quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Sobre Serra, Marina e as razões de não concordar com o voto nulo

Há muitos cristãos que se encontram hoje diante de uma dúvida: finalmente, já se conscientizaram que votar em Dilma Roussef para presidente fere frontalmente seus princípios cristãos, devido às propostas que ela defende, mas ainda não se decidiram se é melhor, então, votar em Marina Silva ou em José Serra, porque nem Marina nem Serra atenderiam perfeitamente ao perfil do candidato que gostariam de apoiar. Diante do impasse, alguns já se decidiram que não vão votar nem em Marina, nem em Serra, nem em candidato algum – simplesmente irão votar nulo. Bem, o que acho disso?
Respeito todos aqueles que preferem votar nulo para presidente, não só porque têm todo o direito de assim fazê-lo, mas também pelo fato de, nesta eleição (como em outras), as opções não serem realmente nada ideais. Entretanto, prefiro, ainda assim, escolher entre um dos outros dois candidatos principais na disputa (Serra ou Marina), porque entendo que o princípio do mal menor é absolutamente cabível no atual contexto. Por mais que as opções que restam não sejam ideais, são opções razoáveis. Essa é minha posição pessoal, que assumo sem classificar os irmãos que votam em nulo para presidente como “alienados”, pois entendo que a decisão deles é válida também dentro da consciência cristã, embora particularmente não concorde com ela.
“Ok, mas dá para esclarecer melhor o porquê de você, particularmente, acreditar que, dentro do atual contexto, é preferível não votar em branco?”.
Primeiro, porque é praticamente impossível uma onda de votos nulos em protesto que chegue ao ponto de inviabilizar esta eleição, levando a nação a uma reflexão em prol do surgimento de outra proposta de candidatura que seja mais ideal. Isso é utopia. Em segundo lugar, porque, uma vez que isso não seja possível, votar em nulo, na prática, ajuda a quem está à frente na contagem de votos – no caso, Dilma Roussef. Ou seja, indiretamente, quem anula seu voto estaria ajudando a petista a vencer. E em terceiro lugar, porque, mesmo não tendo candidatos ideiais, temos, pelo menos, a certeza de que um governo de Marina ou Serra seria muito mais suscetível às pressões pró-valores cristãos do que um eventual governo Dilma.
Explicado isso, sobra a pergunta: Marina ou Serra? Serra ou Marina?
Claro que, para mim, seria muito mais tentador apoiar Marina Silva. Por quê? Ora, além de se opor a vários pontos esposados por Dilma, é evangélica e até assembleiana. Aliás, já imaginaram, irmãos assembleianos, como seria ter uma presidente da República membro das Assembleias de Deus exatamente no ano do centenário das Assembleias de Deus?
Entretanto, vejo tanto Serra como Marina como boas opções dentro do atual contexto destas eleições. Há prós e contras em cada um deles? Sim, há. Há pontos negativos em alguns posicionamentos da irmã Marina, para os quais não posso fechar os olhos e ouvidos, assim como há em alguns posicionamentos de Serra. Na questão do aborto, por exemplo, Serra é muito mais firme que Marina (falo disso mais adiante). Nos demais pontos, praticamente se assemelham.
No dia da eleição, infelizmente, não poderei votar, porque estarei fora do Rio de Janeiro, em viagem para atender a uma agenda; e na época em que vencia o prazo para informar no cartório que votaria em trânsito, eu estava com pouquíssimos dias de recuperação de uma cirurgia que fiz recentemente e por isso desisti da ideia de ir ao cartório, pois seria, para mim, naquelas condições, uma inconveniência física (Aproveitando: Esse período de convalescença foi a razão pela qual tive que ficar fora da blogosfera durante quase um mês).
“Mas, pelo menos, já se decidiu entre Marina ou Serra?”
Confesso que, de forma absoluta, ainda não. E não estou sendo murista; estou sendo sincero. Para definir de forma simplista, diria que se for pelo emoção, pela empolgação, tenderia a votar em Marina (o que não significa dizer que o voto em Marina seria uma atitude irracional, mas que é mais emoção); mas a minha razão tende mais a apoiar Serra. Aliás, acho que se votasse no dia 3, provavelmente votaria nele. A única certeza absoluta que tenho sobre esse pleito, e isso bem antes de a campanha para presidente começar, é que em Dilma nunca votaria, pelas razões que já abordei quase exaustivamente neste blog.
Enfim, se você votar em Serra ou em Marina, meu irmão, entendo que já estará votando bem dentro do atual contexto destas eleições.
E se ainda está indeciso, para ajudar você a definir o seu voto, coloco abaixo algumas informações sobre ambos. Avalie e escolha.

