Bem-vindo a meu blog! Ele nasceu da necessidade natural de verbalizar, de compartilhar reflexões sobre as principais questões que perpassam nossa existência, a sociedade e o cristianismo em nossos dias. Por que “Verba volant scripta manent”? É provérbio latino: “Palavras voam, escritos ficam”. Nada melhor que compartilhar reflexões registrando-as. Mas, que o registro não se limite à tela. Que encontre guarida em mentes e corações, gerando frutos. E sejamos mutuamente abençoados pela interação!
terça-feira, 30 de setembro de 2008
Dicas de livros e o cardápio do programa "Resposta Fiel" desta semana
terça-feira, 23 de setembro de 2008
"Drops" da semana
O jornal Mensageiro da Paz de outubro traz uma reportagem sobre a tentativa de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal de transformar o debate sobre o aborto de anencéfalos em um debate que provoque uma decisão ampla sobre o aborto no Brasil, apresenta contra-argumentações às teses desses magistrados e mostra a manifestação da CGADB e da Frente Parlamentar Evangélica na audiência pública do STF e nas ruas de Brasília. Outra matéria de destaque aborda a repercussão da nomeação da assembleiana Sarah Palin como vice na chapa republicana à presidência dos Estados Unidos.
quinta-feira, 18 de setembro de 2008
Francisco de Assis não é exemplo de espiritualidade sadia (Segunda Parte da série “eleição de nomes...”)
Sem dúvida, o italiano Francisco de Assis (1181-1226 dC) é um dos nomes do catolicismo mais incensado por todas as religiões, inclusive por muitos protestantes. Porém, apesar de reconhecermos algumas virtudes em seu comportamento, não podemos considerá-lo um exemplo de espiritualidade sadia. Há muitas razões para isso, mas gostaríamos de mencionar pelo menos três principais. A primeira delas é justamente fruto de desconhecimento dos fatos históricos. Por isso, aos fatos.
Francisco de Assis não era pré-reformador: ele se opunha à verdadeira Reforma
Em primeiro lugar, é absolutamente equivocado colocar Francisco de Assis na classe dos pré-reformadores cristãos, como muitos fazem ou o vêem, posto que Francisco de Assis sempre esteve assumidamente do lado de lá e não do de cá.
Apesar de Francisco de Assis ser crítico de alguns comportamentos da igreja medieval de seu período, ele, por exemplo, nunca se opôs à Inquisição, que já estava de vento em popa na sua época. Francisco, cujo nome verdadeiro era Giovanni Bernardone (depois mudado para Francesco Bernardone), sempre foi contra os verdadeiros pré-reformadores. A Inquisição, vocês devem se lembrar, foi instituída em 1183 dC pelo Concílio de Verona. O Tribunal do Santo Ofício mandava matar os hereges ou, no mínimo, os condenava “apenas” à tortura, considerada “suplício de purificação”. Não obstante, o frade romanista o apoiava.
Por que Francisco de Assis não criticava a Inquisição? Porque, como a maioria em sua época, acreditava que ela era uma tentativa de restaurar a igreja ao que era antes, ao seu estado de “pureza”, no sentido católico romano. Por isso, Francisco de Assis criticava alguns pecados da igreja medieval, mas não a Inquisição, que achava nada demais. Ele, o grande “pacifista”, como é chamado, achava a Inquisição uma boa iniciativa.
Foi por isso que Francisco de Assis não se opôs a Roma quando mandou perseguir e torturar os valdenses (pré-reformadores), também chamados “Homens Pobres de Lyon”. Os valdesens também abandonaram seus bens dando-os aos pobres (como Francisco de Assis faria depois deles), só ficando com o que fosse necessário para o sustento de suas famílias (nisso foram mais prudentes do que os franciscanos, que viviam de esmolas); traduziram a Bíblia para o povo; não aceitavam a obediência ao papa devido às heresias que Roma pregava; não adoravam santos nem imagens de escultura etc. Entretanto, Francisco de Assis não achava nada demais persegui-los.
Francisco de Assis também não se opôs a Roma quando ela mandou perseguir os arnaldistas, seguidores de Arnaldo de Brescia, outro pré-reformador, que defendia a separação entre Igreja e Estado, e também que a igreja não deveria viver acumulando riquezas sem preocupar-se em ajudar os pobres. Da mesma forma, Francisco não se opôs ao papa Inocêncio III, quando este, no Concílio de Toulouse, instigou o rei Felipe Augusto (Felipe II de França) a “reprimir com armas os hereges” em 1207, isto é, cátaros e albigenses, no que ficou conhecida como “Cruzada contra os Albigenses”. Muitos há que acusam os cátaros e albigenses de serem gnósticos e contra o matrimônio e a procriação, porém sabe-se hoje que muitas dessas acusações são falsas, uma vez que há documentos onde os inquisidores atribuem aos cátaros e albigenses confissões de gnosticismo que nada mais são do que cópias, letra por letra, do livro Contra as Heresias, escrito por Irineu no final do segundo século dC. E as cópias dos inquisidores eram descaradas ao ponto de nem se incomodarem em trocar ou adaptar os parágrafos copiados do livro de Irineu.
