Nestes últimos dias, tenho lido e ouvido muitos equívocos serem ditos em relação à ofensiva israelense contra o Hamas e aproveito para usar este espaço para desfazer alguns desses erros. Vamos a eles.
1) “A ofensiva de Israel não é legítima”
A ofensiva de Israel é legítima. O Hamas quebrou unilateralmente o cessar-fogo com Israel sem que Israel tivesse feito alguma coisa que provocasse isso. O Hamas, como de hábito, apenas usou o cessar-fogo para se rearmar. Rearmado, anunciou o fim do cessar-fogo e lançou em menos de uma semana mais de 300 foguetes contra o território de Israel, destruindo centenas de casas e matando civis. Israel, então, resolveu se defender. Depois de mais de 6 mil foguetes e morteiros lançados sobre seu território nos últimos sete anos, resultando em 16 mortos (todos civis), e de mais de 300 foguetes lançados depois do fim do cessar-fogo, Israel foi forçado a agir firmemente para pôr fim ao problema que aflige a sua população. O Artigo 51 da Carta da ONU afirma que todas as nações têm o direito de agir em defesa própria contra ataques armados contra o seu país. É o que Israel está fazendo.
2) “Israel comete genocídio e terrorismo de Estado”
É uma mentira da pior espécie dizer que Israel comete genocídio e terrorismo de Estado. Genocídio é quando um povo, governo ou grupo objetiva dizimar um povo. Ora, Israel não quer destruir os palestinos. Israel não quer destruir nação nenhuma. Israel não quer destruir a população da Faixa de Gaza. Israel quer destruir os recursos bélicos e a infra-estrutura do grupo terrorista Hamas, um exército de 20 mil homens que lança milhares de foguetes e morteiros por ano sobre Israel e já matou milhares de judeus em atentados terroristas em praças, escolas, ônibus escolares e pizzarias nos últimos anos. O Hamas, diferentemente do Fatah, não aceita a existência do Estado de Israel.
E terrorismo de Estado, por sua vez, só ocorre quando se promove um ataque indiscriminado, um ataque onde civis também são vistos como inimigos. Ora, Israel não está se levantando contra os civis, mas apenas contra o Hamas. Prova é que todos os ataques que Israel perpetrou em Gaza desde o início da ofensiva foram antecedidos pelo lançamento de folhetos nas regiões do bombardeio avisando à população a hora dos bombardeios e instando a que saíssem desses locais. Aliás, essa é uma prática antiga do exército de Israel. Porém, infelizmente, a maioria da mídia omite deliberadamente essa informação. Só passaram a falar dos panfletos de poucos dias para cá.
Exemplo: quando um dos líderes do Hamas morreu com suas esposas e filhos em sua residência há poucos dias, a imprensa não informou que antes Israel lançou folhetos na região avisando a todos ali que haveria um bombardeio naquele local (que era um dos quartéis do Hamas), nem que o exército de Israel, na hora do bombardeio, não tinha certeza de que o indivíduo ainda estava ali com sua família. Perceba: mesmo sabendo do bombardeio, aquele líder do Hamas e suas esposas resolveram ficar com seus filhos. Então, quando as bombas caem e os palestinos informam que aquele louco morreu com a sua família, a culpa da morte daquela família é de Israel? Não: a culpa pela morte daquela família é daquele pai de família criminoso e suas esposas, que, mesmo sabendo que o local seria bombardeado, resolveram ficar ali com seus filhos para morrerem todos.
Outra informação que a mídia brasileira omite é que as armas do Hamas estão escondidas em mesquitas, escolas e em residências de civis, e a sala de guerra da liderança do movimento fica em uma casamata instalada exatamente sob o maior hospital de Gaza. E mais: os militantes do Hamas estão combatendo em trajes civis e os policiais foram instruídos a deixar de lado seus uniformes. Quando morrem, aparentam serem civis mortos, não soldados. Segundo relatos do campo de batalha, os militantes emergem dos túneis, disparam armas automáticas ou mísseis antitanques e depois voltam a procurar proteção nos túneis terrestres.