Serra e Marina

Historicamente, Serra sempre se posicionou contra a legalização do aborto no Brasil, posição que mantém até hoje. Em relação ao tema, pesa contra ele apenas um episódio de 1998, quando congressistas pró-aborto pressionaram o então ministro da Saúde José Serra para que editasse uma Norma Técnica dispondo sobre a excepcionalidade da prática de abortos no Sistema Único de Saúde (SUS) do governo federal em casos de crianças de até 20 semanas (cinco meses) concebidas em estupro. Como a legislação brasileira permite o aborto em casos de estupro (artigo 128 do Código Penal), Serra cedeu e editou a tal Norma, que fez com que o SUS praticasse pela primeira vez abortos.
Ainda naquela época e durante as eleições de 2002, Serra afirmou que a edição da referida Norma não significava a existência de alguma disposição de sua parte em apoiar alguma mudança na legislação brasileira a respeito do aborto. E durante a atual campanha, o candidato do PSDB enfatizou isso mais uma vez. Em maio, em entrevista ao apresentador Carlos Massa (“Ratinho”) do SBT, ocasião em que garantiu que seu governo não apoiará nenhuma iniciativa para mexer na legislação sobre o aborto. Outra declaração se deu em sua entrevista à estatal TV Brasil em julho: “A lei atual [sobre o aborto] ficará como está”. Mais uma declaração foi proferida na sabatina de presidenciáveis promovida pelo jornal Folha de São Paulo e o portal de notícias UOL em 21 de julho, ocasião em que Serra afirmou: “Considero o aborto uma coisa terrível. (...) Isso [a legalização do aborto] liberaria uma verdadeira carnificina. Dificultaria também o trabalho de prevenção, como no caso da gravidez na adolescência, que é um assunto muito grave. Isso [a legalização do aborto] liberaria gravidez para todos os lados”. Serra enfatizou na ocasião que o resultado da legalização do aborto seria que a prática “a mulher vai para o SUS e faz o aborto” acabaria por “virar um processo”, uma conduta habitual, gerando “uma carnificina”.
Há poucos dias, afirmou ainda, em contraposição a Marina, que não levaria o tema aborto sequer a um referendo, posto que o assassinato de uma vida não deve sequer ser levada a referendo (Veja o vídeo com a fala de Serra sobre o assunto aqui).
Marina, por sua vez, é pessoalmente contra a legalização do aborto, mas propõe um plebiscito para se avaliar o assunto. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização do aborto, embora não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido, diferentemente do antigo partido de Marina, o PT. Em uma de suas muitas declarações sobre o tema, como é o caso da entrevista ao programa Painel RBS em 18 de maio, transmitido pela Rádio Gaúcha, Marina afirmou: “Proponho um debate democrático sobre o tema. Quero que os brasileiros saibam minha posição pessoal, mas sei que temos um Estado laico”.
Ao que parece, a candidata do PV acredita, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização do aborto (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia em um plebiscito e, assim, o tema seria encerrado, inclusive sem possíveis discussões no Congresso Nacional. Contra sua tese, porém, pesa o fato de que, como o aborto é o assassinato de uma vida, não deveria, na prática, sequer ser submetido a um plebiscito. E ao referir-se ao Estado laico quando fala sobre esse assunto, a candidata está, mesmo sendo contrária ao aborto, admitindo a tese de que a oposição ao aborto trata-se apenas de uma questão religiosa, como defendem os defensores da legalização do aborto.
Em relação à legalização das drogas, Serra é totalmente contra. Em entrevista à TV Bandeirantes em Belo Horizonte, em 28 de julho, Serra asseverou que não aceita nem mesmo a legalização da maconha, dita por alguns como “inofensiva”: “Sou contra [a legalização das drogas], daria uma confusão. Nem mesmo na Holanda, um país arrumadíssimo, a legalização da maconha deu certo. A maconha é um passo para outras drogas. Defendo uma política de combate às drogas baseada em repressão, educação nas escolas e tratamento”.
Marina, por sua vez, é pessoalmente contra, mas propõe que a legalização da maconha seja colocada em plebiscito. Seu atual partido, o PV, defende abertamente a legalização da maconha, embora, como no caso do aborto, não coloque a aceitação dessa proposta como condição para se filiar ao partido. Na sabatina de 15 de julho em São Paulo feita pela Record News, por exemplo, Marina afirmou que “a simples legalização do consumo das drogas não seria o melhor caminho para combater o narcotráfico”, mas defendeu o plebiscito para avaliar a legalização da maconha. Em entrevista ao Painel RBS em 18 de maio, transmitida pela Rádio Gaúcha, disse: “Essa questão é muito complexa e proponho um plebiscito para que a sociedade possa debater”. Como no caso de sua proposta de plebiscito sobre o aborto, Marina parece crer, apoiada nas últimas pesquisas nacionais sobre a legalização das drogas (que mostram a maioria da população contra), que a proposta de legalização certamente perderia e, assim, o tema seria encerrado. Veja aqui vídeo de Marina falando sobre esse e outros assuntos, como união civil homossexual e aborto.
Sobre união civil homossexual, Marina é contra se dar o status legal de casamento a uma união homossexual, mas é a favor da legalização civil de uniões homossexuais. Marina defende que homossexuais que vivem como “casais” tenham direito a herança conjunta, plano de saúde conjunto e direitos previdenciários como qualquer casal. Em um encontro com pastores em Bauru (SP) em 29 de julho, ela reafirmou sua posição: “Por entender um casamento como um sacramento entre um homem e uma mulher, sou contrária, mas defendo que os direitos civis dos homossexuais sejam protegidos. Não concordo que eles não devam ter direito a plano de saúde conjunto, não concordo que não devam ter direito à herança conjunto”. E acrescentou: “É engraçado que isso gere um certo estranhamento. Junto à comunidade gay existem alguns que ficam contrários à minha posição por não defender o casamento, e junto à comunidade evangélica alguns ficam insatisfeitos porque digo que não sou contrária aos direitos civis e à preservação de bens”.
Quanto à adoção de crianças por homossexuais, Marina diz não ter ainda opinião formada sobre o assunto. Na primeira vez em que foi perguntada sobre o tema, ao participar de um encontro com evangélicos em Cuiabá (MT) em 5 de maio, afirmou à época que ainda estava definindo seu posicionamento “como cristã e como psicopedagoga”. E explicou seu impasse: “Vivemos num mundo em que milhares de crianças estão abandonadas. Por outro lado, há questionamentos que são levantados em relação à figura dos agentes paternais [homossexuais]”. Dois meses depois, em 15 de julho, em sabatina feita pela Record News em São Paulo, afirmou que ainda não tinha opinião formada sobre o assunto.
Serra apóia a adoção de crianças por homossexuais. É verdade que ele faz a ressalva de que “depende do caso”, “tem que ver se há condições psicológicas” etc, mas não nega essa possibilidade. Sobre a união civil homossexual, concorda, mas é claramente contra as igrejas serem forçadas pelo Estado a aceitarem realizar “casamentos” homossexuais. Em 1 de maio deste ano, falando no evento dos Gideões Missionários da Última Hora, promovido pela Assembleia de Deus em Camboriu (SC), Serra afirmou que “o Estado não deve legislar sobre casamentos entre pessoas do mesmo sexo em cerimônias religiosas”, pois “essa é uma questão de cada igreja. Cada uma tem liberdade e autonomia para decidir a esse respeito. Seria uma intrusão dizer que tal igreja tem que fazer isso ou aquilo”. E mais recentemente, em entrevista à estatal TV Brasil, em julho, Serra reafirmou sua posição contra qualquer imposição do Estado para que igrejas sejam forçadas a realizar “casamentos” entre pessoas do mesmo sexo, destacando que isso seria ferir a liberdade religiosa no país: “É um assunto em que o Estado não entra, é problema das pessoas. Cada crença tem a sua orientação. Se uma igreja não quer casar, mesmo havendo a união civil, a igreja não pode ser obrigada a isso”.
Bem, esses são alguns dos posicionamentos dos dois. Na área econômica, não há muita diferença: os dois sinalizaram que vão manter o modelo econômico em sua essência e falam igualmente em “desenvolvimento sustentável”. Quanto ao preparo, Marina certamente o tem, mas Serra é indiscutivelmente mais preparado por já ter sido prefeito e governador, enquanto Marina ainda não tem, diretamente, experiência como poder executivo.
Portanto, agora, é com você.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Sobre liberdade de expressão e de imprensa e o histórico editorial do jornal “O Estado de São Paulo” de ontem