Uma das cenas emblemáticas dessa “Cruzada contra os Albigenses” é a narrativa que se segue: “Centenas de milhares se uniram à cruzada convocada pelo papa, atraídos pelas riquezas que ficariam a mercê da pilhagem e da devastação. Liderada pelo terrível Simón de Monfort, a cruzada contra os albigenses devastou o sul da França até reduzi-lo a mais completa desolação. Um após o outro, os pacíficos povos do sul foram tomados e todos os seus habitantes passados ao fio da espada. Em Minerva, Monfort encontrou 140 irmãos, que negaram a abnegar-se de sua fé, por isso foram entregues às chamas de uma grande fogueira que ele mesmo preparou no centro do povo. Em Beziers, vendo rodeada a cidade e compreendendo que toda resistência seria inútil, o conde Rogelio, junto com o bispo, saiu para pedir clemência para as mulheres e meninos e ainda para aqueles que não eram ‘hereges’, pois nem todos nela eram albigenses. A resposta de Simón de Monfort foi: ‘Matem a todos. Deus reconhecerá os seus’”.
Outro relato sobre essa terrível cruzada afirma: “Sob o mando do tristemente célebre Arnau de Amalric, o enorme exército cruzado (300 mil homens) foi conquistando os castelos e cidades cátaras a começar pela cidade de Beziers. Dizem que 7 mil pessoas foram massacradas na igreja da Madalena, sendo que a cidade foi saqueada durante dois dias, sem distinção entre hereges,católicos, mulheres e crianças. Todos foram eliminados. Calcula-se o número em 30 mil. Ao perguntar ao líder cruzado como distinguir entre católicos e hereges, ele respondeu: ‘Matai todos eles. Deus reconhecerá os seus’. Era o ano 1209”.
Tais relatos podem ser encontrados em vários livros e, na grande rede, por exemplo, em http://www.aguasvivas.ws/revista/43/espigando2.htm e em http://pt.wikipedia.org/wiki/Cruzada_albigense
Então, não dá para colocar Francisco de Assis ao lado dos pré-reformadores de sua época, uma vez que ele foi contra os pré-reformadores. Considerava todos eles hereges e apoiou a perseguição e suplícios infligidos contra eles.
É realmente linda a oração “Senhor, faz de mim um instrumento de vossa paz” (que não se sabe nem se foi feita por ele ou não; apenas atribui-se ela a Francisco de Assis), mas, diante dessas informações, se ela foi feita mesmo pelo frade italiano, soa bem hipócrita.
Penitência e pobreza não são espiritualidade sadia
Em segundo lugar, Assis pregava a pobreza como virtude e a salvação pela penitência. O frade dizia que, sem penitência, não haveria remissão de pecados. Para que você entenda melhor o que é esse ensino, convém definir o que é penitência.
Penitência são as vigílias, jejuns, peregrinações e até auto-flagelações que se pratica como prova de arrependimento e para garantir o perdão de pecados diante de Deus. Francisco de Assis praticava a penitência e ensinava-a diligentemente aos seus seguidores. A penitência fazia parte do cerne de sua mensagem. Porém, a penitência vai de encontro ao que ensina o Evangelho. Ela não tem nada que ver com espiritualidade sadia. Jesus requer de nós arrependimento, não penitência, e muito menos penitência como uma forma de se tornar mais espiritual, como ensinava o frade italiano.
A relação de Francisco de Assis com a natureza
Em terceiro lugar, essa relação de Francisco de Assis com a natureza, conversando com os bichos e as coisas e chamando-os todos de “irmãos”, não encontra apoio algum na Bíblia Sagrada.
Francisco de Assis chamava não só os animais de “irmãos”, mas também o vento, a chuva, as pedras, a água, o fogo, as plantas, o sol, a lua e as estrelas. Chegava a conversar com tudo isso como se fossem entidades com personalidade. Não é à toa que os ambientalistas fizeram do frade italiano o padroeiro das causas ecológicas.
Ora, devemos preservar a natureza etc e tal, mas manter uma relação esotérica com as plantas, o sol, a lua, as estrelas, o vento, a chuva, as pedras e a água? Isso não. Conversar com essas coisas e chamá-las de “irmãos”? De forma alguma.
