara que, quando era mais jovem, na universidade, consumiu várias vezes maconha, cocaína e bebida alcoólica. Acrescenta, porém, que conseguiu se libertar desses vícios. Ora, Obama deixou de estudar em 1991. Em 1999, já fazia oito anos que ele não era mais um estudante. Naquele ano, quando teria se envolvido com Sinclair e usado drogas mais uma vez, ele era membro do legislativo local de Illinois.
Não estou dizendo com isso que creio definitivamente que, ainda hoje, nove anos depois, Obama tenha suas recaídas com drogas. Não sei. Pode ter realmente se libertado das drogas. Só sei que essa confissão dele em sua autobiografia, mais o fato de defender a legalização de drogas e mais esta denúncia demonstram que o senador democrata não inspira confiança.
Para quem quer saber mais sobre a denúncia, todas as páginas da ação movida contra Obama, e que ainda está rolando na justiça norte-americana, podem ser lidas no seguinte endereço eletrônico: www.thesmokinggun.com/archive/years/2008/0214081obama1.html
Outro exemplo: Phillip J. Berg, um advogado da Pensilvânia, acusa Obama de falsificar uma certidão de nascimento para ludibriar o registro eleitoral, o que o tornaria, portanto, inelegível. Sim, é isso mesmo que você ouviu: certidão de nascimento falsificada.
As rádios republicanas e a Fox News, único canal de tevê republicano, acompanham naturalmente o caso. Já a mídia democrata, que domina a tevê e o jornalismo impresso no país, deliberadamente não o menciona. Ela só mencionou o processo uma vez, na época das prévias democratas e porque a campanha de Hillary Clinton enfatizou o caso. Aqui, no Brasil, o único a falar sobre o processo foi o articulista Olavo de Carvalho, em sua coluna semanal no Jornal do Brasil, especialmente na edição de 2 de outubro. Conta Carvalho:
Berg alega que Obama não provou ser legalmente cidadão americano e que, para piorar, o candidato democrata divulgou pela Internet uma certidão de nascimento falsa. O primeiro ponto é indiscutível. Em 15 de setembro Berg enviou intimações ao réu, ao registro civil e ao hospital do Havaí onde Obama alega ter nascido, solicitando que apresentassem a certidão original impressa. Não recebeu nada até agora. Obama tinha prazo até o dia 24 [de setembro] para responder. Em vez de mostrar a certidão, liquidando com o processo no ato, ele entrou com um pedido de dispensa (motion for dismissal), alegando que Berg não oferecera provas suficientes para justificar a abertura do processo e ademais não tinha legitimidade como queixoso, por não ter sofrido dano pessoal no caso”.
Respondendo à moção no dia 29 [de setembro], Berg afirmou que, como militante e contribuinte democrata [Berg é membro do Partido Democrata há 31 anos], ele sofre prejuízo, sim, de uma candidatura falsa que ameaça desmoralizar o seu partido caso se confirme, depois das eleições, que a certidão original de Obama não existe mesmo”.
Berg insiste que, se o tribunal não julgar o caso antes do dia da votação, e Obama vier a ser eleito, os EUA estarão sujeitos à maior crise constitucional da sua história, com a presidência ocupada por um estrangeiro sem qualificação legal para o cargo”.
Nesse ínterim, o site www.Factcheck.org afirmou que seus editores examinaram a versão impressa da certidão e que o documento é autêntico. Para maior clareza, publicou fotos do original, mostrando que atende a todos requisitos alegadamente faltantes, como o carimbo em alto relevo e a assinatura do cartorário. Segundo o site, as novas fotos do documento ali publicadas ‘não foram editadas de maneira alguma’”.
Berg respondeu – e qualquer visitante da página [do seu site] pode notar – que, ‘sujeitando as fotos originais da certidão a porcentagens extremas de compressão, sem ao mesmo tempo reduzir o tamanho das imagens, o site obteve fotos tremidas, embaçadas, totalmente inúteis para a detecção de qualquer detalhe’. A simples tabela das porcentagens de compressão, afirma Berg, ‘incrimina o Factcheck e destrói por completo a sua credibilidade’. Berg suspeita que ‘Factcheck alterou propositadamente as fotos e imagens escaneadas para perpetuar a fraude imposta ao público americano’”.
Berg publicou a tabela de compressões no dia 21. Atualizando a defesa da autenticidade da certidão no dia 26, Factcheck omitiu-se de responder à objeção do advogado e nem mesmo mencionou o nome dele”.