Ontem, ocorreu em nosso país algo que ilustra muito bem como o Brasil ainda está aprendendo a ser uma democracia madura. Do que estou falando? Refiro-me ao histórico editorial do jornal O Estado de São Paulo de domingo, declarando apoio a um candidato à Presidência da República.
Sempre foi normal, nas verdadeiras democracias, em lugares onde se entende absolutamente o conceito de liberdade de expressão e de imprensa, os jornais, além de fiscalizarem constantemente o governo, se posicionarem a favor de um candidato à Presidência durante as eleições. Somente no Brasil, uma jovem democracia, isso, que é tão natural nas demais democracias muito mais antigas, ainda causa espanto, porque se convencionou por aqui que se um jornal ou revista fizer isso alguma vez estará perdendo a sua credibilidade. A justificativa? “Jornal tem que ser imparcial”, “Jornal não deve ter lado”, “Jornal deve ser isento” etc.
Sim, é verdade que jornais têm que ser imparciais e isentos. Acontece, porém, que esses princípios, via de regra, são evocados de forma distorcida, por gente que interpreta equivocadamente o que significa, de fato, a imparcialidade e a isenção jornalísticas.
O princípio da isenção no jornalismo não significa ausência de posicionamento, mas o compromisso de se posicionar sem "segundas intenções"; o compromisso de se ater apenas aonde os fatos levam, em vez de ficar brigando com eles; a obrigação de opinar baseado no discernimento ético que se tem das questões ou eventos em apreço, independente de se sua posição vai concordar ou não com o que dizem A, B ou C.
O princípio da imparcialidade não envolve a não-autorização para declarar apoio a uma candidatura à Presidência; não envolve a ausência de opinião (Opinião faz parte da essência do verdadeiro jornalismo!); não envolve não ter lado. Significa, sim, que a imprensa secular não deve omitir os fatos e as opiniões que envolvem os dois lados (ou mais) de uma questão ou de um evento, e não que não possa opinar sobre os dados auferidos, definindo-se por um lado. Ela deve fazê-lo, e sempre objetivando a defesa dos princípios do estado democrático de direito. Se não fosse assim, não existiriam os editoriais. Afinal, porque e para que os editoriais existem, senhores?
Tomemos como exemplo a maior e mais antiga democracia do mundo: os Estados Unidos da América. Mais de cem anos antes de o Brasil se tornar pela primeira vez uma democracia, os jornais da maior e mais antiga democracia do mundo já faziam o que o jornal O Estado de São Paulo foi fazer só agora. Ali, desde o final do século 18, desde que o país foi declarado independente, os jornais, a cada eleição para presidente, escrevem editoriais dizendo quem apóiam e por que o fazem. Seguindo a tradição dos primeiros jornais norte-americanos (a maioria destes já desapareceu com o tempo), os atuais “jornalões”, as grandes revistas semanais e os pequenos jornais e revistas dos EUA ainda hoje fazem o mesmo. O Washington Post (fundado em 1877) e o Wall Street Journal (1889) já apoiaram tanto candidatos republicanos como democratas oficialmente em editoriais; o The New York Times (fundado em 1851) apoiou, na maioria esmagadora das vezes, democratas; o Chicago Tribune (fundado em 1847), sempre republicanos (a não ser em 2008, quando apoiou Obama, senador por Illinois, Estado do jornal); as revistas Newsweek (fundada em 1933) e Times (fundada em 1923 e inventora do conceito de revista semanal de notícias) já fizeram e ainda fazem o mesmo. A lista é enorme.
Porém, aqui, no Brasil, quando a revista Veja se tornou a primeira publicação a declarar apoio a um candidato à Presidência em editorial em 1998 (à época, apoiou Fernando Henrique Cardoso), isso foi visto como uma "heresia" jornalística, principalmente por aqueles acadêmicos de esquerda tão “entendedores” do que seja democracia e liberdade de expressão e de imprensa, a mesma gente que, via de regra, tece encômios a Guevara, Fidel e Chavez.
Pregou-se, à época, que a posição explícita de Veja tiraria a credibilidade da revista, mas a verdade é que ela, ainda hoje, mesmo tendo surgido outra grande revista semanal naquele período (a revista Época, do Grupo Globo), continua sendo a maior revista semanal do país, com tiragem por edição de 1,4 milhão de exemplares, sendo 1,1 milhão só para assinantes. E isso não significa dizer que eu concordo com tudo que Veja diz (Aqui mesmo, no blog, já contestei proposições de suas matérias e artigos), mas reconheço que Veja desempenha, no geral, um bom trabalho jornalístico, que faz com que, mesmo você não concordando com a abordagem de determinados assuntos, ainda a considere uma boa revista. O mesmo pode ser dito de Época e Istoé.
E é essa mesma liberdade de expressão e de imprensa que permite que revistas como Carta Capital possam fazer o mesmo que Veja fez em 1998. Ela nasceu com o propósito de ser a anti-Veja e defensora de Lula e do PT, como a esperança de ser um grande contraponto de caráter esquerdista em relação às demais revistas. Entretanto, sua proposta nunca foi bem aceita pelo grande público. As pessoas ainda preferem Veja, Istoé e Época. Istoé tem tiragem de 400 mil a 500 mil exemplares por edição e Época, de 450 mil, embora já tenha chegado a 700 mil. Enquanto isso, a tiragem de Carta Capital não ultrapassa a marca de 80 mil exemplares por semana. Outra revista esquerdista, a Caros Amigos, tem tiragem mensal de apenas 50 mil exemplares. Porém, tanto Caros Amigos quanto Carta Capital conseguem se manter porque contam com o governo federal como seu mais forte anunciante (enquanto a maioria esmagadora dos anunciantes de Veja, Época e Istoé sempre foi da iniciativa privada, seja na época de FHC, seja na época de Lula).
A ligação ideológica de Carta Capital se torna ainda mais explícita à medida que, no site do PT, durante muito tempo, a revista aparecia com 50% de desconto para assinantes para quem apresentasse a carteirinha de filiado do PT. Com isso, ela conseguiu aumentar sua tiragem para 75 mil exemplares, sendo 60% dela (45 mil exemplares) de assinantes.
Perceba: Não é curioso que quem odiou Veja pelo editorial pró-candidatura de FHC é a mesma turma que aprecia Carta Capital? Ora, se fôssemos aplicar ao caso da Carta Capital o mesmo critério usado contra o editorial de Veja em 1998, Carta Capital também deveria ser reprovada, devido ao seu lulo-petismo. A revista Caros Amigos, idem.
Na verdade, a grande oposição à Veja não se deve ao fato de ter se posicionado a favor de um candidato específico, mas ao fato de ela ser antipetista (Por razões com as quais concordo). Se ela fosse petista, essa turma se calaria. Tanto é que, como Carta Capital é petista, logo, para os mesmos que criticaram Veja por se posicionar em prol de um candidato à Presidência, Carta Capital é vista como uma “boa revista”. Para Lula, então, só deveriam existir publicações como Carta Capital no Brasil. Fidel já resolveu esse "problema" há muito tempo em Cuba e Chavez está em processo avançado para conseguir o mesmo. Os Kischner, que se aliaram a Chavez há mais de cinco anos, estão tentando o mesmo na Argentina. O jornal Clarín que o diga!
A democracia deve comportar a coexistência de Veja, Carta Capital, O Globo, Caros Amigos, O Estado de São Paulo, Istoé etc, e que o povo tenha o discernimento para concordar ou discordar da abordagem de um tema ou outro das matérias e artigos dessas publicações. É assim em democracias maduras.
Por isso, parabéns ao jornal O Estado de São Paulo, que se tornou ontem, 26 de setembro de 2010, o primeiro jornal do país a escrever um editorial apoiando a candidatura de um presidenciável – no caso, José Serra. Parabéns não exatamente porque escolheu Serra (Não que Serra não seja uma boa escolha - Escolher Dilma é que seria um erro!), mas porque teve a coragem de fazê-lo, abrindo um precedente excelente em nossa jovem democracia.
Quem se escandaliza com esse acontecimento não sabe o que é liberdade de expressão e de imprensa.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Sim, eles apóiam o assassinato de inocentes no ventre: a falácia de que Dilma mudou de posição sobre o aborto e o vergonhoso discurso de Edir Macedo

Ontem, Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência da República, em debate promovido pela CNBB com os presidenciáveis, tergiversou, tergiversou, mas não conseguiu esconder que defende, sim, na prática, a descriminalização do aborto. Na ocasião, disse Dilma que “a vida é um valor que nós, seres humanos, temos que respeitar” e que ela é “pessoalmente não favorável ao aborto”, mas que, apesar disso, defende que o aborto seja tratado como “questão de saúde pública” e enfatizou que ela iria “defender as mulheres”. Ou seja, o mesmo discurso de sempre, que parafraseio e sintetizo a seguir: “Ninguém gosta de abortar e eu sou pessoalmente contra o aborto, mas o aborto deve ser descriminalizado independente do que eu acho sobre ele, porque é questão de saúde pública”. Não, aborto não é questão de saúde pública. É assassinato! Aborto não é preocupante porque é uma agressão ao corpo da mulher, mas porque é um assassinato à criança no ventre dela. Quem é contra o aborto não defende as mulheres que querem abortar, defende a vida no ventre delas. Se pessoas cometem esse crime usando agulhas de crochê, isso não significa que é obrigação do Estado dar-lhes condições de cometer o crime de forma mais sofisticada.
Diante do clima de desaprovação da platéia pelo que já havia dito sobre a questão, ao ser confrontada de forma direta com a pergunta se ampliaria ou não os casos em que o aborto é permitido na legislação brasileira, a petista suavizou o discurso pró-aborto, dizendo: “Não vejo muito sentido em ampliar os casos”. A pancada viria na sequência, quando foi a vez de a evangélica Marina Silva, candidata pelo PV, responder sobre o assunto. Uma das primeiras coisas que disse foi: “Não faço discursos diferentes para plateias diferentes”, em uma referência clara a Dilma. Pela primeira vez no debate, o público se manifestou em ovações.
Mas, para quem ainda se deixa levar pela falácia de que Dilma não é favorável à legalização do aborto, eis mais informações...
(Para continuar lendo, clique aqui)

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O rumo que nosso país está tomando