Ademais, ele também era fervoroso mariólatra. Lembremo-nos que os franciscanos, inspirados pelo seu líder e fundador, foram grandes defensores do ensino da “imaculada conceição de Maria”, que mais à frente o Vaticano tornou dogma.
Por tudo isso, Francisco de Assis não é padrão de espiritualidade sadia. Ele está longe disso. Que o frade italiano teve virtudes destacáveis, isso é verdadeiro, mas ele não era e nunca será padrão de espiritualidade bíblica.
terça-feira, 16 de setembro de 2008
Cardápio do programa desta semana
quinta-feira, 11 de setembro de 2008
Atendendo a pedidos, mais "drops"
Enquanto não termino a segunda parte do artigo sobre a eleição de ícones católicos como exemplos de espiritualidade sadia, seguem mais alguns drops que, atendendo a pedidos de leitores por e-mail, falam principalmente sobre a eleição norte-americana.
Sobre desejar o mal ao próximo
Não sei se vocês sabem, mas muitos democratas literalmente festejaram a vinda do Furacão Gustav à costa sul dos EUA durante a Convenção do Partido Republicano. Torciam fervorosamente para que a tensão com o Gustav estragasse a convenção. Por incrível que pareça, alguns chegaram até a torcer para que o estrago provocado pelo Gustav fosse bem maior do que o esperado. O obamista Michael Moore, por exemplo, aquele dos documentários recheados de informações escandalosamente falsas (*), afirmou, no programa Keith Olbermann de 29 de agosto, da liberal rede de tevê MSNBC (totalmente obamista), que a notícia sobre a possibilidade de o Furacão Gustav se transformar em um furacão de categoria 3 chegava aos seus ouvidos como uma “proof that there is a God in heaven” (“uma prova de que há Deus no céu”). E Olbermann corroborou: “Seria supremamente bom”.
Como vocês devem saber, o furacão não só não atrapalhou a Convenção do Partido Republicano como esta foi um sucesso total. Só para se ter uma idéia: o discurso de Obama na noite de 28 de agosto, que dias antes de ser proferido já era chamado forçadamente de “histórico” pelos seus ardorosos fãs da imprensa liberal (embora tenha sido completamente esquecido pela imprensa já no dia seguinte com o anúncio do nome da vice de McCain – Ué, mas não era “histórico”?), foi ouvido por 38,4 milhões de pessoas. Os demais discursos da convenção (de Hillary Clinton, do vice Joe Binden etc), não passaram de 25 milhões em audiência cada um. Já o discurso da vice republicana Sarah Palin quase igualou a audiência do discurso de Obama e superou com folga a audiência de todos os outros discursos da Convenção Democrata. Ela foi assistida por 37,2 milhões. E era apenas o discurso da vice! E, para "fechar com chave de ouro", o discurso de McCain, mesmo sendo proferido exatamente na mesma hora em que acontecia a primeira rodada do campeonato de futebol americano, foi assistido por 38,9 milhões, meio milhão de pessoas a mais do que o discurso de Obama. Todos os dados são da consultoria Nielsen Media Research. É o que dá desejar o mal ao próximo.
Independente do resultado
Em tempo: não acho que será o fim do mundo se o liberal Obama ganhar as eleições de novembro, e seja quem ganhar devemos orar para que seja um bom governante naquele país cujas decisões afetam o mundo, porém não escondo minha preferência pela dupla McCain-Palin, não só pelos valores que defendem, mas (1) por algumas propostas mais sólidas e interessantes, e porque, (2) diferentemente do que a campanha de Obama insiste em dizer, McCain não é Bush (**).
Com isso, não estou querendo dizer que embarco na onda da maioria esmagadora da imprensa mundial, que demoniza o atual presidente norte-americano. Nem tudo no governo Bush foi ruim e, além do mais, ele enfrentou situações atípicas em seu governo que, independente de quem fosse o presidente, dificilmente se sairia plenamente bem. Para mim, o grande erro de Bush mesmo foi a Guerra do Iraque. Mas o ponto é o seguinte: independente de você odiar Bush ou reconhecer que nem tudo foi ruim em seu governo, McCain não é Bush.
Adiante
E chega de falar de política americana, já que este blog é de reflexão teológica. O assunto é interessante, mas o foco aqui é outro. Só abordei esses assuntos a pedido de alguns leitores que me enviaram e-mails solicitando que comentasse a eleição norte-americana. Agora, se alguém quiser saber mais sobre o assunto, indico a próxima edição do jornal Mensageiro da Paz, que traz uma matéria sobre o recente e crescente envolvimento dos evangélicos dos EUA nesta eleição depois da definição de Sarah Palin como vice de McCain.
