Há muitos cristãos que se encontram hoje diante de uma dúvida: finalmente, já se conscientizaram que votar em Dilma Roussef para presidente fere frontalmente seus princípios cristãos, devido às propostas que ela defende, mas ainda não se decidiram se é melhor, então, votar em Marina Silva ou em José Serra, porque nem Marina nem Serra atenderiam perfeitamente ao perfil do candidato que gostariam de apoiar. Diante do impasse, alguns já se decidiram que não vão votar nem em Marina, nem em Serra, nem em candidato algum – simplesmente irão votar nulo. Bem, o que acho disso?
Respeito todos aqueles que preferem votar nulo para presidente, não só porque têm todo o direito de assim fazê-lo, mas também pelo fato de, nesta eleição (como em outras), as opções não serem realmente nada ideais. Entretanto, prefiro, ainda assim, escolher entre um dos outros dois candidatos principais na disputa (Serra ou Marina), porque entendo que o princípio do mal menor é absolutamente cabível no atual contexto. Por mais que as opções que restam não sejam ideais, são opções razoáveis. Essa é minha posição pessoal, que assumo sem classificar os irmãos que votam em nulo para presidente como “alienados”, pois entendo que a decisão deles é válida também dentro da consciência cristã, embora particularmente não concorde com ela.
“Ok, mas dá para esclarecer melhor o porquê de você, particularmente, acreditar que, dentro do atual contexto, é preferível não votar em branco?”.
Primeiro, porque é praticamente impossível uma onda de votos nulos em protesto que chegue ao ponto de inviabilizar esta eleição, levando a nação a uma reflexão em prol do surgimento de outra proposta de candidatura que seja mais ideal. Isso é utopia. Em segundo lugar, porque, uma vez que isso não seja possível, votar em nulo, na prática, ajuda a quem está à frente na contagem de votos – no caso, Dilma Roussef. Ou seja, indiretamente, quem anula seu voto estaria ajudando a petista a vencer. E em terceiro lugar, porque, mesmo não tendo candidatos ideiais, temos, pelo menos, a certeza de que um governo de Marina ou Serra seria muito mais suscetível às pressões pró-valores cristãos do que um eventual governo Dilma.
Explicado isso, sobra a pergunta: Marina ou Serra? Serra ou Marina?
Claro que, para mim, seria muito mais tentador apoiar Marina Silva. Por quê? Ora, além de se opor a vários pontos esposados por Dilma, é evangélica e até assembleiana. Aliás, já imaginaram, irmãos assembleianos, como seria ter uma presidente da República membro das Assembleias de Deus exatamente no ano do centenário das Assembleias de Deus?
Entretanto, vejo tanto Serra como Marina como boas opções dentro do atual contexto destas eleições. Há prós e contras em cada um deles? Sim, há. Há pontos negativos em alguns posicionamentos da irmã Marina, para os quais não posso fechar os olhos e ouvidos, assim como há em alguns posicionamentos de Serra. Na questão do aborto, por exemplo, Serra é muito mais firme que Marina (falo disso mais adiante). Nos demais pontos, praticamente se assemelham.
No dia da eleição, infelizmente, não poderei votar, porque estarei fora do Rio de Janeiro, em viagem para atender a uma agenda; e na época em que vencia o prazo para informar no cartório que votaria em trânsito, eu estava com pouquíssimos dias de recuperação de uma cirurgia que fiz recentemente e por isso desisti da ideia de ir ao cartório, pois seria, para mim, naquelas condições, uma inconveniência física (Aproveitando: Esse período de convalescença foi a razão pela qual tive que ficar fora da blogosfera durante quase um mês).
“Mas, pelo menos, já se decidiu entre Marina ou Serra?”