O PT convocou os seus militantes, o MST, a UNE, a CUT, a Força Sindical e os militantes de partidos de esquerda que formam a base de apoio do governo Lula para sair às ruas amanhã para protestar contra o tal “ataque da mídia golpista” contra a candidatura de Dilma. E estão vendendo isso como "o povo saindo às ruas", porque, afinal, como disse há poucos dias o presidente Lula em comício de Dilma, eles consideram a si mesmos "a opinião pública".
É muita arrogância. Eles não são o povo indo às ruas; são a militância indo às ruas, o que se constitui uma diferença abissal.
Como contraponto, hoje, na Universidade de São Francisco, houve um manifesto pacífico feito por 250 grandes personalidades públicas a favor da liberdade de expressão e de imprensa sob ataque no governo Lula. Leia aqui.
Aqui vai uma perguntinha: Não é interessante que quando ocorreram os escândalos sucessivos no governo Lula não houve protestos nas ruas? Sabe por quê? Porque já há algum tempo que os únicos grupos organizados que fazem protestos no Brasil são todos da militância do PT. Há décadas que os conservadores não têm mais esse espírito no país. Por isso que, durante a série de escândalos envolvendo o governo Lula, nem MST, nem CUT, nem Força Sindical, nem UNE saíram às ruas para protestar contra a corrupção. Entretanto, agora, os mesmos que saíram às ruas diante das sérias denúncias de corrupção no governo Collor pedindo o seu impeachment resolveram finalmente sair às ruas no governo Lula para se manifestar diante de denúncias de corrupção; contudo, não contra ela, mas em oposição às denúncias gravíssimas que pesam contra o governo. Ou seja, os seminários promovidos pelo PT em todo o país pregando "ética" e "transparência" na política nos anos 90 eram apenas uma estratégia política de conveniência para fomentar um discurso de ocasião pela derrubada de um governo não-petista envolvido em escândalos. Tanto o é que, diante de escândalos maiores no governo Lula, a turma que pregou convenientemente "ética" e "transparência" naquela época se omite hoje e, quando finalmente se manifesta, é para atacar "a imprensa golpista".
Uma das principais razões pelas quais, durante o escândalo do “mensalão”, Lula não caiu, e sua popularidade manteve-se em alta depois de um breve e pequeno revés, é justamente o fato de não ter havid protestos na rua contra o “mensalão”. Hoje, diferentemente de épocas passadas, o povo brasileiro só dá atenção a uma denúncia quando há protestos na rua. Como não havia essas manifestações, a população entendeu que não estava ocorrendo nada.
Enfim, sabe por que o “mensalão” de Arruda em Brasília o derrubou (Como deveria derrubar mesmo!) e o "mensalão" do PT não derrubou Lula? Uma charge, publicada no jornal “A Cidade”, de Ribeirão Preto (SP), em dezembro de 2009, explica tudo: O PT controla os movimentos sociais. MST, UNE, CUT, Força Sindical et caterva sempre tiveram vínculos com o PT. Ademais, sabe quanto o MST e a UNE receberam do governo Lula nestes seus oito anos de mandato? A UNE já recebeu R$ 40 milhões, sendo a última bolada em abril, de R$ 30 milhões de reais (Leia aqui e aqui). E o MST? Esses “bravos” receberam, nos oito anos de governo Lula, nada menos e nada mais que R$ 165,5 milhões em dinheiro. Terras? Foram dezenas de milhões de hectares, que, curiosamente, não estão sendo cultivados. Existem 850 milhões de hectares de terra no Brasil, dos quais 142 milhões de hectares são de terras públicas do governo que podem ser usadas para reforma agrária, 80 milhões de hectares são de terras já doadas pelo governo para o MST (terras produtivas que, curiosamente, esmagadadoramente o MST não utiliza para produzir) e apenas 50 milhões de hectares são de áreas ativas do agronegócio. (Leia sobre isso aqui, aqui e aqui).
E as centrais sindicais? Só nos últimos três anos receberam mais de R$ 200 milhões do governo Lula, sendo R$ 65,7 milhões em 2008, R$ 80,9 milhões em 2009 e a “bagatela” de R$ 99,5 milhões em 2010 (Leia aqui e aqui). Fora os milhões que recebem as ONGs ligadas às centrais sindicais (Leia aqui).
Pois é, é esse povo que vai à rua contra a imprensa.
Bem, como em nosso país o nosso povo geralmente tem memória curta, aproveitei para selecionar alguns vídeos (dentre tantos outros que poderia elencar aqui) que mostram que rumo nosso país está seguindo. Ei-los:
1) Matéria no Jornal da Band de janeiro deste ano sobre as propostas totalitárias do Plano Nacional de Direitos Humanos 3. Era a imprensa, tardiamente, acordando.
http://www.youtube.com/watch?v=c1hqa67AtAs&feature=related
2) Na mesma época, o jornalista e cineasta Arnaldo Jabor falando no Jornal Nacional a verdade sobre o PNDH 3, só que preocupado apenas com os pontos que envolvem ataque à propriedade privada, fim parcial da Lei de Anistia (só para os militares, preservando os criminosos guerrilheiros) e controle da imprensa, que são pontos abomináveis, mas omitindo outros igualmente abomináveis, tais como os que envolvem o aborto, os profissionais do sexo, a luta pela aprovação da PL 122 etc.
http://www.youtube.com/watch?v=Vb2yIxVhsG8&feature=related
3) O jornalista Alexandre Garcia, também em janeiro, no Bom Dia Brasil da Rede Globo de Televisão, falando dos perigos do PNDH 3, só que ingenuamente acreditando que o coitadinho do Lula não conhecia o conteúdo. O problema do Alexandre Garcia é que ele é muito politicamente correto.
http://www.youtube.com/watch?v=7r4bs6CrcyU&feature=related
4) O famigerado Plano Nacional de Cultura do governo Lula:
http://www.youtube.com/watch?v=2F-RiYkHF1M&feature=fvw
5) No SBT, a lembrança de que Jango, por algumas medidas iguais às propostas por Lula, sofreu um golpe apoiado maciçamente pelo povo, e executado com o auxílio dos militares; e que, hoje, o povo, infelizmente, está anestesiado diante de tudo que está acontecendo. O comentarista do SBT parece manifestar insatisfação pela falta de poder dos militares hoje para impedir as medidas totalitárias do presidente. Claro que discordo de sua sugestão, pois basta que as instituições democráticas de nosso país sejam mais fortes e enérgicas para que Lula e os petistas não sejam bem-sucedidos em suas investidas contra a democracia. Não precisamos de outro golpe.
http://www.youtube.com/watch?v=giht0ht6Ga8&feature=related
6) Lula defendendo o “casamento” homossexual e afirmando que seu governo fará de tudo para sua aprovação:
http://www.youtube.com/watch?v=Y42kd99gIO0
7) O ex-guerrilheiro Carlos Minc, hoje ministro do Meio Ambiente, defendendo a descriminalização do uso da maconha (assista principalmente a partir do tempo 1:45 do vídeo):
http://www.youtube.com/watch?v=KWGWkni1SMQ
8) Vídeo sobre o PT e o aborto, cujo link já havia disponibilizado dia 13 de setembro aqui, no texto da última postagem. Para quem não viu, vale a pena ver.
http://www.youtube.com/watch?v=4cJZZzWysN4
9) O famigerado “Índice de Produtividade” do governo Lula, um ataque à propriedade privada.
http://www.youtube.com/watch?v=xtvYsEmfzxw
10) Uma síntese de como o PT tem usado a democracia para acabar com ela mesma. Há imagens do vídeo oficial de um dos últimos Congressos Nacionais do PT, falando sobre o Foro de São Paulo; lembranças como a de Lula dizendo que “Não é possível ficarmos dependendo de decisão de juízes para fazermos o que queremos fazer” (É Lula contra o Judiciário que se levanta constitucionalmente contra os desmandos de seu governo); e lembranças de como Chavez, quando eleito para seu primeiro mandato, prometeu, em entrevista, não fazer uma série de coisas que dizia antes que iria fazer, e no final acabou fazendo mesmo.
http://www.youtube.com/watch?v=EfZ1r538cOY
11) Vídeo que mostra como a esquerda latino-americana está torcendo por Dilma, a "companheira socialista". Também já havia postado esse célebre vídeo dias atrás, mas vale a pena relembrar.http://www.youtube.com/watch?v=4cJZZzWysN4

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Uma questão de natureza - uma reflexão sobre o atual estado de coisas em nosso país