Pretendo ainda publicar alguns drops neste blog durante as semanas que se seguem, mas procurando me ater mais a temas que despertam alguma reflexão teológica relevante. E quanto ao próximo artigo, como já anunciado na abertura desta postagem, está no forno. Será publicado aqui nos próximos dias.
Programa
(*) Para saber mais, leia http://www.usinadeletras.com.br/exibelotexto.php?cod=32777&cat=Artigos&vinda=S, http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=769, http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=789 e http://www.olavodecarvalho.org/textos/1a_leitura_2004_ago.htm.
(**) Essa história de Obama dizer que McCain é a continuação de Bush porque, como senador, votou a favor do governo em 90% dos projetos é um argumento para enganar distraídos. Primeiro porque, nestes oito anos de mandato Bush, todos os senadores, sejam democratas ou republicanos, votaram, na maioria das vezes, a favor de projetos do governo; e segundo porque McCain foi um dos poucos senadores republicanos que não votaram com o governo em alguns projetos considerados importantes. Lembremos ainda que McCain foi oposição a Bush várias vezes dentro de seu próprio partido, ao ponto de ser conhecido como “o mais democrata dos republicanos” e ao ponto de ter escolhido uma vice conservadora para conseguir a união do partido em torno de sua candidatura. E quanto a seu liberalismo, mesmo não sendo muito conservador, é bem menos liberal que Obama.
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
Notas sobre o cardápio do próximo programa “Resposta Fiel”, a matéria da revista “Veja” sobre jovens evangélicos e a distorção sobre vídeo de Dobson
No programa Resposta Fiel de 9 de setembro, às 22h, falaremos sobre a tendência que muitos cristãos hodiernos têm de, sob a influência da cosmovisão pós-moderna, confundir lei moral com legalismo e disciplina espiritual com disciplina meramente religiosa. No quadro de perguntas-e-respostas, abordaremos o caso de Saul e a pitonisa de En-dor, atendendo à sugestão de um de nossos leitores. E ao final do programa, o nosso bate-papo teológico é com o pastor Geremias do Couto, coordenador nacional do Projeto Minha Esperança. Os temas do debate são apologética cristã contemporânea e o envolvimento das igrejas em todo o país com o projeto idealizado pela Associação Billy Graham. O link para assistir ao programa é http://www.cpad.com.br/radioweb
A revista Veja desta semana traz uma matéria interessante sobre a juventude evangélica no Brasil. A colega jornalista Juliana Linhares, que assina a matéria, entrou em contato comigo há algumas semanas, por telefone e por e-mail, para pedir informações que pudessem incrementar a matéria. Ela queria conhecer melhor como era a juventude assembleiana. Apesar de eu ter dado várias informações, ela preferiu dar destaque ao comportamento da juventude de igrejas neopentecostais, uma vez que o comportamento de certa forma exótico desses jovens se configura muito mais chamativo para uma matéria. Entendo perfeitamente o feeling dela, só achei que poderia mostrar um pouco mais o contraponto. Nem todos os jovens evangélicos do Brasil têm exatamente aquele perfil. Mas, ressalva à parte, gostei muito do fato de Juliana ter feito uma matéria onde procura imparcialmente entender a mente dos jovens evangélicos de hoje.
Em agosto, no programa Focus on the Family, o meteorologista Stuart Shepard apresentou um vídeo de humor onde dizia, com guarda-chuva na mão, que estava esperando, em resposta a orações de cristãos em todo o país, uma “chuva de proporções bíblicas” na noite do discurso de Barack Obama na Convenção do Partido Democrata, que ocorreria no dia 28 daquele mês. Apesar de ser uma brincadeira, o vídeo acabou ganhando repercussão. É que algumas pessoas (inclusive no Brasil) divulgaram o fato, em sites e blogs, como se o vídeo fosse sério e como se o pastor James Dobson, líder do Focus on the Family, estivesse conclamando de verdade uma oração desse tipo em todos os EUA, o que seria um contra-senso para qualquer cristão genuíno, que não deve desejar o mal aos outros. Como os democratas exploraram muito a brincadeira na última semana de agosto (o que era de se esperar), jornalistas seculares chegaram a perguntar a Dobson e Stuart Shepard se a coisa era séria mesmo ou uma brincadeira, ao que reagiram surpresos: “O quê? É incrível que algumas pessoas tenham tomado isso como literal! Se alguém o fez, lamentamos muito. Não estamos fazendo nenhuma oração desse tipo”. Apesar disso, o senador democrata John Morse, da campanha de Obama, não perdeu a oportunidade de alfinetar: “Mesmo que não tenham falado a sério, deveriam ter mais cuidado com suas brincadeiras”. Ao que Shepard respondeu: “É se sensibilizar demais com um vídeo de humor leve”.