Para saber mais sobre o caso da certidão falsificada, entre no site que acompanha o processo nos EUA, site este que, desde que foi criado, já recebeu cerca de 20 milhões de visitas: http://www.obamacrimes.com/
E volto a frisar o seguinte detalhe: tanto Larry Sinclair quanto Phillip Berg são filiados ao Partido Democrata.
Mais um exemplo?
Em 2007, Obama foi ao Quênia, terra natal de seu pai, apoiar a candidatura do louco Raila Odinga à presidência daquele país. O motivo? Odinga é da mesma tribo a qual pertencia o pai de Obama e foi amigo dele. Em discurso no Quênia na época, Obama exaltou Odinga como a solução para o Quênia e criticou os demais candidatos. Pois bem, logo depois que perdeu aquela eleição, o muçulmano Odinga e seus adeptos destruíram 300 templos cristãos e mataram mais de mil crentes, dentre os quais 50 assembleianos queimados vivos presos dentro de seu próprio templo. Leia a história aqui: http://www.worldnetdaily.com/index.php?fa=PAGE.view&pageId=71383
Outro exemplo?
Quem pagou os estudos de Obama em Harvard foi... Donald Warden, um americano que converteu-se ao islamismo, passando a usar o nome Khalid Abdullah Tariq al-Mansour, e que foi um dos fundadores do grupo terrorista Panteras Negras (para saber quem são os Panteras Negras, leia, por exemplo, aqui: http://pt.wikipedia.org/wiki/Panteras_Negras). Warden é autor de um livro segundo o qual o governo americano “planeja matar todos os negros”. Não acredite simplesmente em mim. Leia você mesmo aqui http://www.investors.com/editorial/editorialcontent.asp?status=article&id=305508174916939&secid=1501
Mais um exemplo?
Obama foi companheiro de protestos do líder muçulmano Louis Farrakhan, aquele que afirmou que “o judaísmo é a religião do esgoto”. Quando criticado por isso, Obama lembrou que essa relação fazia parte do passado, porém, depois de eleito senador, o democrata lutou pela liberação de 225 mil dólares em verbas federais para a igreja de seu amigo, outro radical, Michael Pfleger, e Farrakhan, mesmo sendo muçulmano, prega oficialmente toda semana nessa igreja (sic). Pfleger é amigo comum de Obama e Farrakhan. Veja nos seguintes links:

http://sweetness-light.com/archive/from-obamas-church-pfleger-on-farrakhan

http://dallassouthblog.com/2007/05/30/min-louis-farrakhan-visits-father-michael-pfleger-and-st-sabina/

http://www.youtube.com/watch?v=LjJlsGrlbUs

http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2008/01/14/AR2008011402083.html

http://www.newsmax.com/kessler/obama_farrakhan/2008/03/05/77971.html

Mais outro exemplo?
Um dos maiores coletores de fundos para as campanhas de Obama é o sírio Tony Rezko, envolvido com falcatruas e condenado por 16 crimes. Quando eleito senador, Obama retribuiu os favores de Rezko convencendo pessoalmente alguns prefeitos a investirem 14 milhões de dólares nos negócios imobiliários de Rezko. Leia aqui http://abcnews.go.com/Blotter/Story?id=4111483 e aqui http://www.newsmax.com/smith/barack_obama_tony_rezko/2008/09/02/126890.html
Pequena pausa para duas perguntas.
Primeira pergunta: Você já encontrou essas notícias nos jornais daqui?
Segunda pergunta: Por que será que não encontrou?
Adiante.
Vamos agora a um outro caso que, no início de setembro, mereceu apenas uma notinha de pouquíssimas linhas no jornal Folha de São Paulo – a única mídia tupiniquim que mencionou o caso, mas sem entrar em detalhes e em um boxe minúsculo. Estou falando do relacionamento entre Obama e o terrorista esquerdista William Charles Ayers, e que a mídia brasileira só deu atenção agora porque Sarah Palin fez menção ao caso em discurso este final de semana, lembrando que até o democrata The New York Times reconheceu ser estranha a relação entre Obama e Ayers, conforme matéria publicada no jornal no sábado, 4 de outubro. Por que o NYT fez menção ao caso? Porque estão vindo à luz inexoravelmente aquilo que a Fox News já adiantara em 26 de agosto – documentos, inclusive da Universidade de Illinois, em Chicago, que comprovam definitivamente a forte ligação entre Obama e Ayers. Leia aqui http://elections.foxnews.com/2008/08/26/newly-released-documents-highlight-obamas-relationship-with-ayers/
Segundo os documentos, “Obama deu os seus primeiros passos em sua formação política na sala de William Ayers”, ou seja, nas reuniões na casa do ex-terrorista.