Respeito todos aqueles que preferem votar nulo para presidente, não só porque têm todo o direito de assim fazê-lo, mas também pelo fato de, nesta eleição (como em outras), as opções não serem realmente nada ideais. Entretanto, prefiro, ainda assim, escolher entre um dos outros dois candidatos principais na disputa (Serra ou Marina), porque entendo que o princípio do mal menor é absolutamente cabível no atual contexto. Por mais que as opções que restam não sejam ideais, são opções razoáveis. Essa é minha posição pessoal, que assumo sem classificar os irmãos que votam em nulo para presidente como “alienados”, pois entendo que a decisão deles é válida também dentro da consciência cristã, embora particularmente não concorde com ela.
“Ok, mas dá para esclarecer melhor o porquê de você, particularmente, acreditar que, dentro do atual contexto, é preferível não votar em branco?”.
Primeiro, porque é praticamente impossível uma onda de votos nulos em protesto que chegue ao ponto de inviabilizar esta eleição, levando a nação a uma reflexão em prol do surgimento de outra proposta de candidatura que seja mais ideal. Isso é utopia. Em segundo lugar, porque, uma vez que isso não seja possível, votar em nulo, na prática, ajuda a quem está à frente na contagem de votos – no caso, Dilma Roussef. Ou seja, indiretamente, quem anula seu voto estaria ajudando a petista a vencer. E em terceiro lugar, porque, mesmo não tendo candidatos ideiais, temos, pelo menos, a certeza de que um governo de Marina ou Serra seria muito mais suscetível às pressões pró-valores cristãos do que um eventual governo Dilma.
Explicado isso, sobra a pergunta: Marina ou Serra? Serra ou Marina?
Claro que, para mim, seria muito mais tentador apoiar Marina Silva. Por quê? Ora, além de se opor a vários pontos esposados por Dilma, é evangélica e até assembleiana. Aliás, já imaginaram, irmãos assembleianos, como seria ter uma presidente da República membro das Assembleias de Deus exatamente no ano do centenário das Assembleias de Deus?
Entretanto, vejo tanto Serra como Marina como boas opções dentro do atual contexto destas eleições. Há prós e contras em cada um deles? Sim, há. Há pontos negativos em alguns posicionamentos da irmã Marina, para os quais não posso fechar os olhos e ouvidos, assim como há em alguns posicionamentos de Serra. Na questão do aborto, por exemplo, Serra é muito mais firme que Marina (falo disso mais adiante). Nos demais pontos, praticamente se assemelham.
No dia da eleição, infelizmente, não poderei votar, porque estarei fora do Rio de Janeiro, em viagem para atender a uma agenda; e na época em que vencia o prazo para informar no cartório que votaria em trânsito, eu estava com pouquíssimos dias de recuperação de uma cirurgia que fiz recentemente e por isso desisti da ideia de ir ao cartório, pois seria, para mim, naquelas condições, uma inconveniência física (Aproveitando: Esse período de convalescença foi a razão pela qual tive que ficar fora da blogosfera durante quase um mês).
“Mas, pelo menos, já se decidiu entre Marina ou Serra?”
Confesso que, de forma absoluta, ainda não. E não estou sendo murista; estou sendo sincero. Para definir de forma simplista, diria que se for pelo emoção, pela empolgação, tenderia a votar em Marina (o que não significa dizer que o voto em Marina seria uma atitude irracional, mas que é mais emoção); mas a minha razão tende mais a apoiar Serra. Aliás, acho que se votasse no dia 3, provavelmente votaria nele. A única certeza absoluta que tenho sobre esse pleito, e isso bem antes de a campanha para presidente começar, é que em Dilma nunca votaria, pelas razões que já abordei quase exaustivamente neste blog.
Enfim, se você votar em Serra ou em Marina, meu irmão, entendo que já estará votando bem dentro do atual contexto destas eleições.
E se ainda está indeciso, para ajudar você a definir o seu voto, coloco abaixo algumas informações sobre ambos. Avalie e escolha.
Serra e Marina
Historicamente, Serra sempre se posicionou contra a legalização do aborto no Brasil, posição que mantém até hoje. Em relação ao tema, pesa contra ele apenas um episódio de 1998, quando congressistas pró-aborto pressionaram o então ministro da Saúde José Serra para que editasse uma Norma Técnica dispondo sobre a excepcionalidade da prática de abortos no Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal em casos de crianças de até 20 semanas (cinco meses) concebidas em estupro. Como a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro (artigo 128 do Código Penal), Serra cedeu e editou a tal Norma, que fez com que o SUS praticasse pela primeira vez abortos.