Uma matéria do jornal The New York Times deste domingo lembra: “Os israelenses estão usando novas armas, como uma bomba inteligente de pequeno diâmetro, a GBU-39. Ela conta com uma pequena carga explosiva, para minimizar os danos colaterais em áreas urbanas. Mas é capaz de penetrar no solo e atingir casamatas ou túneis. Funcionários dos serviços de inteligência israelenses estão ligando para moradores de Gaza e, falando árabe, fingem ser simpáticos à causa palestina. Depois de expressar horror diante da guerra, os agentes perguntam se a família apóia o Hamas e se há combatentes do movimento nas cercanias. Uma nova arma foi desenvolvida para combater a tática do Hamas de pedir que civis fiquem no telhado dos edifícios a fim de evitar bombardeios. Os israelenses rebatem essa tática com um míssil cuja paradoxal função é não explodir. Os mísseis são apontados para áreas desocupadas dos telhados, para assustar os moradores e levá-los a deixar os edifícios. Os civis são alertados a abandonar as áreas de batalha”.
Esses são os métodos dos chamados “genocidas” e “terroristas de Estado” de Israel.
“E a história dos dois motoristas da ONU mortos quando em serviço, levando um comboio de alimentos ao interior de Gaza? E a história das dezenas de meninas que morreram em uma escola da ONU?”
Pergunta-se: Alguém é ingênuo de acreditar mesmo que Israel quis matar dois palestinos funcionários da ONU só para, digamos, eles não levarem alimento e remédios aos civis? E que quis matar dezenas de meninas dentro de uma escola da ONU?
Ainda que o exército de Israel fosse um grupo de loucos maquiavélicos, guiando-se pelo raciocínio criminoso de que “em guerra, os fins justificam os meios”, não seria estúpido ao ponto de cometer idiotices dessas que jogariam a comunidade internacional contra si. Ou, como alguns já ressaltaram, alguém acredita que a morte de dois soldados israelenses no chamado “fogo amigo” significa que Israel está matando seus próprios soldados?
Ademais, leia a verdadeira história da tragédia naquela escola da ONU aqui:
http://www.jpost.com/servlet/Satellite?cid=1231167272256&pagename=JPost%2FJPArticle%2FShowFullPara quem quiser a informação em português, o blog do jornalista Bruno Pontes (
http://brunopontes.blogspot.com/2009/01/grande-imprensa-faz-assessoria-para-o.html) traz uma síntese da notícia. Relata Pontes: “
Testemunhas contaram ao Jerusalem Post que homens do Hamas entraram na escola, onde civis buscavam refúgio, para atirar bombas em soldados israelenses estacionados na vizinhança. Os soldados revidaram. E então o fogo cruzado atingiu as bombas armazenadas no interior do prédio (uma escola sendo usada como depósito de armas – cortesia do Hamas), que explodiram e mataram dezenas de pessoas que lá estavam. Esta também foi a versão apresentada pelas Forças de Defesa Israelenses”. Sobre o assunto, leia ainda aqui
http://brunopontes.blogspot.com/2009/01/os-gritos-e-o-silncio.html e
não deixe de assistir a este vídeo: http://brunopontes.blogspot.com/2009/01/o-uso-de-civis-como-escudos-humanos.htmlA mídia informou todos esses detalhes passados pela Força de Defesa de Israel sobre o caso? Claro que não. Apenas disse que “Israel afirmou que revidou os ataques de terroristas que estariam ali”. O quê? Revidou tiros com um míssil para destruir toda a escola sem saber se tinha gente lá dentro?!?! E Israel é doido de fazer isso contra uma escola da ONU!?
Israel revidou com tiros, e apenas e exatamente contra o lugar onde os soldados do Hamas estavam, mas alguns desses tiros atingiram algo com que o exército de Israel não contava: um depósito de bombas que estava ali, no terreno daquela escola, o que ocasionou a tragédia. Lembrem-se: tiros não provocam explosões, a não ser que atinjam explosivos.
Não é à toa que o representante da ONU naquela escola se apressou a negar tudo. Imagine você, caro leitor, um depósito de bombas do Hamas dentro de uma escola da ONU! Aliás, você sabia que dos 9 mil funcionários da ONU em Gaza, todos palestinos, boa parte deles também é de "civis" ligados ao Hamas, que domina a Faixa de Gaza? Não, com certeza não.
Lembrando ainda que essa é uma tática antiga do Hamas: usar escolas de Gaza para lançar foguetes contra Israel. Uma dessas ações chegou a ser filmada pela Força Aérea Israelense. Veja o vídeo aqui:
http://littlegreenfootballs.com/article/32368_UN_School_Used_by_Terrorists_As_a_Weapons_Dump).