Para quem não sabe, Bill Ayers, como é mais conhecido, já foi preso várias vezes nos EUA e uma delas por ter planejado explosões em vários prédios de Washington nos anos 60 com bombas cheias de pregos para que os transeuntes que escapassem da explosão e dos escombros fossem mortos pelos pregos. Ayers planejou, sem sucesso, a explosão do Pentágono e da Casa Branca, mas outras explosões mataram inocentes, inclusive policiais. Para saber mais sobre Ayers, leia, por exemplo, aqui http://en.wikipedia.org/wiki/Bill_Ayers
Obama e Ayers se conheceram em 1995, em uma reunião de um grupo de admiradores de Ayers em sua própria casa. Desde então, os dois passaram a sempre ser vistos juntos nos chamados “círculos liberais-progressistas de Chicago”. Trabalharam juntos para a fundação Woods Fund of Chicago de 1999 a 2002, onde se empenharam, em parceria, no levantamento de mais de 70 milhões de dólares em favor dessa instituição, que promove ideais de esquerda. Desde essa época, moram no mesmo prédio. Sim, são vizinhos até hoje. Ayers até contribuiu para a campanha de Obama ao legislativo de Illinois em 2001.
Quando Obama foi confrontado pela primeira vez, em abril, num debate com Hillary Clinton, por um jornalista da CBS sobre a sua ligação com William Ayers, sabe o que foi que ele respondeu? Eis a resposta: “A verdade é que eu também sou amigo de Tom Coburn, um dos mais conservadores republicanos no Senado, que uma vez, durante sua campanha, disse que seria apropriada a aplicação da pena de morte para quem executasse abortos. Eu preciso me desculpar pelas declarações de Coburn? Porque eu também não concordo com estas”.
O primeiro problema é que a declaração de Coburn, que é senador republicano por Oklahoma, está fora do contexto. Coburn disse: “Eu sou a favor da pena de morte para abortistas e outras pessoas que matam”, e acrescentou que estava se referindo principalmente a pessoas que praticavam aborto ilegal. “Não apóio a pena de morte para pessoas que não tenham violado a lei”, disse ainda Coburn, que é médico e ressalta que já fez abortos em situações em que a vida da mãe estava em risco, o que não só é legal como também ético.
Mas, o pior de tudo é que Obama, em vez de condenar os atos terroristas de Ayers, reafirmou ser amigo do ex-terrorista ("...também sou amigo...") e reduziu a questão toda a uma mera discordância, e ainda comparando um médico e senador com um ex-líder de um grupo terrorista que arquitetou a explosão de vários prédios de Washington. Só no dia seguinte àquela declaração ao jornalista da CBS, depois da tremenda repercussão negativa, Obama disse que desaprovava fortemente as atitudes de Ayers do passado e negou que ele seja hoje ainda seu amigo.
Depois que as denúncias voltaram com tudo e Palin evocou-as, Obama disse que, desde 2005, não fala com Ayers e não troca e-mails com ele, mas seus vizinhos de prédio já o desmentiram imediatamente, dizendo que já os viram conversando várias vezes nos últimos anos. Os dois só se afastaram mesmo, de fato, depois das denúncias em abril.
O outro caso de amigo radical desde a primeira hora do qual, de repente, Obama se afastou este ano, foi o seu pastor Jeremiah Alvesta Wright Jr, líder da Igreja de Cristo Unida da Trindade, como foi amplamente divulgado pela mídia durante as prévias (Note: todas essas denúncias não foram feitas originalmente por republicanos, mas por democratas pró-Hillary durante as calorosas prévias do Partido Democrata).