Ainda naquela época e durante as eleições de 2002, Serra afirmou que a edição da referida Norma não significava a existência de alguma disposição de sua parte em apoiar alguma mudança na legislação brasileira a respeito do aborto. E durante a atual campanha, o candidato do PSDB enfatizou isso mais uma vez. Em maio, em entrevista ao apresentador Carlos Massa (“Ratinho”) do SBT, ocasião em que garantiu que seu governo não apoiará nenhuma iniciativa para mexer na legislação sobre o aborto. Outra declaração se deu em sua entrevista à estatal TV Brasil em julho: “A lei atual [sobre o aborto] ficará como está”. Mais uma declaração foi proferida na sabatina de presidenciáveis promovida pelo jornal Folha de São Paulo e o portal de notícias UOL em 21 de julho, ocasião em que Serra afirmou: “Considero o aborto uma coisa terrível. (...) Isso [a legalização do aborto] liberaria uma verdadeira carnificina. Dificultaria também o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Isso [a legalização do aborto] liberaria gravidez para todos os lados”. Serra enfatizou na ocasião que o resultado da legalização do aborto seria que a prática “a mulher vai para o SUS e faz o aborto” acabaria por “virar um processo”, uma conduta habitual, gerando “uma carnificina”.
Há poucos dias, afirmou ainda, em contraposição a Marina, que não levaria o tema aborto sequer a um referendo, posto que o assassinato de uma vida não deve sequer ser levada a referendo (Veja o vídeo com a fala de Serra sobre o assunto aqui).
Marina, por sua vez, é pessoalmente contra a legalização do aborto, mas propõe um plebiscito para se avaliar o assunto. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização do aborto, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido, diferentemente do antigo partido de Marina, o PT. Em uma de suas muitas declarações sobre o tema, como é o caso da entrevista ao programa Painel RBS em 18 de maio, transmitido pela Rádio Gaúcha, Marina afirmou: “Proponho um debate democrático sobre o tema. Quero que os brasileiros saibam minha posição pessoal, mas sei que temos um Estado laico”.
Ao que parece, a candidata do PV acredita, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização do aborto (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia em um plebiscito e, assim, o tema seria encerrado, inclusive sem possíveis discussões no Congresso Nacional. Contra sua tese, porém, pesa o fato de que, como o aborto é o assassinato de uma vida, não deveria, na prática, sequer ser submetido a um plebiscito. E ao referir-se ao Estado laico quando fala sobre esse assunto, a candidata está, mesmo sendo contrária ao aborto, admitindo a tese de que a oposição ao aborto trata-se apenas de uma questão religiosa, como defendem os defensores da legalização do aborto.
Em relação à legalização das drogas, Serra é totalmente contra. Em entrevista à TV Bandeirantes em Belo Horizonte, em 28 de julho, Serra asseverou que não aceita nem mesmo a legalização da maconha, dita por alguns como “inofensiva”: “Sou contra [a legalização das drogas], daria uma confusão. Nem mesmo na Holanda, um país arrumadíssimo, a legalização da maconha deu certo. A maconha é um passo para outras drogas. Defendo uma política de combate às drogas baseada em repressão, educação nas escolas e tratamento”.
Marina, por sua vez, é pessoalmente contra, mas propõe que a legalização da maconha seja colocada em plebiscito. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização da maconha, embora, como no caso do aborto, não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido. Na sabatina de 15 de julho em São Paulo feita pela Record News, por exemplo, Marina afirmou que “a simples legalização do consumo das drogas não seria o melhor caminho para combater o narcotráfico”, mas defendeu o plebiscito para avaliar a legalização da maconha. Em entrevista ao Painel RBS em 18 de maio, transmitida pela Rádio Gaúcha, disse: “Essa questão é muito complexa e proponho um plebiscito para que a sociedade possa debater”. Como no caso de sua proposta de plebiscito sobre o aborto, Marina parece crer, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização das drogas (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia e, assim, o tema seria encerrado. Veja aqui vídeo de Marina falando sobre esse e outros assuntos, como união civil homossexual e aborto.