Lula em campanha nas eleições de 1989:
o leopardo não perdeu as manchas
Há certas coisas para as quais não é preciso ser vidente ou ter uma clarividência acima do normal para saber no que vão dar. Isso porque, como disse Salomão - e não a decantada “sabedoria popular”, como muitos imaginam -, “aquilo que nasce torto não se pode endireitar” (Ec 1.15). Com essas palavras, o então encanecido rei de Israel queria dizer que há certas coisas na vida que não podem ser endireitadas pelo ser humano porque são o que são por natureza, e não por circunstância. Isto é, não podem ser mudadas porque, para isso, seria preciso simplesmente mudar a natureza delas, o que, na quase totalidade das vezes, é uma tarefa impossível ao homem. O maior exemplo disso é a Salvação: o homem não pode mudar a sua natureza. Só somos salvos quando confiamos totalmente no sacrifício de Cristo para perdão de nossos pecados e entregamos nossa vida a Ele para que o Espírito de Deus gere em nós uma nova natureza (Jo 3). Sem Deus, o milagre da Salvação, que promove a regeneração, é impossível.
Logo, se é verdade que certas coisas mudam, é igualmente verdadeiro que outras coisas não mudam de jeito nenhum, porque sua natureza não permite isso. A única solução é uma conversão dramática de natureza.
É justamente essa constatação que faz com que eventualmente fazer previsões não seja uma atividade espinhosa. Se há certas coisas que não podem ser previstas perfeitamente, devendo ser tratadas apenas no campo hipotético porque prevê-las perfeitamente demandaria o conhecimento de todas as variáveis presentes e futuras, algo impossível para o ser humano, outras coisas podem ser delineadas antecipadamente sem receio, faça sol, faça chuva, porque têm como fator determinante sua natureza. Não é preciso receber uma revelação divina ou possuir uma “bola de cristal” ou "máquina do tempo" para saber como certas coisas procederão, porque já está escrito no DNA delas o que farão - basta conhecê-lo.
É como aquela velha fábula de Esopo em que o escorpião convenceu o sapo a levá-lo para o outro lado do lago sob o argumento de que não seria louco de inocular seu veneno no sapo durante o percurso porque fazê-lo levaria os dois à morte, já que o escorpião não sabia nadar. No percurso, porém, o escorpião descumpriu a promessa, o que levou o sapo a dizer perplexo enquanto os dois afundavam: “Seu tolo! Agora vamos morrer os dois! Por que você fez isso?”. E o escorpião respondeu, em tom de lamento: “Eu sou um escorpião. É a minha natureza”.
Pois bem, toda essa introdução é para dizer que o que está acontecendo hoje no Brasil no governo do PT era mais do que previsível; e o que se vislumbra para um eventual governo Dilma - cada vez mais possível, segundo as pesquisas - o é também, e por uma razão muito simples: porque o PT nunca deixou de ser o PT. Está e sempre esteve em sua natureza, em seu DNA, essas suas iniciativas autoritárias e socialmente liberais que vemos hoje. O que acontece é que muitos caíram em 2002 na conversa de que o “escorpião” tinha mudado e agora encontram-se perplexos por terem sido picados por ele no percurso.
Eis apenas algumas das mais recentes demonstrações de "amor" à democracia por parte dessa turma:
"Nós devemos extirpar o DEM da política brasileira" (Lula hoje, em comício em Joinville, Santa Catarina, pró-Ideli Salvati, candidata ao governo pelo PT. Sim, é isso mesmo que você leu: o presidente da República pregando o extermínio de um partido político da oposição).
"O problema do Brasil é o monopólio das grandes mídias, o excesso de liberdade e do direito de expressão e de imprensa" (José Dirceu, líder do PT, hoje, em discurso pró-Dilma na Bahia em palestra para sindicalistas do setor petroleiro). Pois é, há tempos que Hugo Chavez, que está torcendo por sua companheira Dilma, está resolvendo o "problema" do "excesso de liberdade e do direito de expressão e de imprensa" em seu país. Fidel, então, já o resolveu há décadas! E o governo Lula tem tentado. Ele criou há pouco tempo uma tal Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que propõe a criação de um Conselho Federal de Jornalismo, que também chamam de Conselho Nacional de Jornalismo. Segundo o texto de 633 propostas aprovadas pela Confecom, o propósito é promover o "controle social da mídia". Ou como definiu um dos líderes do Confecom, "punir os maus jornalistas". Resumindo: acabar com o tal "excesso de liberdade e do direito de expressão e de imprensa" e com "o monopólio das grandes mídias".
E as propostas do famigerado Plano Nacional de Direitos Humanos 3 (PNDH 3), promovido no Decreto nº 7.037/09 emitido por Lula em 21 de dezembro de 2009, e cujo conteúdo foi matéria de capa do jornal Mensageiro da Paz 1.497, de fevereiro deste ano? Ele foi redigido pelo quarteto petista de ex-guerrilheiros Paulo Vannuchi, Dilma Rousseff, Tarso Genro e Franklin Martins. Relembremos alguns trechos curiosos:
“Estabelecer o ensino da diversidade e história das religiões, inclusive as derivadas de matriz africana, na rede pública de ensino, com ênfase no reconhecimento das diferenças culturais”.
“Realizar relatório sobre pesquisas populacionais relativas a práticas religiosas, que contenha, entre outras, informações sobre número de religiões praticadas, proporção de pessoas distribuídas entre as religiões, proporção de pessoas que já trocaram de religião, número de pessoas religiosas não praticantes e número de pessoas sem religião”. (Mas não já bastam os dados do IBGE?).
“Apoiar a aprovação do projeto de lei que descriminaliza o aborto, considerando a autonomia das mulheres para decidir sobre seus corpos”.
“Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura e respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento social".
“Apoiar projeto de lei que dispõe sobre união civil de pessoas do mesmo sexo".
“Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos".
“Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da heteronormatividade”.
"Apoiar a regulamentação da parceria civil registrada entre pessoas do mesmo sexo e a regulamentação da lei de redesignação de sexo e mudança de registro civil para transexuais".
"Recomenda-se ao Poder Legislativo a aprovação de legislação que reconheça a união civil entre pessoas do mesmo sexo".
"Propor o aperfeiçoamento da legislação penal no que se refere à discriminação e à violência motivadas por orientação sexual".
“Realizar relatório periódico de acompanhamento das políticas contra discriminação à população LGBT, que contenha, entre outras, informações sobre (...) número de violações registradas e apuradas, recorrências de violações...”.
“Fortalecer a execução do Programa Nacional de Proteção aos Defensores dos Direitos Humanos (...) garantindo (...) a defesa em ações judiciais de má-fé em decorrência de suas atividades”. (O que são “ações judiciais de má-fé” contra os promotores do Programa Nacional de Direitos Humanos? Por que alguém quereria entrar com uma ação contra os tais "direitos humanos" impostos pelo PNDH 3, não é verdade? Por que será? Um exemplozinho só: Se o Programa Nacional de Direitos Humanos defende a aprovação de um projeto de lei que fere as liberdades religiosa e de expressão - o tal projeto de lei contra a “homofobia” -, isso quer dizer que se esse projeto for aprovado e alguém lutar judicialmente contra sua aplicabilidade, isto é, pelos seus direitos de expressar-se e de consciência religiosa, estará agindo “de má-fé” e terá a máquina do governo anulando a luta judicial contra ela?).
"Propor projeto de lei para institucionalizar a utilização da mediação como ato inicial das demandas de conflitos agrários e urbanos, priorizando a realização de audiência coletiva com os envolvidos...". (Ou seja, ao invadirem sua terra, não mais você poderá entrar imediatamente com ação de reintegração de posse com base na Constituição Federal, que estabelece a propriedade privada no país. Aprovado esse projeto de lei proposto, se sua propriedade agrária ou urbana for invadida, terá que se instituir uma comissão de mediação para que você discuta com o bandido e o pessoal da comissão o que se vai fazer. Mais detalhes sobre o assunto, leia aqui).
"Apoiar programas voltados para a defesa dos direitos de profissionais do sexo".
"Apoiar programas voltados para a proteção da saúde de profissionais do sexo".
"Garantir os direitos trabalhistas e previdenciários de profissionais do sexo por meio da regulamentação de sua profissão".
"Realizar campanhas e ações educativas para desconstruir os estereótipos relativos às profissionais do sexo".
E por aí vai...

