Como vocês já devem saber, o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão está apresentando, desde terça-feira, uma série de reportagens sobre a importância do trabalho social desenvolvido pelas igrejas evangélicas no Brasil, série esta anunciada em postagem deste blog publicada na manhã de terça-feira. A série tem provocado reações diversas entre os evangélicos. Surpresos com o tom das reportagens, que elogiam o belo trabalho social das igrejas, muitos evangélicos estão meio que confusos com tudo isso. Estão se dividindo entre liquefazer-se de encômios diante do ato da Globo ou suspeitar de uma “conspiração no ar”, de “armação que vem por aí”.
Ora, como se diz popularmente, “nem oito nem oitenta”.
Há três semanas, fui informado que a Rede Globo estava preparando essa série de matérias positivas sobre o trabalho social dos evangélicos. Só não sabia quando iria ao ar, pelo menos até segunda-feira. E ontem, um dia depois da primeira reportagem (que falou sobre atividades da Assembléia de Deus e da Igreja Presbiteriana), um jornalista da equipe do Jornal Nacional me informou que o JN pretende fazer, depois dessa série "Os evangélicos", mais matérias sobre o trabalho social dos evangélicos daqui para frente. Sim, a Globo produzirá, segundo afirmou, mais matérias no Jornal Nacional daqui para frente sobre o trabalho social dos evangélicos.
O que acho de tudo isso? Acho muito bom. Agora, uma coisa é reconhecer o acerto da Globo em produzir esse tipo de matéria (onde, involuntária, inconsciente e indiretamente, ela acaba até evangelizando [sic], ao divulgar testemunhos de pessoas transformadas pelo poder do Evangelho - O que é uma bênção!) e outra coisa bastante diferente é dizer que a Globo mudou seus valores por causa disso. Não, a Globo não mudou. A Globo não é agora “o canal dos evangélicos”. Suas novelas continuarão divulgando valores que chocam-se frontalmente com os valores bíblicos. Suas novelas também continuarão, por exemplo, divulgando o espiritismo. Essa aproximação da Globo é tão somente estratégica. É uma aproximação absolutamente natural por razões obviamente comerciais. E essa constatação não desmerece a importância dessas matérias positivas do JN e o elogio que devemos dar a elas, tão somente é um fato que não devemos olvidar ou eufemizar, e que nos policia de arroubos ufanistas.
A Globo sempre teve preconceito em relação aos evangélicos? Sim. Quem não tem memória curta sabe muito bem disso. Inúmeros são os exemplos. Apesar de a briga da empresa ser mesmo com a Igreja Universal e a Rede Record, que pertence a Iurd, sempre foi notório o preconceito da Globo - às vezes velado, às vezes manifesto - em relação aos evangélicos. Porém, alguns fatos acabaram levando-a a atenuar tal posicionamento.
Primeiro, o crescimento da Rede Record e o fato de a Universal alimentar o discurso de que “a Globo odeia os evangélicos” (embora, observe-se, a programação da Record é tão negativa em termos de valores quanto a programação de sua rival).
Segundo, o fato de que a Globo andou perdendo audiência nos últimos anos e pesquisas demonstram que a Globo tem uma péssima imagem diante dos evangélicos.
Terceiro, como a própria revista Época, que pertence ao grupo Globo, divulgou esta semana, estima-se que em 2020 o Brasil será majoritariamente evangélico (50% de evangélicos e os outros 50% formados de católicos, adeptos de outras religiões e sem religião). Ora, se o público da Globo é o público brasileiro e pesquisas mostram que daqui a 11 anos a maioria desse público será ligada a um segmento da sociedade brasileira diante do qual a Globo tem hoje uma péssima imagem, nada mais natural do que a Globo tentar se aproximar desse segmento. É uma questão de necessidade comercial.
Daí as matérias positivas no Fantástico sobre o trabalho de um pastor nos presídios do Rio de Janeiro; daí também a inserção de personagens evangélicos na novela das oito - programa de maior audiência da tevê brasileira - com trilha sonora com música evangélica (tentativa de causar boa impressão que deu errado por causa da idéia de mostrar “o evangélico do bem” em contraste com o “evangélico do mal”, o que resultou em uma caricatura dos evangélicos que distorcia o posicionamento dos evangélicos sobre a tolerância e a prática homossexual como pecado) etc. Enfim, a Globo está tentando mudar sua imagem, não seus valores. Até a revista Veja já divulgou isso no blog do seu colunista Lauro Jardim (veja aqui: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/20080627_dia.shtml).
Tal aproximação, obviamente, não significa que a Globo eventualmente não vá fazer mais uma ou outra matéria tendenciosa em relação aos evangélicos. Aliás, ela pode se sentir mais confortável agora para fazer isso, uma vez que passou a divulgar belos trabalhos sociais de todas as principais denominações evangélicas (Aproveitando: o fato de estar mostrando o trabalho de “todas as principais” faz parte da estratégia comercial; a lógica é “enquanto a Record só divulga a Iurd, a Globo divulga todos os evangélicos”).