Sobre união civil homossexual, Marina é contra se dar o status legal de casamento a uma união homossexual, mas é a favor da legalização civil de uniões homossexuais. Marina defende que homossexuais que vivem como “casais” tenham direito a herança conjunta, plano de saúde conjunto e direitos previdenciários como qualquer casal. Em um encontro com pastores em Bauru (SP) em 29 de julho, ela reafirmou sua posição: “Por entender um casamento como um sacramento entre um homem e uma mulher, sou contrária, mas defendo que os direitos civis dos homossexuais sejam protegidos. Não concordo que eles não devam ter direito a plano de saúde conjunto, não concordo que não devam ter direito à herança conjunto”. E acrescentou: “É engraçado que isso gere um certo estranhamento. Junto à comunidade gay existem alguns que ficam contrários à minha posição por não defender o casamento, e junto à comunidade evangélica alguns ficam insatisfeitos porque digo que não sou contrária aos direitos civis e à preservação de bens”.
Quanto à adoção de crianças por homossexuais, Marina diz não ter ainda opinião formada sobre o assunto. Na primeira vez em que foi perguntada sobre o tema, ao participar de um encontro com evangélicos em Cuiabá (MT) em 5 de maio, afirmou à época que ainda estava definindo seu posicionamento “como cristã e como psicopedagoga”. E explicou seu impasse: “Vivemos num mundo em que milhares de crianças estão abandonadas. Por outro lado, há questionamentos que são levantados em relação à figura dos agentes paternais [homossexuais]”. Dois meses depois, em 15 de julho, em sabatina feita pela Record News em São Paulo, afirmou que ainda não tinha opinião formada sobre o assunto.
Serra apóia a adoção de crianças por homossexuais. É verdade que ele faz a ressalva de que “depende do caso”, “tem que ver se há condições psicológicas” etc, mas não nega essa possibilidade. Sobre a união civil homossexual, concorda, mas é claramente contra as igrejas serem forçadas pelo Estado a aceitarem realizar “casamentos” homossexuais. Em 1 de maio deste ano, falando no evento dos Gideões Missionários da Última Hora, promovido pela Assembleia de Deus em Camboriu (SC), Serra afirmou que “o Estado não deve legislar sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo em cerimônias religiosas”, pois “essa é uma questão de cada igreja. Cada uma tem liberdade e autonomia para decidir a esse respeito. Seria uma intrusão dizer que tal igreja tem que fazer isso ou aquilo”. E mais recentemente, em entrevista à estatal TV Brasil, em julho, Serra reafirmou sua posição contra qualquer imposição do Estado para que igrejas sejam forçadas a realizar “casamentos” entre pessoas do mesmo sexo, destacando que isso seria ferir a liberdade religiosa no país: “É um assunto em que o Estado não entra, é problema das pessoas. Cada crença tem a sua orientação. Se uma igreja não quer casar, mesmo havendo a união civil, a igreja não pode ser obrigada a isso”.
Bem, esses são alguns dos posicionamentos dos dois. Na área econômica, não há muita diferença: os dois sinalizaram que vão manter o modelo econômico em sua essência e falam igualmente em “desenvolvimento sustentável”. Quanto ao preparo, Marina certamente o tem, mas Serra é indiscutivelmente mais preparado por já ter sido prefeito e governador, enquanto Marina ainda não tem, diretamente, experiência como poder executivo.
Portanto, agora, é com você.
E se ainda está indeciso, para ajudar você a definir o seu voto, coloco abaixo algumas informações sobre ambos. Avalie e escolha.