O que vemos hoje já se temia em 1989

Em 1989, depois de mais de 20 anos de Regime Militar e ao final do governo de Sarney, que assumira com a morte de Tancredo, o Brasil felizmente voltava a ter eleições diretas. Entretanto, naquela época, conservadores e evangélicos em geral temiam principalmente a eleição de um candidato: Lula. Falava-se muito do perigo para o país de um eventual governo Lula, das medidas absurdas que resultariam na falência da economia, nas medidas totalitárias que seriam adotadas por um governo do PT etc. Essas apreensões não se baseavam em paranóia alguma, mas no próprio discurso explícito do PT, em suas propostas pregadas nacionalmente, em alto e bom som, em 1989. Era um temor objetivo. Anos depois, porém, essas apreensões seriam desonestamente ironizadas como “paranóia”, “boatos” e “previsões infundadas” pelos evangélicos de esquerda, especialmente por ocasião do advento do “Lulinha-Paz-e-Amor” em 2001 e de sua eleição. Como se o Lula antes de 2002 nunca tivesse existido ou fosse um teatro, e o verdadeiro Lula fosse o “Lulinha-Paz-e-Amor” encetado em 2001. E muita gente cairia nessa conversa, como que tomados por uma estranha amnésia em relação às propostas históricas e explícitas do PT. Outros, porém, como eu, não seriam acometidos por tal amnésia, mas passariam a dar inicialmente (no meu caso, até o primeiro escândalo) um voto de confiança ao “novo Lula” por pensar ingenuamente que, de repente, o leopardo tivesse perdido mesmo as suas manchas, que o PT tivesse deixado de lado alguns de seus radicalismos e se tornado uma esquerda “light”, mais responsável, como o PSDB, que aderiu à corrente política denominada “Terceira Via”. Ledo engano.
O “Lulinha-Paz-e-Amor” era uma fachada circunstancialmente conveniente - e eficiente - para vencer eleição. Logo que conseguiu o que queria, começou a “mostrar as suas garras” - embora a maioria do povo nem tenha sentido as “garras” entrando e ferindo as instituições democráticas, por estar anestesiada pelo já previsto crescimento econômico do país (que aconteceria independente de quem dos dois - Serra ou Lula - fosse o sucessor de Fernando Henrique à presidência).
Para quem não se lembra mais: o PT de 1989 pregava abertamente governo socialista (que chamavam de “socialismo democrático” - uma contradição de termos - já falei disso aqui no blog); ruptura com o modelo capitalista via estatização do sistema financeiro; calote na dívida externa; liberalismo social; apoio aos ideais radicais do MST, dentre outras maluquices, e ainda havia o projeto hegemônico de poder, denunciado à época não por anti-esquerdistas, mas por gente da própria esquerda não ligada ao PT. Em 1989, o único aliado do PT era o PCdoB. Aliás, justamente por isso, anunciava-se que os ministros de um futuro governo Lula seriam todos apenas desses dois partidos.
O PT também foi pioneiro na defesa do aborto, tendo, em 1989, durante a gestão Luiz Erundina (então do PT) à frente da Prefeitura de São Paulo e tendo Eduardo Jorge (PT) como seu secretário de Saúde, instalado na capital paulista o primeiro serviço de aborto financiado com o dinheiro público (Portaria 692/89). Mais sobre o assunto, leia aqui. Além do mais, quem não se lembra do depoimento de Miriam Cordeiro, ex-namorada de Lula, a quem este teria dado dinheiro para ela abortar? (Relembre aqui).
Não menos importante, e corroborando essa apreensão, é o fato de que o Partido dos Trabalhadores também demonstrava total desprezo ao Congresso Nacional e à Constituição de 1988, que prometia reformar logo que assumisse o poder, para adptá-la à sua ideologia. O PT, é importante lembrar, foi, desde o início, contra o texto final da Constituição de 1988, considerada “burguesa” e "contra a reforma agrária" (Lembrado disso, Lula quis fazer, recentemente, mea-culpa, dizendo que mesmo ele e o PT não apoiando a Constituição de 1988, ele trabalhou muito na Assembleia Constituinte. Trabalhou "muito"? Quem disse? Ele foi um dos que menos atuaram naquela Assembleia e ainda se opôs ao conteúdo da Carta Magna, que foi assinada por ele e seu partido sob protestos).
Se temia ainda naquela época que Lula, ao subir ao poder, quisesse se perpetuar (O próprio Lula não esconde ainda hoje que, se pudesse, se perpetuava no poder. Além de pregar o extermínio da oposição, como fez hoje à noite, não escondeu há poucos dias que, depois de 8 anos de mandato, ainda desejava enviar uma emenda à Constituição para se prolongar no poder. Leia aqui).
Finalmente, havia também os indícios de que havia uma ligação ideológica, de apoio político, entre os seqüestradores do empresário Abílio Diniz (seqüestrado em 1989) e os petistas. Ao ser libertado do seu cativeiro no dia da eleição, seus seqüestradores, presos pela polícia, estavam vestidos com camisetas do PT. Detalhe: eles eram todos membros do grupo terrorista de esquerda MIR chileno junto com a FPL de El Salvador, igualmente de esquerda. Mais um detalhe: Na época, o PT mobilizou-se para garantir a liberdade dos seqüestradores. E anos depois, quando o publicitário Washington Olivetto foi seqüestrado pelo mesmo MIR chileno, o PT fez a mesma coisa. Assim como hoje Lula defende Cesare Battisti, terrorista italiano de esquerda condenado por quatro assassinatos na Itália.
E mais: tanto o MIR chileno como o FPL de El Salvador fazem parte do Foro de São Paulo desde a sua fundação. O Foro foi criado por Lula e Fidel Castro em 1990 para reunir todas as esquerdas da América Latina com o objetivo oficial de "restaurar na América Latina o que se perdeu no Leste Europeu (queda da URSS)". Outro membro de primeira hora são as Farc, grupo terrorista de esquerda adepto da narcoguerrilha. O Foro de São Paulo tinha como projeto fazer com que em pouco mais de dez anos os países da América Latina fossem governados por membros do Foro. Foram bem-sucedidos em grande parte, como no caso de Lula no Brasil, Rafael Correa no Equador, Evo Morales na Bolívia, Hugo Chavez na Venezuela, Ortega na Nicarágua e Lugo no Paraguai. Há mais de dez países da América Latina governados hoje por foristas.
Aos interessados, todas as atas do Foro de São Paulo podem ser lidas aqui.
Enfim, para quem não viveu a época das eleições de 1989, vai a informação: Lula era abertamente um Hugo Chavez brasileiro candidato à presidência da República (E, no fundo, ainda hoje o é; por debaixo da maquiagem do "Lulinha-Paz-e-Amor", ele sempre foi um Chavez em natureza). Não era à toa o medo dos conservadores e dos evangélicos em relação a um eventual governo Lula em 1989.
Collor foi eleito em 1989 porque fez o discurso certo no segundo turno, enfatizando a loucura que seriam as propostas para um governo dos “vermelhos”. Não, não acredite nessa história de que “Lula perdeu porque a Globo editou o resumo do último debate para o Jornal Nacional privilegiando Collor”, desculpa esfarrapada de petistas. Não, Lula perdeu porque suas propostas eram obviamente insensatas em sua execução (o que parte do "povão" não entendia, mas a maioria da imprensa da época, além de conservadores, empresários e evangélicos estavam conscientes disso) e também porque foi PÉSSIMO naquele debate, essa é a verdade (o que qualquer um pôde constatar gritantemente).
Sim, é fato que a edição do Jornal Nacional - diferentemente da do Bom Dia Brasil - privilegiava Collor, porém é preciso dizer que ela apenas refletia o que marcou o debate: a diferença abissal entre os desempenhos dos oponentes. Quem assistiu ao debate na íntegra na noite anterior, como eu, juntamente com familiares e amigos (na época, eu era um adolescente já interessado em política, mas sem idade para votar - só seria possível fazê-lo na eleição seguinte), sabe que Lula perdeu feio. Não que Collor fosse mil maravilhas, mas Lula... Bem, o “sapo barbudo” - como Brizola o batizara - era visivelmente a encarnação de tudo aquilo que não queríamos para um presidente: um homem com propostas radicais e absurdas; e como se não bastasse isso, desgrenhado, que mal sabia se expressar, além de grosso. Collor, que podia ser o que fosse, mas não era bobo, facilmente pintou e bordou sobre seu oponente. Naquele segundo turno histórico, deu Collor, que nunca fora meu preferido para ser o presidente. Meu preferido era Afif Domingos - "Juntos chegaremos lá, fé no Brasil; com Afif juntos chegaremos lá..." -, mas, como este não chegou ao segundo turno, se eu votasse na época, com certeza também teria votado em Collor e não em Lula.
Depois de eleito, Collor decepcionou. Ele, como tantos outros na história política deste país, era tão somente um oportunista se fazendo de conservador. Ele adotou convenientemente um discurso conservador porque a maioria do povo brasileiro - ainda mais naquela época - sempre fora conservador. Prova cabal de que Collor era um mero oportunista temos hoje, quando o vemos ao lado de... Lula e Dilma!
A única virtude que Collor teve em seu governo, e esta indubitável, foi ter começado a abrir a economia, nada mais. E aqui é bom que se frise o seguinte: a frustração com Collor não significa que Lula era para ser eleito, que Lula seria a melhor opção. Isso é balela! O governo Collor mostrou apenas que a melhor opção não era Collor, e não que esta era Lula. Um governo Lula naquela época seria um desastre econômico, político e social completo para o país (bastava implementar as propostas pregadas pelo PT à época para se viver o inferno) e com certeza também teria terminado antes do tempo com um impeachment. Aliás, reconhecem isso até mesmo gente que durante muito tempo foi ligada ao PT, como o cientista político Benedito Tadeu César, da UFRS, conforme depoimento à revista Veja logo após a posse de Lula, em 2003.
O sucesso do governo Lula hoje na área econômica e em parte da área social - e que lhe dá toda essa popularidade hoje - se deve ao fato de que Lula manteve duas coisas que sempre combateu visceralmente: o modelo econômico e os populares projetos sociais do governo anterior, projetos estes que ele unificou em um só - o Bolsa Família -; e também ao fato de que, em seus oito anos de governo, o governo Lula só enfrentou uma crise econômica internacional, que foi muito forte nos EUA e Europa, mas não tão forte sobre as economias emergentes de forma geral, entre elas o Brasil, enquanto o governo FHC sofreu, em oito anos, mais de cinco crises econômicas internacionais que afetaram diretamente nosso país (e mesmo assim não foram suficientes para deter o crescimento do Brasil nesse período, mas suficientes para não fazê-lo crescer com volúpia, como hoje): Crise dos Tigres Asiáticos, Crise da Argentina, Crise das Bolhas de Internet nos EUA etc.
É uma mentira retumbante, nojenta, essa de que Lula herdou economicamente uma “herança maldita” do governo FHC, como repete incansavelmente o presidente. Ele herdou um país arrumado, com as privatizações necessárias já feitas (privatizações que foram importantíssimas para a saúde econômica do país e que ainda estão dando um fruto extraordinário - leia, por exemplo, aqui, aqui, aqui e aqui), lei de responsabilidade fiscal, estabilidade econômica etc. A única coisa negativa que Lula herdou de FHC na área econômica foi um pequeno aumento da dívida pública em relação ao tamanho que ela tinha no governo Collor-Itamar. Se é que podemos chamar isso de "coisa negativa", já que o pequeno tamanho do aumento ocorrido durante o governo FHC é mais uma amostra positiva das privatizações, porque, sem elas, a dívida pública teria sido bem maior. Pois bem, o que Lula fez depois? Em sete anos de mandato, DOBROU essa dívida e a tornou, a partir daí, extremamente preocupante.
E essa história de que Lula assumiu com a economia em baixa por causa de seu antecessor é uma mentira das grossas. Quando Lula assumiu, havia poucos meses que a economia sofria um momento de incerteza (com bolsa em baixa e dólar e risco país em alta), mas não devido a alguma medida do governo anterior, mas por causa do “Efeito Lula”, isto é, devido à incerteza declarada que o mercado financeiro sentia em relação a um futuro governo Luiz Inácio Lula da Silva, que, naquele período, já estava à frente nas pesquisas por causa do sucesso da versão "Lulinha-Paz-e-Amor". Foi essa apreensão dos mercados, inclusive, que levou o petista a, durante a campanha, escrever a célebre "Carta aos Brasileiros", garantindo, entre outras coisas, que não cumpriria suas ameaças que fizera antes contra o modelo econômico. Aí, depois de eleito, quando o mercado viu que Lula estava mantendo essa promessa da "Carta" (contrariando seu discurso histórico), a confiança voltou e tudo se normalizou.
Portanto, dizer que herdou uma “herança maldita” só demonstra o caráter da atual gestão, que não só mente sobre o tamanho dos seus próprios feitos como rouba os louros dos feitos do seu antecessor chamando-os de seus. E ainda está elevando os gastos públicos a patamares que provocarão, nos próximos anos, uma crise cuja previsão é explodir provavelmente já no colo do próximo presidente (ou, na melhor das hipóteses, no início do mandato seguinte). Mas, o “povão” não sabe o que é isso, e bate palmas ignorantemente para o presidente que vai lhes fazer herdar a próxima crise econômica de nosso país.
Com isso não estou dizendo que sou fã de FHC, mas que o governo FHC, em vários sentidos, foi muito positivo. No que diz respeito ao liberalismo social, por exemplo, o governo do ateu FHC foi vergonhoso. Mas, na área econômica e em outras, foi realmente muito bom. Fez o que devia, apesar dos protestos nonsenses de Lula, PT e coligados, que chegaram ao absurdo de pedir o impeachment de FHC, criando dossiês os mais absurdos para sujar reputações, dossiês estes que foram todos derrubados pelos fatos, um a um. Isso não é fazer oposição; é ser irresponsável.
Bem, Lula assumiu e, oito anos depois, para quem pensava que ele mudara, o que se viu foi o contrário.