Detalhe: das 800 vítimas até o final da semana passada, 200 (25%) eram civis (dados dos próprios palestinos). A ONU, porém, dizia que, dessas 800, pelo menos 250 são crianças (sic), o que afeta mais ainda a credibilidade da ONU: Como é que a ONU conseguiu achar um número de crianças mortas maior que o número de todos os civis palestinos mortos, conforme os dados dos próprios palestinos?
Outra coisa: já notou que a maioria esmagadora de todos os civis palestinos mortos nesse confronto é de crianças, e majoritariamente meninas? Estima-se que cerca de 80% de todos os civis mortos entre os palestinos sejam crianças. Não é estranho? Onde estão os adultos (homens e mulheres), os idosos etc? Isso não revela um método?
“Que método?”
Fabricar cadáveres de crianças como propaganda de guerra, para jogar a comunidade internacional contra Israel.
Caros, um dos grandes problemas das pessoas que se indignam com as mortes de civis, principalmente crianças, nesse ataque de Israel é que, infelizmente, dirigem a sua indignação para o lado errado. Culpam quem não é culpado. A indignação é justa (aliás, não se indignar com a morte de inocentes é sintoma de patologia social), mas a quem ela é dirigida é no que consiste o erro.
Mortes de civis, principalmente de crianças, são para se indignar mesmo. Entretanto, reflita: Quem são os verdadeiros culpados?
É verdade que, para padrões de guerra, 25% dos mortos de civis não é considerado um número alto, porém lembremos que não dá para dimensionar o valor de uma vida humana, ainda mais inocente. Então, mesmo sendo “apenas 25%”, não deixa de ser um custo altíssimo. Ainda mais que estamos falando de 25% num universo de 800; ou seja, estamos falando da morte de 200 pessoas. É igualmente verdade que alguns desses civis são, na verdade, “civis” contados como civis, porém isso não diminui o fato de que, mesmo assim, morreu muita gente que não tinha nada a ver com a guerra, como é o caso das crianças. Ou seja, por qualquer ângulo, é de chorar e se indignar mesmo, mas com os verdadeiros culpados por esse número de civis mortos. E quem são eles? Não são aqueles que avisam aos civis que irão bombardear alvos militares próximos e que instam para os civis saírem do local; não são os que evitam o máximo possível a morte de civis, mas, sim, aqueles que deliberadamente, propositalmente, friamente, usam civis, principalmente crianças, como escudo humano e seus cadáveres como mensagem de falsa-propaganda: o Hamas.
Israel não atira em civis. O Hamas é que usa os civis como escudo. O culpado pela morte desses civis palestinos que não têm nada a ver com a história chama-se Hamas.
É como ilustra perfeitamente a charge colocada na abertura deste artigo: enquanto uns lutam para proteger suas crianças, outros lutam colocando suas crianças como seus escudos.
3) “O ataque de Israel é desproporcional”
Israel não quebrou o princípio da proporcionalidade. Essa é uma tremenda falácia. Como lembra o jurista Alan Dershowitz, em artigo publicado no jornal O Estado de São Paulo da semana passada, não há equivalência legal entre a matança deliberada de civis inocentes e a matança deliberada de terroristas do Hamas. “Segundo as leis da guerra, para impedir a morte de um único civil, é permitido eliminar qualquer número de combatentes. Em segundo lugar, a proporcionalidade não pode ser medida pelo número de civis mortos, mas pelo risco de morte de civis e pelas intenções dos que têm em sua mira esses civis. O Hamas procura matar o maior número possível de civis e aponta seus foguetes na direção de escolas, hospitais, playgrounds. O fato de que não tenha eliminado tantos quanto gostaria deve-se à enorme quantidade de recursos que Israel destinou para construir abrigos e sistemas de alarme. O Hamas recusa-se a construir abrigos, exatamente porque quer que Israel mate o maior número possível de civis palestinos, ainda que inadvertidamente”.
E sobre a tal “precariedade” das armas do Hamas: é uma mentira chamar os atuais foguetes do Hamas de “precários”, “caseiros”. Quando a mídia brasileira afirma isso, ou é por pura ignorância ou por anti-semitismo enrustido. O Hamas já passou dessa fase há muito tempo. Os foguetes do Hamas eram sem sofisticação até 2007. A partir daí, devido ao financiamento do Irã, passaram a ser mais potentes e destrutivos. E a quantidade deles também aumentou. Muitos desses foguetes já chegavam prontos via fronteira, só para serem lançados sobre Israel. E os “caseiros” (que só são assim chamados porque produzidos em fábricas escondidas em meio a bairros residenciais de Gaza, e não porque eram rústicos e/ou feitos com materiais improvisados) passaram a ser mais sofisticados devido à injeção de dinheiro da Síria e, principalmente, do Irã. O que se viu foi um crescimento quantitativo e qualitativo de armamentos.