Portanto, “nem oito nem oitenta”. A série está sendo muito boa, mas não podemos confundir as coisas. Precisamos diferenciar acerto de motivação; devemos fazer distinção entre intenção e conteúdo. Enfim, precisamos atinar para aquele princípio de Filipenses 1.17a,18.
Ora, como se diz popularmente, “nem oito nem oitenta”.
Há três semanas, fui informado que a Rede Globo estava preparando essa série de matérias positivas sobre o trabalho social dos evangélicos. Só não sabia quando iria ao ar, pelo menos até segunda-feira. E ontem, um dia depois da primeira reportagem (que falou sobre atividades da Assembléia de Deus e da Igreja Presbiteriana), um jornalista da equipe do Jornal Nacional me informou que o JN pretende fazer, depois dessa série "Os evangélicos", mais matérias sobre o trabalho social dos evangélicos daqui para frente. Sim, a Globo produzirá, segundo afirmou, mais matérias no Jornal Nacional daqui para frente sobre o trabalho social dos evangélicos.
O que acho de tudo isso? Acho muito bom. Agora, uma coisa é reconhecer o acerto da Globo em produzir esse tipo de matéria (onde, involuntária, inconsciente e indiretamente, ela acaba até evangelizando [sic], ao divulgar testemunhos de pessoas transformadas pelo poder do Evangelho - O que é uma bênção!) e outra coisa bastante diferente é dizer que a Globo mudou seus valores por causa disso. Não, a Globo não mudou. A Globo não é agora “o canal dos evangélicos”. Suas novelas continuarão divulgando valores que chocam-se frontalmente com os valores bíblicos. Suas novelas também continuarão, por exemplo, divulgando o espiritismo. Essa aproximação da Globo é tão somente estratégica. É uma aproximação absolutamente natural por razões obviamente comerciais. E essa constatação não desmerece a importância dessas matérias positivas do JN e o elogio que devemos dar a elas, tão somente é um fato que não devemos olvidar ou eufemizar, e que nos policia de arroubos ufanistas.
A Globo sempre teve preconceito em relação aos evangélicos? Sim. Quem não tem memória curta sabe muito bem disso. Inúmeros são os exemplos. Apesar de a briga da empresa ser mesmo com a Igreja Universal e a Rede Record, que pertence a Iurd, sempre foi notório o preconceito da Globo - às vezes velado, às vezes manifesto - em relação aos evangélicos. Porém, alguns fatos acabaram levando-a a atenuar tal posicionamento.
Primeiro, o crescimento da Rede Record e o fato de a Universal alimentar o discurso de que “a Globo odeia os evangélicos” (embora, observe-se, a programação da Record é tão negativa em termos de valores quanto a programação de sua rival).
Segundo, o fato de que a Globo andou perdendo audiência nos últimos anos e pesquisas demonstram que a Globo tem uma péssima imagem diante dos evangélicos.
Terceiro, como a própria revista Época, que pertence ao grupo Globo, divulgou esta semana, estima-se que em 2020 o Brasil será majoritariamente evangélico (50% de evangélicos e os outros 50% formados de católicos, adeptos de outras religiões e sem religião). Ora, se o público da Globo é o público brasileiro e pesquisas mostram que daqui a 11 anos a maioria desse público será ligada a um segmento da sociedade brasileira diante do qual a Globo tem hoje uma péssima imagem, nada mais natural do que a Globo tentar se aproximar desse segmento. É uma questão de necessidade comercial.
Daí as matérias positivas no Fantástico sobre o trabalho de um pastor nos presídios do Rio de Janeiro; daí também a inserção de personagens evangélicos na novela das oito - programa de maior audiência da tevê brasileira - com trilha sonora com música evangélica (tentativa de causar boa impressão que deu errado por causa da idéia de mostrar “o evangélico do bem” em contraste com o “evangélico do mal”, o que resultou em uma caricatura dos evangélicos que distorcia o posicionamento dos evangélicos sobre a tolerância e a prática homossexual como pecado) etc. Enfim, a Globo está tentando mudar sua imagem, não seus valores. Até a revista Veja já divulgou isso no blog do seu colunista Lauro Jardim (veja aqui: http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/20080627_dia.shtml).
Tal aproximação, obviamente, não significa que a Globo eventualmente não vá fazer mais uma ou outra matéria tendenciosa em relação aos evangélicos. Aliás, ela pode se sentir mais confortável agora para fazer isso, uma vez que passou a divulgar belos trabalhos sociais de todas as principais denominações evangélicas (Aproveitando: o fato de estar mostrando o trabalho de “todas as principais” faz parte da estratégia comercial; a lógica é “enquanto a Record só divulga a Iurd, a Globo divulga todos os evangélicos”).
Portanto, “nem oito nem oitenta”. A série está sendo muito boa, mas não podemos confundir as coisas. Precisamos diferenciar acerto de motivação; devemos fazer distinção entre intenção e conteúdo. Enfim, precisamos atinar para aquele princípio de Filipenses 1.17a,18.