Conta Obama que Wright inspirou tanto a sua vida que o título de sua primeira autobiografia (A Audácia da Esperança) foi baseado em um dos sermões dele. Entretanto, logo que os vídeos com os sermões radicais de Wright, adepto da Teologia da Libertação, foram ao ar na televisão e na internet, Obama limitou-se a dizer que não concordava com aquelas posições de seu pastor e, depois, quando provado que assistiu a muitos daqueles sermões quando foram proferidos, mas não disse nada contra na época – chegando até, como já adiantamos, a afirmar que os sermões de Wright inspiraram sua vida –, o senador democrata decidiu se desfiliar de sua igreja e se afastar totalmente de Wright. Hoje, Barack Hussein Obama, que se converteu do islamismo ao cristianismo já adulto, é um cristão sem igreja. E disse que só vai se preocupar em que igreja irá congregar depois de terminadas as eleições.
Pergunto: Tirando o caso do pastor Jeremiah Wright, a mídia brasileira mostra essas coisas sobre Obama?
Lembrando que os jornais brasileiros foram forçados a falar do Caso Obama-Ayers só porque o jornal The New York Times mencionou o caso este final de semana. Ou seja, se o NYT ou a CNN não falarem desses casos, ninguém publica nada sobre eles no Brasil, por mais que sejam casos conhecidos pelos americanos. Pergunto: Essas informações não são importantes para nossa análise do perfil de um político? As raízes e formação políticas e amizades do político não são importantes?
E como cristão, sabendo de tudo isso, você ainda acha conveniente apoiar Obama?

Um produto de puro marketing e retórica

Em terceiro lugar, se Obama quer tanta mudança, porque ele nunca propôs nenhum projeto de lei nestes quatro anos como senador? Isso é sinal de alguém que quer mudanças? Em seus quatro anos de Senado, Obama apenas votou contra ou a favor de projetos dos outros, e quando propôs acréscimos em um ou outro projeto, foi por orientação da bancada do seu partido.
E que coisa é essa de já ter escrito duas autobiografias aos 46 anos sem ter feito nada ainda de relevante que mereça isso? Isso não nos diz algo sobre a sua pessoa? Isso não nos mostra que Obama é apenas puro marketing, isto é, retórica sem conteúdo?
Não é à toa que Thomas Sowell escreveu recentemente: “Barack Obama é verdadeiramente um fenômeno de nosso tempo – um candidato presidencial que não consegue citar uma única realização em sua carreira, alavancando-a apenas com retórica”.
Para quem não sabe, Thomas Sowell, 78 anos, autor desta frase que sintetiza bem o vazio que é o “Fenômeno Obama”, é um dos mais influentes críticos dos EUA. Ele é renomado economista do Instituto Hoover, da Universidade de Stanford, e ganhador do Francis Boyer Award de 1990. Ah, e se interessar a alguém: é negro. Esta última informação deveria ser absolutamente desnecessária, mas como a mídia tupiniquim criou essa história idiota de que todo mundo que é contra Obama é porque é racista, vale a pena frisá-la só para enfatizar que as coisas não são assim. Há ainda quem tente provar essa tese absurda de que as disputas do pleito presidencial deste ano tem a ver com racismo repetindo que 92% dos negros dos EUA apóiam Obama. Ora, a maioria esmagadora dos negros dos EUA tem sido seguidora do Partido Democrata nos últimos 30 anos! Basta lembrar que o candidato democrata John Kerry, branco e católico, que concorreu contra Bush em 2004 e era a favor do aborto, do “casamento” gay, da liberação da maconha etc, recebeu 82% dos votos dos negros dos EUA. Al Gore, em 2000, recebeu também a maioria esmagadora dos votos dos negros.
“Então quer dizer que os negros dos EUA votam nos democratas porque os republicanos são racistas e os democratas não são?” Também não. Recentemente, Arnaldo Jabor, articulista do jornal O Globo, reverberou esse idéia absurda escrevendo em sua coluna semanal que apoiava Obama porque, entre outras coisas, quando ele, Jabor, morou nos EUA nos anos 50, viu o preconceito que os negros sofriam ali – como que querendo “linkar” todos os que não apóiam Obama com os preconceituosos dos anos 50. Ora, nos anos 50, havia muito, mas muito mais racistas do que hoje, e eles estavam majoritariamente entre os seguidores do Partido Democrata. É por isso que, em nenhum momento do artigo, Jabor diz qual era a preferência política daqueles preconceituosos que conheceu naquela época. Somente insinua forçosamente que os republicanos de hoje, por fazerem oposição a Obama (Nada mais lógico!), seriam herdeiros daquele preconceito de sua época. Aposta na ignorância e ingenuidade de seus leitores.