A culpa da esquerda evangélica

É engraçado vermos hoje aqueles líderes da esquerda evangélica no Brasil que criticavam tanto e acidamente os evangélicos por não votarem em Lula, e que durante anos fizeram fervorosamente campanha para o petista, ficarem todos hoje ou muito caladinhos ou estranhamente “surpresos” nestes últimos anos diante das denúncias contra seu ex-queridinho.
Ainda hoje alguns se manifestam “frustrados” - Coitadinhos... - com seu antigo candidato do coração. Detalhe: não vi até hoje nenhum pedido de perdão por terem feito campanha a favor de Lula. E agora, estes estão pedindo para que votemos em Marina. Mas, por que não em Dilma? Seria muito mais coerente com o discurso de anos da esquerda evangélica. Quanto a Marina, já escrevi no blog sobre o que penso dela, que, aliás, é muito melhor do que Dilma (Para mim, o único problema da irmã Marina é que, em alguns momentos, ela dá sinais de que, apesar de ter saído do PT, o PT não saiu totalmente dela. Há sempre alguma coisinha lá. Uma pena!). Porém, essa turma evangélica esquerdista (alguns deles envolvidos com liberalismo teológico e outros fãs do que há de mais vergonhoso na América Latina - Chavez, Morales etc) são os que menos têm a nos dizer sobre quem votar.
Quem fez campanha para Chavez e Lula não é guiado pelos princípios bíblicos, mas pelo seu coração marxista. O candidato tem um pouco de cheiro de socialismo? Eles apóiam - eis o critério. Eles amam o socialismo (para eles, o "Céu na Terra" - que o digam a Venezuela, Cuba, Bolívia etc).
Alguém pode dizer: “Aproveitando que você fala de princípios bíblicos, se seguirmos o ideal bíblico de candidato, nenhum dos atuais candidatos a presidente passará 100% no critério”. Concordo plenamente. Mas, quem disse que quando votamos devemos escolher o “candidato ideal”? Não existe candidato 100% ideal! O critério bíblico existe para, quando votarmos, escolhermos o melhor (ou menos ruim, como queiram) a partir dele, e não "o perfeito", que não existe. Dizendo de outra forma, escolher o melhor dentre os não-ideais.