Os centenas de foguetes lançados anualmente sobre Israel até 2006 se tornaram em milhares por ano a partir de 2007. E com mais potência e alcance. Antes, atingiam até 20km. Os atuais atingem até 50km, chegando a alcançar as cidades mais populosas de Israel, com 1 milhão de habitantes e onde não é tão comum abrigos anti-bomba. Após o cessar-fogo, centenas deles foram lançados em menos de uma semana, matando civis judeus até Israel começar a ofensiva. Entretanto, a imprensa, mais uma vez, omite esses “detalhes”.
4) “Israel deveria tentar negociar e, enquanto isso, suportar sacrificialmente os ataques do Hamas”
O problema não é que Israel não queira negociar, mas é que o Hamas não quer negociar. Diferentemente do Fatah, o Hamas quer apagar o Estado de Israel da face da terra. Quando vemos o Hamas negociando, é apenas no que diz respeito a reféns. São apenas exigências para libertação de soldados seqüestrados. Por exemplo: há mais de 900 dias, o soldado israelense Gilad Shalit foi seqüestrado pelo Hamas e vive sob tortura, e o grupo terrorista disse que só soltará o rapaz sob uma única e inamovível condição: se Israel libertar 400 terroristas do Hamas que mataram milhares de israelenses na Intifada de 2000.
Quanto a suportar sacrificialmente, o que é que Israel fez justamente nos últimos sete anos se não isso? Foram 6 mil foguetes e morteiros, 16 civis mortos e milhares de casas e prédios destruídos, entre eles escolas. Só não morreram mais porque Israel, diferentemente do Hamas, protege seus civis. Nas cidades próximas a Gaza, os habitantes têm 15 segundos, desde o lançamento de um foguete, para correrem até um abrigo anti-bombas. Todas as casas nessa região de Israel têm abrigos anti-bomba. A regra nessas cidades é que ninguém fique a mais de 15 segundos de distância de um abrigo. Já o grupo terrorista, além de atacar sem avisar e com o propósito deliberado de atingir civis, não protege seus civis, mas usa-os como escudos humanos.
5) “O Hamas é um grupo político”
Não! O Hamas é um grupo terrorista, um grupo que não só foi originalmente fundado com esse caráter como não o abandonou nem um milímetro até agora, mesmo depois de ter resolvido entrar também na área política. Esperava-se, a princípio, que, ao entrar na política, o Hamas paulatinamente abandonasse o terrorismo. Mas, não. Ele não só não o deixou como intensificou suas atividades terroristas. O Fatah, por outro lado, é um grupo que deixou o terrorismo (só uma minoria esmagada e marginalizada dentro do partido ainda simpatiza com o terrorismo) e que reconhece o Estado de Israel. O Fatah negocia com Israel. O Hamas, não; aliás, é absolutamente contra os seus irmãos do Fatah.
Em junho de 2007, soldados do Hamas executaram a sangue-frio mais de 100 membros da cúpula do Fatah na região. Prédios públicos e delegacias foram incendiados e implodidos em poucas horas. Naquele ataque surpresa do Hamas, o grupo preferiu não fazer prisioneiros. Os que eram rendidos ou se rendiam eram executados com tiros na cabeça, e as mulheres e filhos das vítimas eram chamados para presenciar a cena. Estima-se que o Hamas tenha matado de lá para cá 700 palestinos do Fatah. Por isso que a Autoridade Palestina, no início da ofensiva israelense, não condenou os ataques de Israel e houve até brigas entre árabes em países onde ocorreram protestos nas ruas. No Brasil, árabes saíram às tapas contra outros árabes que protestavam nas ruas apoiando o Hamas.
Inclusive, na atual guerra, o Hamas matou dezenas de policiais do Fatah em Gaza. O Hamas não respeita nem o seu próprio povo. Leia aqui:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/mundo/ult94u487744.shtmlEnfim, estar do lado de Israel nesse caso específico não tem nada a ver com os judeus serem "o povo escolhido de Deus". Tem a ver com coerência.