O partido que mais lutou pelos negros na História dos EUA foi o Partido Republicano.
Para quem não sabe, o Partido Republicano foi criado em 1854 por militantes antiescravidão exatamente para fazer oposição aos escravocratas e lutar por mais direitos para as mulheres. O Partido Democrata, ao contrário, fundado em 1792, era totalmente pró-escravatura e contra mais direitos para as mulheres.
Quem foi o primeiro presidente que lutou pelo fim da escravatura nos EUA? O republicano Abraão Lincoln, que conseguiu dar fim à escravatura. E foram os republicanos que lutaram no Congresso pela 13ª emenda, que aboliu a escravidão; pela 14ª, que garantiu a proteção igualitária a negros e brancos; e pela 15ª, que deu direito de voto aos afro-americanos.
Em 1868, o slogan do Partido Democrata era: “Este é um país de homens brancos: deixem os brancos governarem”; e em 1898, na cidade de Wilmington, na Carolina do Norte, democratas assassinaram republicanos negros no que foi o único golpe de estado da história dos Estados Unidos.
Em 1922, os senadores do Partido Democrata sabotaram uma tentativa dos republicanos de fazer passar uma lei que tornava o linchamento um crime federal. Além do mais, o único presidente dos EUA a nomear um membro da Ku-Klux-Klan (grupo fundado no século 19 por seguidores do Partido Democrata) para a Suprema Corte foi o democrata Franklin Delano Roosevelt. O nome do nomeado era Hugo Black, um dos antigos líderes da KKK. Por sua vez, o presidente republicano George Bush (pai) foi o primeiro a nomear um juiz negro – Clarence Thomas – para a Suprema Corte dos EUA, e o presidente republicano Dwight Eisenhower (que em seu governo enviou tropas para assegurar que a segregação acabasse nas escolas de Little Rock, Arkansas) foi quem ordenou a completa desegregação das Forças Armadas dos EUA
A Lei dos Direitos Civis de 1964 foi aprovada por 82% dos republicanos, enquanto só 64% dos democratas votaram a favor dela, e foi o presidente Richard Nixon o primeiro a implementar as chamadas “leis de ação afirmativa”.
Lembre-se ainda que o governo que mais teve negros e hispanos no alto escalão foi o atual governo George Bush: Condoleeza Rice (cujo nome foi cogitado para entrar na chapa republicana como candidata a presidente ou como vice, mas não vingou porque ela mesma não quis), Colin Powell, Alberto Gonzalez e Carlos Gutierrez.
Há muito mais informações que poderia mencionar aqui sobre o assunto, mas o espaço é limitado. Porém, se você quiser saber mais sobre a bela luta dos republicanos em favor dos negros, leia aqui http://www.rightwingnews.com/archives/week_2005_02_13.PHP#003479 e aqui http://www.humanevents.com/article.php?id=15893
Portanto, quem associa o racismo aos republicanos ou é um deliberado mentiroso ou um ignorante.
"Então, pastor Silas, por que os negros são tão ligados aos democratas hoje?"
Tudo começou nos anos 70, com uma mudança de paradigma entre os democratas. Nos últimos 30 anos, o Partido Democrata, para reverter sua imagem, assumiu uma política populista, intensa e engajada de luta pelas minorias - todas as minorias, inclusive imigrantes. Por isso, os democratas, que historicamente nunca foram o partido que mais fez pelos negros nos EUA, acabaram se tornando o partido preferido dos negros americanos e de todas as outras minorias: homossexuais, feministas, imigrantes etc.
Mas, voltemos ao ponto da retórica sem conteúdo: o único discurso de Obama em que, finalmente, falou de propostas, e não mais em uma mudança abstrata sem propostas concretas, foi em seu discurso na Convenção do Partido Democrata em 28 de agosto. Porém, ao apresentar pela primeira vez suas propostas, o que se viu é que a maior parte delas é igual às propostas que McCain anunciava antes de Obama fazer aquele discurso. Até porque os dois não têm muito o que apresentar de diferente. É por isso que, no debate em Missouri, em 25 de setembro, por nove vezes Obama repetiu: “John McCain está absolutamente certo em sua resposta”. Sintomático, não? A verdade é que as idéias de ambos são, no geral, muito parecidas.