Deixe-me refrescar sua memória

Regimes totalitários costumam nascer a partir de grande popularidade. Porém, infelizmente, as pessoas que desconhecem a História, ou preferem ignorá-la, pensam que regimes totalitários nascem já se manifestando autoritários desde o início sobre a população. Ledo engano. Na maioria esmagadora das vezes, regimes autoritários nascem assim: surge um candidato que se apresenta com uma candidatura carismática (o "Lulinha-Paz-e-Amor", por exemplo) e messiânica, e acaba sendo eleito com grande popularidade. Com o tempo, seu grupo consegue se perpetuar no poder devido a essa popularidade e ao processo simultâneo de aparelhamento de Estado que pratica, que transforma o Estado (ou a maior parte dele) no partido. Só depois disso, passa a mostrar seu autoritarismo.
Com o Estado nas mãos, o grupo passa a usar a máquina para perseguir, chantagear e silenciar os contrários aos ideais do partido. Primeiro, vêm as pequenas medidas totalitárias, que o grosso da população nem se importa, porque não as afeta diretamente. Pensa essa parte da população: “Não têm nada a ver comigo e minha vida está boa”. Porém, após algum tempo, “o caldo engrossa” e o povo começa a sentir o reflexo de algumas medidas. Só que, quando o povo percebe a tolice que fez, “Inês já é morta”. Só para citar exemplos mais fortes e conhecidos, foi assim com Hitler (que tinha mais de 80% de popularidade na Alemanha), com Mussolini (idem) e com Chavez na Venezuela (para citar um exemplo mais recente). No Brasil, poderíamos citar, por exemplo, a fascista Ditadura Vargas, do "Pai dos Pobres".
Quando essas coisas acontecem, sempre me vem à mente a célebre frase de um pastor e teólogo alemão preso pelos nazistas, Martin Niemöller (1892-1984), que curiosa e sintomaticamente foi relembrada por gente da imprensa secular recentemente para alertar sobre o atual estado de coisas em nosso país: “Um dia, vieram e levaram meu vizinho, que era judeu. Como não sou judeu, não me incomodei. No dia seguinte, vieram e levaram meu outro vizinho, que era comunista. Como não sou comunista, não me incomodei. No terceiro dia, vieram e levaram meu vizinho católico. Como não sou católico, não me incomodei. No quarto dia, vieram e me levaram. Já não havia mais ninguém para reclamar”. Para quem não conhece, Niemöller chegou a flertar com o nazismo no seu início. Quando, então, percebeu quem realmente era Hitler e no que ia dar sua doutrina nacional-socialista, tentou conversar com ele para dissuadi-lo, mas viu que o líder nazista não dava atenção aos seus argumentos de apreensão. Logo, passou a ser opositor do governo abertamente e foi preso por sete meses sob o argumento de que sua pregação nas igrejas (1) denegria o governo e o nacional-socialismo e (2) criava um clima de instabilidade social no país. Em seguida, foi levado a um campo de concentração em Dachau, onde passou cerca de 7 anos (1938-1945), saindo ao final da Segunda Guerra Mundial.
Quando vejo, por exemplo, o PT querendo processar um pastor batista de Curitiba por dizer a verdade, por denunciar as manifestações de liberalismo social, inversão de valores e de autoritarismo por parte do governo, lembro-me das palavras de Niemöller.
O líder do PT do Paraná disse que o pastor Paschoal Piragine mentia, porém:
1) O PT puniu mesmo dois deputados por se oporem à descriminalização do aborto, porque, no PT, você pode até se dizer pessoalmente contra o aborto, mas é obrigado a votar a favor (Leia aqui);
2) O PT aprovou em seu último Congresso Nacional a luta pela descriminalização do aborto (Leia aqui).
3) Aborto não é questão de saúde pública; é assassinato.
Onde está a mentira do pastor Piragine?
Ainda sobre esse assunto, não deixe de assistir este vídeo didático cujo link disponibilizo aqui.

Série de acontecimentos de dar náuseas

Se evangélicos lulistas diziam “Ah, se falava tanto do temor de um governo Lula, mas quando Collor assumiu houve corrupção”, o PT tratou de decepcioná-los rapidinho. Ainda no primeiro mandato do governo Lula, ocorreu o pior caso de corrupção da história do país: o Mensalão. Lula temeu pelo impeachment. Quem não se lembra de seu discurso nervoso na televisão à época, temendo pelo pior, tentando convencer que ele não tinha nada a ver? O impeachment só não ocorreu porque ele conseguiu se blindar, jogando a culpa toda nos seus obedientes subordinados e dizendo-se surpreso e chateado com tudo. “Eu não sabia” foi seu mote. Felizmente para ele, as pesquisas mostravam que a estratégia colara - a popularidade do PT despencou e a de Lula sofrera só um pequeno revés. Então, Lula escapou e sua popularidade voltou a subir.
Para que você não esqueça nada sobre como se deu o "mensalão", leia o livro eletrônico "O Chefe", disponibilizado gratuitamente por seu autor, o jornalista Ivo Patarra, aqui.
Depois, ainda viriam os dólares na cueca; o caso Waldomiro; os petistas (denominados apenas como “aloprados” pelo presidente que, coitado, nunca sabia de nada...) pegos com R$ 1,7 milhão em espécie para comprar e fabricar dossiês contra José Serra, atingindo Geraldo Alckmin (ou seja, em favor do candidato Lula, que tentava a reeleição); o escândalo dos cartões corporativos; o dossiê criminoso contra Ruth Cardoso numa tentativa de se contrapor à descoberta do escândalo dos cartões; o caso Lina Vieira; o apoio às Farc, ao Hamas, à ditadura cubana, ao governo criminoso do Sudão (que assassinou 400 mil pessoas em menos de dez anos), ao “amigo Kadaf”, a Cessare Batisti e ao Irã; o caso dos boxeadores cubanos; a petista PL 122 (que institui o crime de homofobia) e a promoção do Congresso Nacional GLBT; o patrocínio em dezenas de milhões de reais ao MST, à UNE e aos sindicatos; um aparelhamento de Estado inédito na história do Brasil; a produção de dossiês contra opositores; quebra de sigilo de um caseiro e de adversários políticos, um crime constitucional; grampo telefônico de adversários e até mesmo do presidente do Supremo Tribunal Federal; o PNDH 3; a vergonha do apoio ao golpista Zelaya; a denúncia de financiamento de campanha pelas Farc; o apoio do governo Lula a Olivério Medina, das Farc, e sua esposa; as denúncias de envolvimento de petistas ilustres com as Farc (aqui); a proposta do Conselho Federal de Jornalismo etc etc etc.
Os exemplos se multiplicam. O leopardo não perdeu suas manchas. A camada de tinta por cima da sua pele já faz um bom tempo que derreteu, revelando as tão antigas e temidas manchas por baixo.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Terry Jones não tem absolutamente nada a ver com os evangélicos conservadores dos Estados Unidos

Ontem à noite, ao comentar no Jornal da Globo a ideia bizarra de um pastor norte-americano, chamado Terry Jones, de queimar 200 exemplares do Alcorão no dia 11 de setembro por ocasião do aniversário de 9 anos dos atentados terroristas que ceifaram a vida de cerca de 3 mil pessoas, o comentarista Arnaldo Jabor, da TV Globo, afirmou a mentira de que Jones representa o “fundamentalismo evangélico” e ainda que seria “um braço incendiário do Partido Republicano”. Para justificar essa última assertiva, disse ele que sua inferência advinha do fato de ter visto penduradas na parede do escritório de Jones uma foto de George Bush e outra do filme Coração Valente, do católico Mel Gibson. Fico aqui pensando como é que seria se o critério usado pelo senhor Jabor fosse usado no caso de bandidos do grupo Pantera Negra, que na campanha presidencial de 2008, que elegeu Obama, saíram portando pôsteres do candidato do Partido Democrata ao mesmo tempo que ameaçaram e espancaram em filas de votação pessoas que votariam no candidato do Partido Republicano. Seria essa uma prova irrefutável de que o senhor Obama não só concorda com a violência dos Panteras Negras como também seriam estes “o braço armado do Partido Democrata”?
O que Jabor não informou, mas informamos aqui para que a verdade seja esclarecida, é que... (Para ler na íntegra, clique aqui)