Serra e Marina
Historicamente, Serra sempre se posicionou contra a legalização do aborto no Brasil, posição que mantém até hoje. Em relação ao tema, pesa contra ele apenas um episódio de 1998, quando congressistas pró-aborto pressionaram o então ministro da Saúde José Serra para que editasse uma Norma Técnica dispondo sobre a excepcionalidade da prática de abortos no Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal em casos de crianças de até 20 semanas (cinco meses) concebidas em estupro. Como a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro (artigo 128 do Código Penal), Serra cedeu e editou a tal Norma, que fez com que o SUS praticasse pela primeira vez abortos.
Ainda naquela época e durante as eleições de 2002, Serra afirmou que a edição da referida Norma não significava a existência de alguma disposição de sua parte em apoiar alguma mudança na legislação brasileira a respeito do aborto. E durante a atual campanha, o candidato do PSDB enfatizou isso mais uma vez. Em maio, em entrevista ao apresentador Carlos Massa (“Ratinho”) do SBT, ocasião em que garantiu que seu governo não apoiará nenhuma iniciativa para mexer na legislação sobre o aborto. Outra declaração se deu em sua entrevista à estatal TV Brasil em julho: “A lei atual [sobre o aborto] ficará como está”. Mais uma declaração foi proferida na sabatina de presidenciáveis promovida pelo jornal Folha de São Paulo e o portal de notícias UOL em 21 de julho, ocasião em que Serra afirmou: “Considero o aborto uma coisa terrível. (...) Isso [a legalização do aborto] liberaria uma verdadeira carnificina. Dificultaria também o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Isso [a legalização do aborto] liberaria gravidez para todos os lados”. Serra enfatizou na ocasião que o resultado da legalização do aborto seria que a prática “a mulher vai para o SUS e faz o aborto” acabaria por “virar um processo”, uma conduta habitual, gerando “uma carnificina”.
Há poucos dias, afirmou ainda, em contraposição a Marina, que não levaria o tema aborto sequer a um referendo, posto que o assassinato de uma vida não deve sequer ser levada a referendo (Veja o vídeo com a fala de Serra sobre o assunto aqui).
Marina, por sua vez, é pessoalmente contra a legalização do aborto, mas propõe um plebiscito para se avaliar o assunto. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização do aborto, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido, diferentemente do antigo partido de Marina, o PT. Em uma de suas muitas declarações sobre o tema, como é o caso da entrevista ao programa Painel RBS em 18 de maio, transmitido pela Rádio Gaúcha, Marina afirmou: “Proponho um debate democrático sobre o tema. Quero que os brasileiros saibam minha posição pessoal, mas sei que temos um Estado laico”.
Ao que parece, a candidata do PV acredita, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização do aborto (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia em um plebiscito e, assim, o tema seria encerrado, inclusive sem possíveis discussões no Congresso Nacional. Contra sua tese, porém, pesa o fato de que, como o aborto é o assassinato de uma vida, não deveria, na prática, sequer ser submetido a um plebiscito. E ao referir-se ao Estado laico quando fala sobre esse assunto, a candidata está, mesmo sendo contrária ao aborto, admitindo a tese de que a oposição ao aborto trata-se apenas de uma questão religiosa, como defendem os defensores da legalização do aborto.
Em relação à legalização das drogas, Serra é totalmente contra. Em entrevista à TV Bandeirantes em Belo Horizonte, em 28 de julho, Serra asseverou que não aceita nem mesmo a legalização da maconha, dita por alguns como “inofensiva”: “Sou contra [a legalização das drogas], daria uma confusão. Nem mesmo na Holanda, um país arrumadíssimo, a legalização da maconha deu certo. A maconha é um passo para outras drogas. Defendo uma política de combate às drogas baseada em repressão, educação nas escolas e tratamento”.