Divergências mais relevantes entre eles? Apenas quanto a quando sair do Iraque e quanto aos cortes nos impostos – Obama quer sair do Iraque em 18 meses, McCain disse que poderá sair antes ou depois desse prazo, vai depender de tudo ser concluído lá; Obama disse que vai aumentar os impostos dos ricos e cortar os impostos da classe média em 95% (Demagogia pura!), enquanto McCain disse que vai cortar os impostos dos dois grupos, mas não na proporção extremamente demagógica que Obama quer fazer com a classe média. Demagogia por demagogia, a de McCain é mais pé no chão e justa. A de Obama se parece mais fundamentada no discurso vetusto e estúpido da “luta de classes”.

Messianismo

Em quarto lugar, Obama tem um discurso messiânico e os seus seguidores têm uma postura de messianismo em relação a ele. Isso é pernicioso. E como cristãos, não podemos aceitar isso.
A coisa chega ao ponto de quem não simpatizar com Obama ser demonizado pela imprensa, como se estivesse automaticamente “do lado do mal”. Essa demonização, mais a bajulação da mídia mundial ao candidato do Partido Democrata, chegou a levar um americano a criar um blog sugerindo um forte paralelo entre o perfil de Obama e o do Anticristo, destacando as referências excêntricas que o senador democrata faz a si mesmo e o messianismo da mídia dos EUA e do mundo em torno dele (veja aqui: http://www.barackobamaantichrist.blogspot.com/). É forçar muito a barra, claro, mas esse tipo de raciocínio só foi possível por causa do tipo de tratamento extremamente bajulador que se dá a Obama na mídia, ao ponto de se omitir deliberadamente fatos relevantes e negativos de sua trajetória e demonizar quem não o apóia. Ou seja, independente desses exageros, fato é que há mesmo um messianismo fervoroso em torno do candidato democrata, um culto à sua pessoa, e isso é muito, muito doentio.
Querem ver uma coisa? Saibam que, se Obama for eleito presidente dos EUA, apesar de tudo que pesa contra ele, apesar de tudo isso, vou orar e torcer para que acerte, nos surpreenda e faça um grande governo desde o começo. Se os EUA vão bem, é bom para o mundo. Agora, não preciso nem apostar que, se McCain ganhar, desde o primeiro dia de seu governo vão “malhá-lo”. A maioria esmagadora vai torcer contra ele e Palin mesmo depois de eleitos. No primeiro errinho ou fala equivocada, vão atacá-los maciçamente na imprensa. Alguém duvida?
Já pararam para perceber que geralmente quem não apóia Obama pode dizer isso que eu disse e quem não apóia McCain-Palin torce pelo "inferno" em um futuro governo deles?
E por falar de "inferno", quem for eleito, devido à crise econômica, não vai ter um governo "em céu de brigadeiro".
“Em síntese, quer dizer que você nunca apoiará um candidato democrata?”
Sabe, eu queria até apoiar, mas, com a postura que os democratas têm tido nos últimos 20 anos, não me dão chance. Fazer o quê?
Para mim, Obama é quem tem mais chances de ganhar este pleito, porque, a um mês das eleições, devido à crise econômica, ele conseguiu reconquistar a preferência entre os independentes, voltando à dianteira nas pesquisas (lembre-se que, nos EUA, seguidores dos partidos republicano e democrata são praticamente os mesmos em quantidade - entre 40% a 45% da população cada um; o que faz mesmo a diferença na eleição americana é a oscilação do voto para um lado ou para o outro entre os que não são filiados a nenhum dos dois partidos). Porém, a minha simpatia não é por preferência, mas por propostas e, com igual peso, por princípios e valores.
Republicanos não são sinônimo de cristãos conservadores. Há muitos republicanos que não o são. Mas o que eu posso fazer se todos os democratas que têm se apresentado para a disputa nos últimos anos são liberais ou mais liberais (no caso de Obama em relação a McCain)? É por isso que a maioria dos cristãos nos EUA são pró-McCain (Leia aqui: http://www.cristianismohoje.com.br/artigo.php?artigoid=34610). Nada mais lógico. Aliás, quando perguntei a um pastor americano amigo meu, que estava de passagem no Brasil semana passada, em quem votaria, ele disse-me de primeira: "McCain-Palin". Perguntei: "Por quê?" Ele respondeu: "Sou cristão". Simples assim.
Enquanto a coisa vir do jeito que está vindo – com liberais como Al Gore (2000), John Kerry (2004) e Obama (2008) –, não dá mesmo para apoiar os democratas. Prefiro McCain-Palin.