Marina, por sua vez, é pessoalmente contra, mas propõe que a legalização da maconha seja colocada em plebiscito. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização da maconha, embora, como no caso do aborto, não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido. Na sabatina de 15 de julho em São Paulo feita pela Record News, por exemplo, Marina afirmou que “a simples legalização do consumo das drogas não seria o melhor caminho para combater o narcotráfico”, mas defendeu o plebiscito para avaliar a legalização da maconha. Em entrevista ao Painel RBS em 18 de maio, transmitida pela Rádio Gaúcha, disse: “Essa questão é muito complexa e proponho um plebiscito para que a sociedade possa debater”. Como no caso de sua proposta de plebiscito sobre o aborto, Marina parece crer, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização das drogas (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia e, assim, o tema seria encerrado. Veja aqui vídeo de Marina falando sobre esse e outros assuntos, como união civil homossexual e aborto.
Sobre união civil homossexual, Marina é contra se dar o status legal de casamento a uma união homossexual, mas é a favor da legalização civil de uniões homossexuais. Marina defende que homossexuais que vivem como “casais” tenham direito a herança conjunta, plano de saúde conjunto e direitos previdenciários como qualquer casal. Em um encontro com pastores em Bauru (SP) em 29 de julho, ela reafirmou sua posição: “Por entender um casamento como um sacramento entre um homem e uma mulher, sou contrária, mas defendo que os direitos civis dos homossexuais sejam protegidos. Não concordo que eles não devam ter direito a plano de saúde conjunto, não concordo que não devam ter direito à herança conjunto”. E acrescentou: “É engraçado que isso gere um certo estranhamento. Junto à comunidade gay existem alguns que ficam contrários à minha posição por não defender o casamento, e junto à comunidade evangélica alguns ficam insatisfeitos porque digo que não sou contrária aos direitos civis e à preservação de bens”.
Quanto à adoção de crianças por homossexuais, Marina diz não ter ainda opinião formada sobre o assunto. Na primeira vez em que foi perguntada sobre o tema, ao participar de um encontro com evangélicos em Cuiabá (MT) em 5 de maio, afirmou à época que ainda estava definindo seu posicionamento “como cristã e como psicopedagoga”. E explicou seu impasse: “Vivemos num mundo em que milhares de crianças estão abandonadas. Por outro lado, há questionamentos que são levantados em relação à figura dos agentes paternais [homossexuais]”. Dois meses depois, em 15 de julho, em sabatina feita pela Record News em São Paulo, afirmou que ainda não tinha opinião formada sobre o assunto.
Serra apóia a adoção de crianças por homossexuais. É verdade que ele faz a ressalva de que “depende do caso”, “tem que ver se há condições psicológicas” etc, mas não nega essa possibilidade. Sobre a união civil homossexual, concorda, mas é claramente contra as igrejas serem forçadas pelo Estado a aceitarem realizar “casamentos” homossexuais. Em 1 de maio deste ano, falando no evento dos Gideões Missionários da Última Hora, promovido pela Assembleia de Deus em Camboriu (SC), Serra afirmou que “o Estado não deve legislar sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo em cerimônias religiosas”, pois “essa é uma questão de cada igreja. Cada uma tem liberdade e autonomia para decidir a esse respeito. Seria uma intrusão dizer que tal igreja tem que fazer isso ou aquilo”. E mais recentemente, em entrevista à estatal TV Brasil, em julho, Serra reafirmou sua posição contra qualquer imposição do Estado para que igrejas sejam forçadas a realizar “casamentos” entre pessoas do mesmo sexo, destacando que isso seria ferir a liberdade religiosa no país: “É um assunto em que o Estado não entra, é problema das pessoas. Cada crença tem a sua orientação. Se uma igreja não quer casar, mesmo havendo a união civil, a igreja não pode ser obrigada a isso”.
Bem, esses são alguns dos posicionamentos dos dois. Na área econômica, não há muita diferença: os dois sinalizaram que vão manter o modelo econômico em sua essência e falam igualmente em “desenvolvimento sustentável”. Quanto ao preparo, Marina certamente o tem, mas Serra é indiscutivelmente mais preparado por já ter sido prefeito e governador, enquanto Marina ainda não tem, diretamente, experiência como poder executivo.
Portanto, agora, é com você.